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Rodrigo Vignoli – @Rfvignoli
Moral pode ser, como se diz por aí, uma construção social e, portanto, cultural.
Mas nós só experimentamos os pináculos da consciência humana através dessas construções “artificiais”, que são o que permitem a projeção da consciência em reinos mais elevados, que se sustentam nessas estruturas imaginárias, sedimentadas no nosso dia a dia.
Em outras palavras, a moral é um delineamento de possíveis qualidades humanas desejáveis – claro, dentro daquele contexto histórico e cultural – que conferem ao indivíduo um direcionamento mais nítido de suas metas pessoais e coletivas. E, a partir desse direcionamento, é possível nutrir um sentimento de pertencimento e colaboração a um tecido social, à coletividade do que somos, como um avatar da espécie que desenvolve a semente para novos rumos futuros.
Tudo isso pode parecer uma grande besteira para quem está despreocupado com o auto aprimoramento e, sobretudo, com a reintegração. Mas quando se pensa em termos cabalísticos, a dualidade das esferas de Chesed & Geburah é o que rege as qualidades sublimes da atuação do indivíduo no mundo. São esferas de poder e, portanto, estão relacionadas com uma dinâmica política que só existe quando se adquire certo tipo de pensamento moral.
Assim, o trabalho pré-supernal é o de desenvolvimento do Corpo Moral, e isso acaba tomando uma proporção muito maior do que a mera observação de regras sociais, e sim o alinhamento e assentamento dos valores do indivíduo com aquilo que é chamado de Cosmoética, ou seja, um código de conduta universal que se faz explícito para todos os adeptos – indivíduos que ultrapassam certo grau de consciência -, mas que parece inverossímil e intangível para sistemas primitivos ou calcificados que não possuem referências internas sólidas o suficiente para traduzirem integralmente a sutileza da harmonia do indivíduo plenamente conectado com o cosmos.
Em outras palavras, as leis naturais só se tornam claras sob a perspectiva de um estado de consciência resultante do processo de reintegração do indivíduo com o Todo. E para que essa reintegração ocorra, gradualmente, se faz necessário o cultivo da Presença no mundo. Ou seja, a expressão da natureza interna do indivíduo, das formas mais plurais possíveis, até que se atinja a integralidade e, portanto, certo grau de coesão – e de satisfação existencial.
Essas experiências, entretanto, só são úteis quando assimiladas e validadas pela consciência. De outra forma, são memórias vazias e não compõem o lastro do sujeito no mundo. Esse processo é todo muito subjetivo e individual, e está sob a jurisdição do Eu Superior, a Supra Consciência, a Individualidade, esse estado de Presença pura.
Quando o indivíduo possui certa maturidade espiritual, naturalmente ele vai formando o seu Corpo Moral, e as escolhas de quais experiências lhe são importantes e convenientes se dão de forma explícita e natural. Porém, em seus estágios mais primários, ele não possui um direcionamento interno claro e não possui qualquer discernimento sobre as qualidades de suas experiências. Portanto, uma forma prática de se facilitar esse processo é construindo parâmetros “artificiais” que auxiliem na tomada de decisões e no elencar de quais experiências podem ser valorosas para si e para o mundo. Esses parâmetros artificiais são os códigos morais de cada religião e cultura. São “artificiais” porque não se relacionam diretamente com a consciência do indivíduo, mas são úteis no sentido de conferir um direcionamento para quem ainda não atingiu certa autonomia consciencial.
Além disso, o código moral de cada sistema religioso vai preparar o discípulo para que ele observe aspectos importantes da vida em comunidade e, estabelecendo referências comuns, é possível aprofundar as relações num nível de intimidade que torna as experiências muito mais significativas e enriquecem sua qualidade, a nível consciencial. Esse ganho de intimidade traz consigo certas responsabilidades, e com elas uma espécie de poder político que, se bem administrado, pode conferir as bases para a manifestação do trabalho iniciático do adepto.
Em outras palavras, a grande obra precede uma comunidade bem ajustada, e a forma de ajustar o grupo é delineando valores comuns, que sejam coerentes e gerem identificação. Isso pode ser lido como um código moral. E os indivíduos que dominam as chaves desse sistema também saberão transitar por outros códigos em outras configurações. E esse é um corpo moral bem ajustado.
Rodrigo Vignoli é terapeuta holístico, apresentador do Diário Mágicko e entende que a manipulação de energia é a chave oculta para operar os segredos dos grimórios mágicos. Ele fala sobre isso em seu canal @RodrigoVignoli no Youtube.
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