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Cultos Afro-americanos

O panteão vodu e suas nações

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Rafaella Fernandez

Como já foi explicado no artigo anterior sobre a origem do Conjure. As religiões de matriz afro chegaram ms Américas através de um processo forçado de diáspora, onde os mesmos foram mantidos como escravos por séculos.

Por suas folhas e sementes que não nasciam livremente no novo mundo, houve uma inclusão de práticas e substituições por ervas locais através do conhecimento transmitido a eles pelos nativo americanos. Com a influência dos franceses o uso de perfumes e óleos essenciais foram anexados ms práticas.

E também o uso de santos católicos, inicialmente para mascarar sua prática, e posteriormente acabou de fato gerando influência e seus cultos e práticas, e hoje, são levados muito a sério.

Chegamos a conclusão de que são religiões relativamente modernas, a matriz é afro, mas suas práticas foram adaptadas e, em alguns casos, gerou algo totalmente novo.

Do panteão Vodu.

 Os espíritos que compõem o panteão vodu são um resultado de tudo isso, para que suas crenças sobrevivessem a escravidão e a conversão forçada, os grupos tribais combinaram suas práticas e divindades ms praticas e divindades de outros grupos culturais. Criando assim algo novo, não considerado essencialmente purista pelos padrões africanos.

Com a diáspora espalhando diferentes tribos e povos por toda a América, os ritos destes povos se mesclaram de diferentes formas, unindo crenças, práticas e espíritos já presentes na cultura local. O culto trazido originalmente pelos africanos se espalhou pelo Haiti, Cuba, Brasil, República Dominicana e Estados Unidos sofrendo mudanças e assumindo características novas.

Temos centenas de espíritos listados, alguns presentes com nomes modificados mas ainda tendo as mesmas funções (como alguns Orixás que vieram da tradição Yorubá mas estão presentes em diversos cultos, como a Umbanda, Candomblé e também alguns Lwas).

Os Lwas (mystères e invisibles) são forças espirituais cultuadas no vodu. Dentro dos cultos derivados da tradição Yorubá estão presentes alguns Lwas, entretanto os mesmos são chamados de Orixás (Orishas).

Os mesmos atuam como mediadores entre a humanidade e o criador (Bon Dieu).

A pluralidade é observada quando comparamos os cultos afro-americanos. Dentro do vodu de Nova Orleans, por exemplo, encontramos os Lwas presentes no panteão Haitiano, Orixás da tradição Yorubá e da Santeria, espíritos ancestrais, espíritos zumbis espíritos de nativo-americanos, santos católicos e em Nova Orleans e no Conjure encontramos até mesmo santos católicos e anjos dentro de suas práticas.

Mas vale lembrar que dentro do vodu os Lwas são cultuados e não apenas peticionados (como na umbanda e candomblé presentes no Brasil).

Eles são distintos entre si, cada um com suas particularidades e diferentes formas de culto, além de cores, músicas, danças e símbolos.

Na tradição Yorubá os Orixás são embaixadores do divino, governando diferentes aspectos e atuando como forças da natureza e tendo seus aspectos determinados, cada um deles, por sua natureza elemental. Os Orixás são forças arquetípicas, cada Orixá possui uma história contada a respeito de si, mais conhecidos como Itans.

Das nações.

 O panteão Vodu é organizado de acordo com as chamadas nações ou famílias, que são como tradições diferentes dentro de um mesmo culto.

Existem 21 nações (também referidas como famílias) de Lwas (como Ezili, Rada, Petro, etc). Cada nação é composta por um panteão de Lwas, cujas atribuições estão relacionadas a determinados aspectos sociais, morais e a forças da natureza. Forças essas que controlam a existência e o homem. Tudo isso emana do divino.

São espíritos cuja origem pode ser rastreada diretamente do vodu Daomeano. Cada Lwa terá sua própria música (toques cadenciados de tambor), cores, comidas, oferendas e regras a seguir.

Atualmente, o hoodoo contemporâneo tem pouco ou nada a ver com as nações do vodu.

O vodu de Nova Orleans, por exemplo, não irá prestar culto a diversos dos espíritos presentes em outros cultos de matriz afro encontrados na América. No entanto, o mesmo irá reconhecer boa parte deles. Mas observar o fato é de grande importância.

Os Rada, Petwo, Congo, Nagô e Ghede.

 Os povos Fon e Ewe no advento da diáspora forçada ocorrida, partiram de Benin até as Américas, trazendo consigo seus Lwas.

Alguns Lwas se apresentam em diferentes famílias (ou nações). Como Erzulie, presente em Rada e Petwo. E também temos Lwas classificados em combinação com outras nações. Como os Rada-Dahomey onde encontramos: Legba Ati Bon, Sobo, Ayizan, Erzulie Freda e outros. E também o Rada-Nagô-Congo onde encontramos: La Sirene e La Baleine.

Ainda que a ideia de nações não seja vista exatamente dessa forma dentro do Conjure ou no vodu de Nova Orleans. Alguns deles são cultuados, não todos, outros vão se apresentar exclusivamente lá.

Os Rada Lwas, são conhecidos por trabalhar de forma mais lenta e possuem um temperamento mais pacifico. Eles se encontram em esferas mais distantes da esfera da terra e seus espíritos (Ghedes), havendo então um certo distanciamento dos humanos e também apresentando um certo afastamento das relações com o mundano. Os Rada Lwas são de fácil aproximação, comunicação e concedem perdão. Proporcionam sensações de paz e suavidade. Mas também podem ser perigosos e vingativos.

E ainda que seus “movimentos” sejam mais lentos, os mesmos trazem resultados incríveis, são conhecidos dentro do vodu haitiano como espíritos capazes de mudar vidas de forma ampla.

Os Rada Lwas mais conhecidos são: Damballah Wedo, Ayida Wedo, Agwe, Papa Loko, Ayizan, Erzulie Freda, Erzulie Dantor, Grande Erzulie, Erzulie Ge Rouge, La Sirène, Legba, Barão Samedi, Mama Brigitte, Legba Ati Bon, Marrasa e Zaca.

Os Petwo Lwas são patronos de determinadas sociedades secretas presentes no vodu haitiano (como os Sanpwel, Bizango e Zobop) tem origem no Haiti, mas suas raízes podem ser rastreadas ao Congo, em suas diferentes etnias e tribos.

Tais sociedades secretas se comparariam ms diferentes nações do candomblé e as mesmas possuíam iniciações, chamadas no vodu haitiano como Kanzo. Aos iniciados são passados os segredos para uma comunicação e culto de forma respeitosa e eficiente. São espíritos tidos como muitíssimo poderosos, exigentes e também melindrosos. Ao contrário do visto entre os Rada Lwas, os Petwos Lwas possuem natureza mais bélica, mas ainda sim são tidos como ótimos conselheiros, promovem curas, prosperidade, sorte e amor.

Os Petwo Lwas mais conhecidos são: Erzulie Toro, Erzulie Ge Rouge, Erzulie Dantor, Barão Samedi, Mama Brigitte, Grande Brigitte (Petro, Rada), Kalfu (Carrefour, Kalfou), Ogun Changó (Petro, Nago), Lemba File Sabre (Nagô, Petro), Manman Pemba, Damballah la Flambeau, Trois Carrefours (Three Crossroads), Captain Zombi e Jean Zombi.

Congo Loas.

 Acredita-se que os Lwas do Congo descendem de um grupo étnico da Africa Austral chamado de Lemba, que reivindica descendência em comum pertencente ao povo judeu.

O norte do Haiti tem influências em práticas realizadas no Congo.

Os Congo Lwas mais conhecidos são: Simb’bi d’leau, Grande Alouba, Canga

Lemba Zapou (Congo, Petro), Sinigal (Congo, Senegal), Man Inan, Laoca (Congo Legba) e Manman Pen’ba (Congo, Petro).

Nagô Loas.

 De origem nigeriana, em tribos de língua iorubá, estes Lwas terão influências iorubás e portanto correspondência com os Orixás.

Entre os Nagô Lwas, os mais conhecidos são: Ogou Fer, Ogou Changó, Ogou Bha, Tha Lah (Mixed Nago), Ogou-Tonnerre (Nagô, Petro), Lemba File Sabre (Nago, Petro) e Ti Jean.

Ghedes Lwas.

 Os Guedes Lwas em específico, não se tratam de uma Nação, e sim de uma família de Lwas, na cosmovisão do vodu haitiano, os cultos no vodu tem início com os Rada Lwas, que representam a vida, transitando então entre os Petwo Lwas, que representam os obstáculos presentes na existência humana e se finalizam com os Guedes Lwas, que representam a morte.

São os espíritos dos mortos (que um dia caminharam sobre a terra) e também Deuses da morte. São tradicionalmente liderados pelos Barões (La Croix, Samedi, Cimitière, Kriminel) e Manman Brigit.

Uma breve lista dos mais conhecidos e suas atribuições:

 Damballah Wedo: É o senhor de todos os Lwas, o Deus Serpente, (abaixo apenas de Bon Dieu ou Bondye), representa a força positiva que move a terra. Tudo o que o envolve necessita ser puro, limpo, sem cheiros fortes, sem álcool e sem tabaco. É quem transporta os antepassados, os levando das águas abissais onde habita até o Ginen (mundo espiritual).

Ayida Wedo: É a contraparte feminina de Damballah Wedo (o Deus serpente), sendo vista por alguns como um Lwa diferente e outras como parte una, estando ela contida nele, inseparáveis mas ainda mantendo atribuições diferentes.

Ti Jean Petro: É um Lwa da família das serpentes, o filho de Dan Petro.

Simbi: é uma família de divindades serpentes ligadas ao elemento água. São o princípio criativo detém toda sorte de conhecimentos mágicos e poderes psíquicos. Mestre das chuvas, correntes, rios e pântanos.

Supervisionam a feitura (iniciação) e encantamentos. Concedem conhecimento, capacidade de divinação e a segunda visão. São os mestres da magia, concedem poder, conhecimento e habilidades mágicas.

Adjassou-Linguetor: De temperamento terrível, é a Lwa das águas ascendentes. Agassou (Monsieur Agassou, Yon Sue, Vert Agassou): Agassou é caracterizado de diferentes formas, em diferentes tradições e regiões africanas. No vodu haitiano, Agassou, ms vezes, é representado por um caranguejo (Mami Wata), um espírito que veio do povo Ewe do Togo. Agassou é o companheiro de Met Agwe.

 

Na tradição de Daomé, ele é visto como o guardião de sua tradição. Em Nova Orleans é visto como um espírito de origem africana, é o fruto do acasalamento entre a princesa Aligbonoun, do Togo, e uma pantera malhada.

Agassou atrai dinheiro e proteção aqueles que o cultuam.

Erzulie Freda: é o espírito do amor, beleza, elegância, jóias, dança, luxo e flores. Dona da feminilidade e compaixão, mas guarda em si um lado sombrio, podendo ser vista como ciumenta e um pouco arrogante.

Erzulie Dantor: Grande protetora de mulheres e crianças. É considerada a mãe da nação Petro e uma das mais importantes Petro Loas.

Grande Erzulie: Anciã de temperamento austero.

Erzulie Ge Rouge: De olhos vermelhos, a mesma não fala, apenas chora suas lágrimas repletas de fúria.

Ayizan: Representa o amor e está associada aos ritos iniciáticos, ao conhecimento, aos mistérios sacerdotais.

Papa Loko: Marido de Ayizan. É o Lwa que detém todo o conhecimento sobre os ritos iniciáticos, protege os sacerdotes e os guia em sua postura dentro da religião. É um grande conhecedor da alma humana e também das plantas e ervas. É considerado o primeiro houngan. Papa Loko e Ayizan, vindos da linhagem real de Dahomey, são tidos como os pais espirituais do sacerdócio. Pois são eles os responsáveis pelos segredos dos ritos iniciáticos (iniciação kanzo), para o sacerdócio.

La Sirène: Deusa dos mares e de toda a riqueza do mundo, vive no fundo dos mares junto ao seu esposo, Agwe, ela também é amante de Ogun. Rege tudo relacionado m música, ao amor, m beleza e também é relacionada a artes.

Conhecida também por conceder riquezas. É a Lwa dos sonhos, podendo induzir sonhos, pesadelos e premonições. É um espírito lunar e apresenta uma face negra, se mostrando manipuladora, sedutora e um pouco narcisista, podendo mexer com a mente das pessoas criando ilusões e podendo até mesmo levar alguém m loucura. É um Lwa de difícil temperamento, exigente e gosta de ver os seus devotos trabalhando duro e de forma esforçada.

La Baleine (o espírito da baleia): É um aspecto de La Sirene.

Agwé: Padroeiro dos pescadores e marinheiros, Agwé governa o mar e tudo o que vive nele.

Azaca Medeh: É o Lwa da agricultura, patrono dos agricultores e atua em questões de saúde.

Azaka Tonnerre (Diable Tonnere): É o Lwa do trovão. Pertence m mesma família que os Lwas: Azaka Medeh e Azaka Tonnere.

Gran Bwa (A Grande Árvore): É o mestre da Floresta Sagrada da Ilha abaixo das Águas.

É o lugar que os Lwas chamam de lar, e é para lá que os recém-mortos viajam. É o protetor dos animais selvagens e é o conhecedor de todas as ervas. É um bom conselheiro e pode ser chamado também para cura e prosperidade.

Gran Igbo (Bruxa do Pântano): Pertencente m tradição do Congo. Gran Igbo conhece o passado mais longínquo, representa a sabedoria e a paciência. É a guardiã dos segredos e dos mistérios que habitam as florestas, conhece as plantas e suas propriedades, conhece o poder das águas e é através dela que as raízes, ervas, plantas e flores do pântano se comunicam.

É excelente com óleos e incensos. De temperamento paciente, transmite paz interior e felicidade. Compreende todas as línguas e é capaz de identificar mentiras.

Marassa: São espíritos sagrados, gêmeos divinos. São crianças, mas são mais antigas do que outros espíritos. Concedem cura e clarividência, são a personificação do poder divino, do amor, da verdade e da justiça. E representam os mistérios da ligação entre o céu e a terra.

Em vodou, Marassa Jumeaux, são os fantasmas dos gêmeos falecidos. Eles simbolizam as forças elementares do universo.

Fica fácil estabelecer uma ligação aqui aos Abikus da tradição Iorubá.

Grand Maître: Na tradição haitiana, é considerado o espírito supremo, já em Nova Orleans remete ao culto pessoal.

Kalfu (Carrefour, Kalfou): Corresponde a Legro na família Petwo, controla as encruzilhadas, permitindo que a destruição, má sorte e infelicidades tenham passagem. Seria a contraparte de Legba, temos Legba controlando os espíritos positivos do dia e Kalfu controlando os espíritos negativos da noite. É um Lwa respeitado, porém bastante temido, é um feiticeiro cuja especialidade é a magia negra.

Lemba: É uma divindade originada da religião do Congo, é adorado nas religiões derivadas do Haiti, Brasil e Nova Orleans.

Legba: É o protetor do mundo espiritual e o mediador entre o homem e os Lwas. É o guardião dos portões entre o mundo terreno e o espiritual. A esposa de Legba é Adjessi.

Legba é o primeiro e o último espírito a ser invocado em todas as cerimônias, já que sua permissão é necessária para a comunicação entre humanos e Lwas.

Legba compartilha semelhanças com Orunmilá, o orixá da profecia que ensinou a humanidade a usar o poderoso oráculo Ifá. Legba, Ellegua e Exú são semelhantes, mas não são os mesmos espíritos.

Ellegua: Também conhecido como o Grande Trapaceiro, é o dono das encruzilhadas. É aquele que permite a comunicação entre a humanidade e outros Orixás. Ainda que muitas vezes Ellegua possa erroneamente ser referido como Papa Legba, eles não são o mesmo espírito, mas essa confusão ocorre porque ambos compartilham o papel de Deus da Encruzilhadas.

Chamamos Ellegua para que nossos caminhos sejam limpos e assim atingir nossos objetivos.

Papa Lebat: Foi um padre católico, chamado Jean Baptiste Lebat que tentou erradicar o voduísmo em Nova Orleans. Ele acreditava que o vodu era um culto ao diabo, e deveria ser fortemente reprimido, causando vários anos de opressão e sofrimento.

Os voduistas transformaram a figura deste homem maligno, em um Lwa. No entanto deram a ele uma função oposta no reino espiritual, oposta ms suas práticas na vida terrena. Papa Lebat torna-se aquele que abre estradas e traz proteção. Papa Lebat tem a mesma função de Papa Legba. É invocado antes de cada cerimônia para que abra os caminhos, traga proteção e remova obstáculos.

Exu: No Candomblé, Ifá, Santeria e Lukumi é conhecido como Exu. No vodu haitiano e no de Nova Orleans é comparado a Legba. Em Payo Mayombe é conhecido como Lucero. Em Cuba é comparado a Elegua, na África Ocidental é chamado de Esu.

Exu é um espírito poderoso que atua como mensageiro entre a terra e o mundo espiritual, a ponte entre os humanos e o mundo natural. Estão nas encruzilhadas indicando caminhos. Representa o equilíbrio entre o sagrado e o profano, e nada pode ser realizado sem Exu.

Abre portas, concede novas oportunidades e remove obstáculos. Pode conceder diversas benesses e também aplicar severas punições. É o senhor dos búzios e conhece todos os feitiços.

Barão Samedi: O chefe da família Guédé e casado com Manman Brigit, o Barão Samedi é o senhor da morte, assim como suas outras faces.

São elas: Barão Cimetière, Baron La Croix e Baron Criminel (compara-se ms qualidades de um Orixá).

Barão Samedi também é o último recurso de cura, pois é ele que decide se permite que os enfermos se curem. É também um protetor das crianças

Ele também é conhecido por ser um Lwa ligado ao sexo (as vezes com um toque de devassidão e obcenidades) e é frequentemente representado com simbolos fálicos. É também a autoridade sobre os zumbis.

Mama Brigitte (Grann Brigitte, Manman, Manman Brigit e Manman Brijit): Esposa do Barão Samedi, ela é a mãe dos cemitérios, da morte e do

dinheiro. É quem guarda as lápides (quando marcadas com uma cruz). Alguns acreditam haver influência direta vinda da deusa Celta Brigitte, a mesma se apresenta como uma mulher branca, e o túmulo da primeira mulher em um cemitério do Haiti é dedicado a ela.

Ela é invocada para promover a cura daqueles que estejam próximos da morte como resultado de magia.

Papa Guede: Corresponde ao Barão Samedi dentro do vodu de Nova Orleans, é o senhor dos cemitérios. Permanece nas encruzilhadas para levar as almas para a vida após a morte. É visto como o cadáver do primeiro homem a morrer.

Possui capacidades divinatórias, lê mentes e conhece tudo aquilo que ocorre nos dois mundos. Preces para Papa Guede são realizadas para promover cura em crianças doentes, acredita-se que ele não levará almas antes de seu tempo, além de oferecer proteção.

Guedê: Governa os espíritos dos mortos, Guedê é um Lwa que representa a morte física e a vida no plano espiritual.

Les Mort: é um termo que em crioulo haitiano se traduz como “os mortos”. É uma referência ancestral, a base da religião vodu como dito anteriormente. Se referem aos nossos ancestrais, tanto pessoais quanto coletivos e também Lwas que já foram humanos.

L’inglesou: É um Lwa do panteão vodu haitiano, vive entre rochas e desfiladeiros e é conhecido por matar aqueles que o ofendem.

Marinette: Ela é uma poderosa e violenta Lwa da família Petro, é muito habilidosa com ervas e cura. Foi a primeira mambo a convocar Djab Ezili Danto para dar início a revolução haitiana.

Mami Wata: Surge no panteão dos Lwas de Nova Orleans. É uma Lwa gentil e carinhosa que oferece orientação e prosperidade financeira.

Dan Petro: Originado do Lwa africano Danh, é o Lwa dos agricultores de Nova Orleans.

Shilibo No-Vavou: É um Lwa cultuado em Nova Orleans de temperamento alegre. É o aspecto dos quatro elementos, que quando equilibrados intensificam a atividade intelectual, trazendo idéias, compreensão e clareza de pensamento.

Mombu Mombu: Causa tempestades e chuvas torrenciais.

Pie: É uma Lwa capaz de provocar inundações.

Sobo: É um Rada Lwa presente no vodu de Nova Orleans. Ele é o Lwa dos raios e trovões, ele os forja e lança sobre a terra.

Limba: É um dos espíritos presentes no panteão do vodu de Nova Orleans. Vive entre as rochas e possui apetite voraz , é conhecido por perseguir e matar pessoas, nem mesmo seus devotos estão a salvo de sua fome.

Sousson Pannan: É um Lwa presente no vodu de Nova Orleans, é uma representação do mal, com o corpo repleto de feridas.

Ti Jean Quinto: É um espírito rude que vive embaixo de pontes.

Marie Laveau: Conhecida como a Rainha do vodu de Nova Orleans, foi ela quem colocou o vodu em voga, com suas poderosas cerimônias mágicas, realizadas onde hoje se situam a Praça do Congo, Bayou, St John e o lago Ponchartrain.

Segundo a tradição oral, havia, em suas práticas, uma mistura entre as crenças contidas nos espíritos africanos e seus conceitos religiosos, e na fé em santos católicos. Nascida em uma cidade francesa onde o catolicismo tinha grande influência sobre seu povo, por volta do ano de 1794. Era filha de mãe Indiana, que acreditava fortemente em Damballah Wedo.

Ainda que fortemente criticada pela mídia da época e alguns escritores por suas práticas, crenças e estratégia de negócios, Marie Laveau tinha clientes satisfeitos, obtinha resultados, era boa no que fazia e possuía clientes não só em Nova Orleans.

Havia de fato uma estratégia, e vale a pena questionar se o catolicismo dela não teve influência em sua estratégia de negócios, na tentativa de manter clientes antigos e captar novos, mas isso não é diferente do que ocorre na magia nos tempos atuais.

Ela é considerada a Rainha do vodu e foi elevada ao status de Lwa exatamente por suas práticas em Nova Orleans.

Annie Christmas: Surge no Panteão dos Lwas de Nova Orleans, representa a força feminina, seria a versão feminina de Ogum.

Black Hawk: Surge como um Lwa no vodu de Nova Orleans como um famoso guerreiro Sauk-Americano. Durante a guerra de 1812, Black Hawk lutou ao lado dos britânicos e mais tarde liderou um grupo de guerreiros Sauk e Fox contra os colonos em Illinois. Foi posteriormente capturado e levado ao oeste. Black Hawk morreu em 1838 no sudeste de Iowa.

Cultuado em Nova Orleans, em honra ao nativo americano Black Hawk. No vodu ele é considerado um santo e trabalha promovendo cura e concedendo profecias. Olhando sua forma nativa, Black Hawk é um ancião e os anciões são reverenciados e respeitados. Seu nome em Mesquakie é Ka-Tai-Me-She-Kia-Kiak, já no Hoodoo é chamado de Father Black Hawk. Ele é nascido no clã Thunder e ms vezes anuncia sua chegada com trovões.

Conhecido por conceder a quem o clama dinheiro, proteção, coisas relacionadas m justiça e ao sistema jurídico, e também para superar tragédias. Ele lutará batalhas pelos seus.

Dr John: Cultuado em Nova Orleans, de acordo com a história, Dr John era um voduista famoso que operou em Nova Orleans no século XIX, especialista em cura e pela fabricação e venda de gris-gris além de dizer fortunas.

Ele alegava em vida ser um príncipe senegalês e possuía cicatrizes cerimoniais, era conhecido por encantamentos financeiros que nitidamente lhe traziam frutos, já que o mesmo era dono de grande riqueza. Por causa do poder de suas práticas, Dr John foi elevado ao status de Lwa no vodu de Nova Orleans.

É comumente peticionado para cura, conhecimento sobre ervas e plantas, além de ser um grande espírito orientador e capaz de controlar espíritos e age em defesa contra o mal.

Mary Magdalene: é cultuada em Nova Orleans, especialmente por profissionais do sexo, concede ajuda para mulheres com problemas.

Dos Orixás da tradição iorubá presentes como Lwas no vodu.

 Os chamados “sete poderes africanos”, são sete divindades africanas do panteão iorubá. São comumente encontradas em todas as religiões de influência iorubá, mas não necessariamente se apresentando da mesma forma.

São eles:

 Papa Legba (Ellegua, Elegba, Liba, Laba, Labas): Presente tanto no vodu haitiano quanto no vodu de Nova Orleans, Papa Legba é o intermediário entre os espíritos e a humanidade. Está presente numa encruzilhada espiritual onde o mesmo concede ou nega permissão para a comunicação com os espíritos do Guinne (considerado no vodu de Nova Orleans como “o portal do mundo”.

Obatalá: É a divindade suprema do panteão iorubá. É o mais velho de todos os orixás, o deus criador. Obatalá governa a mente e o intelecto, promove o equilíbrio cósmico, sua cor é branco mas detém em si todas as cores do arco-íris.

Segundo seu itan, Obatalá criou o corpo humano através do poder de Olorum. Quando Olorum deu o sopro da vida nos corpos, Obatalá desceu dos céus para Ilé Ifé, na Nigéria, trazendo consigo um pombo, um galo e uma cabeça suja. Jogou o solo sobre as águas e depois colocou o galo e o pombo sobre a terra seca que veio a se tornar a superfície da terra.

Certa vez Obatalá se embriagou com vinho de palma e isso acabou por criar pessoas defeituosas, e assim ele se tornou o protetor das pessoas com deficiência.

Em Nova Orleans, o espírito da serpente Damballah Wedo compartilha muitos dos mesmos atributos.

Ogum: patrono da guerra e dos guerreiros, sangue e ferro. É o patrono da tecnologia e responsável por ferramentas de progresso. É um espírito do fogo. Filho de Yemayá e Orungan. Concede poder, triunfo e fornece todas as ferramentas para atingirmos os nossos objetivos. Ogum dá força através da profecia e da magia. Mas também pode ser destrutivo.

Ogum é um dos maridos de Erzulie Freda e também é marido de Oshun, Oyá e Obá na tradição iorubá.

Changó: É o Orixá dos relâmpagos, trovões, da justiça, do fogo, da paixão e do poder.

É um orixá guerreiro mas também é quem aplica justiça e vingança em nome das vítimas. Concede poder e ajuda para vencer guerras, derrotar inimigos, superar adversidades e adquirir poder.

Xangô é um ancestral iorubá, é o terceiro rei do povo de Oyó que foi deificado após a sua morte. O culto a Changô traz aos seus adeptos poder e autoridade. É comumente associado com o Petro Lwa Erzulie Dantor.

Babalú-Ayé: É o Lwa das pestes, doenças e também da cura. É um defensor da terra e também dos pobres.

Oyá (Oyá-Yansan): É a orixá dos ventos e furacões, raios, fertilidade, fogo e magia. Oyá é a guardiã dos cemitérios e do submundo, o que a torna intimamente ligada a morte e ao culto aos mortos (eguns), porém ela não determina vida e morte, mas conduz os espíritos dos mortos até o Orum de acordo com o julgamento de Olodumare. É uma das esposas de Chango, simboliza o poder feminino mas também possui temperamento bélico por se tratar de uma guerreira. Promove mudanças necessárias.

Yemaya: É a orixá da fertilidade, da maternidade, dona dos sete mares, deusa da criação. Concede proteção ms mulheres, proteção na concepção e no parto. É uma grande mãe e portanto protege crianças, lhes proporcionando também amor e cura. Conhece os segredos profundos e os segredos da mente, concede criatividade além de ser misericordiosa e de temperamento amoroso.

É a “Mulher em Constante Mudança”, “A Mãe do Oceano”, “Mãe dos Sonhos”, “Mãe dos Segredos” e “Mãe da Sabedoria”.

Oshun (Ochun, Oxum): É a orixá do amor, da beleza, riqueza, da atração, da fertilidade e da feitiçaria. Ela governa as águas doces e ainda que seja um espírito doce e amoroso ela também é conhecida por ter um temperamento terrível e uma exímia estrategista, capaz de gerar grande destruição.

Alguns itans:

Oxum recebeu de Obatalá a missão de iniciar o primeiro humano no culto aos Orixás, com a ajuda de Elegbara e Osaiyn e sob orientação de Orunmilá.

Oxum conseguiu obter os segredos do jogo de búzios (meredilogun), que pertencia a Exú. Inicialmente Exu não desejava entregar o conhecimento sobre. Oxum foi então ao reino de Exu, ele desconfiado, perguntou o que Oxum fazia ali e disse que ela deveria partir pois ele não a ensinaria nada.

Ela, estrategista como é, desafia Exu a descobrir o que ela tinha entre seus dedos, Exu então se aproxima para ver melhor e Oxum sopra nos olhos de Exu um pó mágico que o cega provocando muita dor.

Exu a questionou onde estavam seus búzios pois ele não os via. Então, ela fingindo preocupação, lhe questiona sobre quantos são, e ele a responde dizendo que são dezesseis, Oxum disse então, “encontrei um grande”, e Exu lhe respondeu que o mesmo se tratava de “Okanran”, e assim se seguiu. Foi assim que ela obteve os segredos do meredilogun.

Oxum concede amor, beleza, ouro e riquezas. Por hoje ficamos por aqui.

Façam parte do problema.


Rafaella Fernandez. Taróloga. Praticante de magia natural e cerimonial. Colaboradora nos projetos: Morte Súbita, enochiano.com.br, lemegeton.com.br e trithemius.com.br


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