Este texto foi lambido por 444 almas esse mês
Dion Fortune, 1935
Se você de fato decidir se aventurar pela senda mágica, não importa qual seja o caminho que escolher, seja da mão direita ou esquerda, seja cristão, sufi, xamânico, satanista, luciferiano ou qualquer outra das praticamente infinitas escolas esotéricas, cedo ou tarde você vai tropeçar na Cabala.
Resumidamente a Cabala pode ser descrita como o sistema místico desenvolvido pelo judaísmo para ligar o homem à criação e assim colocá-lo em contato com o criador. Agora o que poucas pessoas parecem notar, inclusive muitas pessoas experientes tanto quando falamos de magia quanto quando falamos de Cabala, é que aquilo que chamamos de Cabala (ou Qabala, ou Caballah, ou Qaballah, ou Cabalah, ou Qabalah, ou, Kabbalah, ad infinitum) no ocidente, e que é usada pelos ocultistas ocidentais, não possui mais ligações com a Cabala praticada pelos judeus ortodoxos. Tentativas de se provar que na verdade o que chamamos de Cabala aqui e o que é conhecido como Cabala por seus inventores são a mesma coisa ou estão intimamente ligadas geram apenas textos e mais textos que terminam em mais confusão.
E Dion Fortune é uma das poucas escritoras que sabe disso e passa esse conhecimento adiante. A Cabala, como a conhecemos e usamos aqui no ocidente, tanto hoje em dia quanto nos séculos passados, se tornou algo próprio, uma das poucas ligações com sua origem é o nome. Enquanto os judeus ainda tratam a Cabala como uma forma de se tentar chegar ao Criador (Jehova, Jeovah, IHVH, Javé, ad infinitum) no ocidente ela sempre foi tratada como um sistema para se organizar a mente e que oferece uma base maravilhosa e valiosa para se estruturar rituais, meditações e trabalhos mágicos de qualquer espécie, nas palavras de Alesteir Crowley: ” Lembre-se de que a Cabala é essencialmente um armário vazio, que deve ser preenchido e organizado da forma que melhor te aprouver… apesar de algumas pessoas provavelmente começarem a pular para cima e para baixo e a gritar “blasfêmia” simplesmente porque eu disse isso.”
A Cabala Mística foi escrito de forma clara e concisa, e, ao invés de se perder em fórmulas e meditações esotéricas, traz a melhor introdução que um ocultista pode ter sobre o que é a Cabala utilizada pelas diversas escolas mágicas. Se utilizando da imagem da Árvore da Vida como base dos exemplos ela discute desde Yoga até formas Deus que existem na mitologia cabalística. Ele está repleto de exemplos que tornam o que seria um assunto completamente simbólico e subjetivo em algo fácil de ser visualizado e compreendido, inclusive quando trata de assuntos como o tarot e astrologia. Isso é feito por meio dos Vinte e Dois Caminhos da Cabala que formam um sistema de psicologia mística que desvelam as relações entre a alma humana e o universo, entre o macro e o microcosmo, assim como das dez Sephiroth que dizem respeito a ascensão da consciência. Tudo isso é feito detalhada e gradualmente de maneira a criar no leitor um interesse e um conhecimento real da chave dos mais antigos rituais. De acordo com Dion: “Visto como meio de invocar o espírito de Deus, o cerimonial não passa de superstição; mas visto como meio de invocar o espírito do homem, é psicologia pura, e é assim que eu o vejo.”
Esta obra também nos ensina sobre a base filosófica do cerimonial ocidental, resgatando-a – nas palavras da autora – das mãos da igreja, da maçonaria e dos cabarés. Graças a este livro o estudioso consegue formar uma base firme de onde pode emergir a advinhação mágica em seu sentido mais profundo e o contato com os diferentes deuses e deusas personalizadas pelas regiões cabalisticas.
- A Cabala Mística (Amazon)
Alimente sua alma com mais:
Conheça as vantagens de se juntar à Morte Súbita inc.