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Rubellus Petrinus
Na Primeira Chave de Basílio Valentim comentada na nossa URL, no texto da explicação da Primeira Chave diz o seguinte:
«Assim, pois, se vais trabalhar com os nossos corpos, toma o lobo cinzento muito ávido que, pelo exame do seu nome, está sujeito ao belicoso Marte, mas, pela sua raça de nascença, é filho do velho Saturno, e que, nos vales e nas montanhas do mundo, é presa da fome mais violenta. Deita-lhe o corpo do Rei, a fim de que dele receba o seu sustento e, logo que tenha devorado o Rei, faz um fogo forte e deita-lhe o lobo para o consumir inteiramente então, o Rei será libertado. Quando isso se fizer três vezes, o Leão triunfará do Lobo e não encontrará mais nada que comer nele. E, assim, o nosso corpo ficará pronto para o começo da nossa Obra.»
Se observardes a imagem que ilustra a Primeira Chave, verificareis que mostra um Rei e uma Rainha, tendo do lado do Rei um Lobo saltando por cima de um cadinho e do lado da Rainha Saturno empunhando uma foice tendo entre as pernas uma copela.
Quer queiramos ou não, o simbolismo é claro. A imagem mostra-nos simbolicamente a purificação do ouro e da prata sendo a do ouro feita pelo antimónio representado pelo Lobo cinzento e a da prata por meio de Saturno numa copela, procedimento este conhecido desde a antiguidade. Esta imagem, como dissemos, não está de acordo com o texto do livro.
Fizemos essa observação no dito comentário e desconhecemos qual teria sido o critério do artista que mandou fazer as gravuras pois sabemos que elas lhe foram adicionadas posteriormente.
Entretanto, casualmente, vendo um livro sobre simbologia alquímica, encontramos esta imagem que representa exactamente o que Basílio Valentim queria explicitar simbolicamente na Primeira Chave, isto é a purificação do ouro.
Esta imagem foi copiada do livro de M. Maier, Atalanta Fugiens, Oppenheim, 1618.
Reparai bem na imagem onde se vê um Lobo faminto a comer um Rei coroado (que aqui representa o metal nobre) caído por terra.
E tal como refere o texto da Primeira Chave de Basílio Valentim: «Deita-lhe o corpo do Rei, a fim de que dele receba o seu sustento e, logo que tenha devorado o Rei, faz um fogo forte e deita-lhe o lobo para o consumir inteiramente então, o Rei será libertado.»
É exactamente isso que vemos na figura, um lobo no meio de uma fogueira a ser queimado e o Rei libertado saindo correndo o que corresponde à realidade espagírica desta operação da purificação do ouro pelo antimónio tal como é referida por Glaser, Lemery e outros.
Como fundo, vemos talvez um palácio cercado por um rio. Simbolicamente representaria a via húmida mas como desconhecemos qual a via que M. Maier descreve no seu livro Atalanta Fugiens, não poderemos adiantar mais.
O livro que temos de Lapidus, In Pursuit of Gold não tem todas as imagens da Atlanta Fugiens nem o texto porque desconhecíamos a existência desta imagem. Se tivéssemos lido o livro, provavelmente saberíamos que via ele descreve.
De uma coisa poderemos estar certos, esta imagem simboliza e muito bem a purificação do ouro pelo Lobo cinzento!
Rubellus Petrinus
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