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Cultos Afro-americanos

O Poder da Cabaça na Quimbanda

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por: Casa de Pantera Negra

Um dos grandes mistérios das religiões afro-brasileiras reside no uso ritualístico da cabaça. Muitos adeptos podem desconhecer esse fundamento, mas este texto destaca a importância desse elemento, especialmente dentro do culto de Exu.

Primeiramente, é essencial saber que a cabaça é um fruto cujas sementes são comestíveis. É provável que, em épocas remotas, ela tenha se dispersado pelo mundo através de rios e mares. Devido à sua capacidade de flutuação e à casca que protege suas sementes, ela pode germinar ao encontrar um solo propício. Por esse motivo, arqueólogos encontraram artefatos feitos de cabaça em diversas culturas ao redor do mundo.

O primeiro mistério desse fruto é a “Proteção”! A cabaça protege suas sementes e resiste às adversidades da vida. O segundo mistério é a “Expansão e Crescimento”, visto que a partir de uma única planta, ela se propagou pelo mundo inteiro. Nos cultos afro-brasileiros, esse princípio é descrito como ‘àdó-iràn’ ou a cabaça que contém a energia/força que se espalha. Segundo o culto Yorubá, quando Èsú aponta a ponta de sua cabaça para algo, ele transmite seu àsé (energia vital). A cabaça pontiaguda está esotericamente ligada à força masculina e dinâmica, representando o aparelho reprodutor masculino.

Nas religiões afro-brasileiras, a cabaça é chamada de igba na terminologia nagô, simbolizando o universo, o masculino e o feminino, além de representar a união de Obatalá e Oduduwá, o Céu e a Terra, conforme citado por Jeff Celophane.

Dentro do culto africano, Èsú é visto tanto como portador do sêmen quanto do útero ancestral, além de ser o condutor do princípio da vida individualizada. A Quimbanda compreende de maneira similar, porém, distingue as funções por polaridade:

  • Exus, positivos e dinâmicos, portadores do falo mítico (Okane), cuja cabaça pontiaguda representa a energia masculina.
  • Pombagiras, negativas e receptivas, portadoras dos segredos do útero ancestral, cuja cabaça é arredondada.

As sementes da cabaça pontiaguda possuem fortes propriedades espirituais, capazes de descarregar energias nocivas e recarregar o corpo com energias dinâmicas. Um banho com tais sementes propicia ao adepto forças para abrir caminhos. Já os banhos com as sementes da cabaça arredondada funcionam como um potente atrativo de energias vitais, sendo utilizados por algumas mulheres que desejam engravidar.

As cabaças são excelentes recipientes para os pós e pembas mágicas, pois asseguram a preservação da energia. Cortadas horizontalmente, transformam-se em cuias perfeitas para banhos de ervas, agregando à água a história de sua evolução.

Nossa tradição também utiliza cabaças cortadas horizontalmente para servir marafo ao Povo da Mata (Exus e Pombagiras) em pequenos recipientes denominados “coité”. Assim, as bebidas absorvem os mistérios de vida e morte contidos na cabaça.

Existem práticas mais obscuras, como explodir cabaças com tuia (pólvora) para afastar e eliminar inimigos. Durante essas ocasiões, canta-se o ponto: “Exu quebra a cabaça, espalha a semente, afasta todo mal que ronda a gente!”

As cabaças são usadas em numerosos feitiços e mirongas, dada a sua versatilidade e propriedades. É importante lembrar que a cabaça é um dos materiais indispensáveis nos assentamentos de Exu e, em certos casos, torna-se o vaso no qual Exu é assentado.


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