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Após termos considerado os fatores puramente físicos de uma perturbação psíquica, podemos agora passar à consideração dos fatores genuinamente psíquicos. Devemos ter sempre em mente, contudo, que descobrir o distúrbio físico não elimina necessariamente o fator psíquico. Um fator físico, tal como um estado anormal do sangue, pode causar uma forma inferior de psiquismo e pôr a sua vítima em contato com más condições astrais. A ciência pode chamá- lo de delírio ou alucinação, mas o ocultista chama-o de psiquismo patológico e pode muito fazer para suavizá-lo, seja fechando os centros psíquicos, seja extirpando as más influências psíquicas do meio ambiente do paciente, de modo que os espíritos que ele vê sejam angélicos em vez de demoníacos, e lhe causem alegria e não angústia. Os centros psíquicos abertos à força por uma corrente sanguínea enferma percebem tudo que está no âmbito de sua visão. Portanto, asseguremo-nos de que nada, a não ser o que seja agradável, se aproxime deles. Podemos não ser capazes de afastá-los inteiramente do Astral, mas pelo menos podemos nos assegurar de que as suas viagens se fazem numa parte segura e agradável do Astral. As pessoas não compreendem o quanto as peregrinações dos delírios podem ser dirigidas e controladas pelas sugestões sussurradas nos ouvidos de uma pessoa doente. Podemos acompanhar o homem doente em suas viagens astrais e fazer com que a nossa voz seja ouvida entre as suas visões, com o nosso conhecimento expulsando as presenças maléficas que o ameaçam e guiando os seus sonhos no caminho da paz .
No início de nossa diagnose, devemos distinguir as três classes principais de distúrbio psíquico: aqueles que são um subproduto do distúrbio físico, aqueles que se devem à ação humana maligna, e aqueles que se devem à interferência não-humana. O primeiro tipo seria prontamente detectado pelo médico, se, como já se aconselhou, recorrêssemos a ele como medida essencial. Além disso, o médico seria útil também para eliminar as fraudes, pois as pessoas que se movem nos círculos psíquicos e estão familiarizadas com a sua terminologia podem simular um ataque psíquico, seja para ganhar dinheiro ou obter hospitalidade, seja por puro amor à notoriedade, um motivo muito mais comum para as aberrações humanas do que geralmente se pensa. As fraudes normalmente desaparecem com muita rapidez quando ameaçadas por um exame físico. Aqueles que decidem arriscar a sorte são rapidamente apanhados pelo homem que trabalhou no ambulatório de um hospital geral .
O diagnóstico que o ocultista deve fazer consiste, portanto, em distinguir o ataque de uma mente encarnada e o ataque de uma mente desencarnada. Há duas maneiras pelas quais o ocultista pode fazê-lo, e ele deveria utilizar ambas, para que elas se contraprovem mutuamente .
Ele deveria recorrer pelo menos a dois sensitivos independentes para psicometrizarem o caso, e ele próprio deveria fazer seu diagnóstico a partir da história do caso interpretada à luz dos primeiros princípios. É um grande erro misturar o sensitivo e o cientista. Eles podem neutralizar-se mutuamente. Deixemos que uma pessoa faça o psiquismo e a outra, a observação, e tomemos as precauções adequadas para impedir que os resultados da investigação do clarividente sejam viciados pela sugestão, ou pela leitura mental das opiniões previamente concebidas e conservadas no cérebro de qualquer uma das pessoas envolvidas. É, portanto, uma boa coisa enviar os sujeitos para um exame psicométrico no início de uma investigação ocultista, antes de formar qualquer opinião.Não é a coisa mais simples do mundo manipular adequadamente os objetivos para exame psicométrico. Eu vi certa vez um homem tirar um cacho de cabelos, pertencente a outra pessoa, de seu bolso, onde ele o tinha mantido por alguns dias, e o entregar para a psicometria. O cacho estava naturalmente tão impregnado com as suas próprias emanações que era inútil. Um espécime encaminhado para exame deve ser algum objeto que esteja completamente impregnado com as vibrações de uma pessoa. Uma roupa usada recentemente e habitualmente, um cacho de cabelos, uma peça de joalheria, todos esses objetos podem servir, desde que adequadamente preservados. Substâncias cristalinas, tais como pedras preciosas, conservam o magnetismo melhor do que tudo o mais; os metais são igualmente bons; preciosos ou não. Um canivete, por exemplo, conservará adequadamente o magnetismo. A madeira conserva-o mal, assim como o papel, a lã, o algodão e a seda artificial, especialmente esta última. A seda e o linho são bons. A borracha é inútil. O vidro depende da forma para manter seus poderes. Se está cortado de modo que refrate a luz, ele é muito bom; se é liso e transparente, como o vidro das janelas, é quase inútil. A pedra é média. A cerâmica, pobre. Um artigo trabalhado não é tão bom quanto um artigo simples. Por exemplo, um anel cravejado não é tão bom quanto um anel de sinete. As cartas podem confundir porque contêm tanto do magnetismo do envelope quanto do autor. Alguns sensitivos podem trabalhar a partir de uma fotografia, mas esse método não é, estritamente falando, psicométrico, pois a imagem mental evocada pela fotografia é utilizada para apanhar a imagem correspondente no éter refletor .
É preciso ter muito cuidado para manipular um espécime a psicometrizar, pois ele será facilmente contaminado pelo magnetismo de quem o tocar ou permanecer nas suas proximidades, ou mesmo pensar nele com concentração. Por exemplo, se enquanto estiver embrulhando esse espécime para enviá-lo, você pensar no problema que ele apresenta e elaborar a sua própria teoria, o psicometrista pode apanhar a sua forma mental ao invés de ler o estado da pessoa a quem pertence o objeto. Os materiais que são utilizados no embrulho deveriam também estar livres de magnetismo. Num certo caso, de que tive conhecimento, o sensitivo afirmou que um certo berloque pertencia ou a uma enfermeira ou a alguém que trabalhava em hospitais. Na verdade, ele não pertencia a nenhum dos dois, mas havia sido embrulhado em algodão cirúrgico .
Quando embrulhar um espécime psicométrico, faça-o da maneira mais rápida possível e manipulando-o o menos que puder. Pegue um pedaço de seda “virgem” branca ou preta (não colorida), grande o bastante para servir como um invólucro. Coloque-a sobre o artigo e embrulhe-a rapidamente, manipulando-o através da seda. Em sentido oculto, “virgem” significa algo que nunca foi utilizado para qualquer outro propósito. Por exemplo, você não deve utilizar um retalho de um velho vestido ou de uma capa de almofada. Um artigo que não se presta para manipular por esse método pode ser seguro por pinças ou pelas pontas de um par de tesouras e colocado no pedaço de seda no qual será enrolado. Guarde o artigo embrulhado numa caixa de madeira, assegurando-se de que todo enchimento utilizado seja também virgem. Não se deve confiar no relato de um único psicometrista. É também conveniente, ao enviar os espécimes, e especialmente ao enviar uma hora de nascimento para um horóscopo, que o nome do paciente não seja conhecido, para que o boato não se espalhe. Os astrólogos gostam muito de traçar mapas circulares e de discuti-los. Eu soube de coisas muito desagradáveis que ocorreram por essa razão .
Um horóscopo feito por alguém que compreende a natureza desse trabalho é de grande valor, pois a posição dos planetas nas casas celestes não apenas serve para auxiliar o diagnóstico, mas é também um guia muito importante para o tratamento. É melhor, portanto, explicar ao astrólogo a natureza do caso, e a espécie de informação desejada, para que ele possa estudar a carta de acordo com esses dados. Um horóscopo é para um terapeuta ocultista o mesmo que uma chapa de raio X para um médico .
Enquanto espera esses relatórios, e enquanto a sua mente ainda não está influenciada por eles, o ocultista deve fazer o seu próprio diagnóstico independente. Para fazê-lo, ele deveria ter pelo menos duas entrevistas com o paciente. Na primeira, deveria ouvir a história do caso, deixando o paciente apresentar os fatos à sua própria maneira, sem direção ou questões condutoras. Assim que o paciente saísse, o operador deveria escrever a história do caso com todos os detalhes de que possa se lembrar. É extremamente indesejável tomar notas na presença do paciente, pois isso o deixa nervoso, por pressentir que, nas palavras dos tribunais, “tudo que disser poderá ser utilizado como prova contra ele” .
Ao se preparar para a segunda entrevista, o ocultista deveria estudar cuidadosamente o seu registro e ter bem claro em mente os seus pontos e a sua seqüência. Agora é a hora de questionar os pacientes a respeito das discrepâncias e dos hiatos. Esse procedimento revelará a mentira, deliberada ou histérica, mais rapidamente do que qualquer outro método, pois as discrepâncias de sua segunda história se chocarão claramente contra o registro escrito da primeira. Se ele está falando a verdade, as duas histórias concordarão. Se está distorcendo os fatos, ele logo cairá em contradição .
Lembre-se de que você está lidando com uma pessoa que tem características sensitivas ou neuróticas, ou talvez ambas, em sua personalidade, e que sua atitude para com ele, e mesmo seus pensamentos não-expressos, o influenciarão profundamente. Se ele sente que você está duvidando de suas palavras, ele perderá a autoconfiança e começará a pensar que suas experiências podem, afinal, ser fruto de sua própria imaginação. Conseqüentemente, ele suprimirá coisas que podem ser importantíssimas do ponto de vista do diagnóstico. É nesse despejar de detalhes relevantes e irrelevantes que você descobrirá suas pistas .
Há certos pontos de referência em que você precisa prestar atenção ao ouvir esse histórico, mas não deixe que o seu paciente compreenda que você os está buscando, pois se você ganhou a sua confiança ele poderá perceber o seu ponto de vista, e se ele descobrir que você já tem uma opinião formada, distorcerá inconscientemente os acidentes para que concordem com essa opinião. Não permita que ele adivinhe o propósito de suas questões, e assim você obterá dele respostas imparciais. Para impedir que ele adivinhe o que você pretende dizer, não faça uma série de perguntas que elucidem a informação sobre um ponto especifico. Faça perguntas primeiro sobre um ponto e depois sobre outro. Por exemplo, se você suspeita que a perturbação pode ser devida à casa em que o paciente mora, a última coisa que você deve fazer é despertar-lhe as suspeitas a esse respeito, a menos que você esteja numa pista falsa. E mesmo se você descobrir que está na trilha correta, você não deve apresentar-lhe os fatos antes de estar pronto para agir, pois aumentando suas apreensões você aumentará seus sofrimentos. Se você suspeita que o sexo exerce um papel em sua perturbação, e o paciente desconfia do rumo de suas perguntas, ele imediatamente ocultará as pistas, e você descobrirá que é muito difícil obter todos os fatos. Ao passo que se as suspeitas do paciente não forem despertadas, ele se revelará a um estrevistador astuto e experiente que se aproxima indiretamente sem que ele se dê por isso. Aproxirnando-se indiretamente, você não apenas obtém todos os fatos reais do caso, mas poupa os seus sentimentos .
Ao tomar o histórico de um caso, você deve buscar pelas correlações entre a experiência psíquica de seu paciente e as circunstâncias de sua vida. Datas e lugares, por conseguinte, devem ser diligentemente pesquisados. Quando começou a perturbação, e onde? Tendo obtido todas as informações que puder sobre esses dois pontos, comece a investigar se elas apresentam qualquer significado oculto. Verifique cuidadosamente as datas, e examine-as numa efeméride daqueles anos, e observe como estava a lua em relação a elas, e também os planetas. Observe se as datas caíram nos equinócios ou nos solstícios. Observe também os dias da semana que lhes correspondem. Se você descobrir que todas as crises do caso ocorreram nas quintas-feiras, ou por ocasião do Equinócio Vernal, ou na lua cheia, você terá uma informação de extraordinário significado. Você terá a certeza, pelo menos, de que está lidando com um caso em que as marés psíquicas invisíveis desempenharam algum papel.É preciso procurar informações também a respeito do lugar ou lugares em que as diferentes crises da perturbação ocorreram e especialmente as circunstâncias que acompanharam a sua primeira manifestação. É extremamente útil visitar, se possível, o lugar e sentir a sua atmosfera. Pode-se saber muita coisa visitando-se os lugares em que o paciente está vivendo .
Tendo obtido toda a informação geográfica que conseguir, estude-a cuidadosamente em um mapa de artilharia de grande escala. Pode-se facilmente ter acesso a ele, e a todas as informações desejadas, numa biblioteca pública. Observe se há qualquer vestígio pré-histórico na vizinhança e, se houver, qual a relação existente entre a casa e ele. Levante a história do distrito, e veja se ela traz qualquer informação adicional. Os vestígios romanos estão amiúde no fundo da perturbação, pois as legiões trouxeram consigo alguns cultos muito estranhos nos dias da decadência de Roma. Deve-se suspeitar também dos vestígios druidas, se há algum deles nas cercanias .
Informe-se também sobre quaisquer objetos incomuns da casa, como imagens de divindades de cultos primitivos ou armas selvagens .
É possível que poderosos elementais estejam relacionados com eles. Pergunte se a perturbação desaparece quando o paciente se vai para outro lugar. Se a resposta é afirmativa, pode-se com segurança presumir que as condições ambientais estão no fundo da perturbação. Mas se a resposta é negativa, isso não significa necessariamente que o contrário é verdadeiro. Pode ser que a perturbação não dependa do local, mas de alguma pessoa que reside no local. Nunca se esqueça de que na grande maioria dos casos essa influência nociva da pessoa deve-se antes a uma constituição psíquica infeliz do que ao abuso deliberado do conhecimento oculto. Demore para aceitar esta última hipótese, pois a sua ocorrência é relativamente rara. E mesmo que se saiba que a pessoa suspeita tem conhecimentos ocultos e que se possa provar que ela é hostil ao paciente, isso não significa necessariamente que o ataque é consciente e deliberado. Ele pode ser inconsciente e reflexo. E bem verdade que um ocultista deveria ter suficiente controle sobre seus veículos para impedi-los de agir independentemente de sua vontade e de sua consciência; mas esse nem sempre é o caso. As pessoas estão em estágios muito diferentes de desenvolvimento. Há sempre um período difícil entre o despertar dos poderes superiores e o pleno controle sobre eles .
Dever-se-ia investigar, também, a natureza dos sonhos, e se o paciente é sujeito a pesadelos, mesmo fora da questão estrita do ataque oculto. E também se ele já teve outras experiências psíquicas, e, em caso positivo, de que natureza.Finalmente, uma cuidadosa pesquisa deveria ser feita a respeito dos amigos do paciente, para se saber se algum deles é sensitivo ou estudioso do ocultismo. Seja muito cauteloso, contudo, para não lançar suspeitas sobre qualquer pessoa, a menos que você tenha provas conclusivas, e é essencial fazê-lo para poupar o paciente. Lembre-se de que é sempre possível que você possa estar errado. Os jornais relataram, não faz muito tempo, o caso de um homem que cometeu suicídio porque um médico o informou de que sofria de uma doença cardíaca congênita e que não deveria desposar a jovem de quem estava noivo. Na autópsia, descobriu-se que ele nada tinha em absoluto no coração. Imagine os sentimentos do médico que deu esse precipitado diagnóstico. Uma pessoa já transtornada por um ataque psíquico terá medo da própria sombra. É preciso tratá-la muito discretamente. Seja muito cauteloso ao anunciar suas suspeitas, mesmo que elas já estejam conclusivamente comprovadas. Quanto tudo foi dito e feito, o objetivo principal de seu trabalho é uma cura, não uma explicação. É de pouco valor para seu paciente apurar a responsabilidade, a menos que o assunto possa ser esclarecido. Ele ficará consideravelmente pior se as suas suspeitas forem dirigidas contra alguma pessoa de seu ambiente, de quem ele não pode escapar, e é melhor deixá-lo atribuir a sua perturbação e influências psíquicas não-identificadas. O ditado “onde a ignorância é bem-aventurança é loucura ser sábio” é mais verdadeiro nos assuntos psíquicos do que em qualquer outro. Nunca abra os olhos de seu paciente a um perigo para o qual você não pode lhe dar uma defesa eficaz. O cirurgião que está prestes a operar cobre os seus instrumentos com uma toalha para que o paciente não os veja. O ocultista sábio faz o mesmo. Não esqueça que o invisível é sempre suspeito para o nãoiniciado .
Tendo conduzido a pesquisa nas linhas esboçadas nas páginas anteriores, você terá adquirido uma considerável quantidade de material para investigação. Examine-o cuidadosamente em busca de correlações de causa e efeito. Observe se qualquer exacerbação da perturbação está regularmente associada a qualquer incidente, lugar ou pessoa. Considere também os vários casos típicos que dei como exemplos nos capítulos anteriores, e veja se você pode descobrir algum que se assemelhe ao caso que está investigando. Observe as explicações dadas, e veja se elas lançam alguma luz sob o problema, ou se sugerem linhas pelas quais a pesquisa possa ser desenvolvida .
Trabalhando dessa maneira, você será capaz de chegar a um diagnóstico provisório. Se ele é confirmado pelas descobertas dos sensitivos a quem você enviou espécimes para psicometria, então você pode confiar em que está na trilha correta e prosseguir confiantemente .
Lembre-se, contudo, de que embora os sensitivos possam concordar quanto aos pontos principais de sua investigação, você não pode esperar uma concordância completa quanto aos detalhes. Eles inspecionam uma fotografia composta de toda a vida do paciente, e há tanto para ver que não é provável que eles vejam tudo. As coisas que eles confirmam podem ser dadas por estabelecido, mas as coisas que um vê, e o outro não, não são necessariamente ilusórias .
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