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Alquimia Rosacruz

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Jerome A. Anderson
(originalmente publicado na revista Universal Brotherhood Path – Outubro 1900)

Tornou-se a amplamente aceito ao se explicar a afirmação dos filósofos rosacruzes de que os metais básicos podem ser transmutados em ouro, alegar que isso se refere à mudança da natureza animal inferior ao ouro espiritual do amor e da compaixão. Mas há sempre sete chaves para a verdade escondidas sob qualquer alegoria, e o ensino semi-velado do mistério da transmutação não é exceção. A transformação das paixões egoístas em altruísmo por meio da vontade espiritual desperta é uma leitura correta do significado desses filósofos, mas não é a única.

Há um significado ainda mais profundo para a ser ensinado. Esses sábios e velhos filósofos do Fogo ocultaram uma filosofia cósmica sob uma alegoria tão simples em sua astúcia que só despertou a cobiça dos egoístas e o desprezo dos sábios em sua própria vaidade. Essa filosofia pode ser assim enunciada:

Existe apenas uma consciência no universo que é infinita, e todos os diferentes estados de consciência na natureza são suas manifestações finitas. Da mesma forma, todas as formas de matéria e todos os modos de força são apenas manifestações finitas de uma Fonte Infinita de energia e matéria. Aquilo que é infinito só pode se manifestar finitamente através da diversidade infinita, e assim a consciência, a matéria e a força são apenas os aspectos infinitamente diversificados da eterna Unidade.

Do aspecto material da Natureza, esta unidade em fonte e essência de todas as suas miríades de formas é facilmente comprovada, e os filósofos Rosacruzes, tendo feito isso por si mesmos, procuraram ensinar a grande verdade sob a alegoria da transmutação dos metais. Basta aceitar sua sugestão para perceber que a transmutação é claramente ensinada na alquimia da Natureza e seus processos demonstrados em cada momento da vida.

O exame pode ser iniciado em qualquer parte do arco do ciclo de manifestação. Selecionando o reino mineral, por exemplo, a geada e a chuva são vistas rasgando a rocha em fragmentos; o atrito destes sob a ação da água, produzindo areias e argilas; uma semente se aloja nela e um poderoso monarca da floresta ergue sua forma diretamente do reino mineral. Surgiu daquilo que, como rocha, barro, água ou ar, não dava indícios de que traria a possibilidade divina. Alguma força invisível transformou a rocha aparentemente sem vida na árvore viva. Nenhuma coisa nova foi adicionada; apenas o que é eterno foi usado. Na verdade, químicos poderosos tem se ocupado na oficina da Natureza e, enquanto o produto acabado é aceito e admirado, o reconhecimento é recusado tanto ao alquimista quanto aos seus processos. No entanto, uma coisa divinamente maravilhosa foi realizada — a transformação do inorgânico em orgânico; uma tecelagem da rocha até as células da árvore. Nenhum vestígio da rocha velha aparece no novo produto, mas a substância básica em ambos deve ter sido a mesma, caso contrário só pode ser suposto uma aniquilação de um e uma nova criação do outro.

Os cientistas percebem algo dessa misteriosa transmutação e buscam em vão a substância básica da qual a Natureza deve ter surgido. A busca será em vão enquanto tatear apenas na matéria. A indestrutibilidade da matéria e a conservação da energia, verdades amplas e generalizantes como são, não vão transpor um abismo que só a consciência pode atravessar. Ou melhor, a inseparabilidade da consciência, força e matéria, como aspectos eternos de uma unidade básica, deve ser reconhecida e aceita como ponto de partida na busca da verdade. Então se perceberá que a transmutação eterna é o processo da Natureza, e o verdadeiro significado das palavras dos filósofos do Fogo despontará na mente.

A criação é transmutação. Com certeza, houve e há uma nova criação com cada gás que se condensa em uma rocha, com cada flor que desabrocha do coração do granito inflexível, com cada forma de homem ou animal construída por meio dessas transmutações anteriores. Nunca houve, nunca pode haver outra criação além dessa transmutação do “mesmo” inferior no “outro” superior de Platão. E aquele que é sábio e forte o suficiente para controlar, dirigir e reverter os processos da Natureza pode facilmente desintegrar o metal básico de volta a uma fonte primitiva comum e depois reintegra-lo como ouro, sem maior esforço do que agora se esforça para transformar o ódio humano em amor divino.

O que é assim visto como verdadeiro em relação ao aspecto material é igualmente verdadeiro em relação ao aspecto consciente do Absoluto. Pois esta é apenas a mesma Unidade infinita, dando-se a conhecer como outro conceito finito. A mesma consciência está na base da que está na rocha, e a do arcanjo mais elevado: a consciência aparentemente entorpecida em um pode ser transmutada na do outro. Está sendo tão transmutado; está no plano eterno, e é o trabalho das eras eternas, desenrolar lentamente esta mudança maravilhosa.

Olhando para trás na Natureza, o homem pode perceber os estados de consciência dos quais ele saiu; olhando para frente, ele pode perceber aqueles que o aguardam. O estado mais elevado de consciência que ele pode conceber, ele pode alcançar através deste processo divino. A sabedoria para imaginar e o poder para transformar são dele. A gloriosa certeza de que a consciência é ÚNICA, e que a consciência criadora mais elevada, cujos esforços ele percebe na natureza ao seu redor, podem ser seus, está revelada na transformação da humilde margarida de algo que era e ainda não era. Os mundos podem voar pelo espaço em obediência à sua vontade humana, uma vez que ele tenha transmutado essa vontade e unido com a do Supremo.

A transformação do egoísmo em altruísmo na vida diária é apenas uma transmutação preparatória, assim como a trituração da rocha precedeu a formação do solo que tornou a árvore possível. Fazer brotar as flores da bondade humana ao longo de seu caminho é apenas a profecia do tempo em que elas poderão realmente fazê-lo, como é contado nos mitos dos deuses antigos. E o homem é um deus, pois seu ser se enraíza naquilo que pode transmutar em divindade; ele é um deus finito porque apenas começou a transmutação. Assim como aqueles além dele, com amor e paciência infinitos, transmutaram o pó das estrelas em um mundo e um manto de carne para ele, assim ele deve, com amor e paciência igualmente infinitos, transmutar o metal básico de sua natureza inferior no ouro da vida espiritual.

~Tradução: Thiago Tamosauskas


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