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A Igreja: Onde Está Ela? – Ísis sem véu

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AS ESTATÍSTICAS DA IGREJA.

Nos Estados Unidos da América, sessenta mil homens (60.428) receberam salários para ensinar a ciência de Deus e as Suas relações com as Suas criaturas.

Esses homens comprometem-se, por contrato, a transmitir-nos o conhecimento que trata da existência, caráter e atributos de nosso Criador; Suas leis e Seu governo; as doutrinas em que devemos acreditar e as obrigações que precisamos praticar. Cinco mil desses teólogos com o auxílio de 1.273 estudantes, ensinam esta ciência a cinco milhões de pessoas, de acordo com a fórmula prescrita pelo Bispo de Roma. Cinqüenta e cinco mil (55.287) ministros e itinerantes, representando quinze diferentes denominações, cada uma contradizendo todas as outras, no que a questão teológicas maiores ou menores, instruem, em suas respectivas doutrinas, outras trinta e três milhões (33.500.000) de pessoas. Existem algumas centenas de milhares de Judeus; alguns milhões de fieis orientais de todas as espécies; e uns poucos que pertencem à Igreja grega.

O Deus dos unitaristas é um celibatário; a Divindade dos presbiterianos, metodistas, congrecionistas e as outras seitas protestantes ortodoxas, é um Pai sem esposa com um Filho idêntico ao próprio Pai. No esforço de se superarem umas às outras na ereção de suas sessenta e duas mil e tantas igrejas, casas de orações e salas de reunião em que se ensinam essas conflitantes doutrinas teológicas, gastou-se a soma de 334.485.581 dólares. Somente o valor dos presbíteros protestantes, nos quais se abriram os pastores e as suas famílias, é estimado em cerca de 54.114.297 dólares. Dezesseis milhões (16.179.387) de dólares são destinados todo ano para cobrir as despesas correntes apenas das seitas protestantes. Uma igreja presbiteriana em Nova York custa cerca de um milhão de dólares; um altar católico, um quarto de milhão!

Não mencionamos a multidão de seitas menores, de comunidades e de extravagantes pequenas heresias originais desse país, que nascem num dia para morrer no outro, como os esporos de cogumelos, após um dia chuvoso. Não nos deteremos, também, para considerar os pretensos milhões de espiritistas, pois à maior parte deles falta a coragem de escapar-se de suas respectivas seitas religiosas. Eles são os Nicodemos
clandestinos.

Pois bem, perguntamos como Pilatos, “O que é a Verdade?” Onde devemos procurá-la, no meio dessa multidão de seitas em guerra? Cada uma delas pretende basear-se na revelação divina, e cada uma afirma possuir as chaves das portas do céu. Estará qualquer uma delas na posse rara da Verdade? Ou devemos exclamar como o filósofo budista. “Há apenas uma verdade sobre a Terra, e ela é imutável; ei-la: – a Verdade não está na Terra!”

Embora tenhamos a intenção de trilhar por um caminho que foi exaustivamente batido pelos sábios eruditos que demonstraram que todo dogma cristão tem a sua origem num rito pagão, não obstante os fatos que eles exumaram desde a emancipação da ciência, nada perderão se forem repetidos. Além disso, propomo-nos a examinar esses fatos de um ponto de vista diferente e talvez original: o das antigas filosofias esotericamente compreendidas. Referimo-nos, de passagem, a elas em nosso primeiro volume. Vamos utilizá-las como o modelo para a comparação dos dogmas cristãos e dos milagres, com as doutrinas e fenômenos da magia antiga, e da moderna “Nova Revelação”, como o Espiritismo é chamado por seus devotos. Como os materialistas negam os fenômenos sem investigá-los, e como os teósofos, admitindo-os, oferecem-nos a pobre escolha de dois manifestos absurdos – o Demônio e os milagres -, pouco perderemos recorrendo aos teurgistas, e eles podem realmente ajudar-nos a lançar uma grande luz sobre um assunto muitíssimo obscuro.

CRENÇAS CRISTÃ, E PAGÃS COMPARADAS.

É portanto insensato os autores católicos despejarem a sua bílis em frases como estas: “Em inúmeros pagodes, a pedra fálica assume com freqüência, como o baetylos grego, a forma brutalmente indecente do linga (…) o Mahâ-Deva”. Antes de macularem um símbolo, cujo sentido metafísico é por demais profundo para os modernos campeões dessa religião do sensualismo par excellence, o Catolicismo romano, eles deveriam destruir as suas igrejas mais antigas e modificar a forma da cúpula de seus próprios templos. O Mahâ-Deva de Elefanta, a Torre Redonda de Bhagalpur, os minaretes do Islão – redondos ou pontudos – são os modelos originais do Campanile de São Marcos, em Veneza, da Catedral de Rochester, e do moderno Duomo de Milão. Todos esses campanários, torrinhas, zimbórios e templos cristãos reproduzem a idéia primitiva do lithos, o falo ereto. “A torre ocidental da Catedral de São Paulo, em Londres”, diz o autor de The Rosicrucians, “é um dos dois litóides que sempre se encontram na frente de todos os templos, sejam cristãos ou pagãos. Além disso, em todas as igrejas cristã, “particularmente nas igrejas protestantes, onde figuram de modo mais conspícuo, as duas tábuas de pedra da Providência Mosaica são colocadas sobre o altar, disposta em díptico, como uma única pedra, cuja parte superior é arredondada. (…) A da direita é masculina, a da esquerda, feminina”. Portanto, nem os católicos, nem os protestantes têm o direito de falar das “formas indecentes” dos monumentos pagãos, visto que eles ornamentam as suas próprias igrejas com seus símbolos do linga e do yoni, e até mesmo escrevem das leis de seu Deus sobre eles.

Outro detalhe que não hora de forma particular o clero cristão poderia ser traduzido pela Inquisição. As torrentes de sangue humano derramados por essa instituição cristã e o número de seus sacrifícios humanos não têm paralelo nos anais do Paganismo.

A Ísis egípcia era representada como uma Virgem Mãe por seus devotos, e segurando o seu filho, Hórus, nos braços. Em algumas estátuas e baixos-relevos, quando aparece só, ela está completamente nua ou velada da cabeça aos pés, Mas nos mistérios, em comum como quase todas as outras deusas, ela figura inteiramente velada da cabeça aos pés, como símbolo da castidade materna. Nada perderíamos se emprestássemos dos antigos um pouco do sentimento poético de suas religiões e da inata veneração que eles tinham por seus símbolos.

Não é injusto dizer que o último dos verdadeiros cristãos morreu com o último dos apóstolos diretos. Max Müller pergunta convincentemente: “Como pode um missionário em tais circunstância fazer à surpresa e às perguntas de seus alunos, a não ser que se refira à semente e lhes diga o que o Cristianismo pretendeu ser? A menos que lhes mostre que, como todas as outras religiões, o Cristianismo também tem a sua história; que o Cristianismo do século XIX não é o Cristianismo da Idade Média, e que o Cristianismo da Idade Média não era o dos primeiros Concílios; que o Cristianismo dos primeiros Concílios não era o dos apóstolos, e que só o que foi dito por Jesus foi verdadeiramente bem dito?

Podemos assim inferir que a única diferença característica entre o Cristianismo moderno e as antigas fés pagãs é a crença do primeiro num demônio pessoal e no inferno. “As nações arianas não tinham nenhum demônio”, diz Max Müller. “Platão, embora de caráter sombrio, era um personagem respeitabilíssimo; e Loki (o escandinavo), embora uma pessoa maligna, não era um diabo. A deusa alemã Hel, como Proserpina, também havia conhecido dias melhores. Assim, quando aos alemães se falava na idéia de um semítico Seth, Satã ou Diabolus semita, não se lhes infundia temor algum”.

Pode-se dizer o mesmo do inferno. O Hades era um lugar muito diferente de nossa região eterna, e poderíamos qualificá-lo antes como um estágio intermediário de purificação. Também não o é o Amenti egípcio, a região de julgamento e purificação; nem o Adhera – o abismo de trevas dos hindus, pois mesmo os anjos caídos que nele foram precipitados por Shiva são autorizados por Parabrahman a considerá-lo como um estágio intermediário, no qual uma oportunidade lhes é concedida para se prepararem para graus mais elevados de purificação e redenção de seu miserável estado. O Gehenna do Novo Testamento era uma localidade situada fora dos muros de Jerusalém; e, ao mencioná-lo, Jesus empregava apenas uma metáfora comum. Donde então provêm o triste dogma do inferno, essa alavanca de Arquimedes da Teologia cristã, com a qual se conseguiu subjugar milhões e milhões de cristãos por dezenove séculos? Seguramente não das Escrituras judaicas, e aqui chamamos em testemunho qualquer erudito hebreu bem-informado.

A única menção, na Bíblia, a algo que se aproxima do inferno é o Gehenna ou Hinnom, um vale próximo a Jerusalém, onde se situava Tophet, local em que se mantinha perpetuamente acesa uma fogueira queimando os detritos para fins de higiene. O profeta Jeremias informa-nos que os israelitas costumavam sacrificar suas crianças a Maloch-Hércules nessa região; e mais tarde descobrimos os cristãos substituindo calmamente essa divindade por seu deus do perdão, cuja ira não pode ser aplacada, a não ser que a Igreja lhe sacrifique suas crianças não batizadas e os seus filhos mortos em pecado no altar da “danação eterna”!

Como chegaram os padres a conhecer tão bem as condições do inferno, a ponto de dividir as suas tormentas em duas categorias, a poena danni e a poena sensus, sendo a primeira a privação da visão beatífica; a segunda, as penas eternas num lago de fogo e enxofre? Se eles responderem que foi através do Apocalipse (XX, 10), “E o demônio que os seduzira foi arrojado no lago de fogo e enxofre, onde já se achavam a besta e o falso profeta que serão atordoados para todo o sempre”, estamos preparados para demonstrar de onde o próprio teólogo João retirou a idéia. Deixando de lado a interpretação esotérica de que o “demônio” ou o demônio tentador significa o nosso próprio corpo terrestre, que depois da morte certamente se dissolverá nos elementos ígneos ou etéreos, a palavra “eterna” pela qual os nossos teólogos interpretam as palavras “para todo o sempre” não existe na língua hebraica, nem como palavra, nem como sentido. Não há nenhuma palavra hebraica que expresse exatamente a eternidade; olam, segundo Le Clerc, significa apenas um tempo cujo começo e cujo fim não são conhecidos. Embora demonstre que essa palavra não significa duração infinita, e que no Velho Testamento a expressão para sempre significa apenas um longo espaço de tempo, o Arcebispo Tillotson deturpou-lhe completamente o sentido, no que toca à idéia das tormentas do inferno. De acordo com a sua doutrina, quando se diz que Sodoma e Gomorra pereceram no “fogo eterno”, devemos entender a expressão apenas no sentido de que o fogo não se extinguiu até as duas cidades terem sido inteiramente consumidas. Quanto ao fogo do inferno, deve-se entender as palavras no sentido estrito da duração infinita. Tal é a sentença do sábio teólogo. Pois a duração da punição dos depravados deve ser proporcional à beatitude eterna dos justos. Diz ele, “Esses [falando dos depravados] terão, punição eterna; mas os justos, vida eterna”.

O SENTIDO ESOTÉRICO DO SOL.

O Rev. T. Swinden, comentando as especulações de seus predecessores, preenche todo um volume com argumentos, segundo ele incontestáveis, visando mostrar que o Inferno se localiza no Sol. Há dois versículos do Apocalipse de São João que dizem o seguinte: “E o quarto anjo derramou sua taça sobre o Sol, e concedeu-lhe o poder de abrasar os homens pelo fogo. E os homens então abrasados por um calor intenso puseram-se a blasfemar contra o nome de Deus”. Isto é simplesmente uma alegoria pitagórica e cabalista. A idéia não é nova nem para Pitágoras nem para São João. Pitágoras colocava a “esfera de purificação no Sol”, Sol esse que, com a sua esfera, ele localizava, ademais, no centro do universo, tendo a alegoria um duplo sentido: 1º Simbolicamente, o Sol físico representa a Divindade Suprema, o sol espiritual central. Chegando a essa região, todas as almas purificam-se de seus pecados, e unem-se para sempre com seu espírito, depois de sofrerem anteriormente em todas as esferas inferiores. 2º Colocando a esfera do fogo visível no centro do universo, Pitágoras simplesmente insinuou o sistema heliocêntrico, que fazia parte dos mistérios, e era comunicado apenas no grau mais elevado de iniciação. São João dá a seu Verbo um significado puramente cabalístico, que nenhum “padre”, exceto aqueles que pertencem à escola neoplatônica, foi capaz de compreender. Por ter sido um discípulo de Amônio Saccas, Orígenes e entendeu, sendo por essa razão que o vemos negar corajosamente a perpetuidade das tormentas do inferno. Ele sustenta que não apenas os homens, mas inclusive os demônios (e por esse termo entendia os pecadores humanos desencarnados), após um período mais ou menos longo de punição, serão perdoados e finalmente reconduzidos aos céu. Em conseqüência dessa e de outras heresias, Orígenes foi, naturalmente, exilado.

EXISTE UM UNIVERSO ESPIRITUAL E INVISÍVEL.

Como os católicos tomando como prova os fenômenos psicológicos para provar a existência de um demônio pessoal, e o Conde de Gasparin, um antigo ministro de Louis Philippe, coletando inúmeros outros fatos para provar o contrário, os espíritas da França contraíram uma dívida de gratidão para com os seus adversários. A existência de um universo espiritual invisível povoado de seres invisíveis foi, então, inquestionavelmente demonstrada. Esquadrinhando as bibliotecas mais antigas, eles destilaram de seus relatos histórias a quintessência das provas. Todas as épocas desde os tempos de Homero até os dias atuais, forneceram os seus materiais mais preciosos e esses infatigáveis autores. Tentando provar a autenticidade dos prodígios produzidos por Satã nos dias que precedem a era cristã, assim como por toda a Idade Média, eles simplesmente estabeleceram as bases para o estudo do fenômeno em nossos tempos modernos.

Entusiasta ardente e inflexível, des Mousseaux transforma-se contudo, inconscientemente, no demônio tentador, ou – como ele costuma qualificar o Diabo – na “serpente da Gênese”. Em seu desejo de apontar a presença do Maligno em todas as manifestações, ele apenas consegue demonstrar que o Espiritismo e a Magia não são coisas movas no mundo, mas irmãs gêmeas muito antigas, cuja origem deve ser buscada na remota infância de antigas nações como Índia, Caldéia, Babilônia, Egito, Pérsia e Grécia.

É evidente que des Mousseaux e de Mirville devem ter-se utilizado livremente das fontes literárias do Vaticano e de outros repositórios de conhecimentos católicos. Quando se tem tais tesouros em mãos – manuscritos originais, papiros, e livros pilhados das mais ricas bibliotecas pagãs; antigos tratados sobre Maria e Alquimia; e registros de todos os processos sobre feitiçaria, e das sentenças decorrentes, tais como cavalete, fogueira e tortura, pode-se facilmente escrever volumes de acusações contra o Demônio. Temos boas razões para afirmar que há centenas de obras valiosíssimas sobre as ciências ocultas que foram condenadas a remanescer para sempre interditadas ao público, porém que são lidas e estudadas com atenção pelos privilegiados que têm acesso à Biblioteca do Vaticano. As leis da Natureza são as mesmas tanto para o
feiticeiro pagão, quanto para o santo católico; e um “milagre” pode ser produzidos tanto por um, como por outro, sem a menor intervenção de Deus ou do Demônio.

Mas os fenômenos psíquicos tinham começado a atrair a atenção da Europa, e o clero iniciou a grita de que o seu tradicional inimigo reaparecera sob outro nome, e os “milagres divinos” começaram também a surgir em lugares isolados.

Na Rússia, o clero sabe mais do que ninguém como impressionar os seus paroquianos, cuja piedade é sincera e a fé, poderosa sem milagres; e sabe que nada é melhor do que os milagres para semear a suspeita, a dúvida e finalmente o ceticismo que conduz diretamente ao ateísmo. Além disso, o clima é o menos propício, e o magnetismo da população média positivo e são demais para produzir fenômenos independentes; e a fraude não a solução. Por outro lado, nem na Alemanha protestante, nem mesmo na América, desde a época da Reforma, teve o clero acesso a qualquer uma das bibliotecas secretas do Vaticano. Em conseqüência, nada sabem sobre a magia de Alberto Magno.

Quanto ao fato de a América ter sido inundada de sensitivos e de médiuns, a razão para isso deve-se em parte à influência climática e especialmente ao estado psicológico da população. Desde a época da feitiçaria de Salem, há 200 anos, quando os comparativamente poucos colonos tinham um sangue puro e não adulterado em suas veias, apenas se ouviu falar a respeito de “espíritos” não de “médiuns” até 1840. Os fenômenos apareceram pela primeira vez entre os membros da “Igreja do Milênio”, cujas aspirações religiosas, cujo modo peculiar de vida e cuja pureza moral e castidade física conduzem à produção de fenômenos independentes de natureza tanto psicológica como física. A partir de 1492, milhares e mesmo milhões de homens de vários climas e de diferentes hábitos e costumes invadiram a América do Norte e, casando-se entre si, modificaram substancialmente o tipo físico dos habitantes. Em que país do mundo a constituição física das mulheres pode ser comparada com a constituição delicada, nervosa e sensível da parte feminina da população dos Estados Unidos? Em nossa chegada a esse país, surpreendemo-nos com a delicadeza semitransparente da pele dos nativos de ambos os sexos. Comparai um operário ou operária irlandesa que trabalhe duramente com um representante de uma genuína família americana. Um trabalha tão duro quanto o outro; ambos têm a mesma idade, e ambos são igualmente saudáveis; entretanto, ao passo que as mãos de um, após uma hora de ensaboamento, exibirão uma pele um pouco mais macia do que a de um jovem crocodilo, as do outro, não obstante o seu uso constante, permitir-vos-ão observar a circulação do sangue sob a fina e delicada epiderme. Não deve surpreender, portanto, que enquanto a América é a estufa dos sensitivos, a maioria de seu clero, incapaz de produzir milagres divinos ou de qualquer outra espécie, nega intransigentemente a possibilidade de qualquer fenômeno, exceto aqueles produzidos por truques e prestidigitação. É natural também que o clero católico, que conhece praticamente a existência dos fenômenos mágicos e espirituais, e que acredita neles, embora temendo as suas conseqüências, tente atribuir todos eles à influência do Demônio.

A MAGIA PRATICADA PELO CLERO CRISTÃO. TEOGONIA COMPARADA, UMA NOVA CIÊNCIA.

Onde podemos encontrar, nos anais da Magia européia, encantamentos mais hábeis do que na misteriosa solidão dos claustros? Alberto Magno, o famoso bispo e feiticeiro de Ratisbona, jamais foi superado em sua arte. Roges Bacon era um monge, e Tomás de Aquino um dos mais eminentes discípulos de Alberto. Trithemius, abade dos beneditinos de Spanheim, foi o mestre, amigo e confidente de Cornélio Agripa; e enquanto as confederações de teósofos se disseminaram amplamente pela Alemanha, onde nasceram, ajudando-se mutuamente, e lutando durante anos pela aquisição de conhecimento esotérico, todo aquele que conseguisse tornar-se o discípulo favorito de certos monges poderia ser rapidamente iniciado em todos os ramos importantes da sabedoria oculta.

Tudo isso faz parte da história e não pode ser negado. A Magia, em todos os seus aspectos, foi amplamente e quase abertamente praticada pelo clero até a Reforma. E mesmo aquele que foi outrora chamado de “Pai da Reforma”, o famoso John Reuchin, autor de Mundo maravilhoso e amigo de Pico della Mirandola, o mestre e instrutor de Erasmo, de Lutero e de Melanchton, era cabalista e ocultista.

Em seu insaciável desejo de estender o domínio da fé cega, os primitivos arquétipos da Teologia cristã foram forçados a ocultar, na medida do possível, as suas verdadeiras fontes. Para esse efeito, eles queimaram ou destruíram, como se afirma, todos os manuscritos originais sobre Cabala, Magia e ciências ocultas que lhes caíram nas mãos. Eles supunham, em sua ignorância, que os escritos mais perigosos dessa espécie tinham desaparecido com o último gnóstico; mas um dia eles descobrirão o seu engano. Outros documentos autênticos e igualmente importantes reaparecerão, talvez, “de maneira inesperada e quase miraculosa”.

Existem estranhas tradições correntes em várias partes do Oriente – no Monte Athos e no Deserto de Nítria, por exemplo – entre certos monges, e entre doutos rabinos da Palestina, que passam suas vidas comentando o Talmude. Eles dizem que nem todos os rolos e manuscritos, que segundo a história teriam sido queimados por César, pela turba cristã em 389, e pelo general árabe Omar, desapareceram como se acredita comumente; e a história que eles contam é a seguinte: “Ao tempo da disputa pelo trono em 51 a.C. entre Cleópatra e o seu irmão Dionísio Ptolomeu, o Bruckion, que continha mais de setecentos mil rolos, todos guarnecidos de madeira e de pergaminhos à prova de fogo, estava em reparos, e uma grande porção dos manuscritos originais, que eram considerados os mais preciosos, e que não tinham duplicatas, foram guardados na casa de um dos bibliotecários. Como o fogo que consumiu o resto foi apenas resultado de um acidente, não se tomou nenhuma precaução nesse momento. Mas, acrescentam eles, várias horas se passaram entre o incêndio da frota, por ordem de César, e o instante em que os primeiros edifícios situados nas proximidades do posto queimaram por sua vez, e em que todos os bibliotecários, auxiliados por várias centenas de escravos afetos ao museu, conseguiram salvar os rolos mais preciosos. Tão perfeita e sólida era a fabricação do pergaminho, que enquanto, em alguns rolos, as páginas internas e a guarnição de madeira foram reduzidas a cinzas, em outros, a guarnição de pergaminho permaneceu intata. Esses detalhes foram todos escritos em grego, latim e em dialeto caldaico-siríaco, por um jovem douto de nome Theodas, um dos escribas empregados no museu.

A Enciclopédia Britânica, em seu artigo sobre Alexandria, diz: “Quando o templo de Serapis foi demolido (…) a valiosa biblioteca foi pilhada e destruída; e vinte anos depois as prateleiras vazias suscitaram o arrependimento (…) etc.”. Mas não relata a sorte a sorte posterior dos livros pilhados.

Rivalizando com os ferozes adoradores de Maria do quarto século, os modernos perseguidores clericais do liberalismo e da “heresia” encerrariam voluntariamente todos os heréticos e seus livros em algum moderno Serapião e os queimariam vivos. A causa desse ódio é natural. A pesquisa moderna nunca desvelou tanto, como agora, o segredo. “Não é hoje a adoração dos santos e anjos” – disse o Bispo Newton, anos atrás – “em todos os respeitos, idêntica à adoração dos demônios dos primeiros tempos? Só o nome é diferente, a coisa é exatamente a mesma (…) exatamente os mesmos tempos, as mesmas imagens, que eram outrora consagrados a Júpiter e outros demônios, são agora consagrados à Virgem Maria e a outros santos (…) todo o Paganismo converteu-se e aplicou-se ao Papismo.”

Por que não ser franco e acrescentar que “uma boa porção dele foi adotada também pelas religiões protestantes?”

A própria designação apostólica de Pedro origina-se dos mistérios. O Hierofante ou pontífice supremo portava o título caldeu pether, ou intérprete. Os nomes Phtah, Peth’r, a residência de Balsam, Patara, e Patras, os nomes das cidades oraculares, pateres ou pateras e, talvez, Buddha, tudo provêm da mesma raiz. Jesus diz: “Sobre esta petra edificarei minha Igreja, e as portas do Hades não prevalecerão contra ela”, entendendo por petra o templo sobre a rocha, e por metáfora, os mistérios cristãos, cujos adversários eram os antigos deuses dois mistérios do mundo subterrâneo, adorados nos ritos de Ísis, Adónis, Átis, Sabásio, Dionísio e Elêusis. Nenhum apóstolo Pedro jamais esteve em Roma; mas o Papa, tomando o cetro de Pontifex Maximus, as chaves de Jano e Cibele, e adornando a sua cabeça cristã como o capelo da Magna Mater, copiado da tiara de Brahmâtma, o Supremo Pontífice dos iniciados da Índia antiga, tornou-se o verdadeiro Peter-Roma, ou Petroma. (A tiara do Papa é igualmente uma perfeita cópia da do Dalai-Lama do Tibete.).

A Igreja Católica Romana tem dois inimigos bem mais poderosos do que os “heréticos” e os “infiéis”; e esses são – a Mitologia Comparada e a Filologia.

A prova conclusiva é fornecida por muitos eruditos, e não cabe dúvida de que a Índia foi a alma mater, não apenas da civilização, das artes e das ciências, mas também de todas as grandes religiões da antigüidade, do Judaísmo e, por conseqüência, do Cristianismo, inclusive. Herder localiza o berço da humanidade na Índia, e mostra Moisés como um hábil e relativamente moderno compilador das antigas tradições bramânicas: “O rio que circunda o país (a Índia) é o sagrado Ganges, que toda a Ásia considera como o rio paradisíaco. Lá está também o bíblico Bihon, que não é outro senão o Indo. Os árabes o chamam assim até hoje, e os nomes dos países banhados por ele ainda entre os hindus”. Jacolliot afirma ter traduzido todos os antigos manuscritos de folhas de palmeira que teve a sorte de ver permissão dos brâmanes dos pagodes. Numa dessas traduções, encontramos passagens que nos revelam a indiscutível origem das chaves de São Pedro, e o motivo da subseqüente adoção do símbolo por Suas Santidades, os Papas de Roma.

Ele nos mostra, baseado no testemunho do Agrushada Parikshai, que traduz livremente como “o Livro dos Espíritos” (Pitris), que, séculos antes de nossa era, os Iniciados do templo escolhiam um Conselho Superior, presidido pelo Brahmâtma, ou chefe supremo de todos esses Iniciados; que esse pontificado só podia ser exercido por um brâmane que alcançasse a idade de oitenta anos; que o Brahmâtma era o único guardião da fórmula mística, resumo de toda ciência, contida nas três misteriosas letras:

A
 
U          M

que significam criação, conservação e transformação. Só ele podia expor-lhe o significado na presença dos iniciados do terceiro e superior grau. Dentre os iniciados, todo aquele que revelasse aos profanos uma única verdade, ou mesmo o menor dos segredos confiados a seu cuidado, era condenado à morte. Aquele que recebia a confidência partilhava do mesmo destino.

“Finalmente, para coroar esse hábil sistema”, diz Jacolliot, “existia uma palavra ainda superior ao misterioso monossílabo A U M, que tornava aquele que lhe possuía a chave igual ao próprio Brahmâ. Só o Brahmâtma possuía esta chave, e a transmitia ao seu sucessor numa caixa fechada.

“Essa palavra desconhecida, que nenhuma força humana pôde, mesmo hoje – quando a autoridade bramânica foi esmagada sob as invasões mongólicas e européias; quando todo pagode tem seu Brahmâtma -, força-lhe a revelação, era gravada num triângulo de ouro e preservada num santuário do templo de Asgartha, cujas chaves apenas o Brahmâtma possuía. Ele também portava sobre a sua tiara duas chaves cruzadas, seguras por dois brâmanes ajoelhados, símbolos de preciso depósito que tinha em guarda (…) Essa palavra e esse triângulo estavam gravados sobre a placa do anel que esse chefe religioso utilizava como um dos signos de sua dignidade; ambos eram também reproduzidos num sol dourado sob o altar, onde toda manhã o Sumo Pontífice oferecia o sacrifício do sarvamedha, ou sacrifício a todas as forças da natureza”.

Não é isso bastante claro? E afirmarão ainda os católicos que foram os brâmanes de há 4.000 anos que copiaram o ritual, os símbolos e as vestes dos Pontífices romanos? Não ficaríamos nem um pouco surpresos.

Orígenes, Clemente de Alexandria, Calcídio, Metódio e Maimônides, com base na autoridade do Targum de Jerusalém, a maior autoridade ortodoxa dos judeus, afirmavam que as duas primeiras palavras no Gênese – BE-RÊSHÎTH, significam Sabedoria, ou Princípio, e que a idéia de que tais palavras significam “no princípio” jamais foi partilhada fora dos meios profanos, que não tinham permissão para penetrar mais profundamente no sentido esotérico da sentença. Beausobre, e depois dele Godfrey Higgins, demonstraram o fato. “Todas as coisas”, diz a Cabala, “derivam, por emanação, de um princípio; e esse princípio é o Deus [desconhecido e invisível]. DEle emana imediatamente um poder substancial, que é a imagem de Deus, e a fonte de todas as subseqüentes emanações. Esse segundo princípio produz, pela energia [ou vontade e força] da emanação, outras naturezas, que são mais ou menos perfeitas, de acordo com seus diferentes graus de distância, na escala da emanação, da Fonte Primeira de existência, e que constitui diferentes mundos, ou ordens de ser, todos unidos ao poder eterno de que emanam. A matéria não é senão o efeito mais remoto da energia emanativa da Divindade. O mundo material recebe sua forma da ação imediata dos poderes bem abaixo da Fonte Primeira do Ser (…) Beausobre afirma ter Santo Agostinho, o maniqueu, dito o seguinte: `E se por Rêshîth entendemos o Princípio ativo da criação, e não o seu início, nesse caso percebemos claramente que Moisés jamais pretendeu dizer que o céu e a Terra foram as primeiras obras de Deus. Ele apenas disse que Deus criou o céu e a Terra por meio do Princípio, que é Seu Filho. Não é ao tempo que ele se refere, mas ao autor imediato da criação'”. Os anjos, segundo Agostinho, foram criados antes do firmamento, e, de acordo com a interpretação esotérica, o céu e a Terra foram criados depois deles, emanados do segundo Princípio, ou o Logos – a Divindade criadora. “A palavra princípio”, diz Beausobre, “não significa que o céu e a Terra foram criados antes de qualquer outra coisa, pois, para começar, os anjos foram criados antes disso; porém que Deus fez tudo através de Sua Sabedoria, que é Seu Verbum, e que a Bíblia cristã chamou de Princípio”, adotando assim o sentido exotérico da palavra conferido às multidões. A Cabala – tanto oriental, quanto a judia – mostra que inúmeras emanações (as Sephiroth judias) originaram-se do Primeiro Princípio, o principal dos quais era a Sabedoria. Essa Sabedoria é o Logos de Fílon e Miguel, o chefe dos Aeôns (ou EONS, Espíritos Estrelares) gnósticos é o Ormasde dos persas; Minerva, deusa da sabedoria, dos gregos, que emanou da cabeça de Júpiter e a Segunda Pessoa da Trindade cristã. Os primeiro padres da Igreja não tiveram de quebrar a cabeça em demasia; eles encontraram uma doutrina adrede preparada que existia em todas as teogonias milhares de anos antes da era cristã. Sua Trindade não é senão o trio das Sephiroth, as primeiras três luzes cabalistas que, segundo Moisés Nachmanides, “Jamais foram vistas por alguém, não havendo nenhum defeito nelas, nem qualquer desunião”. O primeiro número eterno é o Pai, ou o caos primitivo, invisível e incompreensível dos caldeus, do qual emana o Inteligível. O Phtah egípcio, ou “o Princípio de Luz – não a luz em si, e o Princípio de Vida, embora não tenha em si nenhuma vida”. A Sabedoria pela qual o Pai criou o céus é o Filho, ou o andrógino cabalista Adão-Cadmo. O Filho é o mesmo tempo o Râ Masculino, ou Luz da Sabedoria, Prudência ou Inteligência, Sephirah, a Sua parte feminina, e desse ser dual procede a terceira emanação, Binah ou Razão, a segunda Inteligência – o Espírito Santo dos cristãos. Por conseguinte, trata-se estritamente falando, de uma TETRAKTYS ou quaternidade, consistindo da Primeira Mônada Ininteligível, e de sua tríplice emanação, que constitui propriamente a nossa Trindade.

Como então não constatar de imediato que, se os cristãos não tivessem propositadamente desfigurado em sua interpretação e tradução o texto do Gênese mosaico, para adaptá-lo às suas próprias concepções, teria sido impossível sua religião com seus dogmas atuais. Uma vez compreendida a palavra Rêshîth em seu novo sentido de Princípio e não de Início, e aceita a doutrina anatematizada das emanações, a posição da Segunda Pessoa da Trindade torna-se insustentável. Pois, se os anjos são as primeiras emanações divinas oriundas da Substância Divina, que existiam antes do Segundo Princípio, então o Filho antropomórfico é, na melhor das hipóteses, uma emanação como aqueles, e pode tanto ser o Deus hipostaticamente quanto nossas obras visíveis são nós mesmo. Que essas sutilezas metafísicas jamais entraram na cabeça do honesto e sincero Paulo (apóstolo) é evidente; e tanto mais o é porque, como todos os judeus eruditos, ele estava bem familiarizado com a doutrina das emanações e jamais pensou em deturpá-la. Como pode alguém imaginar que Paulo identificava o Filho com o Pai, quando ele nos diz que Deus criou Jesus “um pouco menor do que os anjos” (Hebreus, II, 9), e um pouco maior do que Moisés! “Pois esse HOMEM foi considerado de maior glória do que Moisés” (Hebreus, III, 3). Ignoramos quais ou quantas falsidades foram interpoladas posteriormente nos Atos pelos padres da Igreja; mas é evidente que Paulo sempre considerou a Cristo como um homem “cheio de Espírito de Deus”, eis um ponto que não admite discussão: “No archê era o Logos, e o Logos estava com Theos” (João, I,1.).

A Sabedoria, a primeira emanação de Ain-Soph; o Protogonos, a Hypostasis; o Adão-Cadmo dos cabalistas, o Brahmâ dos hindus; o Logos de Platão, e o “Inicio” de São João – são o Rêshîth, do Livro do Gênese. Se corretamente interpretado, ele subverte, como assinalamos, o elaborado sistema da teologia cristã, pois prova que atrás da Divindade criadora há um deus SUPERIOR; um planejador e arquiteto; e que o primeiro é apenas o Seu agente executor – uma simples FORÇA!

“Todos sabem”, escreveu Fausto, o grande maniqueu do século IV, “que os Evangelhos não foram escritos por Jesus Cristo, nem por seus apóstolos, mas muito tempo depois por algumas pessoas desconhecidas, que, julgando com razão que não lhes dariam crédito quando constassem coisas que não haviam testemunhado, encabeçaram suas narrativas com os nomes dos apóstolos ou dos discípulos contemporâneos”.

Ao comentar o assunto, A. Franck, o sábio e erudito judeu do Instituto e tradutor da Cabala, expressa a mesma idéia. “Não temos razão”, pergunta ele, “em considerar a Cabala como um precioso vestígio da filosofia religiosa do Oriente, que, transportado para Alexandria, se misturou à doutrina de Platão, e sob o nome usurpado de Dionísio, o Areopagita, bispo de Atenas, convertido e consagrado por São Paulo, foi assim capaz de penetrar no misticismo da Idade Média?”

Diz Jacolliot: “O que é então essa filosofia religiosa do Oriente, que penetrou no simbolismo místico da cristandade? Respondemos: Essa filosofia, traços da qual encontramos entre os magos, os caldeus, os egípcios, os cabalistas hebreus e os cristãos, não é outra senão a dos brâmanes hindus, discípulos dos pitris, ou espíritos residentes nos mundos invisíveis que nos cercam”.

Mas se os gnósticos foram destruídos pelas perseguições, a Gnose, baseada na secreta ciência das ciências, ainda vive. Ela é a terra que ajuda a mulher e está destinada a abrir sua boca para engolir o Cristianismo medieval, o usurpador e assassino da doutrina do grande Mestre. A Cabala antiga, a Gnose, ou o conhecimento tradicional secreto, jamais ficou sem os seus representantes, em qualquer época ou país. As trindades dos iniciados, reveladas à história ou ocultadas sob o véu impenetrável do mistério, foram preservadas e fixadas através das idades. Elas foram conhecidas como Moisés, Aholiab e Bezaleel, o filho de Uri, o filho de Hur, como Platão, Fílon e Pitágoras, etc. Na Transfiguração, vemo-las como Jesus, Moisés e Elias, os três Trismegisto; e os três cabalistas Pedro, Tiago e João – cuja revelação é a chave de toda a sabedoria. Descobrimo-las no crepúsculo da história judia como Zoroastro, Abraão e Terah, e depois como Henoc, Ezequiel e Daniel.

Quem, dentre aqueles que sempre estudaram as filosofias antigas, que compreende intuitivamente a grandeza de suas concepções, a infinita sublimidade de seus conceitos sobre a Divindade, pode hesitar, por um instante, de dar preferência à suas doutrinas sobre a Teologia incompreensível, dogmática e contraditória das centenas de seitas cristã? Quem, tendo uma vez lido Platão e penetrado o seu τò óv, “a quem ninguém jamais viu, exceto o Filho”, [de duvidar de que Jesus foi um discípulo da mesma doutrina secreta que instruiu o grande filósofo? Pois, como já mostramos antes, Platão nunca afirmou ser o criador de tudo que escreveu, mas deu todo o crédito a Pitágoras, que, por sua vez, assinalava o remoto Oriente como a fonte de que derivaram sua informação e sua filosofia. Colebrooke mostra que Platão o confessa em suas epístolas, e diz que ele extraiu seus ensinamentos das doutrinas antigas e sagradas!. Além disso, é inegável que as teologias de todas as grandes nações concordam entre si e mostram que cada uma é parte de “um todo estupendo”. Como os demais iniciados, vemos Platão em grandes dificuldades para ocultar o verdadeiro significado de suas alegorias. Toda vez que o assunto toca os maiores segredos da Cabala oriental, segredo da verdadeira cosmogonia do universo e do mundo ideal preexistente, Platão esconde sua filosofia na mais profunda escuridão. Seu Timeu é tão confuso que só um iniciado pode compreender-lhe o sentido secreto. E Mosheim pensa que Fílon encheu suas obras com passagens diretamente contraditórias com o único propósito de ocultar a verdadeira doutrina. Pelo menos uma vez, vemos um crítico na pista certa.

E essa própria idéia da Trindade, assim como a doutrina tão amargamente condenada das emanações, qual é a sua mais remota origem? A resposta é fácil, e as provas estão agora às mãos. Na mais sublime e profunda de todas as filosofias, a da universal “Religião da Sabedoria”, os primeiros traços da qual a pesquisa histórica agora encontra na antiga religião pré-védica da Índia. Como assinala o muito caluniado Jacolliot, “Não é nas obras religiosas da Antigüidade, tais como os Vedas, o Zend-Avesta, a Bíblia, que temos de procurar a exata expressão das dignas e sublimes crenças daquelas épocas”.

“A sagrada sílaba primitiva, composta das três letras A-U-M, na qual está contida a Trimûrti [Trindade] Védica, deve ser mantida em segredo, como outro triplo Veda”, diz Manu, no Livro XI, Sloka 266.  Svayambhû é a Divindade não revelada; é o Ser que existe por si; é o germe central e imortal de tudo que existe no universo. Três trindades emanam e nele se confundem, formando uma unidade Suprema. Essas trindades, ou a tríplice Trimûrti, são: Nara, Nârî e Virâj – a Tríadi inicial; Agni, Vâyu e Sûrya – a Tríada manifesta; Brahmâ, Vishnu e Shiva, a Tríada criadora. Cada uma dessas Tríadas torna-se menos metafísicas e mais adaptada à inteligência vulgar à medida em que desce. A última torna-se assim apenas o símbolo em sua expressão concreta; conclusão necessária de uma concepção puramente metafísica. Ao lado de Svayambhû, há as dez Sephiroth dos cabalistas hebreus, os dez Prajâpatis hindus – o Ain-Soph dos primeiros, que corresponde ao grande Desconhecido, expresso pelo A U M místico dos últimos.

Diz Franck, o tradutor da Cabala:

“Os dez Sephiroth (…) dividem-se em três classes, cada uma das quais nos apresenta a divindade sob um aspeto diferente, embora o todo permaneça uma Trindade indivisível.

“Os primeiros três Sephiroth são puramente intelectuais no que concerne à Metafísica; expressam a identidade absoluta da existência e do pensamento, e formam o que os modernos cabalistas chamam de mundo inteligível” – que é a primeira manifestação de Deus.

“Os três seguintes (…) fazem-nos conceber Deus em um de seus aspectos, como a identidade entre bondade e sabedoria; noutro aspeto, eles nos mostram, no bem Supremo, a origem da beleza e da magnificência [na criação]. Por isso, eles se chamam virtudes, ou constituem o mundo sensível.

“Finalmente, sabemos, pelo último desses atributos, que a Providência Universal, o Artista Supremo, é também Força absoluta, a causa Todo-Poderoso, e que, ao mesmo tempo, essa causa é o elemento gerador de tudo que existe. São estes últimos Sephiroth que constituem o mundo natural, ou a natureza em sua essência e em seu princípio ativo, natrua naturans”.

Essa concepção cabalística revela-se idêntica à da filosofia hindu. Todo aquele que ler Platão e seu diálogo Timeu encontrará essas idéias fielmente reproduzidas pelo filósofo grego. Além disso, a imposição do segredo era tão estrita para os cabalistas, como o era para os iniciados de Adyta e os iogues hindus.

“Fecha tua boca, para que não fales disto [o mistério], e teu coração, para que não pense em voz alta; e se teu coração escapar, trá-lo de volta, pois tal é o objetivo de nossa aliança”.

“Esse é o segredo que dá morte: fecha tua boca para não revelá-lo ao vulgo; comprime teu cérebro para que nada escape dele e caia noutra parte” (Agrushada-Pariskshai).

Mas, se o conhecimento dos poderes ocultos da Natureza abre a percepção espiritual do homem, alarga-lhe as faculdades intelectuais, e o leva infalivelmente a uma veneração mais profunda do Criador, por outro lado a ignorância, a estreiteza dogmática e um medo infantil de contemplar o fundo das coisas levam invariavelmente ao fetichismo e à superstição.

Quando Cirilo, o Bispo de Alexandria, abraçou abertamente a causa de Ísis, a deusa egípcia, e a antropomorfizou em Maria, a mãe de Deus, e a controvérsia trinitária estalou, desde esse momento, a doutrina egípcia da emanação do Deus criador oriundo de Emepht começou a ser torturada de mil maneiras, até que o Concílio concordou com a sua adoção na forma atual, que vem a ser o Ternário desfigurado dos cabalistas Salomão e Fílon! Mas como sua origem era ainda por demais evidente, deram o nome de Cristo ao leste”, ao Adão-Cadmo, ao Verbo, ao Logos, identificando-o em essência e existência com o Pai ou Ancião dos Dias. A Sabedoria oculta, segundo o dogma cristão, tornou-se idêntica e coeterna com a sua emanação, o Pensamento divino.

O DOGMA DA REDENÇÃO.

Se pararmos agora para considerar outro dos dogmas fundamentais da cristandade, a doutrina da redenção, podemos remontá-lo com facilidade ao Paganismo. Essa pedra angular de uma Igreja que se acredita erguida sobre rocha firme, há muitos séculos, foi agora escavada pela ciência, e revelou provir dos gnósticos. O Prof. Draper demonstra que esse dogma era pouco conhecido nos dias de Tertuliano, e que ele se “originou entre os gnósticos heréticos”. Não nos permitiremos contradizer tão sábia autoridade, a não ser para sugerir que ele se originou tanto entre eles, como o seu Cristos “Ungido” e a Sophia. O primeiro, eles o modelaram com base no original do “Rei Messias”, o princípio masculino da sabedoria, e a segunda, da terceira Sephiroth, da Cabala caldaica, e ainda de Brahmâ e Sarasvatî, ambos hindus, e dos pagãos Dionísio e Demeter. E aqui estamos em solo firme, visto que está agora provado que o Novo Testamento jamais surgiu em sua forma completa, tal como agora o encontramos, a não ser 300 anos depois da época dos apóstolos, e que o Zohar e outros livros cabalísticos datam do primeiro século de nossa era, se é que não são mais antigos.

Os gnósticos partilharam de muitas das idéias essênias; e os essênios já possuíam os seus mistérios “maiores” e “menores”, pelo menos dois séculos antes de nossa era. Eles eram os ozarim ou iniciados, os descendentes dos hierofantes egípcios, em cujo país haviam estado durante vários séculos antes de terem sido convertidos ao monasticismo budista pelos missionários do rei Asoka, amalgamando-se depois com os cristãos primitivos. Existiram provavelmente antes de os antigos templos egípcios terem sido destruídos e arruinados durante as incessantes invasões dos persas, dos gregos e de outras hordas conquistadoras. Os hierofantes representavam sua redenção no mistério da Iniciação, muitos séculos antes do surgimento dos gnósticos e mesmo dos essênios. Tal mistério era conhecido entre os hierofantes como o BATISMO DE SANGUE, e considerado não como uma expiação para a “queda do homem” no Éden, mas simplesmente como uma expiação para os pecados passados, presente e futuros da Humanidade ignorante, mas, não obstante, corrompia. O Hierofante tinha a opção de oferecer sua vida pura e imaculada como um sacrifício para sua raça aos deuses com os quais procurava se reunir, ou a vida de uma vítima animal. A primeira opção dependia inteiramente de sua própria vontade. No último momento do solene “novo nascimento”, o iniciador passava a “palavra” ao iniciado, e imediatamente após ter-lhe colocado nas mãos uma arma, ordenava-lhe que o golpeasse. É essa a verdadeira origem do dogma cristão da redenção.

Na verdade, numerosos foram os “Cristos” dos séculos pré-cristão. Mas eles morreram desconhecidos do mundo e desapareceram tão silenciosamente como misteriosamente da vista dos homens, como Moisés do topo de Pisgah, a montanha de Nebo (sabedoria oracular), após ter deposto suas mãos sobre Josué, que assim se tornou “cheio do espírito da sabedoria” (i.e., iniciado).

O MISTÉRIO DA EUCARISTIA.

O mistério da Eucaristia não é também propriedade exclusiva dos cristãos. Godfrey Higgins prova que ele foi instituído muitas centenas de anos da “Ceia Pascal”, e diz que “o sacrifício do pão e do vinho era comum a muitas nações antigas”. Cícero menciona-o em suas obras, e surpreende-se com a estranheza do rito. Um significado esotérico se lhe associou desde o início do estabelecimento dos mistérios, e a Eucaristia é um dos ritos mais antigos. Entre os hierofantes, ela tinha quase que o mesmo significado que para os cristãos. Ceres era o pão, e Baco era o vinho; o primeiro significava a regeneração da vida a partir da semente, e o segundo – a uva – o emblema da sabedoria e do conhecimentos; a acumulação do espírito das coisas, e a fermentação e a conseqüente força desse conhecimento esotérico, juntamente, simbolizadas pelo vinho. O mistério relacionava-se com o drama do Éden. Afirma-se que ele foi ensinado pela primeira vez por Jano, que foi também o primeiro a introduzir nos templos os sacrifícios do “pão” e do “vinho”, em comemoração à “queda na geração” sob o símbolo da “semente”. “Sou a verdadeira vinha, e meu Pai é o vinhateiro”, diz Jesus [João, XV, 1], aludindo ao conhecimento secreto que podia comunicar. “Não mais beberei o fruto da vinha, até aquele dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus” [Marcos, XIV, 25].

O festival dos mistérios eleusianos tinha início no mês de Boedromion, que corresponde ao mês de setembro, o templo da vindima, e se estendia do 15º ao 22º dia do mês, isto é, por sete dias. O festival hebreu da Festa dos Tabernáculos começava no 15º dia e terminava no 22º dia do mês de Ethanim (outubro) que Dunlap mostra derivar de Adonim, Adonia, Attenim, Ethanim; e essa festa é chamada no Êxodo (XXIII, 16) de festa da colheita. “Todos os homens de Israel se reuniram junto do rei Salomão, no mês de Ethanim, durante a festa, que é o sétimo mês”.

Plutarco pensa que as festas das tendas sejam tiros báquicos, não eleusinos. Assim “evocava-se diretamente a Baco”, diz ele. O culto Sabaziano era sabático; os nomes Evius, ou Hevius, e Luaios são idênticos a Hivita e Levita. O nome francês Louis provêm do hebraico Levi; Iacchus é Iao ou Jeová; e Baal ou Adon, como Baco, era um deus fálico. “Quem pode subir à montanha [o lugar elevado] do Senhor?”, pergunta o santo rei Davi, “quem pode ficar de pé no lugar de seu Kadesh?” (Salmos, XXIV, 3). Kadesh pode significar, num sentido, consagrar, venerar, sacrificar, e também iniciar ou pôr de lado; mas também significa o ministério de ritos lascivos (o culto de Vênus) e a verdadeira interpretação da palavra Kadesh é claramente traduzida em Deuteronômio, XXIII, 17; Oséias, IV, 14; e Gênese, XXXVIII, do versículo 15 ao 22. Os “santos” Kadeshuth da Bíblia eram idênticos, no que diz respeito aos deveres de seu ofício, às donzelas Nautch dos pagodes hindus mais recentes. Os Kadeshim hebraicos ou galli viviam “no Templo do Senhor, onde as mulheres teciam véus para o bosquete”, ou busto de Vênus-Astartê, diz o sétimo verso do capítulo 23 de II Reis.

A dança executada por Davi ao redor da arca era a “dança circular” que teria sido prescrita pelas amazonas para os mistérios. Tal era a dança das filhas de Shioh (Juizes, XXI, 21, 23 et passim), e a dos profetas de Baal (I Reis, XVII, 26). Trata-se simplesmente de uma característica do culto sabeu, pois denotava o movimento dos planetas em torno do Sol. Que a dança era um frenesi báquico, não resta dúvida. O sistro era utilizado nessa ocasião, e o motejo de Micol e a resposta do rei são muito expressivas. “O rei de Israel se fez louvar hoje, descobrindo-se na presença das servas como se descobriria um homem de nada”. E Davi respondeu: É diante do Senhor, que eu danço [ou ajo luxuriantemente], e ainda me humilharei”. Quando lembramos que Davi esteve entre os tírios e os filisteus, onde esses ritos eram comuns; e que ele arrebatou essa terra da casa de Saul, com a ajuda de mercenários de seus país, a aceitação e talvez a introdução de tal culto pagão pelo frágil “salmista” parece muito natural. Davi nada sabia de Moisés, ao que parece, e, se ele introduziu o culto de Jeová, não o fez em seu caráter monoteísta, mas simplesmente no de muito deuses das nações vizinhas – uma divindade tutelar a quem deu preferência, e a quem escolheu dentre “todos os outros deuses”.

Seguindo em sua ordem o estudo dos dogmas cristãos, se concentramos nossa atenção naquele que provocou as lutas ferozes até o seu reconhecimento, o dogma da Trindade, o que encontramos? Encontramo-lo, como já se mostrou, a Nordeste do Indo; e remontando à Ásia Menor e à Europa, reconhecemo-lo em vários povos que nada tinham de algo como uma religião estabelecida. As mais antigas escolas caldaicas, egípcias e mitraicas o ensinavam. O deus solar caldeu, Mitha, era chamado de “Triplo”, e a idéia trinitária dos caldeus era uma doutrina dos acádios, que pertenciam a uma raça que foi a primeira a conceber uma Trindade metafísica. Os caldeus eram uma tribo dos acádios – de acordo com Rawlinson – que viviam na Babilônia desde tempos ancestrais. Eram os turânios, segundo outros, e instruíram os babilônios nas primeiras noções religiosas. Mas esses acádios, quem eram eles? Os cientistas que lhes conferem uma origem turaniana fazem-nos os inventores dos caracteres cuneiformes; outros os chamam de sumerianos; outros, ainda, chamam suas línguas, da qual (por muito boas razões) não subsiste nenhum vestígio, de casdeanas, caldaicas, protocaldaicas, casco-cíticas, e assim por diante. A única tradição digna de crédito é que esses acádios instruíram os babilônios nos mistérios, e lhes ensinaram a língua sacerdotal ou dos mistérios. Esses acádios eram tão simplesmente uma tribo dos brâmanes hindus, agora chamados de arianos – e sua língua vernacular o sânscrito (Lembramos a esse respeito que o Cel. Vans Kennedy há muito externou sua opinião de que a Babilônia fora, outrora, sede da língua sânscrita e da influência bramânica.) dos Vedas; é a língua sagrada ou dos mistérios, aquela que, mesmo em nosso próprio século, é utilizado pelos faquires hindus e pelos brâmanes iniciados em suas evocações mágicas. Essa língua tem sido empregada desde tempos imemoriais, e ainda o é pelos iniciados de todos os países, e os lamas tibetanos afirmam que é nesse idioma que surgem os misteriosos caracteres sobre as folhas e o córtex do Kumbum sagrado.

Jacolliot, que se deu ao trabalho de penetrar nos mistérios da iniciação bramânica traduzindo e comentando a Agrushada-Parikshai, confessa o seguinte:

“Pretende-se também, sem que tenhamos podido verificar a afirmativa, que as evocações mágicas eram pronunciadas numa língua particular, e que era proibido, sob pena de morte, traduzi-las nos dialetos vulgares. As raras expressões que fomos capazes de reter, como – L’rhom, h’hom, sh’hrûm, sho’rhim, são fato muito curiosas, e não parecem pertencer a qualquer idioma conhecido”.

Todo aquele que viu um faquir ou um lama recitando seus Mantras e suas conjurações sabe que ele jamais pronuncia as palavras de modo audível quando se dispõe a realizar algum fenômeno. Seus lábio se movem, e ninguém jamais ouvirá a terrível fórmula pronunciada, exceto no interior dos templos, e mesmo aí em cauteloso sussurro. Essa era então a língua agora batizada respetivamente por todos os cientistas, e, de acordo com suas propensões imaginativas e filológicas, de casdo-semítica, cíticas, protocladaicas, etc.

No Livro de Hermes, expõe “Poimandres” todo o dogma da Trindade aceito pelos cristãos enunciado em sentenças distintas e inequívocas. “A luz sou eu”, diz Poimandres, o PENSAMENTO DIVINO. “Sou o Nous ou inteligência, e sou teu Deus, mais antigo do que o Princípio Humano que escapa das Trevas. Sou o Germe do Pensamento, a PALAVRA resplendente, o FILHO de Deus. Sabe que o que assim vês e ouves em Ti é o Verbum do Mestre, é o Pensamento, que é Deus, o Pai (…) O oceano celestial, o ÉTER, que flui de leste a oeste, é o Sopro do Pai, o Princípio dador da vida, o ESPÍRITO SANTO!” “Pois eles não estão separados, e sua união é VIDA.”

Por mais antiga que possa ser a origem de Hermes, perdidos nos desconhecidos dias da colonização egípcia, existe no entanto uma profecia muito antiga, relacionada, segundo os brâmanes, diretamente ao Krishna hindu. É de fato estranho, para dizer o mesmo, que os cristãos pretendam basear sua religião numa profecia da Bíblia, que não existe em nenhum lugar nesse livro. Em que capítulo ou verso prometeu Jeová, o “Senhor Deus”, enviar a Adão e Eva um Redentor que viria salvar a Humanidade? “Porei uma hostilidade entre ti e a mulher”, diz o Senhor Deus à serpente, “e entre tua linhagem e a dela; ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferirá o calcanhar”.

Nessas palavras, não há a menor alusão a um Redentor, e a mais sutil das inteligências não poderia extrair delas, tal como figuram no terceiro capítulo da Gênese, qualquer referência àquilo que os cristãos pretendem encontrar. Por outro lado, nas tradição e no Livro de Manu, Brahmâ promete diretamente ao primeiro casal enviar-lhes o caminho da salvação.

“É dos lábios de um mensageiro de Brahmâ, que nascerá em Kurukshetra, Matsyam e na terra de Pañchâla, também chamada Kanya-Kuba [montanha da Virgem], que todos os homens da Terra aprenderão seu dever”, diz Manu (Livro II, slokas 19 e 20).

Os mexicanos chamam o Pai de sua Trindade de Izamna, o Filho, Bacab, e o Espírito Santo, de Echuak, “e dizem que a receberam [a doutrina] de seus ancestrais”. Entre as nações semitas, podemos remontar a Trindade aos dias pré-históricos do fabuloso Sesostris, que é identificado por mais de um crítico com Nimrod, “o poderoso caçador”. Manetho faz o oráculo recriminar o rei, e este pergunta em seguida: “Diz-me ó forte no fogo, quem, mais do que eu, poderia subjugar todas as coisas? E quem, depois de mim?” E o oráculo disse: “Em primeiro lugar, Deus, logo o Verbo, e, depois, o Espírito”.

Isis Sem Véu – VOLUME III – TEOLOGIA I


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