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por Eduardo Berlim.
Finalizando esta pequena série de textos, combinei com o Caio (sim, ele está ciente de que seu nome foi citado em todos os textos) de falar sobre um tema que acaba sendo muito constante em nossas conversas. Há uma ordem natural para estes ensaios e não é à toa que iniciei por um tema que chamei de “conversa mágica”: a constante troca de ideias entre dois magistas e/ou estudantes para que se possa crescer em conjunto. Magos são seres solitários em essência, mas humanos ainda são seres sociais – e nem toda relação precisa ser entre “mestre e aprendiz”.
Dito isto, vamos falar sobre o “arsenal do mago” ou melhor: das técnicas e ferramentas que um magista tem à sua disposição para resolver questões de sua própria vida e daqueles próximos de si. Não é incomum que a curiosidade faça com que o estudante se enverede pelas mais diversas sendas, acumulando um número relativamente alto de ferramentas inúteis que nunca serão postas em uso prático. Também não é incomum que acabemos por estudar certas práticas apenas para descobrir que elas não ressoam adequadamente conosco. Mas porque seguimos estudando depois que encontramos ferramentas que parecem resolver todos os nosso BO’s?
Esta busca interminável pelas mais diversas áreas tende a causar confusão e cria um ‘despreparo preparado’ no magista, que acaba por não conseguir resolver uma série de coisas em sua própria vida justamente por não saber exatamente o que tem à disposição. Não sei quantas vezes já estive conversando com o Caio e o vi sem saber solucionar uma questão para a qual já havia uma resposta pronta. Não é incomum que o aconselhe a usar o que já tem nas mãos ao invés de tentar uma nova ferramenta mirabolante que começou a estudar nas últimas duas semanas.
E isso está longe de ser uma peculiaridade deste meu amigo! É comum a quase todos os magistas “intermediários” que conheço!
No início da senda é bastate comum que tenhamos dificuldade em encontrar soluções justamente pela falta de ferramentas conhecidas. Lembro-me de um momento em que meus gastos financeiros cresceram de forma descontrolada e encontrar uma solução neste próprio site que solucionou perfeitamente a questão. Mais de um ano depois, frente ao mesmo problema, estava confuso se deveria usar algum Espírito do Arbatel, um gráfico de radiestesia, evocar um dos Anjos da Shem Hamephorash, realizar um ritual planetário ou criar um novo servidor… Demorou pelo menos uns dois ou três dias até me lembrar que já tinha uma solução perfeita para este problema!
Entendam que estou bem longe de ser a pessoa que vá dizer que você deve se tornar um especialista unilateral foca única e exclusivamente em uma área da magia. Eu posso não fazer tantas experiências mirabolantes misturando sistemas como meu amigo, mas faço questão de testar individualmente um número bastante considerável de sistemas mágicos. Alguns funcionam perfeitamente, outros não. Ainda há aqueles em que eu sei que fiz tudo errado e que pretendo retomar no futuro corretamente. Isso fora os que não tenho o mínimo interesse em usar pelos mais variados motivos.
Esse leque de possibilidades é o que me permite encontrar o que ressoa melhor com meu próprio ser e certamente será parte de extrema importância para o meu eu futuro que pretende ter seus próprios sistemas particulares. Essa experimentação é parte inata de quem eu sou e tenho certeza de que muitos outros magistas também pensam da mesma forma. A curiosidade e a experimentação são partes inerentes deste nosso mundo.
Você deve sempre testar novas fórmulas e novos sistemas, mas tenha pelo menos uma vereda explorada o suficiente para ser o teu “Resolvedor de BO 8.000!” que estará disponível sempre que algo for grave o suficiente para que se tenha uma resposta rápida. Não é com teu próprio teto pegando fogo que tu vai testar um novo tipo de extintor de incêndio.
Todo bom Mago e professor que encontrei até aqui sempre repetem que você deve se especializar em um sistema primeiro e só depois abrir o leque. Eu até tendo a ser mais ousado (e certamente mais tolo) que eles ao dizer que você deve experimentar meia dúzia de sistemas no início, mas só os pezinhos na água, ok? Pega aquela água que te pareceu mais morninha e agradável e aí, sim, foque nela até ficar bom! Quando ela se tornar o teu “Resolvedor de BO 8.000!” é a hora de começar a se enveredar por outros lugares de forma mais profunda.
No fim, não importa quantas formas diferentes eu tenha encontrado de praticar magia, eu sempre vou recorrer a alguns usos mágicos do Tarot como minha principal ferramenta quando for realmente urgente. Dediquei todo o começo da minha senda neste sistema até elaborar algo que funciona perfeitamente para mim e quando o telhado tá pegando fogo eu só preciso esticar a mão na minha estante, pegar o baralho preparado para estas coisas e usá-lo sem dó!
No fim, essa é uma utilidade última da “conversa mágica” do primeiro texto. Meus amigos sabem quais são minhas ferramentas mais fortes e eu conheço as deles. Tem dias em que estamos tão atônitos com as loucuras do dia a dia que nos esquecemos de usar o que temos de melhor. Eu sempre faço questão de lembrar ao Caio o que ele tem de bom no arsenal e não acreditem nem por um momento que ele já não tenha feito o mesmo por mim.
Afinal, tem dias em que o telhado já tá em chamas a duas horas e nós ainda estamos tomando um cafezinho fingindo que que instalamos uma lareira…
Eduardo Berlim é músico, tarólogo e estudante de hermetismo com vasta curiosidade. Tem apetite por uma série de correntes diferentes de magia e se considera um eterno principiante. Assumidamente fanboy dos projetos da Daemon e das matérias do Morte Súbita inc.
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