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Fantasmas segundo as Ciências Ocultas

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Os ocultistas da Alta Magia Ocidental bem como os adeptos da Teosofia [que professam a Doutrina Secreta de origem budista hindu-tibetana] se opõem à idéia dos Espíritas no que se refere à natureza dos fantasmas. Não acreditam que as manifestações sejam da real essência do Espírito desencarnado: “os espíritos dos mortos não podem voltar à Terra ─ salvo em casos raros e excepcionais… O que aparece [nas sessões espíritas e nos lugares assombrados] é, tão somente, fantasma do homem” [BLAVATSKY, 1983 p. 46]. Os teósofos fazem questão de distinguir fantasma de Espírito.

Segundo esta concepção, tanto nas sessões e/ou rituais de evocação quanto nos locais habitados por espectros, na maior parte dos casos, o que se manifesta é o corpo astral ou duplo do medium ou de outra pessoa presente no local. O corpo-aparição, cuja aparência é moldada pela imaginação da mente de um vivo, proeza fácil posto que a matéria astral [o ectoplasma dos espíritas] é extremamente plástica e condicionável pelo pensamento.

Em outros casos, as assombrações seriam restos astrais, “cascas kamalokicas” [de Kama-Loka, dimensão existencial onde ocorre a desintegração desses restos ou a chamada “segunda morte”]; são cascões, como escreve Eliphas Levi, das personalidades dos indivíduos desencarnados. Podem, ainda, se manifestar como fantasmas, aparições de seres não-humanos, elementais que possuem a faculdade de imitar a forma humana.

Os teósofos sustentam que o verdadeiro Espírito, sejam quais forem as circunstâncias de sua morte e não obstante o tipo de vida e hábitos cultivados na Terra, ao desencarnar, tem justo direito ao descanso e a uma experiência existencial de plena felicidade em um local ou dimensão denominado Devakan. Aos que se opõem a esta idéia argumentando que muitos praticaram terríveis ações e merecem ir para o inferno, a teosofia responde com um ensinamento de Jesus que consta nos Evangelhos segundo o qual nem um só fio de cabelo cai da cabeça do homem sem que isto seja, em última instância, vontade de Deus.

O pior do facínoras assim é e foi em função de um sem número de fatores, alheios à sua vontade que contribuem para sua queda no pecado. A vida terrena é o lugar e o momento da expiação; o post-mortem é, essencialmente, repouso. Assim, os fantasmas, não são “o Espírito” de fulano ou beltrano.. O fantasma é um cadáver astral que permanece na esfera do planeta em processo de decomposição mais ou menos lenta e quando se converte em assombração isso se deve aos condicionamentos daquele corpo astral que animado por rupa, a alma animal, se mantém nutrindo-se da energia dos vivos.

Esta alma animal conserva a forma física da personalidade [diferente de Ego, individualidade] e os condicionamento emocionais do Espírito ao qual pertenceu e, por isso, continua freqüentando os lugares a que estava habituado [o Espírito encarnado e personalizado]. A alma animal age ao sabor de sentimentos negativos que são, justamente, o quê os mantém presos ao mundo e ansiosos por continuar existindo. A matéria que constitui o corpo astral é feita de pensamentos emocionais [e tenha-se em vista o fato de que o pensamento é um tipo de enwergia e, por conseqüência, um tipo de matéria]. Matérias condensadas de ódio, revolta, tristeza, remorso etc.. Este corpo astral [linga-sharira] movido pela alma animal [rupa] é o cascão, o fantasma, a assombração.

Muitos questionam o fato dessas aparições, em sessões espíritas e/ou evocações, falarem [por telepatia] sobre assuntos que seriam desconhecidos do medium/evocador. Os teósofos e ocultistas da Alta Magia ocidental explicam que esse fenômeno acontece porque o medium/evocador, em transe, tem acesso a Akasha, a chamada luz astral, um campo de informações e memória universal que retém todos os fatos presentes e passados na Terra e, em escala mais ampla, no Universo.

Akasha permeia tudo o que existe e é onipresente. Para os cientistas contemporâneos, esse campo de informação é reconhecido identificado: é o inconsciente coletivo sobre o qual escreveu o psicanalista C. G. Jung; é o o campo de ressonância mórfica do bioquímico Rupert Sheldrake; ressonância que, envolvendo todo o globo, permite o compartilhamento inconsciente de saberes entre todos os membros da raça humana e também age em comunidades de animais. Deste modo, todo o trabalho de vidência do medium é feito através de uma espécie de leitura em Akasha cujo segmento de saber selecionado, como o trecho de um livro, é definido pela vibração ou sintonia de interesses conservada pelo fantasma.

Muitas vezes, como destaca o ocultista Eliphas Levi, o cascão/fantasma sequer precisa existir de fato: o evocador simplesmente resgata sua figura naquele campo de memória coletiva, projeta uma imagem mais ou menos etérea constituída com a matéria do seu próprio [dele, evocador] pensamento [seria o ectoplasma espírita] e acessa a biografia completa do personagem evocado produzindo uma perfeita ilusão de que existe uma presença fantasmagórica e inteligente interagindo na cerimônia. Fora do contexto do rituais, a assombração é produto da imaginação excitada e os fenômenos telecinéticos [movimentação de objetos] observados seriam, igualmente, fruto de energia emitida pelo vivo assombrado. Ou seja, sem a presença dos vivos, os mortos não se manifestam. Nã, não se manifestam… o que não quer dizer que não existam…

 

por Ligia Cabús


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