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Alta Magia

Hermes Trimegistus

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Marcelo Del Debbio

Excerto de O Grande Computador Celeste (edição Rafael Arrais)
título original “HERMES TRIMEGISTUS”

“O que está em cima é como o que está embaixo.
E o que está embaixo é como o que está em cima.”

O que é magia? Esta é uma questão que, mesmo em círculos esotéricos, levanta muita discussão. Vários autores e filósofos em todas as épocas teceram variadas interpretações a respeito do assunto. Entretanto, os elementos-chave de todas as definições existentes parecem concordar em apenas um ponto: Magia (ou Magick) envolve o uso da mente humana para causar uma alteração: Mudança no mundo, mudança do próprio indivíduo, mudança para com os outros.
Aleister Crowley definiu magia como “a Arte ou Ciência de causar uma mudança. Para que esta ocorra em conformidade com a Vontade”. Doreen Valiente define magia como “a ciência do controle das forças secretas da natureza”. Scott Cunningham chama a magia de “o movimento de energias naturais para criar uma mudança necessária”. Mas é Margot Adler que tem a definição que considero ser a mais interessante de todas. Ela diz:

“Magia é uma palavra conveniente para toda uma coleção de técnicas, todas as quais envolvem o uso da mente. Neste caso, veremos que todas estas técnicas envolvem a mobilização da confiança, vontade e emoção, direcionadas a partir do reconhecimento da necessidade, do uso das faculdades da imaginação, principalmente através da habilidade de visualizar, a fim de entender como outros seres funcionam na natureza para que possamos usar este conhecimento de forma a atingir os fins necessitados”.

Magia, portanto, é um instrumento da mente e, como tal é mental por natureza. Magia é um meio através do qual a vontade (Thelema), a emoção (Emotionem) e a imaginação (Imaginatio) criam uma mudança verdadeira no mundo físico. Como, porém, pode um instrumento mental e não físico criar uma alteração no mundo físico e corpóreo? A resposta está na Verdade de que o universo em si mesmo é Mental por natureza e que a mente é a chave para abrir os poderes do Cosmo.

“Substância” pode ser definida como aquilo que está por dentro de todas as manifestações exteriores. Atrás de toda aparência exterior neste mundo e em todos os outros mundos, deve existir uma realidade substancial. Um imenso Panteão de deuses e deusas mostra-nos como o homem tentar dar nome a esta realidade substancial. Como John Barnes afirmou certa vez, “O Todo é a Realidade Substancial que está escondida em todas as manifestações de vida. O Todo é a Grande Avó-Avô que criou a si mesma, que sempre existiu e que irá existir para sempre.”
Uma das chaves para entender como o Universo funciona nos foi dada por Hermes-Toth, também conhecido como Hermes Trismegistus. Algumas pessoas o consideram um deus, outras um grande iniciado, e algumas ainda acreditam que este nome represente uma das primeiras Ordens Iniciáticas do Antigo Egito e Grécia, cujos trabalhos de seus Iniciados perduram até os dias de hoje, através da ciência conhecida como Hermetismo. A seguir, falarei um pouco sobre quem foi esta figura e o que ele nos deixou de legado.

Toth

Toth (ou Thoth) é considerada uma das divindades mais importantes do Egito. Também chamado de “O escriba dos Deuses”, ele é geralmente descrito como tendo a cabeça de um Íbis.
Sua contraparte feminina era Maat, deusa da Justiça, e seu principal templo ficava em Khemennu (que os gregos chamavam de Hermopolis e os árabes de Eshmunen). Mas Toth também tinha templos iniciáticos em Abydos, Hesert, Urit, Per-Ab, Rekhui, Ta-ur, Sep, Hat, Pselket, Tamsis, Antcha-Mutet, Bah, Amen-heri-ab e Ta-kens. Nestes templos, seus discípulos aprendiam as bases do que chamamos de “Livro de Toth”, ou como é conhecido pelos profanos, o Tarot.

As 78 lâminas, também chamada “Espelho da Alma”, são capazes de reproduzir simbolicamente todos os fluxos de energia que permeiam uma situação (as pessoas acreditam que o Tarot serve para “prever o futuro” mas isto não é verdade. Seu uso principal é para autoconhecimento). Falarei mais sobre Tarot em artigos futuros.
Ele era considerado o coração e a língua de Rá, assim como a vontade de Rá traduzida para a fala (o Verbo). Dentro do Panteão Egípcio, ele possuía diversas funções muito importantes (entre elas, ensinar a escrita, magia, ciência, astrologia e ajudar no julgamento dos mortos).
Toth também é responsável pelo governo dos Planetas e das estações. É chamado de “Senhor das palavras Sagradas”, pois foi ele quem inventou os hieroglifos e os números. Por ter sido o primeiro magista, Toth possuía mais poder até mesmo do que Osíris ou Rá.
Em algumas representações, podemos vê-lo com a crescente lunar sobre sua cabeça e sua figura carregando uma palheta e cinzel. Toth possuía duas esposas, Seshat e Nehmauit. Seu festival principal acontecia no décimo nono dia do mês de Toth, alguns poucos dias após a lua cheia do começo do ano.

Toth é considerado deus da Magia, escrita, invenções, profecia, música, tarot, conhecimento, ciências, medidas, matemática, fala, oráculos, julgamento, desenhos, arquitetura, gramática, teologia, hinos, aprendizado, livros, registros Akashicos, paz e orações.

Hermes

Hermes também é tido como uma das mais importantes divindades gregas do Panteão Olímpico. Considerado o mais jovem dos deuses, ele é o protetor de todos os viajantes e ladrões, é o mensageiro dos deuses, responsável por levar a palavra dos deuses até os mortais (qualquer semelhança com Prometeu ou Lúcifer NÃO é mera coincidência); Hermes é o deus da eloquência, ao lado de Apolo, é o Deus dos diplomatas e da diplomacia (que era chamada de Hermeneus pelos gregos) e é o deus dos mistérios e interpretações (da onde vem a palavra Hermenêutica). Além disto, era um dos únicos deuses que tinha permissão para descer ao Hades e partir quando desejasse. Todos os outros (incluindo Zeus) estavam sujeitos às leis de Hades.

Hermes tinha vários símbolos, mas os mais tradicionais eram as sandálias com asas, o caduceu (que curiosamente representa a Kundalini, duas serpentes enroscadas em um cajado) e a tartaruga (de cujo casco ele criou a primeira Lira).

Como inventor de diversos tipos de corrida e também das lutas, Hermes era considerado o patrono dos atletas. Finalmente, era tido como o inventor do Fogo (em alguns textos anteriores a Prometeu) e considerado um deus pregador de peças, que adorava aprontar com seus irmãos (isto desde seu nascimento, quando a primeira coisa que fez quando aprendeu a andar foi roubar os bois de Apolo e esconde-los). Hermes era patrono dos alquimistas, magos e filósofos.

Mercúrio

Para os romanos, Mercúrio surgiu da fusão do deus Turms (Etrusco) com as características de Hermes grego, em aproximadamente 400 a.C. Mercúrio tornou-se assim o deus do comércio (em muitos países o símbolo do Caduceu é usado para indicar administração e não medicina), das estradas e das relações de diplomacia. Mercúrio não era tão popular entre os romanos como Hermes era entre os gregos, sendo considerado um deus menor dentro do Panteão romano.
Mercúrio era patrono do comércio, transportes, sucesso, magia, viagens, apostas, atletas, eloquência, mercadores e mensageiros.

Hermes Trimegistus

Hermes Trismegistus é a tradução em latim e significa “Hermes, o três vezes grande”.

Trata-se do nome dado pelos neoplatônicos, místicos e alquimistas ao deus egípcio Toth ou Tehuti, identificado com o deus grego Hermes. Ambos eram os deuses da escrita e da magia nas respectivas culturas.

Toth simbolizava a lógica organizada do universo. Era relacionado aos ciclos lunares, cujas fases expressam a harmonia do universo. Referido nos escritos egípcios como “duas vezes grande”, era o deus do verbo e da sabedoria, sendo naturalmente identificado com Hermes. Na atmosfera sincrética do Império Romano, deu-se ao deus grego Hermes o epíteto do deus egípcio Toth.

Como “escriba e mensageiro dos deuses”, no Egito Helenístico, Hermes era tido como o autor de um conjunto de textos sagrados, ditos “herméticos”, contendo ensinamentos sobre artes, ciências e religião e filosofia – o Corpus Hermeticum – cujo propósito seria a deificação da humanidade através do conhecimento de Deus. É pouco provável que todos esses livros tenham sido escritos por uma única pessoa, mas representam o saber acumulada pelos egípcios ao longo do tempo, atribuído ao grande deus da sabedoria.
Segundo Clemente de Alexandria, eram 42 livros subdivididos em seis conjuntos. O primeiro tratava da educação dos sacerdotes; o segundo, dos rituais do templo; o terceiro, de geologia, geografia, botânica e agricultura; o quarto, de astronomia e astrologia, matemática e arquitetura; o quinto continha os hinos em louvor aos deuses e um guia de ação política para os reis; o sexto era um texto médico.

Também é creditado a Hermes Trismegistus O Livro dos Mortos, ou O Livro da Saída da Luz, e o mais famoso texto alquímico – A Tábua de Esmeralda.

Os Escritos Herméticos

Os escritos herméticos são uma coleção de 18 obras Gregas. Estes escritos contêm os aspectos teórico e filosófico do Hermetismo em seu aspecto teosófico. O período bizantino é marcado por uma outra coleção de obras herméticas, que também são relacionadas ao Hermes Trismegistus e contêm uma tradição hermética popular a qual é composta essencialmente por escritos relacionados a astrologia, magia e Alquimia. Esta versão popular encontra sustentação ou base nos diálogos herméticos, apesar dele se distanciar da magia.

A prática da magia, entretanto, não está distante das praticas realizadas no antigo Egito, a qual em uma última análise é a fonte de todos os diálogos herméticos, pois o Hermetismo lá floresceu e, portanto estabelece uma conexão entre as duas tradições herméticas: filosófica e magia.

Os ensinos de Hermes-Toth chegaram à atualidade baseados em escassos documentos que constituem o Kabalion, A Tábua da Esmeralda, Pistis Sophia, Corpus Hermeticum, e alguns outros papiros. Naturalmente que o acervo de ensinamentos de Toth estão contidos em muitos outros documentos que foram preservados e mantidos sob a guarda de Ordens Iniciáticas. Tratam-se de documentos originais e cópias que foram preservados do incêndio da Biblioteca de Alexandria. Entre os documentos preservados existem aqueles que deram base ao desenvolvimento da Alquimia.

As sete Leis Herméticas

As sete principais leis herméticas se baseiam nos princípios incluídos no livro Kabalion que reúne os ensinamentos básicos da Lei que rege todas as coisas manifestadas. A palavra Kabalion, na língua hebraica significa tradição ou preceito manifestado por um ente de cima. Esta palavra tem a mesma raiz da palavra Kabbalah, que em hebraico, significa recepção. De acordo com Hermes Trismegistus:

(1) Lei do Mentalismo
O universo é mental ou Mente. Isso significa que todo universo fenomenal é simplesmente uma criação mental do TODO… Que o universo tem sua existência na Mente do TODO.
Uma outra maneira de dizer isso é: “tudo existe na mente do Deus e da Deusa que nos ‘pensa’ para que possamos existir. Toda a criação principiou como uma ideia da mente divina que continuaria a viver, a mover-se e a ter seu ser na divina consciência.”
“O Universo e toda a matéria são consciência do processo de evolução.”
Minha opinião é que toda a matéria são como os neurônios de uma grande mente, o universo consciente, que “pensa”.
Todo o conhecimento flui e reflui de nossa mente, já que estamos ligados a uma mente divina que contem todo o conhecimento.
É claro que não estamos conscientes de “todo o conhecimento” em qualquer momento dado, por que seria uma tarefa exorbitante manuseá-lo e processa-lo e ficaríamos loucos no processo.
Os cinco sentidos do cérebro humano atuam tanto como filtros como fontes de informação. Eles bloqueiam uma considerável soma de informação – caso contrário seriamos esmagados por informações que nos bombardeiam minuto a minuto como sons, cheiros e até ideias, e não seriamos capazes de nos concentrarmos nas tarefas especificas em mãos.
Mas sob condições corretas de consciência podemos moderar, ou até desligar o processo de filtração, com a consciência alterada, o conhecimento universal (Registros Akáshicos) torna-se acessível.

(2) Lei da Correspondência
“Aquilo que está em cima é como aquilo que está embaixo.”
Essa lei é importante porque nos lembra que vivemos em mais do que um mundo.
Vivemos nas coordenadas do espaço físico, mas também vivemos em um mundo sem espaço e nem tempo.
A perspectiva da Terra normalmente nos impede de enxergar outros domínios acima e abaixo de nós. A nossa atenção está tão concentrada no microcosmo que não nos percebemos no imenso macrocosmo à nossa volta. O principio de correspondência diz-nos que o que é verdadeiro no macrocosmo é também verdadeiro no microcosmo e vice-versa.
Portanto podemos aprender as grandes verdades do cosmo observando como elas se manifestam em nossas próprias vidas.
Por isso estudamos o universo: para aprender mais sobre nós mesmos.
Na menor partícula existe toda a informação do Universo.
A Lei da Correspondência, em conjunto com a Lei da Causa e Efeito, é a explicação para o funcionamento perfeito do Tarot e da Astrologia, bem como de todos os outros oráculos.

(3) Lei da Vibração
“Nada está parado, tudo se move, tudo vibra.”
No universo todo movimento é vibratório. O todo se manifesta por esse princípio. Todas as coisas se movimentam e vibram com seu próprio regime de vibração. Nada está em repouso. Das galáxias às partículas subatômicas, tudo é movimento.
Todos os objetos materiais são feitos de átomos e a enorme variedade de estruturas moleculares não é rígida ou imóvel, mas oscila de acordo com as temperaturas e com harmonia. A matéria não é passiva ou inerte, como nos pode parecer a nível material, mas cheia de movimento.
A Lei da Vibração rege toda a comunicação entre espíritos e matéria, bem como a conjuração de elementais, devas, exús, orixás, anjos enochianos e qualquer outro tipo de serviçal astral. Também rege os princípios de atração e repulsão entre indivíduos, a harmonia e as egrégoras.

(4) Lei da Polaridade
“Tudo é duplo, tudo tem dois polos, tudo tem o seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa. Os extremos se tocam. Todas as verdades são meias-verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliados.”
A polaridade revela a dualidade, os opostos representando a chave de poder no sistema hermético. Mais do que isso, os opostos são apenas extremos da mesma coisa. Tudo se torna idêntico em natureza. O polo positivo + e o negativo – da corrente elétrica são uma mera convenção.
O claro e o escuro também são manifestações da luz. A escala musical do som, o duro versus o flexível, o doce versus o amargo. Amor e o ódio são simplesmente manifestações de uma mesma coisa, diferentes graus de um sentimento.

(5) Lei do Ritmo
“Tudo tem fluxo e refluxo, tudo tem suas marés, tudo sobe e desce, o ritmo é a compensação.”
Pode se dizer que o princípio é manifestado pela criação e pela destruição. É o ritmo da ascensão e da queda, da conversão da energia cinética para potencial e da potencial para cinética. Os opostos se movem em círculos.
É a expansão até chegar o ponto máximo, e depois que atingir sua maior força, se torna massa inerte, recomeçando novamente um novo ciclo, dessa vez no sentido inverso. A lei do ritmo assegura que cada ciclo busque sua complementação.

(6) Lei do Gênero
“O Gênero está em tudo: tudo tem seus princípios Masculino e Feminino, o gênero se manifesta em todos os planos da criação.”
Os princípios de atração e repulsão não existem por si só, mas somente um dependendo do outro. Tudo tem um componente masculino e um feminino independente do gênero físico. É semelhante ao princípio animas animus que Carl Jung e seus seguidores popularizaram, ou seja, que cada pessoa contém aspectos masculinos e femininos, independente do seu gênero físico, nenhum ser humano é 100% homem ou mulher, e isso é até astrologicamente explicado, uma vez que todos nós somos influenciados por todos os signos (uns mais, outros menos), e metade do zodíaco é feminino, enquanto que a outra metade é obviamente masculina (Esse é mais um argumento que suporta a igualdade entre Deus/Hochma e Deusa/Binah dentro das Esferas da Kabbalah).
Em todas as coisas existe uma energia receptiva feminina e uma energia projetiva masculina, a que os chineses chamavam de Yin e Yang.

(7) Lei de Causa e Efeito
“Toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa, existem muitos planos de causalidade, mas nenhum escapa à Lei.”
Nada acontece por acaso, pois não existe o acaso, já que acaso é simplesmente um termo dado a um fenômeno existente e do qual não conhecemos e a origem, ou seja, não reconhecemos nele a Lei à qual se aplica.
Esse princípio é um dos mais polêmicos, pois também implica no fato de sermos responsáveis por todos os nossos atos e é muito mais cômodo deixar os acontecimentos ao “acaso” ou ao “divino”. Também é conhecido como Lei do Karma.

Hermes/Toth na Kabbalah
A Árvore da Vida representa um mapa dos estados de consciência humanos. Vamos falar mais detalhadamente sobre isso em artigos futuros, mas vou fazer a referência agora e vocês podem retornar e ler novamente este texto mais tarde, ok?
Em razão de sua eloquência e inteligência privilegiada, Mercúrio está associado na Kabbalah à oitava esfera (sephira), chamada Hod (explendor). Hod representa a razão pura, a lógica, a matemática, o ceticismo e os desertos dos códigos rígidos e cartesianos, em contraste com Netzach (Vênus) que representa a Emoção Pura.
Hod está associado ao Planeta Mercúrio, ao metal mercúrio, ao incenso de sândalo, Mastic e Storax, à cânfora, lavanda, lírios, marjoran e mirtila e ao caduceu. Seu elemento é o Ar.
Hod influencia os Caminhos Shin (31), a Inteligência Perpétua, conectando a Razão ao Plano Material, servindo de filtro entre as ideias que permeiam o mundo material e o que pode ser aproveitada delas (este é literalmente o caminho do despertar dos céticos), Resh (30), o Sol, que conecta a Razão ao Plano Astral, perfazendo a segunda trilha que um mago deve percorrer na consciência, usando a razão de maneira questionadora no Plano Astral, Peh (27), a Torre, o caminho turbulento que conecta a esfera da Razão Pura à esfera da Emoção Pura.
Imaginar este estado de consciência é como colocar um fanático cético com um fanático religioso para discutir. Mais cedo ou mais tarde, a estrutura vai rachar ao meio. Da conexão entre Hod e Tiferet (Sol) há o Caminho 26, Ayin, o Diabo, o caminho da iluminação através da razão ou através do Caminho da Esquerda, como vocês já devem ter ouvido falar por aí – o famoso “Faze o que tu queres há de ser o todo da Lei”.
E, finalmente, o caminho 23, Mem, que liga a Razão às planícies de provação de Marte/Geburah, simbolizando a estagnação do Enforcado.

EXERCÍCIO PRÁTICO

Templo Astral
O Templo Astral é uma das primeiras coisas que um estudioso de ocultismo aprende a fazer, em praticamente qualquer Ordem ou Fraternidade que ingresse. Ele é chamado de Oficina Astral, Sanctum, Templo, Local de Descanso, Santuário e muitos outros nomes.
Trata-se de uma construção no Plano Mental e Astral de um refúgio onde o magista pode descansar a mente, preparar uma viagem astral e guardar suas ferramentas. Trata-se de um local onde ele pode até mesmo realizar rituais se não dispor de espaço físico no Plano Material para tal.

Em primeiro lugar, sente-se em um local confortável, mantenha os pés paralelos, a coluna ereta e as mãos relaxadas sobre as coxas. Relaxe e respire bem devagar e profundamente. Mantenha a Respiração 4-4-4 (significa inspirações de 4 tempos, retenção do ar por 4 tempos e expiração em 4 tempos… por exemplo, se você demora 10 segundos para inspirar, segure o ar 10 segundos e expire o ar em 10 segundos… se demora 6 segundos, segure o ar por 6 segundos, e assim por diante) e os olhos fechados.
Quando sentir que está bem relaxado, comece a contar lentamente de dez até zero enquanto visualiza os números no ar. Comece a contar bem devagar enquanto relaxa ainda mais o corpo e a mente.

10… Relaxe o couro cabeludo. Imagine sua cabeça ficando mais leve, como se estivesse se dissolvendo em uma névoa azulada. Sinta as terminações nervosas desligando e toda a sua cabeça se soltando.
9… Faça o mesmo para o pescoço. Relaxe todos os músculos do pescoço, externos e internos. Deixe o pescoço completamente relaxado.
8… Relaxe os ombros… Solte os ombros e deixe-os caírem. Não exerça nenhuma força sobre eles.
7… Relaxe o braço esquerdo. Sinta ele se dissolver e deligar-se.
6… Faça o mesmo com o braço direito.
5… Relaxe o abdômen e a barriga. Neste momento, você deve estar com o torso completamente relaxado de desligado, talvez sinta um leve formigamento ou escute um pequeno zumbido. Sensação de calor no corpo também é razoavelmente comum.
4… Relaxe completamente sua perna esquerda.
3… Relaxe agora a perna direita.
2… Relaxe o pé esquerdo. Sinta todos os ossos do pé desligarem e se fundirem ao cósmico.
1… Faça o mesmo com o pé direito.
Zero… Relaxe os dedos dos dois pés…

Todo este processo deve demorar aproximadamente um ou dois minutos. Em seguida, você deve imaginar o que seria o seu “Templo Astral”, ou seja, sua base de operações no Astral. Lembre-se que ela pode ser QUALQUER COISA: seu quarto de dormir, uma cabana na floresta, uma sala de um castelo, uma ilha, um quarto de Hogwarts, um hotel, um escritório, uma cobertura com vista para a praia, Stonehenge, uma Pirâmide, uma igreja, um templo maçônico, um campo florido, uma mansão vitoriana, um laboratório, um submarino de pedra, uma fortaleza voadora… Enfim, QUALQUER COISA que você idealizar. Não há limites para a sua imaginação. Basta que seja um local onde você se sinta bem.
Comece pequeno. Imagine primeiro apenas uma parte deste local, como por exemplo, um quarto. Com o tempo, ele irá ficando maior e mais detalhado em sua mente. Este local só precisa possuir a princípio quatro objetos: Uma cama, uma escrivaninha, uma tela mental (um painel, prancha, quadro branco, lousa ou qualquer outro lugar que você possa projetar imagens) e um local onde você possa beber um pouco de água.
Visualize você mesmo entrando neste Santuário através de um portal. Pelos próximos minutos, imagine você mesmo passeando por este lugar, explore todos os seus sentidos. Imagine o cheiro do local, a textura das paredes, os sons que você escutaria neste lugar, as cores, o movimento. Quanto mais vívido e colorido você conseguir imaginar, melhor. Quanto mais detalhes colocar, melhor; quanto mais você excitar seus sentidos, melhor.
Quando você sentir que explorou o suficiente ou sentir que sua concentração está começando a entrar em devaneios, imagine a si mesmo tomando um copo de água dentro deste local e deite-se na cama que você projetou. Imagine você mesmo relaxando e se preparando para sair deste Templo. Conte lentamente de zero até cinco enquanto acelera a mente. Quando chegar ao número cinco, abra os olhos e retorne ao Plano Material.
Bom… Você acaba de criar uma construção astral. Por enquanto, ela será tão efêmera quanto você pensar nela, com a tendência a se dissolver em pouco tempo. Este exercício é repetido pelo número de vezes que você achar necessário. Se souber desenhar ou pintar, faça imagens ou esboços deste local em papel, descreva os objetos que você encontrou lá, os cheiros, as cores…
Se você já é iniciado e possui ferramentas de trabalho mágicas, você pode “leva-las” consigo em sua próxima jornada, criando (ou descobrindo) a forma astral dela dentro do seu Templo. Se souber quais são os seus animais de poder, pode deixa-los no Templo Astral para que patrulhem e protejam sua criação. Quanto mais vezes você fizer e mais você exercitar sua Visualização, mais rápido esta Construção Astral se cristalizará.
É comum que, nas primeiras vezes que vocês façam este exercício, o Templo Astral fique se modificando ou que você não consiga manter uma imagem nítida ou ainda que algumas coisas aconteçam nele sem o seu consentimento (como se ele tivesse uma vontade própria). Isto acontecerá até que você esteja plenamente satisfeito e comece a cristalizar a estrutura, formando um local que mais tarde servirá de base para futuros experimentos e exercícios. Em pouco tempo ele adquirirá uma forma mais estável e “sólida”.
Com o tempo, você levará objetos para lá (espadas, cálices, taças, candelabros, caldeirões, velas, incensários, adagas, pentáculos) e estes objetos permanecerão no astral.

Existe um filme chamado Amor além da Vida (What Dreams may Come) com o Robin Willians e Anabella Sciorra que trata bem deste assunto. A construção Astral que vocês acabaram de fazer neste exercício é exatamente o mesmo tipo de construção que os personagens deste filme criam quando morrem, com a diferença que você estará criando seu refúgio a partir de agora.

PAX


Conheça as vantagens de se juntar à Morte Súbita inc.

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