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Fogo Secreto, Preparação e Solve

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do Dictionaire De Philoshophie Alchimique (Dicionário de Filosofia Alquímica) par Kamala Jnana. Tradução de Rubellus Petrinus.

Via Húmida. Via geralmente seguida porque é a mais descrita para fazer a Grande Obra. A sua duração é de 28 meses filosóficos. O presente dicionário descreve sobretudo esta via. Ela é relativamente a mais fácil, porque comentada. Ela é também a menos tóxica e menor perigosa.

Via Seca. Esta via é menos conhecida que a precedente, embora mais rápida de quatro meses filosóficos. A sua diferença reside nas primeiras manipulações de Solve. Os Sábios servem-se então do seu Agente sob a forma de terra. Ora, como este não é alterado pela humidade do ar, ele é mais activo e cose a matéria mais vivamente. O seu inconveniente é que é muito nocivo de respirar e é preciso muito pouca coisa para fazer explodir o balão tão forte é o calor despendido.

FOGO SECRETO

Agente Primordial. Elemento secreto, escondido por todos os Filósofos. É o seu “sal” podendo transformar-se à vontade num dos quatro elementos. É ele que faz todo o magistério quando é bem conduzido.

Alkaest. Paracelso deu este nome ao fogo secreto contido em potência no carvalho podre, na acácia e no feto.

Alúmen. Nome que certos químicos deram ao seu sal por causa da sua translucidez; mas é necessário precaver-se de trabalhar com este produto, porque o erro seria certo.

Alcance da Natureza. São os filósofos espagíricos, que designaram assim o seu Agente Universal, porque este corpo põe tudo em movimento na natureza. Na Grande Obra, é ele que desencadeia reacções violentas. Separa os três corpos do seu minério na Preparação e os amalgama em Solve.

Barba Branca. Os alquimistas Cabalistas designaram assim o seu agente primordial…existe uma extrema analogia e semelhança entre Barba branca encaracolada e o Sal dos Sábios quando ele é tratado e exposto de uma certa maneira. Com efeito, no estado preliminar na Preparação, cada partícula de sal, encerrado num vaso (mas podendo e vaporar-se) transforma-se em fios torcidos muito brancos que em contacto com o ar, dão a imagem de um sistema piloso frisado e branco na parte superior do vaso.

Carvalho. Como a acácia e o feto, esta árvore contém muitas calorias servindo para alimentar um dos fogos dos Sábios.

Quinto Fogo. É o fogo secreto energético que conduz todo o magistério.

Dardo. É a cristalização do sal filosófico sob o aspecto de pequenas agulhas brancas. Esta cristalização é muito perigosa de manipular por causa da sua nocividade, donde a sua nomeação de dardo.

Água Seca. Substância extraída da acácia, do carvalho e dos fetos por uma certa manipulação. Este corpo tem a propriedade de ser seco e húmido à vontade, portanto foi chamado “água seca” pelos Adeptos em virtude da sua dupla qualidade oposta.

Espada. É um termo que muitas vezes foi empregado em alquimia e enganou muitos investigadores A espada dos sábios é o seu fogo salino; este elemento comporta-se como um pedaço de aço atraído por um imã; ele une-se às primeiras matérias com uma forte atracção, donde por extensão desta ideia “do aço atraído pelo imã”, o fogo salino torna-se o seu poder, a sua faca e a sua espada. Subentende-se portanto, que “cortar” significa por vezes em alquimia “cozer”.

Fogo Secreto. É uma energia, que activa toda a matéria e a mantêm sempre à mesma temperatura. Chama-se também quinto fogo. É ele que se serve do vento para temperar o ambiente e permitir a circulação dos elementos.

Graduação do Fogo. Há quatro graus de fogo que correspondem às quatro cores: negro, branco, alaranjado e vermelho. A primeira aparece em Solve e as outras três em Coagula.

Leite Coalhado. Sal dos filósofos no estado semi-líquido.

Leite Virginal. O mesmo sal que o precedente, mas inteiramente liquefeito.

Pérola. Este termo tem dois significados. O primeiro designa o sal filosófico no seu estado semi-líquido; chama-se então, “orvalho de Maio”, porque no momento da sua liquefacção os sais humedecendo-se assemelham-se a gotas de água. O segundo é a granulação em todas os estados.

Potassa Cáustica. Produto cáustico que entra nas lixívias. A sua fórmula química é KOH. Apresenta-se sob a forma de cristais brancos de um brilho vítreo. Estes cristais são muito quebradiços, fusíveis e solúveis.

Orvalho de Maio. É o sal dos filosófico no momento em que se liquefaz cada cristalização formando como uma gota de água sob o efeito da humidificação do ar.

Sal Filosófico. Este sal é obtido de uma maneira puramente química. Ora como ele possui exactamente as mesmas características (salvo a cor) que o sal dos filósofos, os Sábios fizeram o seu sal filosófico para o distinguir do primeiro. Quem se ocupa do Magistério não pode ignorar este sal.

Terra Folheada. Contrariamente ao que afirma Dom Pernety, a terra folheada não é a Putrefacção. A terra folheada é o Sal dos Filosófico na sua fase quando começa a fundir. Todos os cristais se aglutinam uns sobre os outros e formam camadas sucessivas. Portanto não devemos esquecer que a terra filosófica é o sal.

Verbo. O mundo, dizem-nos foi criado pelo Verbo. Ora, se nós cremos em certos Templos Indianos e Tibetanos, a Grande Criação residiu em Três Palavras, consideradas desde sempre come santas e sacras. Ei-las pela ordem pela qual nos foram transmitidas. Kshàra, Ogás, Hingula. É de toda a evidência que aquele que penetrou no sentido, verá o mistério bem clarificado; o primeiro termo indicando com efeito, o Agente Primordial, o segundo o Fogo Secreto e o terceiro a Matéria Prima. Notamos enfim, que o conjunto da primeira letra de cada palavra acaba por iluminar o entendimento.

PREPARAÇÃO

Amalgamar. Operação que permite a união de dois ou mais corpos. O Magistério consiste em desunir inicialmente a matéria dissolvendo-a depois da sublimação, para a unir em seguida (uma vez purificada) coagulando-a.

Arte e Destreza. Estas duas qualidades são indispensáveis para todos os investigadores do magistério. Na Preparação, por exemplo, para obter a separação dos três constituintes sem a ajuda do fogo vulgar, é necessário ser verdadeiramente um artista genial e um bom artista para ter êxito.

Carneiro. Constelação zodiacal representado o mês de Abril. Este signo alquímico é frequentemente mostrado por cima das imagens. Ele significa que este mês é propício à recolha do minério.

Caos. Nome dado ao minério pulverizado devendo servir na Preparação. Por isso foi escrito: “A Luz foi extraída do caos”.

Cinábrio. Este mineral é um sulfureto de mercúrio, do qual se extrai o enxofre e o mercúrio vendidos no comércio. Este enxofre e este mercúrio são corpos mortos, tocados pelo fogo que serviu para os separar da sua ganga. Certos Filósofos (como Hermes) citaram-no como Matéria Prima, mas não é preciso entender que como “objecto de comparação”, o minério dos Sábios não se trata da mesma maneira; análoga mas não igual, semelhante mas não idêntica.

Cucúrbita. Athanor secreto dos Filósofos. É na cucúrbita que a matéria primordial se divide em três corpos de igual necessidade.

Forno. Aparelho de aquecimento funcionando com madeira, carvão ou petróleo. É necessário sobretudo, precaver-se de confundir fogo e forno. Quando os Filósofos falam de fogo, durante a fase preliminar à Preparação, eles falam do fogo vulgar, mas logo que falam da Obra, o forno não é mais um forno vulgar, ele simboliza o seu “fogo secreto”.

Dito de outra maneira, o fogo vulgar pode servir três vezes: a primeira, para reconstituir eventualmente o seu minério; a segunda, para extrair as calorias contidas na acácia, no carvalho ou nos fetos e a terceira para operar as transmutações finais. Além disso, os cinco fogos que eles empregam não tem nada a ver com o fogo comum. O investigador entenderá então, que o fogo comum serve para reconstituir os corpos principais e o fogo secreto para os dissociar, purificar e coagular.

Matéria Primeira. A matéria primeira (no singular) designa o minério dos Sábios; este minério que contem o seu sal, o seu enxofre e o seu mercúrio. Quando esta denominação e colocada no plural, então trata-se do sal, do enxofre e do mercúrio dos Filósofos. Noutros termos: os três corpos separados da sua ganga.

Mercúrio dos Filósofos. Corpo semelhante ao mercúrio vulgar, mas possuindo todas as suas qualidades naturais, não tendo sofrido os ataques do fogo comum no momento da sua separação.

Pilão. Vaso em grés, em ferro fundido, em porcelana ou em vidro, servindo para triturar os corpos destinados a ser reduzidos a pó. Este acessório serve na fase da Preparação, no fim de Coagula e para as Multiplicações.

Narina. Retomando esta imagem, certos Rabinos Cabalistas representam a fase da Preparação por esta alegoria. É então nesta fase da Preparação que a Matéria Prima se transforma em três corpos vivos bem distintos. Como estes corpos não sofreram a morte pelo fogo vulgar mas ao contrário receberam o espírito vivificador natural (o enxofre vital sendo um calor e não um fogo), eles estão cheios de vida e de força para realizar a Grande Obra.

Operações. O Magistério decompõe-se em seis operações: uma Pré-Preparação que é restritamente química, a Preparação, Solve, Coagula, a Multiplicação e a Projecção. As cinco últimas são rigorosamente alquímicas.

Pesos. Quando o investigador possui o seu minério e que dele separou os elementos, pode constatar que para 100 gramas de matéria, há, em geral, 50 gramas de Mercúrio dos Filósofos; 37,5 de enxofre dos Filósofos e 12,5 de sal do Filósofos. No entanto, estes pesos não são os correctos, porque eles representam os pesos de um minério confeccionado e não de um minério a reconstituir. Ora, o alquimista deve reconstituir este minério purificando-o melhor.

Preparação. Primeira fase da Grande Obra considerando que se tem à mão tudo o que é necessário para a empreender. Ela consiste em triturar pedaços de Matéria Prima num pilão e colocar esta matéria triturada com a água filosófica no atanor, aplicando o quinto fogo. Sob a violência deste calor, os três corpos separam-se em dois grupos: o corpo sulfuroso fica no atanor e os corpos salino e mercurial (voláteis) são recolhidos num recipiente comunicando com o atanor por um pescoço (corno).

Reincarnação. Ela nos dará algures a ocasião de explicar em detalhe o papel dos vapores nas operações Preparação e Solve. Não se deve esquecer, com efeito, que são os “mesmos vapores”, que dissociam os elementos no primeiro caso, para os reamalgamar no segundo.

Que se passa então e porque se realiza um fenómeno oposto, quando se serve dos mesmos vapores? A resposta é simples: tudo vem do Vaso no qual se elevam os ditos vapores.

Na Preparação, os três corpos primordiais triturados e misturados, são colocados num athanor filosofal, como indica Geber na sua Summa. Então, sob a acção conjugada do fogo contido em cada um deles, tendem a sublimar-se, quer dizer, elevar-se em vapores, desde que eles cheguem à ebulição. Ora, como o sal se evapora a 165ºC e o mercúrio dos filósofos a 360ºC, produzem-se dois fenómenos:

1º. O sal e o mercúrio dos filósofos, sublimados pelo intenso calor proveniente do enxofre, evaporam-se até um balão contíguo ao athanor. Aqui, sob o efeito de uma baixa de temperatura, eles se condensam e se sobrepõe por ordem de densidade.

2ª. Porém, o enxofre dos filósofos não entrando em ebulição senão a 450ºC, vê o acesso interdito a esta temperatura por causa da saída dos outros dois corpos que não o excitam mais. Desde então, ele fica intacto, com toda a sua força no fundo do athanor e, é uma brincadeira de crianças operar a tripla separação. Notamos enfim, que porque a força sulfurosa fica intacta, não sendo sublimada, que a reacção Solve poderá recomeçar em seguida.

Sal dos Filósofos. Substância rutilante que se encontra no minério dos Sábios. Ela encontra-se mais no estado homeopático que químico; é esta a razão pela qual certos autores não nomeiam mais que dois corpos: o rei e a rainha, ou melhor o seu enxofre e o seu mercúrio.

Portanto, sem este sal que dá a coesão mineral, o minério não existiria. Por isso na operação “Preparação” é necessário juntar o sal filosófico para atenuar a carência do sal dos Filósofos.

Touro. Mês zodiacal correspondente a Maio. Ele é propício a recolha do minério. É um dos meses em que a matéria é mais rica em mercúrio filosofal.

Tempo de Cozedura. A fase Preparação dura 2 meses Filosóficos. A fase de Solve, 8 meses; a fase Coagula, 16 meses; a fase Multiplicação, 2 meses ou seja, um total de 28 meses Filosóficos.

Mês Filosófico. Não tem nada de comum com os meses ordinários. Os meses filosóficos representam um tempo convencional. Eles calculam-se de forma que os quatro quartos de uma lunação, resumidos a 24 horas, coincidam com as quatro estações da Grande Obra, começando no Inverno.

SOLVE

Adão. Este segundo Adão que vem do céu não é outra coisa que esta granulação fluídica vivificada e vivificativa que nasce da união dos três vapores encontrando-se no “alto” do balão…ou céu. Ora, assim como Adão foi expulso do Paraíso terrestre depois de ter provado o fruto do Conhecimento, a granulação “espessa-se” e cai no composto não amalgamado. Esta “queda” representa a imagem de Adão precipitado sobre a terra; entretanto, como pouco a pouco esta granulação endurece e forma corpo, é natural que se tenha pensado também compará-la a este Adão, que Deu cobriu de uma vestimenta de pele.

Tudo é pois: o primeiro Adão (minério manchado) transforma-se num segundo (semelhante a um de deus); todavia, como lhe falta ainda a Vida Eterna (antes de ser expulso das altas esferas), este segundo Adão precipitado sobre a terra não poderá remir-se purificando-se e vivificando tudo à sua volta. Eis porque o segundo Adão “vindo do céu”, tomba sobre a terra, e possui um Espírito Vivificante.

Amor. As matérias primeiras antes de serem colocadas num balão fechado, depois excitadas pelo 5º fogo…começam a ferver e a elevar-se em vapores sob a intensa temperatura que se desenvolve. Somente, como a proporção de enxofre é maior que a do sal e do mercúrio, o primeiro corpo divide-se em duas partes diferentes. Uma une-se ao sal e ao mercúrio pela sublimação (é a amalgama em proporções naturais); a outra (não tendo podido encontrar a sua equivalência de sal e de mercúrio) não produz mais que um calor que tende a diminuir rapidamente. O excedente sulfurado ou supérfluo passa então do estado gasoso ao estado sólido (sob o aspecto de composto cinzento).

Aparições. Quem poderá dizer, que uns corpos sólidos vão “aparecer” num balão fechado, logo que ele não contém senão fumo proveniente de três corpos destruídos pelo fogo? Portanto, estes vapores mais ou menos espessos não apresentam nenhum aspecto granuloso podendo lembrar o minério primitivo contendo o sal, o enxofre e o mercúrio dos filósofos. Entretanto, pouco a pouco, os corpos esféricos “vaporosos” dissipam-se no fumo, e este estado (onde a granulação nascente compreende um corpo uma alma e um espírito, não é ainda senão um estado fluídico) pode-se comparar a uma aparição ou a uma contribuição celeste.

É o mesmo quando a granulação, ainda gelatinosa, se endurece sob o efeito do arrefecimento…ela pode comparar-se a uma materialização, e, de facto, é bem uma materialização verdadeira e mesmo uma rematerialização explicando perfeitamente os fenómenos das aparições.

Besta. Em Solve, a besta macho ou enxofre dos Filósofos é chamado leão vermelho por contraste com o sal filosófico, que é nomeado leão verde (não por causa da sua cor, mas pela virtude ácida que ele possui e que significa qualquer coisa não madura). Quanto à besta Fêmea ou mercúrio dos Filósofos é denominada águia por causa da sua volatilidade. Por vezes, também, o enxofre e o mercúrio são chamados dragões, e o sal, cão da Arménia. Do seu combate até à morte, nasce a quintessência ou sangue dos Inocentes. Enfim, no fim de Solve, a granulação toma por vezes o nome de Fénix, porque ela parece renascer das cinzas do composto, donde ela é originada.

Carro. Que se passa pois ao certo no vaso fechado no início de Solve? Nós vimo-lo já diversas vezes: sob o efeito de uma excitação produzida pelo contacto do sal, do enxofre e do mercúrio dos Filósofos, um desprendimento energético calórico potente sublima os três corpos e os projecta no alto do balão. Os vapores densos formam-se, e pouco a pouco vê-se aparecer, no meio deste fumo, “uma granulação fluídica” que parece sustida, suportada, ascendida pela parte volátil sulfurosa não amalgamada. Ora, o enxofre (elemento macho) representa o Fogo; é portanto um fogo sulfuroso elevando-se em vapores que sustêm, carrega, arrasta, transporta a “granulação” aparecida.

Composto. Vasa pestilenta que nasce das impurezas e da parte do enxofre dos filósofos não podendo amalgamar-se. É nesta terra lodosa que a granulação toma a sua força e se endurece. O composto oferece diversos aspectos coloridos: castanho escuro desde a primeira cocção para chegar até negro, o cinzento e enfim o verde. É de notar que esta mudança de cores lhe faz dar muitas vezes vários nomes: putrefacção ou calcinação quando ele é negro, vegetação quando ele é verde, etc.

Dilúvio. Nasce da condensação que se forma no balão quando, sob o efeito do arrefecimento os vapores retombam em chuva; o excesso de líquido recobre toda a matéria e os Sábios falam então de dilúvio.

Água Mercurial. Sal filosófico no momento em que se vai desencadear a primeira reacção química na fase de Solve.

Espuma do Mar Vermelho. Sob o efeito do quinto fogo, a matéria líquida, ferve e esta ebulição forma uma espécie de emulsão de cor amarela; chama-se então, espuma do Mar Vermelho porque esta espuma amarela cor de mel sobrenada o mar dos filósofos chamado também “Sangue do Dragão”.

Energia. Força calórica que se exala desde que o sal, o enxofre e o mercúrio dos Filósofos são postos em presença e submetidos à acção do quinto fogo. A potência que se exterioriza então é tão forte, que se não se tomou a precaução de deixar 2/3 do vaso vazio, o vaso explode abruptamente sob a força do gás…Nós recomendamos pois insistentemente, a todos os investigadores, de serem extremamente prudentes nas suas manipulações, porque, sem atingir o perigo de explosão o perigo de queimaduras subsiste sempre…Nós vimos um vaso de vidro Pirex ficar rubro sob os nossos olhos e queimar completamente um pano sob o qual estava colocado. A prudência impõe-se então com o maior rigor.

Fezes. Resíduo sulfurado não amalgamado, que fica no fundo do balão com as impurezas.

Granulações. Pedra dos Sábios. Elas formam-se em Solve, terminando em Coagula e tomam força geradora nas multiplicações. Chamam-se granulações porque elas são esféricas (no início) como pequenas pérolas. É esta sua forma que lhes faz chamar ainda “pequenos mundos e ovos”.

Óleo de Saturno. Nome dado ao selo de Hermes. É um líquido gorduroso que sobrenada o composto na fase da Putrefacção. Ele forma-se como uma cobertura estanque, isolante e impermeável.

Irrespirável. Quando a matéria está na fase da Putrefacção, isto é, em plena fase de Solve, o seu odor é tão infecto e venenoso que é impossível respirá-lo. É este odor nauseabundo que lhe fez dar tantos nomes: sepulcro, fossa de retrete, cavalariça de Augias, etc.

Júpiter. Matéria cinzenta na fase de Solve: chamada também “cinza” por causa da sua aparência poeirenta de areia muito fina. O seu metal é o estanho.

Lepra. Supérfluo que mancha e infecta a granulação na fase de Solve.

Levitação. Logo que um corpo se sublima, ele tende sempre a elevar-se no ar…Não é isto que se passa com efeito, num balão fechado quando o minério pulverizado é destruído pelo fogo? Não se vê flutuar nos vapores a granulação, imagem do minério “mortificado e sublimado”? Esta imagem não é ela a de um Corpo Sólido contendo sal, enxofre e mercúrio filosofal, isto é a imagem de um Corpo constituído como o Homem (corpo, alma, espírito) ?

Mundificar. Acção de criar mundos de favorecer a sua eclosão. Na Sublimação de Solve, forma-se uma granulação vaporosa pouco a pouco; graças a um abaixamento de temperatura, esta granulação toma uma consistência gelatinosa, e depois sólida. Os Sábios dizem então, que mundificam a sua matéria porque a Pedra toma o aspecto de um globo miniatura.

Montanhas. No início de Solve, agora que as escórias são submetidas por um lado, a uma humidificação acrescida, e, por outro, a um fogo contínuo, produz-se uma ebulição em vaso fechado, que tem por efeito desencadear duas leis: a primeira, de volatilizar os elementos fluídicos do sal, do enxofre e do mercúrio dos Filósofos; e a segunda, permitir a união destes três elementos. Ora, como este forte calor tende a diminuir progressivamente, os três espíritos voláteis devidamente unidos, condensam-se sob forma esférica e caiem no composto não solidificado.

Negro. Primeira coloração que aparece em Solve. Esta cor corresponde ao primeiro grau de fogo.

Número de Cores. Há quatro cores principais que são: a negra em Solve, a branca, a alaranjada e a vermelha em Coagula. Há igualmente três cores intermediárias: a cinzenta e a verde em Solve, e a amarela em Coagula.

Número de Graus de Fogo. Há quatro graus de fogo, que correspondem às quatro cores principais da obra: negra, branca, alaranjada e vermelha. Estes quatro graus de temperatura são o reflexo das temperaturas predominantes nas quatro estações.

Número de Fogos. Há cinco fogos: o fogo latente no enxofre dos Filósofos, o fogo latente no sal e o fogo latente no mercúrio; os três fogos reunidos que formam um quarto e o fogo energético permanente.

Laranja. Terceiro calor principal da Obra correspondente ao terceiro grau de fogo. É a cor que precede a vermelha de mais perto. Entretanto logo que esta cor aparece antes da negra, é indicação de que se aumentou muito o fogo. A matéria perdeu-se e é necessário recomeçar tudo.

Putrefacção. Primeira fase de Solve. Dura cerca de quatro meses filosóficos. É o reino de Saturno; o seu odor é nauseabundo. Tudo é negro, muito negro. É nesta fase que aparecem a coroa de ouro e o sangue do dragão.

Reencarnação. Solve, Coagula e as Multiplicações serão as últimas fases. Então, alquimicamente, os três corpos depurados, sumariamente certos, mas separados, são colocados desta vez num balão fechado. Sob a acção do quarto fogo, o sal e o mercúrio dos filósofos sublimam-se de novo primeiro; somente, como desta vez eles não se podem evadir, ficam em contacto com o enxofre, graças ao quinto fogo indispensável para a mistura; em seguida como a temperatura se eleva ao ponto que o enxofre filosofal pode enfim sublimar-se por sua vez, deixando as escórias no fundo do balão.

Entretanto como estes três corpos gasosos são da mesma consubstancialidade e têm uma atracção irresistível uns pelos outros, uma mistura natural, intimamente proporcionada, cria-se no seio dos três vapores. Assim, à medida que a temperatura baixa, pode-se ver no meio deles quantidade de bolhas translúcidas, que pouco a pouco se espessam e endurecem. A nova granulação nasceu. Ela inclui um novo corpo, uma nova alma e um novo espírito mais puro.

Separação dos elementos. Esta operação surge no início de Solve, no momento em que a matéria tende a escurecer para ir até ao negro. Ela começa com efeito, desde que o agente primordial é posto em presença do enxofre e do mercúrio dos Filósofos. A terra torna-se água sob a acção do fogo que se transforma em ar para voltar a ser terra.

Supérfluo. Resíduo sulfuroso que resta no fundo do balão, depois da sublimação de Solve. É de notar que é um “supérfluo” indispensável até ao sete banhos da purificação.

Escórias. Chama-se “escórias” as partes sulfurosas (não amalgamadas) que contém as impurezas do minério. Estas escórias muito úteis em Solve são mais tarde chamadas “supérfluo”.

União. Momento preciso em que, durante a sublimação os vapores salinos, sulfurosos e mercuriais se atraem e formam um novo corpo. Este corpo novo é a granulação nascente. No momento da sua formação no balão, apercebe-se através dos vapores, quantidade de pequenas bolhas transparentes. Depois, ao passo e à medida que o calor diminui, estas bolhas tornam-se gelatinosas e enfim, endurecem pouco a pouco.

Vapores. Eles têm um grande papel na arte espagírica. Na Preparação separam os corpos e em Solve reamalgama-os. Quem abrir o balão no momento em que os vapores se manifestam, verá desaparecer o seu trabalho em fumo. Estes vapores são nocivos, cheiram muito forte e são acres. Estes vapores representam também o ar do Sábios, a parte subtil dos três compostos, que o judicioso alquimista deve chegar a recorporificar.

Ventre. Sob a acção do fogo espermático do elemento macho, o fogo matricial da fêmea desperta. Uma reacção em cadeia desencadeia-se; é o início da sublimação dos três corpos…sublimação que se traduz pela elevação de vapores no alto do vaso. Em seguida estes três corpos vaporosos encontrando entre eles uma atracção natural unem-se. Ora como um deles tende a formar-se em terra quando é separado da sua massa, resulta que pequenas esferas se formam no centro dos vapores.

Velho. Eles são três. São três corpos extraídos do minério primordial. Chamam-se por vezes também “os velhos reis”. Diz-se que eles morrem afim de ressuscitar plenos de vida, de força e de juventude. Neste caso, faz-se alusão ao enxofre e ao mercúrio dos Filósofos, que são mortificados durante a Preparação. Esta mortificação ou dissolução chamada “morte” é seguida pouco tempo depois por uma sublimação que reconstitui estes três corpos purificados. Esta sublimação é então verdadeiramente uma ressurreição para estas três matérias, que desembaraçadas das suas escórias reencontram um novo aspecto e novas forças.

FIN


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