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Alquimia

Introdução à Alquimia (de Frater Albertus)

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Frater Albertus

Excerto de “The Alchemist’s Handbook’

O que é a Alquimia? Esta é a primeira e mais vital questão a ser respondida antes que o estudo das páginas seguintes seja em preendido. Essa questão pode ser respondida para a satisfação da mente indagadora, mas o folhear negligente deste livro será em vão. Se o leitor não tem nenhum conhecimento prévio da Alquimia e, além disso, nenhum conhecimento oriundo do estudo consciencioso a respeito do misticismo, do ocultismo ou dos assuntos correlaciona dos, a resposta à questão acima terá pouco sentido. O que é, então, a Alquimia? É o aumento das vibrações.

Por essa razão, não seria sensato tentar experimentos com as indicações de laboratório que se seguem. Essas experiências destinam-se apenas àqueles que dispenderam um tempo considerável na pesquisa espagirista e que provaram a si mesmos que o esforço sincero triunfou e que esse mesmo esforço ainda motiva a sua verdadeira busca do maior dos arcanos, o lapis philosophorum. Como todos os estudantes da literatura alquímica já puderam perceber que o processo exato para alcançar o opus magnum jamais foi completamente revelado em linguagem simples, ou publicado, apreciarão eles o fato de que aqui é oferecida uma descrição detalhada da circulação menor.

Na Alquimia, existem a circulação menor e a maior. A primeira diz respeito ao reino herbáceo e a segunda ao mais cobiçado de todos eles, o reino mineral (metálico). Uma correta compreensão, e não apenas um mero conhecimento, do processo herbáceo abrirá a porta ao grande Arcano. Meses e anos de experiências no laboratório alquímico demonstrarão a verdade dessa afirmativa. O fato de que a Alquimia é obra de uma vida será aceito por aqueles que dispenderam meses e anos atrás de livros e retortas. É esse fato significativo que prové nossa arte espagirista com tal armadura que nenhum materialista pode perfurar. Se não se destinasse à purificação, à purgação e ao amadurecimento do futuro alquimista durante um grande lapso de tempo, tal como à do sujeito com que está trabalhando, como poderia a Alquimia ser mantida longe do profano e do indigno? Apenas aquilo que suporta a prova do fogo sai purificado. O fato de que ainda há um manto de segredo cobrindo os processos alquímicos e de que tal situação ainda precisa permanecer assim terá que ser aceito pelos alquimistas aspirantes. A cobiça pessoal não tem lugar na Alquimia. O objetivo de todos os Adeptos verdadeiros é trazer alívio à humanidade sofredora em sua miséria física e espiritual. A não-aceitação desse princípio exclui automaticamente o aspirante do círculo de Adeptos.

Meus colegas médicos, assim como os químicos farmacêuticos, não concordarão comigo quando lerem o que segue. Isso deve ser dado como certo e, de fato, assim tem sido, porque o que aqui apresentamos é muito estranho aos ensinamentos padronizados das atuais faculdades de medicina. Como eu concordo com eles, em seus termos, é justo perguntar o que eles pensam do conteúdo deste livro nos termos de um alquimista. Se isso é impossível, então o livro deve ser posto de lado por enquanto e deixado em esquecimento até poder ser examinado por uma mente aberta e livre de preconceitos.

Não se faz aqui nenhuma tentativa de escrever sobre terapêutica alopática. Deixamo-lo aos especialistas versados nesse ramo particular de cura. Escrevo aqui sobre Alquimia, mercê dos anos de estudos e experiências que precederam a redação deste livro, e mercè da obra que com toda probabilidade continuará a ser executada. Como o escopo da Alquimia é imenso demais, uma encarnação terrestre em muitos, se não em todos os casos, é um tempo insuficiente para a realização plena da obra. Trilhando o caminho do alquimista, deparamo-nos com muitas atribulações que envolvem tempo, dinheiro, sofrimentos – para mencionar apenas alguns dos passos difíceis. O aspirante deveria portanto refletir bastante antes de empreender essa penosa experiência, pois se ele não estiver preparado tudo resultará em fracasso.

O processo em ambas as circulações, a menor e a maior, não é basicamente dispendioso. Na verdade, é relativamente insignificante. Mas antes que esse estado possa ser atingido, muito tempo, dinheiro e esforço poderá e muito provavelmente será dispendido. E por essas razões que fazemos um veemente apelo ao aspirante para que não se aventure precipitadamente na Alquimia, para que não se imagine sentado em perfeita saúde pessoal, no fim de um arco-íris, com o mundo aos pés e com potes cheios de ouro reluzente. Isso não passa de ilusão e constitui apenas uma sensacional e encantadora fada morgana; tal ilusão não satisfará a alma. Há mais a ser obtido na Alquimia do que vanglória. Isto, de fato, ela não poderá oferecer-nos. A vanglória está tão longe dos seus verdadeiros objetivos quanto o dia da noite. Assim, estamos de volta à afirmação simples apresentada no inicio deste capitulo: “A Alquimia é o aumento das vibrações”. Aquele que não vê nenhum sentido nesta sentença aparente mente insignificante não tem nenhum direito de tentar a experimentação alquimica. Tal pessoa assemelhar-se-ia àquela que afirma que, por conhecer todas as letras do alfabeto, pode, por conseguinte, ler qualquer idioma, visto que todos eles se escrevem com as mesmas letras. Mas poderá ela ler com compreensão quando as letras estão em ordem diversa, formando palavras de idiomas diferentes? Um quimico pode conhecer todas as formulas e todas as abreviações da terminologia quimica, mas comprederá ele também o que elas são realmente? A sua origem real? O seu estado primeiro? Deixaremos a quem de direito a tarefa de respondê-lo. Se todas as afirmações precedentes não desencorajam o aspirante, fazendo-o fechar o livro e po-lo de lado com desagrado, talvez então a nossa obra o ajude a descobrir-se neste universo, propiciando-lhe paz e alegria à alma. A filosofia hermética, com o seu arcano prático, repete-se outra e outra vez no antigo axioma: “Como em cima, tal é embaixo. Como em baixo, tal é em cima.”

Perguntar-se-á se as referências históricas aos Alquimistas do passado tem um lugar nestas páginas. Existem muitos livros já publicados que se encarregaram de elaborar a história e o romance da Alquimia. Por essa razão, nenhuma tentativa se faz aqui para acrescentar algo ao imenso material biográfico que tais livros ministram. Nossa énfase incide, antes, na experimentação alquimica de hoje, conduzida de acordo com as práticas seculares. Nosso objetivo nestas páginas é tentar demonstrar e revelar a verdade da Alquimia em linguagem moderna, permanecendo no entanto em harmonia com as regras e rituais antigos, de acordo com o Juramento do Alquimista.

A prática da Alquimia, não apenas nos tempos antigos, mas também em nossos próprios dias, só pode ser empreendida com grande sole midade e ilustra-o perfeitamente o seguinte juramento extraido do Theatrum Chemicum Britannicum (Londres, 1652). Esse juramento, com algumas pequenas modificações de forma, é ainda utilizado pelos Adeptos de hoje:

“Regozijarás, se receberes de mim, amanhã,
o Sacramento abençoado, neste Juramento,
Evitando revelar o segredo que te ensinarei,
Por ouro ou prata, durante: toda a vida,
Por amor a família ou por dever ao nobre
Seja pela escrita ou pela fala efêmera,
Comunicando-o apenas aquele que você tenha certeza
Já procurou os segredos da Natureza?
A ele podes revelar  os segredos da Arte
Sob o Manto da Filosofia, antes da tua morte.”

Mais cedo ou mais tarde ou muitos estudantes experimentam o desejo de descobrir um Adepto tornarem-se pupilos ou discipulos, Mas por mais sincero que seja este desejo, é fútil para o estudante tentar localizar um professor versado no Grande Arcano. “Quando o pupilo estiver pronto, o Mestre parecerá.” Esse antigo preceito ainda é verdadeiro. Pode-se buscar, pode-se aspirar, pode-se trabalhar e estudar com afinco até altas horas da madrugada, e no entanto não há nenhuma evidência de que o adepto jamais atingirá essa jóia sem o preço: O Grande Arcano. Para alcançá-lo requer-se mais do que mero estudo. Um coração honesto, um coração puro, um coração verdadeiro, um coração benévolo e contrito realiza mais do que todos os livros de ensino poderiam oferecer. No entanto, bastante estranhamente, o estudo deve acompanhar as virtudes acima citadas. Sem um conhecimento e uma compreensão das leis naturais e seus correspondentes paralelos espirituais, ninguém poderá jamais ser verdadeiramente chamado de Alquimista ou Sabio.

Não estou tentando vindicar a Alquimia. Ela não precisa de vindicação. Estou advogando a verdade da Alquimia, pois essa é uma experiència maravilhosa de se realizar. Experimentar! Com preender! Descobrir “a luz que brilha na escuridão”.

A Força da Vida

Tudo o que precede pode parecer desencorajador. Talvez uma dúvida opressiva esteja pesando sobre o coração do amante da Pesquisa Alquimica. Qualquer que seja a causa ou quaisquer que sejam os seus efeitos, uma tremenda responsabilidade está vinculada a tal Pesquisa. Aquele que leu sobre as vidas dos Alquimistas terá descoberto que muito amiúde vários anos se passaram antes que o seu objetivo fosse alcançado. Nem todos foram tão afortunados quanto Irineu Faletes, que, como ele próprio escreveu, atingiu a grande benção em seu vigésimo terceiro ano na forma do lapis philosophorum Muitos tiveram que esperar outra encarnação antes de mostrarem-se dignos e prontos para recebê-la. Mas, se todas as dúvidas forem rejeitadas e se uma firme Crença transformar-se em poderosa Fé, então esse momento rápido que produz o conhecimento ajudará eventualmente alguém a chegar a “Entender”, a “Compreender” a unidade do universo, o segredo que se oculta atrás da Criação e a expansão da consciência Cósmica.

Isso nos leva às questões naturais: “Qual é o segredo da criação? Em que consiste a força da vida?” Essas questões devem ser respondidas antes que o futuro Alquimista possa realizar o que quer que seja em seu laboratório.

Como tudo que cresce provém de uma semente, o fruto deve estar contido em sua semente. Tenha isso em mente, pois aqui repousa o segredo da criação. O crescimento do espécime, como se disse antes, consiste no aumento das vibrações. Ervas, animais, minerais e metais, tudo cresce a partir da semente. Compreender este segredo da natureza, que é geralmente apenas parcialmente revelado à humanidade, constitui o principal tema teórico da Alquimia. Uma vez isso entendido, cumpre-nos apenas atingir a compreensão adequada para obtermos resultados quanto ao crescimento ou aumento do espécime, o que não é outra coisa senão transmutação. Se podemos auxiliar a natureza em seu objetivo último, o de levar seus produtos à perfeição, então estamos em harmonia com suas leis. A natureza não se ofende com um esforço artificial, ou com um atalho para chegar à perfeição. Exemplifiquemos: a semente de um tomate pode ser semeada ao final do outono. A neve e o gelo podem cobri-la durante o inverno. Mas nenhum tomateiro crescerá durante esse tempo, ao ar livre, em temperaturas gélidas. Contudo, se a mesma semente é semeada onde há suficiente calor e umidade, e se é colocada na matriz adequada, ela então se transformará numa planta e dará frutos. Isso não contraria a natureza. Está em harmonia com as leis naturais. Pois fogo (calor), água, ar e terra é tudo de que necessitamos para fazer uma semente crescer e dar o seu fruto predestinado. A força da vida não se origina do fogo, da terra, do ar ou da água. Essa força da vida é uma essência à parte que preenche o universo. Essa essência, ou quinta essência (quintessência), é o objetivo verdadeiramente importante que o alquimista procura. Ela é a quinta das quatro: fogo, água, ar e terra, e é a mais importante que o alquimista procure descobrir e então separar. Ocorrida a separação, a resposta àquilo que repousa atrás do segredo da criação manifestar-se-á parcialmente na forma de um vapor denso como fumaça que se transforma, após passar por um tubo condensador, numa substância aquosa de cor amarelada que tem em si algo oleoso que colore a água extraída. Essa substância oleosa, ou Súlfur alquímico, é tão essencial aos preparados alquímicos quanto o Sal e a Essência. Não quero aprofundar esse ponto, pois ele será tratado mais explicitamente noutra parte.

Certas frases e sentenças serão diversas vezes repetidas neste livro. Tal repetição não é arbitrária; as frases foram propositada mente inseridas a fim de enfatizar mais fortemente certos pontos importantes. Muito do que está escrito aqui deve ser relido muitas vezes para que se possa levantar o véu. Isso só pode ser alcançado individualmente pelos diversos estudantes. O que segue será descoberto quando a experimentação prática ocorrer no laboratório.

O Laboratório do Alquimista

Vejamos agora o laboratório do alquimista. Ele toma freqüentemente um sinistro colorido quando a imaginação dos homens corre à solta. Mesmo hoje, as pessoas pretensamente religiosas estão inclinadas a comentar a Alquimia em voz baixa, porque, como afirmam, ela é obra do demônio. A ignorância é uma bênção para alguns, e ninguém tem o direito de arrancar o próximo de sua bem aventurança. Devemos ignorar aqueles que têm escrúpulos religiosos contra a Alquimia, pois não tencionamos converter ninguém. Nosso objetivo aqui é ajudar o alquimista aspirante em sua laboriosa caminhada. Essa caminhada começa no laboratório. Tudo no labora tório gira em torno do fogo ou de sua emanação: o calor. O resto consiste em uns poucos balões de vidro, um condensador, e alguma engenhosidade. Isso parece muito simples e de fato o é. Mas, e os outros instrumentos que se amontoam num laboratório alquímico, como as pinturas nos fazem acreditar? Assim como um artista precisa apenas de tela, tinta e pincéis para pintar um retrato, mas pode acrescentar um número indefinido de outros objetos ao seu estúdio, da mesma maneira pode o alquimista lançar mão de outros equipamentos que considerar apropriados. Não há dúvida de que ele procura experimentar e investigar em profundidade os mistérios, a fim de revelá-los um após o outro. Quando a alma anseia pela verdade e pela descoberta das leis da natureza, a sua pesquisa não termina senão depois de atingida a última revelação.

Onde se deve localizar o laboratório? Como pode alguém praticar a Alquimia numa cidade superpovoada? Essas questões deverão ser respondidas individualmente pelos diversos estudantes. Um canto no sótão ou um espaço no porão ser suficiente, desde que haja uma fonte contínua de calor disponível. Aquele que deseja praticar a nossa obra espagirista deverá fazer todo o trabalho por si mesmo. Que afortunado! De que outra forma poderia ser? Como poderia alguém apreciar a experiência, se não chega ao ponto crucial do conhecimento por seus próprios esforços? Já se falou bastante a respeito das fadigas e dos desapontamentos que o estudante sem dúvida encontrará. Se ele, a despeito dessas dificuldades, ainda deseja penetrar os portais do templo sagrado do espagirista, encontrará um guia bem-vindo nas páginas seguintes. Elas revelam, em linguagem simples, o processo da circulação menor.

Aqueles que desejam uma descrição completa, em linguagem semelhante, do Grande Arcano, esperarão em vão. Tal descrição não pode ser dada. Não é permitido. Mas e isso é da maior significação aquele que pode realizar em seu laboratório o que as páginas a seguir apresentam por meio de instruções, esse poderá seguramente realizar o Grande Arcano, se estiver pronto. A preparação pode levar anos e mesmo décadas Não se pode fixar nenhum limite de tempo. Alguns tem uma tendência natural ou herdada, ou um dom, para sondar os mistérios. Outros jamais conseguem penetrá-los. O “porqué” disso não é aqui explicado. Mas para aqueles que estão prontos para viajar pela estrada real da Alquimia, eu digo: Paciência Paciência! Paciência! Pensem e vivam correta e caridosamente e permaneçam sempre na verdade naquilo que vocês honestamente acreditam ser a verdade”. Tal neófito não poderá falhar. Lembre-se, “Busca e acharás; bate e ela se abrirá para ti”.

A sabedoria dos sábios representa uma culminação de tudo em que é essencial os homens acreditarem, conhecerem e compreenderem. Aquele que atingiu tal estado de iluminação está na verdade em harmonia com o universo e em paz com o mundo. Para atingir este objetivo de iluminação, a batalha neste invólucro mortal não precisa ser de natureza violenta, como pretendem alguns: deveria ser, antes, uma atenção constante às possibilidades com que nos defrontamos em nossas vidas cotidianas, no propósito de elevar nosso mundo de pensamentos acima da labuta dessa vida de todos os dias e eventualmente descobrir a paz em nós. Se o individuo não passou pela Alquimia do eu interior, ou Alquimia transcendental, como tem sido chamada descobrirá que é extremamente difícil obter resultados em sua experiencia prática de laboratório. Ele pode produzir coisas de que nada sabe, deixando-as passar, conseqüentemente, como sem valor. Não baste apenas saber; è a compreensão que coroa nossa obra. É aqui que a sabedoria dos Sábios e Adeptos auxilia o individuo a compreender o que sabe mas não compreende.

No Alquimia já apenas um caminho que leva aos resultados. O aspirante deve mostrar seu valor e a sua preparação adequada. Essa preparação estende-se por muitos e variados aspectos, mas a maioria delas diz respeito à pesquisa da verdade. O estado mental vivo, desperto ou consciente deve estar imerso na honestidade que se revela em toda palavra e ação. Cumpre haver um amor para com a humanidade que não conheça nenhuma paixão, uma presteza para partilhar de bom grado com os outros as posses materiais e uma disposição para pôr as necessidades da humanidade acima dos desejos pessoais. Todas essas virtudes o indivíduo deve adquiri-las em primeiro lugar. Só então a sabedoria dos Sábios e Adeptos começará a fazer sentido. A Natureza tornar-se-á, então, uma companheira voluntária a servir-nos. O mundo, tal como passaremos a compreendê-lo, começará a tomar forma e figura, ao passo que anteriormente ele nos encobria com uma névoa que nossa visão não podia penetrar. Chegaremos a conhecer Deus. A iluminação espargirá luz por toda a nossa vida, e esta deixará de ser mera luta pela sobrevivência, pois o Divino terá penetrado nossos corações. A paz profunda residirá em nós e nos cercará no meio do alvoroço e da luta. A sabedoria dos Sábios nos ajudará a atingi-la. Mas apenas a nossa própria preparação e uma vida adequada nos darão os meios de obtê-la. Devemos nós mesmos fazer a obra, pois ninguém poderia fazê-lo para nós. Começaremos a compreender que nada é tão individual quanto parecia ser antes. Nós é o termo no qual paremos. Nós, Deus e eu, a humanidade e eu nos tornamos um só. O “eu” perde seu sentido; ele submerge no Tudo Cósmico. O “eu” torna-se muitos, como parte de muitos que têm seu fim em um. A individualidade, embora existindo ainda, torna-se “individualidade de todos”. Começamos então a compreender que o “eu” é apenas um segmento do Divino, uma entidade em si, mas não o si-mesmo verdadeiro, aquele que é Tudo, o Divino. Os homens iluminados, Sábios, Adeptos, ou qualquer nome que dermos àqueles que se tornaram iluminados, encontram-se no mesmo plano. Eles subiram ao topo da montanha. Deles é o domínio sobre o mundo embaixo. Eles podem ver o que aí acontece e o que acontecerá, graças à sua poderosa visão. Aqueles que estão no vale, confusos, agitados, perdidos entre os obstáculos, encontram-se perto demais do padrão dos eventos para percebê-lo. Os Sábios lêem a Natureza como um livro aberto impresso em tipo claro, cujas sentenças compreendem perfeitamente.

Os escritos que os Sábios nos deixaram são típicos para a correspondência de seus pensamentos e explicações. Todos concordam entre si. Apenas o não-iniciado acredita que pode detectar inconsistências e contradições aparentes, talvez por sua falta de compreensão. Exemplares pela precisão e profundidade são os sete pontos que tratam dos conceitos rosa-cruzes emitidos durante uma palestra curricular extraordinária aos estudantes da Universidade Rosa-Cruz pelo eminente Soberano Grande Mestre daquela Ordem, Thor Kiimaletho, já falecido. O que segue é citado de sua conferência, “Os Conceitos Rosa-Cruzes Básicos”:

1. A Origem do Universo é Divina. O Universo é uma manifestação e uma emanação do Ser Cósmico Absoluto. Todas as manifestações da vida são centros de consciência e expressões da Vida Cósmica na estrutura de suas limitações materiais. Há apenas uma Vida Única no Universo a Vida Universal. Ela satura e preenche todas as formas, figuras e manifestações da vida.

2. A alma é uma centelha da consciência divina no Universo. Assim como uma gota de água é uma parte do oceano e de toda a agua, assim é a alma que se manifesta na expressão material uma parte da Alma única no Universo. No ser humano, ela desenvolve a personalidade e a expressão individual.

3. A força da alma possui potencialmente todos os poderes do principio divino em ação no universo. A função da vida sobre a Terra é proporcionar a oportunidade de desenvolver essas potencialidades na personalidade. Como uma encarnação sobre a Terra pode não ser suficiente, a personalidade deve retornar uma e outra vez para alcançar o desenvolvimento máximo.

4. A lei moral é uma das leis básicas do universo. Podemos chamá-la também de principio do Karma, o resultado da causa e do eleito, ou ação e reação. Nada há de vindicativo nesse principio. Ele age impessoalmente como qualquer lei da natureza. Assim como o fruto está contido na semente, também as conseqüèncias são inerentes ao ato. Esse principio guia os destinos dos homens e das nações. O homem que adquire tal compreensão tem o poder de controlar seu próprio destino.

5. A vida tem um propósito. A vida não é desprovida de significação. A felicidade é uma coisa real e é um subproduto do conhecimento, da ação e da vida.

6. O homem pode escolher livremente Ele tem poderes tremendos para o bem e para o mal, que dependem de suas realizações

7. Como a alma individual é parte da alma universal, o homem tem acesso a poderes que não conhece, mas que o tempo, o conhecimento e a experiência gradualmente lhe revelarão.

Os filósofos herméticos ensinaram os mesmos fundamentos, e assim o farão os filósofos do futuro, pois aquilo que constitui a verdade permanecerá verdade. Não se pode modificar tal fundamento. Mas as teorias dos homens e as suas opiniões, que alguns tem erroneamente como verdade, estão sujeitas a modificações. Por que alguém se chama a si próprio de filósofo não se transforma necessariamente em um. Só é filósofo aquele que tem um amor sincero pela sabedoria manifesta universalmente, e que se esforça de boa-fé para aplicá-la no dia-a-dia. Adquire-se a sabedoria por meio do viver virtuoso. A sabedoria é compreensão aplicada. A aquisição de um grau de Doutor em Filosofia, tal como o conferido aos graduados em instituições de ensino superior, não torna alguém um filósofo, como muitos dos que têm a posse desse grau acreditam em seu direito a tal título.

Estar familiarizado com a história da filosofia, as vidas e ensinamentos dos chamados filósofos é apenas um estudo e um conhecimento de seus conceitos universais e do que eles criaram. Ser um filósofo significa compreender e viver de acordo com essa compreensão, sabendo bem que apenas quando sem hesitação e sem apego a nossa fé na humanidade será justificada. Quando isso for compreendido, a Alquimia se tornará então algo real. A transmutação sempre ocorre num plano superior, e no mundo físico as leis não podem ser seguidas ou violadas sem produzir manifestações cósmicas. O Karma benéfico, se é justo usar esse termo, uma vez que o Karma é imparcial, é produzido pela aplicação harmoniosa das leis naturais. Essas leis naturais devem ser seguidas se, de acordo com resultados predestinados, desejamos obter o que a natureza decretou.

Se o que precede mesmo em sua forma condensada fez algum sentido ao estudante da Alquimia, então deve ficar claro por que gema alquimica, que todos os alquimistas desejam produzir, foi chamada de Pedra Filosofal. Quão freqüente é utilizarmos palavras não lhe darmos nenhuma significação apenas porque somos incapazes de compreende-las!


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