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Alquimia

Primeiro Ser Vegetal e Volatização do Sal

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Rubellus Petrinus

O “Primeiro Ser Vegetal” é a união íntima dos três princípios alquímicos: Enxofre (óleo essencial), Mercúrio (álcool) e Sal (carbonato de potássio).

Como se sabe, alquimicamente, na natureza existem quatro elementos: Ar, Fogo, Terra e Água. Destes elementos, dois são afins e outros dois são contrários. Também o azeite ou um óleo essencial e a água, são, como toda a gente sabe, elementos, que quando aquecidos juntos, se repelem violentamente impedindo a sua união.

Prestai muita atenção ao que acima vos dissemos, porque da sua boa compreensão depende o êxito desta operação.

Para que o sal de uma planta possa ser unido intimamente ao enxofre e ao mercúrio terá de ser, antes de tudo, volatilizado.

A volatilização do sal é um dos grandes Arcanos vegetais, procurado por muitos e que pouquíssimos artistas conhecem e, aqueles que o conhecem, como nós, pela tradição, não o deverão revelar publicamente mas apenas àqueles que o merecerem pela sua aplicação e estudo da Arte.

Volatilizar o sal fixo de uma planta (carbonato de potássio) e fazê-lo passar pelo colo e pelo bico da retorta…JAMAIS! Dirão os homens da outra ciência (químicos) ! E, no entanto, para nosso espanto e regalo dos olhos, oh maravilha da nossa Arte, o sal passa pelo bico da retorta, volatilizado, diáfano como gelo, escorrendo até ao recipiente, como podereis observar na imagem.

Oh! Descrentes e detractores da alquimia, confrontai-vos com esta realidade, e, certamente mudareis de opinião. E vós, os intelectuais que filosofais sobre a nossa Arte, que direis? Ainda insistis em que ela é só filosófica?

O segredo da volatilização do sal foi sempre ciosamente guardado pelos alquimistas, por isso, bem contra a nosso desejo de ajudar os irmãos da Arte, não o poderemos transmitir publicamente em linguagem clara, como já vos dissemos.

Sem a chave (segredo) que se limita apenas a um “toque de mão”, baseando-se na atracção repulsão das matérias envolvidas, como acima vos dissemos, ser-vos-á quase impossível volatilizar o sal, a não ser por casualidade. Assim Deus vos ajude.

Caridosamente e dentro das nossas limitações, esforçámo-nos para vos assinalar a chave e, se fordes suficientemente perspicazes e tiverdes os conhecimentos necessários para a entender, então tereis êxito.

Se não o conseguirdes, lamentamo-lo, mas a tradição assim no-lo impõe.

Há dois processos para volatilizar o sal. Um mais longo e moroso, que nos foi revelado por um irmão da Arte, e o outro, mais rápido e expedito, que nós descobrimos experimentalmente. É este último que vamos a descrever.

Colhei, pelo menos, 5 kg de Alecrim (Rosmarinus Officinalis) e secai-o à sombra ou ao sol. Se não conseguirdes encontrar esta quantidade de Alecrim podereis extrair o sal de outra planta qualquer ou até mesmo o sal de tártaro obtido a partir do tártaro bruto dos tonéis de vinho.

O ideal seria utilizardes o Alecrim, pois além do sal básico da planta, que é um carbonato de potássio impuro, contém ainda outros sais e mesmo alguns oligoementos.

Adquiri, ou destilai 100 ou 150 ml de óleo essencial desta planta e deitai-o, com a ajuda de um pequeno funil de vidro ou de plástico, pela tubuladura de uma retorta de 250 ou 500 ml.

Colocai a retorta num pequeno forno eléctrico ou a gás, em banho de areia, com temperatura controlada, com um recipiente esférico de 250 ml com um respirador capilar no adaptador ou na pança do matrás perto do colo como podereis observar na imagem junta..

Com a ajuda de um funil de plástico maior que o anterior, deitai, pela tubuladura da retorta, por fracções sucessivas e com uma pequena colher de aço inoxidável, 30 g do sal da planta, devidamente coagulado e depois tratado como manda a Arte, para que este se possa combinar com o óleo essencial.

À medida que o sal entrar em contacto com o óleo, produzir-se-á uma violenta reacção, por isso, é necessário deitá-lo por fracções sucessivas. O óleo essencial ficará escuro como o café.

Destilai, fazendo ferver “docemente” o óleo essencial. Quando a maior parte do óleo tiver passado para o recipiente e restar no fundo da retorta um líquido espesso como o mel, parai a destilação e deixai arrefecer.

Depois, remetei pela tubuladura todo o óleo destilado. Repeti o processo mais duas vezes e, à terceira, destilai quase até ao fim, aumentando um pouco mais a temperatura.

Vereis, então, elevar-se do composto um vapor branco que se desloca da matéria, no fundo da retorta e se solidifica como gelo no cimo (céu) e no colo.

Remetei mais uma vez e destilai, até que o sal tenha saído, na maior parte para o recipiente. Deitai, agora, um pouco de óleo essencial na retorta, para que este, ao destilar, arraste consigo o sal que ainda se encontra depositado no colo (corno).

Quando não houver mais sal no colo da retorta, deixai arrefecer e limpai as fezes com essência de terbentina ou com outro solvente adequado para o efeito.

Depois da retorta estar muito bem limpa, vertei pela tubuladura todo o óleo essencial destilado com o sal incorporado.

Adicionai-lhe a mesma quantidade de um mercúrio vegetal extraído por destilação das sumidades floridas de Alecrim com espírito de vinho, soberanamente rectificado a cerca de 100% vol. de álcool.

Destilai a fogo lento e, no fim, um pouco mais forte. Então vereis passar o sal como anteriormente, mas desta vez, muito mais cristalino.

Depois de tudo destilado, limpai novamente a retorta e repeti o processo até não haver mais fezes no fundo.

Guardai os três princípios unidos intimamente, num frasco bem fechado, ao abrigo da luz.

O “Primeiro Ser” de Alecrim actua em todas as afecções para que esta planta está indicada. É um poderoso estimulante que recupera os doentes com esgotamento físico e intelectual. Pode ser tomado em gotas, por via sublingual, duas ou três de cada vez.

O “Primeiro Ser” é muitíssimo mais eficaz do que o simples óleo essencial, por ter incorporado o sal volatilizado e o mercúrio vegetal.

Quanto ao sal volatilizado que incorpora o “Primeiro Ser”, Van Helmont, um famoso médio iatroquímico, convertido à alquimia, diz o seguinte: «O sal de tártaro (carbonato de potássio) volatilizado, pode penetrar no corpo humano até à quarta digestão, resolvendo e fazendo passar os humores excrementosos e as coagulações contra-natura que se encontram nos vasos. Este sal arrasta com ele todos os resíduos que se encontram nas veias, resolve as obstruções as mais obstinadas, dissipando, assim, a causa material das doenças…»

O QUE DISTINGUE UMA

TINTURA VEGETAL DO “PRIMUM ENS”?

Vem isto a propósito do que temos lido frequentemente em alguns livros de “receitas” e também de “reputados” espagiristas.

Recentemente vimos no Compêndio de Processos Alquímicos publicado por Kessinger Publishing Company, USA, página 100, “A Preparação do Assim-Chamado Pimeiro Ser (ENS) de Cidreira ou Melissa officinalis“.

 

Não sabemos exactamente quem foi o seu autor, mas seja quem for, o que descreveu foi apenas a preparação de uma vulgar tintura de Cidreira feita com óleo de tártaro como primeiro dissolvente e depois com espírito de vinho, e não o Primeiro Ser.

Esta tintura de Cidreira, na nossa opinião, nem sequer pode ser considerada como espagírica, porque uma tintura espagírica para ser considerada como tal, terão de estar obrigatoriamente presentes os três “princípios” fundamentais da planta, ou seja, o Enxofre, o Mercúrio e o Sal. No caso presente estão presentes apenas dois desses princípios, o Enxofre e o Mercúrio. Por isso, trata-se apenas de uma vulgar tintura, tal como as referidas nos antigos compêndios de medicina e não de um “PRIMUM ENS”.

Então qual é a diferença que existe entre uma tintura espagírica e um Primeiro Ser? Se lerdes o meu escrito sobre tinturas espagíricas vereis que na sua preparação entram os três componentes essenciais da planta como já acima referimos.

A propósito e para vos facilitar a compreensão, vamos referir, precisamente, uma tintura de Cidreira. Podem usar-se dois processos: um, tal como o foi relatado na receita, dissolvendo primeiro a planta em óleo de tártaro e depois deitando por cima espírito de vinho, o qual retirará do óleo de tártaro a respectiva tintura que por diferença de densidade sobrenadará o dito óleo de tártaro.

Como dissemos no nosso escrito acerca das tinturas vegetais, nós preferimos fazer a tintura numa maceração a frio da planta fresca com puro espírito de vinho a 60% e não com um álcool qualquer do qual não se saiba a sua proveniência.

Depois de alguns dias (pelo menos 10) de maceração num frasco de vidro de boca larga bem fechado, filtra-se a tintura para outro frasco e incinera-se

 

o resíduo, para dele se extraírem as cinzas, que depois de bem calcinadas poderão ser lançadas ainda quentes na tintura.

Procede-se depois à sua circulação e por último à sua filtragem ficando esta pronta para usar. Querendo ir um pouco mais além, pode calcinar-se novamente o resíduo, reduzindo-o a cinzas muito finas e bem calcinadas e voltando a deitá-las na respectiva tintura, circulando-a de seguida, tal como no processo anterior.

Nesta tintura espagírica estão contidos os três “princípios” fundamentais: Enxofre, Mercúrio e o Sal contido nas cinzas.

Se em vez de optardes por fazer a tintura de Cidreira fizerdes um destilado vegetal, as coisas passam-se de outra forma.

Destilareis a planta fresca com espírito de vinho puro pelo menos a 60% e este na destilação, arrastará consigo o Enxofre da planta. Resta-vos calcinar o resíduo da destilação, extrair por lixiviação o seu sal e juntá-lo ao destilado na circulação. O Sal se não for em excesso dissolver-se-á tal como aconteceu ao Sal contido nas cinzas.

Qual é pois, a diferença que existe entre esta tintura genuinamente espagírica, o destilado vegetal e o Primeiro Ser?

Depois de terdes feito a vossa tintura espagírica de Cidreira, deitai-a numa retorta com tubuladura e um recipiente com respirador e destilai até à secura com um calor suave que não ultrapasse os 80 graus C. O destilado será uma mistura inseparável de Enxofre e Mercúrio restando no fundo da retorta um mel espesso que deitareis numa pequena escudela e calcinareis bem, até que as cinzas sejam de cor cinzento claro. Lixiviai-as e coagulai. O que encontrareis na coagulação? O Sal “cru” da planta ou seja um carbonato de potássio.

Fazei o mesmo com o destilado. Este não deixará um “mel” como a tintura mas sim o Sal que se estiver impuro podereis calcinar, lixiviar, filtrar e coagular. O que tereis então? Apenas o Sal “cru” tal como no caso anterior. Porquê?

O Sal não foi “volatilizado” e sim apenas dissolvido na água contida no espírito de vinho a 60% e, assim, não se pode unir aos outros dois “princípios”.

É fácil pois de ver que deste modo nunca tereis os três “princípios” indissoluvelmente unidos como obrigatoriamente terão de estar num Primeiro Ser.

Nas preparações que descrevemos apenas dois dos três princípios estão indissoluvelmente unidos: o Enxofre e o Mercúrio. O Sal continua “cru”, por isso, como já dissemos, ele não se pode unir aos outros dois. Estas preparações nunca poderão ser consideradas um Primeiro Ser, mas apenas uma tintura e um destilado espagíricos de Cidreira.

São muitos aqueles que laboram neste erro grosseiro de  considerar as preparações acima referidas um “PRIMUM ENS”. Mesmo alguns “entendidos”, conhecidos internacionalmente.

O que é, então, necessário para que uma preparação de Cidreira seja considerada um Primeiro Ser? Que os três “princípios” Enxofre, Mercúrio e Sal estejam indissoluvelmente unidos e para isso é necessário tornar o Sal volátil para que ele se possa unir inseparavelmente aos outros dois. É aqui que está a “chave” desta preparação que apenas alguns alquimistas já conhecem por nosso intermédio.

Se destilardes numa retorta com uma temperatura moderada, um Primeiro Ser de Cidreira, destilará primeiro o Enxofre e o Mercúrio indissoluvelmente unidos tal como na tintura e no destilado mas agora, arrastando consigo algum Sal volátil e, em vez de ficar no fundo da retorta como um “caput” morto, volatizar-se-á em parte como gelo nas paredes superiores da retorta e no seu corno. Basta deitar um pouco de espírito de vinho na retorta e destilar com fogo suave para este o arrastar consigo para o recipiente onde os três “princípios” ficarão indissoluvelmente unidos para sempre.

Concluindo, o segredo do Primeiro Ser é a Volatilização do sal pelo Enxofre e depois juntar-lhe o Mercúrio.

Isto sim, é um verdadeiro “PRIMUM ENS”.


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