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A FORMAÇÃO DOS CORPOS CELESTES.
O prefácio do último livro de Astronomia de Richard A. Proctor, intitulado Our Placê Among Infinities, contém estas extraordinárias palavras; “Foi a sua ignorância – do lugar da Terra no espaço infinito – que levou os antigos a considerar os corpos celestiais como se eles regessem favoravelmente ou adversamente os destinos dos homens e das nações, e a dedicar os dias, em conjuntos de sete, aos sete planetas do seus sistema astrológico”.
O Sr. Proctor faz duas asserções distintas nessa frase: 1º) Que os antigos ignoravam o lugar da Terra no espaço infinito; e 2º) Qual eles consideravam os corpos celestiais como se regessem, favorável ou adversamente, os destinos dos homens e das nações (Não precisamos ir tão longe para nos assegurarmos de que muitos grandes homens acreditavam na mesma coisa. Kepler, o eminente astrônomo, admitia plenamente a idéia de que as estrelas e todos os corpos celestes, até mesmo a nossa Terra, são dotados de almas viventes e pensantes.). Estamos bastante seguros de que existem pelo menos boas razões para suspeitar que os antigos estivessem familiarizados com os movimentos, a posição e as relações dos corpos celestiais. Os testemunhos de Plutarco, do Prof. Draper e de Jowett são suficientes explícitos. O Sr. Proctor esboça-nos a teoria da formação da nossa Terra e das mudanças sucessivas pelas quais ela passou antes de se ter tornado habitável pelo homem. Ele pinta com cores vívidas a condenação gradual da matéria cósmica em esferas gasosas cercadas por “uma casca líquida não-permanente”; o resfriamento lento da massa; os resultados químicos que se seguem à ação do calor intenso sobre a matéria terrestre primitiva; a formação dos solos e a sua distribuição; a mudança na constituição da atmosfera; o aparecimento da vegetação e da vida animal; e, finalmente, o advento do homem.
Ora, reportemo-nos aos registros escritos mais antigos legados pelos caldeus, o hermético Livro dos números, (Não temos conhecimento de que uma cópia desse livro antigo figure no catálogo de qualquer biblioteca européia; mas ele é um dos Livros de Hermes e é referido e citado pelas obras de grande número de autores filosóficos antigos e medievais. Entre estas autoridades está o Rosarius philosophorum, de Arnaldo de Vila Nova; o Tractat de lápide, etc., de Francisco Arnolfino Lucense; o Tractatus de transmutatione metallorum, de Hermes Trimegistro, e, sobretudo, o tratado de Raymond Lully, De angelis opus divinum de quinta essentia.) e vejamos o que podemos encontrar na linguagem alegórica de Hermes, Cadmo ou Tehuti, os três vezes grande Trimegistro. “No começo dos tempos, o Grande Ente Invisível tinha as suas santas mãos cheias de matéria celestial que espalhou pelo infinito; e eis que ela se transformou em bolas de fogo e outras de argila; e elas se espalharam como o metal movente (Mercúrio) em muitas bolas menores e começaram a girar sem cessar; e algumas delas que eram bolas de fogo tornaram-se bolas de argila; e as bolas de argila tornaram-se bolas de fogo; e as bolas de fogo esperavam o seu momento de se tornarem bolas de argila; e as outras as invejavam e esperavam a sua vez de se tornarem bolas de puro fogo divino.”
Alguém poderia exigir uma descrição mais clara das mudanças cósmicas que o Sr. Proctor tão elegantemente expõe?
Temos aqui a distribuição da matéria no espaço; depois, a sua concentração numa forma esférica; a separação de esferas menores, que se destacam das maiores; a rotação axial; a mudança gradual de orbes do estado incandescente para a consistência terrestre; e, finalmente, a perda total de calor que marca a sua entrada no estágio da morte planetária. A mudança das bolas de argila em bolas de fogo seria para os materialistas um fenômeno como a ignição de uma estrela em Cassiopéia em 1572 d.C. e em Serpentário, em 1604, que foi notada por Kepler. Mas os caldeus demonstraram nessa exposição uma filosofia mais profunda do que a de nossos dias. Esta mudança em bolas de “puro fogo divino” significa uma existência planetária contínua, correspondente à vida espiritual do homem, para além do mistério aterrador da morte. Se os mundos têm, como os astrônomos nos dizem, os seus períodos de embrião, infância, adolescência, maturidade, decadência e morte, eles podem, como o homem, ter a sua existência continua numa forma sublimada, etérea ou espiritual. Os mágicos no-lo respondem. Eles nos afirmam que a fecunda mãe Terra está sujeita às mesmas leis que submetem cada um dos seus filhos. No tempo ficado por ela, dá à luz todas as coisas criadas; na plenitude dos seus dias, desce ao túmulo dos mundos. O seu corpo grosseiro, material, desfaz-se lentamente dos seus átomos em virtude da lei inexorável que exige a sua nova arrumação em outras combinações. O seu próprio espírito vivificador aperfeiçoado obedece à eterna atração que o leva para o Sol central espiritual de que procede originalmente e que conhecemos vagamente pelo nome de DEUS.
A figura da uma idéia da interação ESPÍRITO-MATÉRIA, do Livro o Homem Deus e o Universo I. K. Taimni Editora Pensamento.
“E o céu era visível em sete círculos e os planetas apareceram com todos os seus signos, na forma de astros, e os astros foram divididos e numerados com os seus guias que estavam neles e o seu curso rotatório foi limitado pelo ar e mantido num curso circular pela ação do ESPÍRITO divino.”
O Sr. Proctor fala-nos de uma casca líquida não-congelada que envolve um “oceano plástico viscoso” em que “há um outro globo sólido interior em rotação”. Nós, por nosso turno, tomamos o Magia adâmica de Eugênio Filaletes, publicado em 1650, e à p. XII encontramo-lo citando Trimegistro nos seguintes termos: “Hermes afirma que no início a Terra era um lamaçal, ou uma espécie tremelicante de gelatina, feita de nada mais a não ser água congelada pela incubação e pelo calor do Espírito Divino; cum adhuc (diz ele) terra tremula esset, lucente sole compacta est”.
Na mesma obra, Filalettes, falando em sua maneira estranha e simbólica, diz [Magia Adâmica, p. xi-xii] “(…) a Terra é invisível (…) por minha Alma, ela o é além disso, o olho do homem nunca viu a Terra, nem pode ela ser vista sem a arte. Tornar este elemento visível é o maior segredo da Magia. (…) Quanto a este corpo grosseiro, feculento, sobre o qual caminhamos, ele é um composto, e não terra, mas há terra nele. (…) Numa palavra, todos os elementos são visíveis exceto um, a saber a Terra, e quando atingirdes um grau de perfeição, como saber por que Deus colocou a Terra in abscôndito, tereis um excelente meio de conhecer o próprio Deus e como Ele é visível, como é invisível”.
A INQUIETAÇÃO DA MATÉRIA.
A contínua atividade da matéria está indicada no dizer de Hermes: “A ação é a vida de Ptah”; e Orfeu chama a natureza de “a mãe que faz muitas coisas” – ou a mãe engenhosa, industriosa, inventiva.
O Sr. Proctor diz: “Tudo o que está sobre a Terra e dentro dela, todas as formas vegetais e todas animais, nossos corpos, nossos cérebros são formados de materiais que foram tirados dessas profundezas do espaço que nos cerca por todos os lados”. Os herméticos, e posteriormente os Rosa-cruzes, afirmam que todas as coisas visíveis foram produzidas pela disputa entre a luz e a escuridão e que toda partícula de matéria contém em si mesma uma centelha da essência divina – ou luz, espírito – que, por meio da sua tendência a se libertar dos seus obstáculos e retornar à fonte central, produziu movimento nas partículas e, do movimento, forma.
A luz – (primeira criação segundo o Gênese) – é chamada pelos cabalistas de Sephirah, ou a Inteligência Divina, a mãe de todos os Sephiroth, ao passo que a Sabedoria Oculta é o pai. A luz é o primeiro elementos que nasceu e a primeira emanação do Supremo, e luz é vida, diz o evangelista. Ambos são eletricidade – o princípio vital, anima mundi, que penetra o universo, o vivificador elétrico de todas as coisas. A luz é o grande mágico Proteo; sob a ação da Vontade Divina do Arquiteto, as suas ondas multifárias, onipotente, dão origem a toda forma, bem como a todo ser vivo. Do seu seio avolumado, elétrico, procedem a matéria e o espírito. Nos seus raios repousam os começos de toda ação física e química e de todos os fenômenos cósmicos e espirituais; ela vitaliza e desorganiza; dá a vida e produz a morte, e do seu ponto primordial emergem gradualmente é existência as miríades de mundos, corpos celestiais visíveis e invisíveis. Foi no raio desta Primeira Mãe, uma em três, que Deus, segundo Platão, “acendeu um fogo, que agora chamamos Sol”, e que não é a causa da luz nem do calor, mas apenas o foco, ou, como podemos dizer, a lente pela qual os raios da luz primordial se materializam e se concentram no nosso sistema solar e produzem todas as correlações de forças.
O ELEMENTO RADICAL DAS RELIGIÕES ANTIGAS.
O elemento radical das religiões mais antigas era essencialmente sabeísta (Povo bíblico Astrólatra, que habitava o pais de Sabá -S. da Arábia.); e afirmamos que os seus mitos e as suas alegorias, uma vez interpretados correta e completamente, concordarão perfeitamente com as mais exatas noções astronômicas dos nossos dias. Diremos mais: dificilmente haverá uma lei científica – pertencente ou à Astronomia física ou à Geografia física – que não possa ser facilmente apontada nas engenhosas combinações de suas fábulas. Eles interpretaram por meio de alegorias tanto as mais importantes quanto as mais insignificantes regras dos movimentos celestes; a natureza de todo fenômeno foi personificada; e, nas biografias míticas dos deuses e das deusas olímpicos, aqueles que estiver bastante familiarizado, com os últimos princípios da Física e da Química encontrará as suas causas, os interagentes e as relações mútuas encarnadas no comportamento e no curso das ações das divindades caprichosas. A eletricidade atmosférica, nos seus estados neutro e latente, geralmente é simbolizada em semideuses e deusas, cuja esfera de ação é mais limitada à Terra e que, em seus vôos ocasionais para regiões divinas mais elaboradas, exibem a sua têmpera elétrica sempre na proporção estrita do aumento da distância da superfície da Terra; as armas de Hércules e de Thor nunca foram mais mortais do que quando os deuses ascenderam às nuvens. Devemos ter em mente que antes da época em que o Júpiter olímpico fosse antromorfizado pelo gênio de Fídias em Deus Onipotente, o Maximus, o Deus dos deuses, e então, abandonado à adoração das multidões, na primeira e abstrata ciência do simbolismo ele encarnou em sua pessoa e em seus atributos todas as forças cósmicas. O mito era menos metafísico e complicado, porém mais verdadeiro eloqüente como expressão da Filosofia Natural. Zeus, o elemento masculino da Criação, com Ctônia-Vesta (a terra) e Métis (a água), a primeira das Oceânidas (os princípios feminino), foi considerado, segundo Porfírio e Proclo, como o zôon-ek-zôon, o chefe dos seres vivos. Na teologia órfica, a mais antiga de todas, metafisicamente falando, ele representa tanto a potentia quanto o actus, a causa não-revelada e o Demiurgo, ou o criador ativo como uma emanação da potência invisível. Nesta última capacidade demiúrgica, em conjunção com os seus companheiros, encontramos nele todos os agentes mais poderosos da evolução cósmica – a afinidade química, a eletricidade atmosférica, a tração e a repulsão.
É seguindo as suas representações nesta idoneidade física que descobrimos quão familiarizados estavam os antigos com todas as doutrinas da ciência física em seu desenvolvimento moderno. Posteriormente, nas especulações pitagóricas, Zeus tornou-se a trindade metafísica; a Mônada que evolui do EU invisível, a causa ativa, o efeito, e a vontade inteligente, que, juntos, constituem a Tetraktys (O “Quatro”, o primeiro de tudo é sua Unidade ou o “UM” sob quatro aspectos diferentes; significa a Tríada primitiva (ou Triângulo) fundida na Mônada divina.). Mais tarde ainda encontramos os primeiros neoplatônicos abandonando a Mônada primitiva, em razão de sua incompreensibilidade pelo intelecto humano, especulando apenas sobre a tríade demiúrgica dessa divindade tão visível e inteligível em seu efeitos; e depois a continuação metafísica por Plotino, Porfírio, Proclo e outros filósofos, que consideram Zeus como pai, Zeus-Poseidon, ou dynamis, o filho e o poder, e o espírito ou nous. A Tríada também foi aceita em seu todo pela escola irenaica do século II; a diferença mais substancial entre as doutrinas dos neoplatônicos e dos cristãos consiste apenas na amalgação forçada por estes últimos da Mônada incompreensível com a sua trindade criativa realizada.
OS DEUSES DOS PANTEÕES APENAS FORÇAS DA NATURAIS.
As leis de Manu são as doutrinas de Platão, Filo, Zoroastro, Pitágoras e da Cabala. O esoterismo de toda religião pode ser solucionado com o auxílio desta última. A doutrina cabalista do Pai e do Filho alegóricos, ou IIayos e Aóyos, é idêntica ao fundamento do Budismo. Moisés não podia revelar à multidão os segredos sublimes da especulação religiosa, nem a cosmogonia do Universo; tudo isto repousando sobre a Ilusão Hindu, uma máscara engenhosa a velar o Sanctum Sanctorum e tudo o que espantava muitos comentadores teológicos.
As heresias cabalísticas receberam um apoio inesperado nas teorias heterodoxas do Gen. Pleasonton. De acordo com suas opiniões (que ele apoia em fatos muito mais incontestáveis do que os cientistas ortodoxos as suas), o espaço entre o Sol e a Terra está preenchido por um agente material que, tanto quanto podemos julgar a partir de suas opiniões, corresponde à nossa Luz Astral cabalística. A passagem da Luz por meio dele deve produzir enorme fricção. A fricção gera eletricidade e são esta eletricidade e o seu magnetismo correlativo que formam aquelas extraordinárias formas da Natureza que produzem no nosso Planeta, e sobre ele e ao seu redor, as várias alterações que encontramos por toda parte. Ele prova que o calor terrestre não pode derivar diretamente do Sol, pois o calor ascendente. A força pela qual o calor é produzido é repelente, diz ele, e, como está associado à eletricidade positiva, é atraído para a atmosfera superior por sua eletricidade negativa, sempre associada ao frio, que se opõe à eletricidade positiva. Ele fortalece a sua opinião mostrando que a Terra, que quando coberta pela neve, não pode ser afetada pelos raios de Sol, é mais quente onde a neve é mais espessa. Peasonton explica este fato pela teoria de que a radiação do calor do interior da Terra, positivamente eletrificada, encontrando-se na superfície da Terra com a neve que está em contato com ela, negativamente eletrificada, produz o calor.
Ele mostra, assim, que não é de maneira alguma ao Sol que devemos a luz e o calor; que a luz é uma criação sui generis, que passou a existir no instante em que a Divindade quis e pronunciou o seu fiat: “Faça-se a luz”; e que é este agente material independente que produz o calor por ficção, em virtude da sua velocidade enorme e constante. Em suma, é a primeira emanação cabalística que o Gen. Pleasonton nos apresenta: a Sephirah ou Inteligência Divina (o princípio feminino), que, unida ao Ain-Soph ou sabedoria divina (o princípio masculino), produziu tudo que é visível e invisível. Ele se ri da teoria corrente da incandescência do Sol e da sua substância gasosa. A reflexão da fotosfera do Sol, diz ele, passando pelos espaços planetários e estrelar, deve ter então criado uma vasta soma de eletricidade e magnetismo. A eletricidade, pela união das suas polaridades opostas, emite calor e fornece magnetismo a todas as substâncias capazes de recebê-lo. O Sol, os planetas, as estrelas e as nebulosas são, todos eles, Imãs.
Se este corajoso cavalheiro chegar a provar a sua tese, as gerações futuras estarão pouco inclinadas a rir de Paracelso e da sua luz sideral ou astral e da sua doutrina da influência magnética exercida pelas estrelas e pelos planetas sobre toda criatura viva, vegetal ou mineral do nosso globo. Além disso, se a hipótese de Pleasonton for reconhecida como exata, a gloria transcendente do Prof. Tyndall será grandemente obscurecida. De acordo com a opinião pública, Pleasonton efetua uma investida violenta contra o eminente físico que atribuiu ao Sol efeitos caloríficos experimentados por ele uma excursão pelos Alpes, e que era, devidos apenas à sua própria eletricidade vital.
Platão reconhece que o homem é o joguete de necessidade a que está submetido desde a sua entrada no mundo da matéria; a influência externa das causas é semelhante à do daimonia de Sócrates. Segundo Platão, feliz é o homem corporalmente puro, pois a pureza do corpo físico determina a do astral, que, embora seja suscetível de se extrair por impulsos próprios, sempre se alinhará com a razão contra as predisposições animalescas do corpo físico. A sensualidade e outras paixões provêm do corpo carnal; e ainda que opina que há crimes involuntários, porque procedem de causas externas, Platão faz distinção entre elas. O fatalismo que ele concede à Humanidade não exclui a possibilidade de os evitar, pois embora a dor, o temor, a cólera e outros sentimentos sejam dados aos homens por necessidades, “se triunfa sobre eles, vive-se corretamente, e se é vencido por eles, vive-se incorretamente”. O homem dual divino desapareceu deixando apenas a forma animal e o corpo astral (a alma mortal mais elevada de Platão), é abandonada apenas aos seus instintos, pois ele foi dominado por todos os males vinculados à matéria; em conseqüência, ele se torna um instrumento dócil nas mãos dos invisíveis – seres de matéria sublimada, que pairam em nossas atmosferas e estão sempre prontos a inspirar aqueles que foram justamente abandonados por seu conselheiro imortal, o espírito divino, chamado de “gênio” por Platão. Segundo este grande filósofo e iniciado, “quem viveu bem durante o tempo que lhe foi atribuído poderá voltar a habitar a sua estrela e daí levará uma existência abençoada e de acordo com a sua natureza. Mas se ele não a conseguir nesta segunda geração, ele passará para uma mulher [tornando-se indefeso e fraco como uma mulher], e, se não puser fim ao mal nesta condição, será transformado em algo bruto, que se parecerá com ele nos maus dias, e os seus tormentos e as suas transformações não cessarão até que, seguindo o princípio original de igualdade e de semelhança que nele existe, ultrapasse, com a ajuda da razão, as secreções últimas dos elementos turbulentos e irracionais (demônios elementares) compostos de fogo e ar, e de água e terra, e retorne à forma da sua primeira e melhor natureza”.
“A ciência verdadeira não tem crenças”, diz o ,Dr. Fenwick, em A Strange Story, de Bulwer-Lytton; “a verdadeira ciência (…) apenas três estados da mente: negação, convicção e o vasto intervalo entre as duas, que não é a crença, mas suspensão de juízo”. Essa, talvez, fosse a ciência verdadeira na época do Dr. Fenwick, mas a ciência dos nossos tempos modernos procede de outra maneira; ou nega sem rodeios, sem qualquer investigação preliminar, ou colocar-se à distância prudente entre a negação e a afirmação e, dicionário na mão, inventa novos termos greco-latinos para espécies não-existentes de histeria!
Quão amiúde clarividentes poderosos e adeptos de Mesmerismo descrevem epidemias e manifestações físicas (embora fossem invisíveis para outros) que a ciência atribui à epilepsia, a distúrbio hematonervosos e, que sei eu, de origem somática, como a sua lúcida visão os viu na luz astral. Eles afirmam que as “ondas elétricas” estavam num estado de violenta perturbação e que eles percebiam uma relação direta entre esses distúrbios etéreos e a epidemia mental ou física que então reinava. Mas a ciência não os ouviu, e continuou o seu trabalho enciclopédico de maquinar nomes novos para coisas velhas.
AS PROVAS DOS PODERES MÁGICOS DE PITÁGORAS.
Um dos poucos comentadores dos velhos autores gregos e latinos que se mostraram equivalentes aos antigos do ponto de vista do seu desenvolvimento mental é Thomas Taylor. Na sua tradução da Vida de Pitágoras, de Jâmblico, encontramos a seguinte observação: “Dado que Pitágoras, como Jâmblico nos informa (…) era iniciado em todos os mistérios de Biblos e de Tiro, nas operações sagradas dos sírios e nos mistérios dos fenícios, e também (…) havia passado 22 anos nos áditos dos templos do Egito, reunido com os magos da Babilônia, e que fora instruído por eles em seu venerável conhecimento – não é nada surpreendente que ele fosse muito versado em Magia ou teurgia, e fosse capaz de fazer que ultrapassam o mero poder humano e que parecem ser absolutamente incríveis ao vulgo”.
O éter universal não era, aos seus olhos, simplesmente algo que se expandia, sem ocupante, pela extensão do céu; era um oceano sem limites povoado como os nossos mares por monstros e criaturas menores e que possuía em cada uma das suas moléculas os germes da vida. Como as tribos aquáticas que formigam nos nossos oceanos e nos mínimos corpos de água, cada espécie que vivia em seu hábitat curiosamente adaptada ao seu lugar, algumas amigáveis e outras inamistosas ao homem, algumas agradáveis e outras espantosas de se ver, algumas procurando o refúgio de um esconderijo tranqüilo e de enseadas abrigadas, e algumas correndo através de grandes áreas de água – as várias raças de espíritos elementais habitavam, segundo eles, as diferentes regiões do grande oceano etéreo e, para sermos exatos, adaptadas às suas respectivas condições. Se não perdemos de vista o fato de que o curso dos planetas no espaço deve criar uma perturbação tão absoluta nesse meio plástico e atenuado quanto a passagem de um tiro de canhão no ar ou de um barco a vapor na água, e isso em escala cósmica, podemos compreender que certos aspectos planetários, admitindo-se que nossas premissas sejam verdadeiras, podem produzir uma agitação muito violenta e ocasionar correntes muito fortes numa determinada direção do que outros. Aceitas essas mesmas premissas, também podemos perceber por que, dados os vários aspectos dos astros, bandos de “elementais” amigáveis ou hostis podem ser derramados em nossa atmosfera, ou algumas porção determinada dela, e aí fazer sentir a sua presença por meio dos efeitos que enseja.
Isis Sem Véu – VOLUME I – CIÊNCIA I
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