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Sar Naquista
“Foi ele pintar o seu destino com cores vivas e representar o Universo como um grande templo, cujos astros são as chamas, cuja Terra é o altar, cujos seres corporais são os holocaustos e cujo homem é o sacrificador. Por meio disso, ele podia recuperar ideias profundas a respeito da grandiosidade de seu primeiro estado, que era nada menos que o fato de ser o sacerdote do Eterno, no Universo. ” – Louis-Claude de Saint-Martin, O Quadro Natural
Nas Sagradas Escrituras encontramos a descrição do Templo de Salomão e nas páginas dos historiadores uma história que como veremos remete a origem e destino do próprio Ser Humano e a Criação Universal. Uma narração muito rica que deve ser estudada e meditada diversas vezes por aqueles que desejam um conhecimento profundo que só nos é acessível pela simbologia. Detenha-se sem pressa a leitura dos capítulos 3 e 4 de Crônicas II e dos capítulos de 5 a 9 de I Reis” (1 Reis 5-9).
A Glória Original do Templo
O Grande Templo de Jerusalém era considerado pelos antigos hebreus como a verdadeira morada de Deus na Terra. Era o centro de adoração de todo povo hebreu. Nele eram feitos os sacrifícios e nele eram guardadas a Arca da Aliança.
Antes de sua construção liberada por Salomão a Arca era mantida em um tabernáculo, um templo feito de tendas que podia ser montado e desmontado e que acompanhou o povo hebreu durante o Êxodo do Egito até Israel. Ao chegarem na Terra Prometida o rei Davi projetou um templo permanente, mas este foi rejeitado por Deus devido aos pecados do rei e coube a seu filho, Salomão, sua construção com a ajuda de Hiran, rei de Tiro.
A construção do Templo foi feita através de orientações específicas dada pelo Eterno. Ele deveria ser construído sem nenhuma ferramenta metálica e erguido com pedras não talhadas. Deveria ser retangular com 60 côvados (27 metros) de profundidade, 20 côvados (9 metros) de largura e 30 côvados (13.5 metros) de altura. Em seu ornamento eram usados os materiais mais nobres como ouro, madeira de cedro e cipreste.
Antes de se entrar no Templo havia um grande Átrio (Pátio Exterior) onde o povo de Israel se reunia. Era aqui que os hebreus se reuniam para adorar a Deus. Nesta área havia uma enorme bacia de bronze chamada “Mar de Bronze” uma cisterna usada para as purificações corporais feitas antes dos sacrifícios. Havia também um Altar de Holocaustos no qual estes sacrifícios eram feitos. (ver Jeremias 19:14, Jeremias 26:2)
Internamente o Templo de distribuía em três partes:
- Ulam (Pórtico), que se acessava atravessando as colunas.
- Hekal – “O Santo”, também chamado “Câmara maior”.
- Debíf – “O Santo dos Santos”, o local mais sagrado.
Ulam – O Pórtico
O acesso ao templo era feito através deste pátio interno no qual apenas os sacerdotes podiam entrar ao passar pelas colunas. e no qual havia uma grande porta dupla de madeira de cipreste e de oliveira, decorada com querubins e ramos de palmeira. De cada lado desse portal havia as coluna de bronze. (ver I Reis 6:36 e II Crônicas 4:9)
Hekal – O Santo
Em seguida chegamos ao Hekal – “O Santo”, também chamado “Câmara maior”. Dentro desta área encontrava-se vários itens importantes como os Candelabros das Sete Velas, a Mesa dos Doze Pães da Proposição e o Altar dos Perfumes, todos eles repletos de significados e dignos de estudos próprios. (ver 2 Crônicas 3:5 e 1 Reis 6:17). O Livro de Reis diz que era separado do Santo dos Santos por portas de madeira e o Livro de Crônicas diz que era separado por cortinas púrpuras bordadas com querubins. provavelmente por ambos.
Debíf – O Santo dos Santos
O “Santo dos Santos”, o local mais sagrado onde se guardava a Arca da Aliança, na qual estavam guardadas as Tábuas da Lei, o Cajado de Aarão e um Vaso de Maná imperecível. A Arca era guardada por dois imensos Querubins de ouro.
Aqui era feita anualmente a cerimônia da expiação (ver Exôdo12:5 e Levítico 4:35). Era aqui, e mais especificamente dentro da Arca que os hebreus consideravam ser o local exato onde Iahweh estava. Apenas o Sumo Sacerdote podia entrar nesta parte do templo, e apenas uma vez ao ano após uma série de preparações espirituais e purificações corporais. Em cada uma dessas ocasião ele corria o risco de perder a vida.
A Queda do Templo
Após o reinado de Salomão, Roboaão, seu filho, tornou-se rei dos hebreus. Ao contrário da sabedoria renomada de seu pai, Raboão entrou para a história como um rei arrogante e impulsivo sob o reinado de quem houve um período de grande divisão entre as doze tribos de Israel. Logo surgiram outros locais de adoração concorrendo com o Templo construído por Salomão e o culto ao bezerro de ouro foi retomado. O então faró Chechanq I aproveitou-se dessa divisão para conquistar Jerusalém e então o Grande Templo foi pilhado.
O profeta Ezequiel nesta época profetizou que o pior ainda estava por fim pois Deus queria punir os hebreus por sua infidelidade e idolatria e o grande templos seria destruído (Ezequiel 21 a 24). De fato isso aconteceu em seguida quando os babilônicos também conquistaram Jerusalém e Nabucodonosor destruiu totalmente o templo e suas colunas em 586 a. C. O paradeiro da Arca Da Aliança permanece um mistério até os dias de hoje.
Ezequiel também profetizou a construção de um novo Templo (Ezequiel, 40 a 48) e isso foi feito quando Ciro, tornou-se rei da Babilônia. Ele concedeu liberdade aos judeus, permitiu seu retorno de um exílio que durou setenta anos e até devolveu bens espoliados por Nabucodonosor. Mas o segundo templo estava muito longe das glórias do primeiro.
Para começar o segundo templo foi erguido em meio a agitações políticas e contendas de forma que seus construtores passavam gastavam muito tempo e energia defendendo a si mesmos de vizinhos hostis. Também os materiais não eram nobres como o do primeiro templo, mas cavados de destroços da antiga edificação e usando ferramentas metálicas proibidas na construção anterior. Era menor do que o primeiro e não seguia o tamanho dado pelo Eterno. A construção foi concluída no reinado de Dario em 515 a.c, mas se Seu exterior portanto era imperfeito, mas muito mais imperfeito era seu interior, pois não havia mais a Arca da Aliança e o Santo dos Santos estava vazio.
Durante o reino de Antioco IV, o segundo templo já estava completamente profanado. Houve um grande esforço politico para fazer as leis dadas a Moisés serem abandonadas, ídolos foram erguidos e animais considerados impuros como o porco eram sacrificados. Em 168 a.c Antioco decretou o fim da religião judaica. A ascensão histórica dos fariseus se explica em parte como uma reação a esta opressão na bem sucedida revolta dos Macabeus.
Em 63 a.C., Jerusalém foi conquistada por Pompeu, militar e político romano e a Judéia tornou-se uma província subordinada a Roma. O rei Herodes em uma uma tentativa de amenizar a resistência judaica contra o controle estrangeiro, mobilizou muitos homens e grandes recursos para recuperar o esplendor original do Templo. Este foi o templo que existia na época de Cristo e de onde expulsões os vendilhões:
E entrou Jesus no templo de Deus, e expulsou todos os que vendiam e compravam no templo, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas;
E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido em covil de ladrões. (Mateus 21,12-13)
Foi também este templo que os judeus acusaram Cristo de profanar ao dizer que seria derrubado e reerguido em três dias quando falava de si mesmo:
Os judeus o contestaram, dizendo: “Que sinal de autoridade nos mostras, para agires dessa maneira?”Jesus lhes respondeu: “Destruí este templo, e, em três dias, Eu o reconstruirei.” Replicaram os judeus: “Em quarenta e seis anos foi construído este templo, e tu afirmas que em três dias o levantarás?”Ele, porém, se referia ao templo do seu corpo. Por essa razão, quando Jesus ressuscitou dentre os mortos, recordaram-se os seus discípulos de que Ele dissera isso; e creram na Escritura e na Palavra pregada por Jesus. Jesus conhece a índole humana. (João 2,18-22)
Pouco após a morte de Jesus houve uma rebelião dos judeus da Palestina contra Roma. Para por fim a esta revolta, noo ano 70, Tito manda destruir Jerusalém e o segundo o Templo é incendiado. O que conhecemos hoje como Muro das Lamentações é a base ocidental do templo que permaneceu de pé até hoje.
A Queda do Homem
O martinismo ensina que a história do Templo de Salomão é a mesma história do Ser Humano. Jean-Baptiste Willermoz ensina que existe uma relação direta entre a nossa história e a história do Templo. O Templo de Salomão original foi criado segundo as diretrizes divinas com uma missão muito especial, assim como foi o Ser Humano primordial. Assim como o Templo o homem foi criado sem ferramentas materiais, mas apenas com os mais nobres recursos feitos por Deus. Já o segundo Templo é como o Primeiro Adão, criado por si mesmo, segundo seu próprio entendimento limitado.
Também há uma correspondência entre as três partes do Templo e as Três partes da Criação Universal:
O Debíf corresponde a Imensidade Supraceleste onde está o acesso a Imensidade Divina, mas assim como a Arca da Aliança, esse acesso está perdido para o ser humano. A Imensidade Celeste, onde temos septenário dos astros tracionais corresponde ao Hekal que guardava o Candelabro de sete velas.
Para retomar este acesso precisamos nos reconciliar com Deus, e essa reconciliação passa antes de tudo pela purificação que devemos fazer, assim como os sacerdotes hebreus se purificavam para passar pelas duas colunas e onde trabalham, assim como os sacerdotes trabalhavam no templo, aqueles comprometidos com a reconciliação universal e onde se encontra o perfume e o alimento espiritual (o Altar dos Perfumes e os Pães da Proposição).
Antes de entrarmos nesse local devemos entretanto primeiro nos purificar, assim como os sacerdotes se purificavam no Átrio para poder passar pelas duas colunas e adentrar ao Ulam.
O Templo Humano
O Templo de Salomão foi construído em 6 anos e isso nos remete a aritomosofia e aos Sete dias da Criação pois o Ser Humano foi criado no sexto dia. Assim há também uma correspondência entre as três partes do Templo de Salomão e as três partes do corpo humano, ou seja a cabeça, o tórax e o abdômen:
O Abdômen sendo ligado a nutrição e geração corresponde as realidades materiais ao Ulam, onde onde sacrifícios e purificações são necessários para que se possa avançar.
O Tórax corresponde ao Santo, pois aqui está nosso coração, onde zelamos e reverenciamos com o perfume do incenso de nossas orações e mantemos acesa a luz do trabalho espiritual.
A Cabeça é associada ao Debíf, o Santo dos Santos, após termos nos purificado materialmente e santificado nosso coração, podemos comungar com a Luz Divina em pensamento abertos as inspirações do alto.
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