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Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.
A doutrina esotérica da Theurgia contém toda a sabedoria arcana dos antigos.
No passado distante foi preservado no seio das religiões esotéricas onde fragmentos esparsos do esqueleto mágico foram retidos.
Ao longo dos séculos foi sendo aperfeiçoada e sistematizada por vários sábios e eruditos de diversas nações que cultivaram essa Magia da Luz.
Historicamente a palavra Theurgia surgiu a partir de Jâmblico – místico e filósofo neoplatônico que viveu no século IV d.C.
Sua origem, no entanto, é bem anterior ao século IV, e remonta aos mistérios Egípcios e Babilônicos. No Egito era considerada uma arte sagrada inseparável de sua religião.
A Theurgia era domínio dos Hierofantes que a ministravam nos diversos Templos. Muitos filósofos gregos viajavam até o Egito para estudar a sabedoria oculta dos sacerdotes Egípcios.
No Egito era considerada um conhecimento secreto, acessível a poucos escolhidos, os estudantes tinham que passar por duras provas de iniciação antes de terem permissão para sua aprendizagem. Como sempre ocorre na vida espiritual do mundo antigo, no Egito a prática da Magia se encontrava misturada com a religião.
O distanciamento e a separação da Magia e religião começa a surgir nos primeiros séculos do cristianismo e se torna cada vez mais evidente com o surgimento das Ordens Iniciáticas que absorveram parte de seus ensinamentos.
O aspecto que mais chama a atenção da religião mágica dos egípcios é a sua relação com os deuses.
Em vez de rogarem ajuda aos deuses, colocando-se como inferior aos mesmos, os Magos Egípcios tentavam comandar os deuses para fazer os seus trabalhos e obriga-los a aparecer segundo os seus desejos.
No texto hermético conhecido como Poimandres encontramos:
Não, se queremos falar verdade sem medo, aquele que é de fato um homem está acima dos deuses do céu e, de qualquer modo, tem o mesmo poder.
A religião egípcia ao contrário do que pensa a maioria, era simultaneamente politeísta e monoteísta. O deus Ptah é o pai dos deuses e criador do mundo e, como visto acima, acreditavam na superioridade da humanidade sobre os deuses.
Em outra passagem de Poimandres está escrito:
Querendo que o homem seja simultaneamente uma coisa terrena e capaz de imortalidade, Deus criou em duas substâncias: a divina e a mortal; e nisso ele foi criado como ordenado pela vontade de Deus que refere que o homem não só é melhor do que todos os seres mortais, mas também melhor do que os deuses que são feitos somente de substância imortal.
Os textos herméticos, como Poimandres, tiveram sua origem no Egito, apesar de serem bem posteriores e se situarem entre os séculos III a.C e II d.C. sob o disfarce de uma revelação procedente de uma única fonte Hermes três vezes grande – a literatura hermética e a Kabalah, fornecem as bases doutrinárias para a prática da Theurgia no Ocidente.
A Kabalah é um tratado hebraico de antigos ensinamentos e comentários místicos sobre a Bíblia escrito originalmente no século XII.
Para o Mago Kabalista a maior prática mágica consiste no aperfeiçoamento humano – fazer o homem à imagem de Deus na terra.
Agrippa (erudito e mago do século XVII) dizia que a magia era a verdadeira estrada para comunhão com Deus, associando-a portanto ao misticismo.
A Theurgia egípcia alcançou um nível muito elevado nas primeiras dinastias dos reis – sacerdotes que governavam o Egito. Após isso, o poder terreno os seduziu e, como conseqüência, caiu a qualidade de sua Magia. Em 332 a.C Alexandre Magno conquistou o Egito retirando-o das mãos dos ocupantes persas e colocando sob domínio grego durante três séculos.
Neste período existiu uma fusão completa entre a Theurgia Grega e a Egípcia. A Theurgia Grega, ou Magia dos Deuses, era originalmente Egípcia. É a raiz da Alta Magia ocidental moderna. A atração que os filósofos gregos tinham pelos Hierofantes Egípcios não residia apenas na sua reputação de concretizarem coisas maravilhosas.
A filosofia ocultista Egípcia continha a mais profunda e sutil sabedoria acerca da natureza dos deuses e da humanidade, da estrutura do universo, da hierarquia dos reinos espirituais, do funcionamento da mente humana, técnicas médicas avançadas, tanto físicas como psicológicas, química, botânica, história antiga, astronomia e toda uma gama de outros assuntos.
O conhecimento egípcio exercia o mesmo fascínio sobre os gregos que o conhecimento clássico exerceu sobre os europeus durante o Renascimento – abriu toda uma nova perspectiva para o conhecimento.
As doutrinas esotéricas do Egito formaram o coração da escola filosófica Grega conhecida por neoplatonismo e que se baseava numa visão mágica do mundo.
Surge então os cultos de Mistérios sob o influxo do pensamento místico e mágico então reinante.
Nessa época (por volta do século III a.C.) as realizações intelectuais do racionalismo grego estavam sendo questionadas e cultos de Mistérios Órficos e de Elêusis eram tidos em alta reputação, mesmo entre filósofos como Platão e Aristóteles.
Amor é a lei, amor sob vontade.
Fra. Samekh-Ra, 261 U IX° O.T.O. Diretor Geral da Escola Arcana
Samekh-Ra, Publicado em A Lança de Seth, OUTONO DE 2004 E.V.
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