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Mitologia guarani refere-se às crenças do povo tupi-guarani da porção centro-sul da América do Sul, especialmente os povos nativos do Paraguai e parte da Argentina, Brasil e Bolívia.
Mito guarani da criação
A figura primária na maioria das lendas guaranis da criação é Iamandu (ou Nhanderu ou Tupã), o deus Sol e realizador de toda a criação. Com a ajuda da deusa lua Araci, Tupã desceu à Terra num lugar descrito como um monte na região do Aregúa, Paraguai, e deste local criou tudo sobre a face da Terra, incluindo o oceano, florestas e animais. Também as estrelas foram colocadas no céu nesse momento.
Tupã então criou a humanidade (de acordo com a maioria dos mitos Guaranis, eles foram, naturalmente, a primeira raça criada, com todas as outras civilizações nascidas deles) em uma cerimônia elaborada, formando estátuas de argila do homem e da mulher com uma mistura de vários elementos da natureza. Depois de soprar vida nas formas humanas, deixou-os com os espíritos do bem e do mal e partiu.
Nhanderuvuçú (Tupã) é considerado Deus supremo na religião primitiva dos índios brasileiros que habitavam as terras tupiniquins atualmente chamadas Brasil.
Os exploradores portugueses descobriram essas terras em 22 de abril de 1500 e inicialmente as nomearam ilha de Vera Cruz. Depois, verificando que não era possível contornar a tal da ilha, concluiram em se tratar de um imenso território o qual passou a ser chamado Terra de Santa Cruz devido à forte influência religiosa em tudo o que nomeavam em suas viagens exploratórias. Depois, com a exploração e exportação para a Europa, do pau-brasil (madeira avermelhada como brasa) esse grande território passou a ser chamado Brasil.
Nhanderuvuçú não tem forma humana a chamada forma antropomórfica, é a energia que existe, sempre existiu e existirá para sempre, portanto Nhanderuvuçú existe mesmo antes de existir o Universo.
A única realidade que sempre existiu, existe e existirá para sempre é a energia a qual os índios brasileiros identificam como Nhanderuvuçú.
Características da energia:
A energia existia mesmo antes de existir a relatividade, antes do início do Universo.
A energia existia no caos sem tempo, sem espaço e sem nenhum tipo de velocidade, era o caos mas a energia sempre existiu.
Leis fundamentais da energia:
Energia não pode ser criada nem destruída.
Energia pode se transformar de uma forma de energia em outra.
Energia total do Universo não aumenta nem diminui apenas tudo fica em constante transformação.
Para os índios brasileiros não catequizados e para outros brasileiros que nem índios são; essa religião continua sendo professada atualmente por muitos fiéis residentes no Brasil.
Dizem eles que o início do mundo foi muito semelhante ao que dizem as outras doutrinas de outras religiões estrangeiras.
Deus, chama-se Nhanderuvuçú.
No princípio ele criou a alma, que na língua tupi-guarani diz-se “Anhang” ou “añã” a alma; “gwea” significa velho(a); portanto anhangüera “añã’gwea” significa alma antiga.
Nhanderuvuçú criou as duas almas e, das duas almas (+) e (-) surgiu “anhandeci” a matéria.
Depois ele disse para haver lagos, neblina, cerração e rios.
Para proteger tudo isso, ele criou Iara.
Depois de Iara, Nhanderuvuçú criou Tupã que é quem controla o clima, o tempo e o vento, Tupã manifesta-se com os raios, trovões, relâmpagos, ventos e tempestades, é Tupã quem empurra as nuvens pelo céu.
Nhanderuvuçú criou também Caaporã o protetor das matas por si só nascidas e protetor dos animais que vivem nas florestas, nos campos, nos rios, nos oceanos, enfim o protetor de todos os seres vivos.
Caaporã quando é evocado para proteger as plantas plantadas junto aos roçados dos índios é chamado por eles de forma carinhosa com o cognome de Ceci.
Caaporã em língua tupi-guarani significa “boca da mata “Caa = boca e Porã = mata”
Dizem as lendas que no meio dos animais protegidos por Caaporã apareceu mais um casal de animais.
A primeira mulher, Amaú e, o primeiro homem, Poronominare.
Quem segue esta religião, religião “Primitiva do Brasil” adora as formas de manifestações da energia, adora o Sol, os raios, os relâmpagos e o clima em geral, através da adoração de Tupã, adora as águas, a neblina, os rios, cachoeiras, lagos, lagoas, mares e oceanos através da adoração de Iara, adoram as matas, os animais e toda a natureza adorando Caaporã, evocam Ceci para proteger os campos plantados, a agricultura e as criações de animais domésticos.
Enfim adoram o que existe de fato, adoram somente o que é realmente real, os fenômenos naturais, o clima, a natureza, apenas as coisas reais.
Primitiva do latim “primitivu”, primeiros tempos; princípio.
A religião “Primitiva do Brasil”, não inclui nenhum personagem antropomórfico (forma humana) em suas crenças, apenas Poronominare e Amaú possuem essa forma mas, não são divinos, são animais também e, portanto pertencem à Caaporã o protetor de toda a natureza viva e isso inclui todos os seres vivos inclusive nós os animais humanos.
Dizem: “A realidade é a única verdade em que podemos acreditar”.
Os jesuítas durante a catequese dos indígenas brasileiros, interpretaram equivocadamente “Anhangüera” com o significado de “diabo velho” ao invés de “alma antiga”; outro equívoco deles foi chamar Caaporã de “curupira” que é o mito de um demônio com forma de gente e com os pés ao contrário criado segundo a imaginação no folclore dos colonizadores cristãos no Brasil durante o processo da catequese destes índios.
Osvaldo Orico, foi da opinião de que os indígenas tinham noção da existência de uma força, de um Deus superior a todos. Assim ele diz:
“Tupã-Cinunga ou “o trovão”, cujo reflexo luminoso é tupãberaba, ou relâmpago cuja voz se faz ouvir nas tempestades sua morada é o Sol.
Tupã representa um ato divino, é o sopro da vida, e o homem a flauta em pé, que ganha a vida com o fluxo que por ele passa.”
Primeiros humanos
Os humanos originais criados por Tupã eram Rupave e Sypave, nomes que significam “Pai dos povos” e “Mãe dos povos”, respectivamente. O par teve três filhos e um grande número de filhas. O primeiro dos filhos foi Tumé Arandú, considerado o mais sábio dos homens e o grande profeta do povo Guarani. O segundo filho foi Marangatu, um líder generoso e benevolente do seu povo, e pai de Kerana, a mãe dos sete monstros legendários do mito Guarani (veja abaixo). Seu terceiro filho foi Japeusá, que foi, desde o nascimento, considerado um mentiroso, ladrão e trapaceiro, sempre fazendo tudo ao contrário para confundir as pessoas e tirar vantagem delas. Ele eventualmente cometeu suicídio, afogando-se, mas foi ressuscitado como um caranguejo, e desde então todos os caranguejos foram amaldiçoados para andar para trás como Japeusá.
Entre as filhas de Rupave e Sypave estava Porâsý, notável por sacrificar sua própria vida para livrar o mundo de um dos sete monstros legendários, diminuindo seu poder (e portanto o poder do mal como um todo).
Crê-se que vários dos primeiros humanos ascenderam em suas mortes e se tornaram entidades menores.
Os sete monstros legendários
Kerana, a bela filha de Marangatu, foi capturada pela personificação ou espírito mau chamado Tau. Juntos eles tiveram sete filhos, que foram amaldiçoados pela grande deusaArasy, e todos exceto um nasceram como monstros horríveis. Os sete são considerados figuras primárias na mitologia Guarani, e enquanto vários dos deuses menores ou até os humanos originais são esquecidos na tradição verbal de algumas áreas, estes sete são geralmente mantidos nas lendas. Alguns são acreditados até tempos modernos em áreas rurais. Os sete filhos de Tau e Kerana são, em ordem de nascimento:
1 – Teju Jagua, deus ou espírito das cavernas e frutas
2 – Mboi Tu’i, deus dos cursos de água e criaturas aquáticas
3 – Moñai, deus dos campos abertos. Ele foi derrotado pelo sacrifício de Porâsý
4 – Yacy Yateré, deus da sesta, único dos sete a não aparecer como monstro
5 – Kurupi, deus da sexualidade e fertilidade
6 – Ao Ao, deus dos montes e montanhas
7 – Luison, deus da morte e tudo relacionado a ela
Outros deuses ou figuras importantes
1 – Angatupri, espírito ou personificação do bem, oposto a Tau
2 – Pytajovái, deus da guerra
3 – Pombero, um espírito popular de travessura
4 – Abaangui, um deus creditado com a criação da lua; pode figurar somente como uma adptação de tribos guaranis remotas
5 – Jurupari, um deus de adoração limitada aos homens, em geral apenas para tribos isoladas no Brasil.
O Mito: A criação da Noite
Nas Aldeias de todo o mundo, nas terras dos índios, era sempre dia. Nunca havia noite, estava sempre claro. Os homens não paravam de caçar, nem as mulheres de limpar, tecer e cozinhar. O sol ia do leste ao oeste e depois refazia o caminho, ia do oeste ao leste, seguindo assim.
Mas teve um dia que o caso mudou. Quando Tupã, aquele que controlava tudo, havia saído para caçar, um homem muito curioso tocou no frágil Sol para saber como funciona. Então o Sol que dava luz e calor havia se apagado, havia quebrado em mil pedacinhos. Então as trevas haviam reinado na aldeia.
Tupã não se conformou com tal atitude do homem, e o transformou em um novo animal, que tinha as mão douradas como o Sol que brilhava. E deu-se o nome àquele bicho de macaquinho-de-mão-d’ouro. Tupã então tratou de refazer o Sol. Mas ele só ia ao oeste e não conseguia voltar. Então criou assim a Lua e as estrelas para iluminarem a noite. E assim ia, o Sol ia até o poente, não voltava, e então vinha a Lua e as estrelas. Acabava a noite e o Sol voltava. mas o sol sempre sorrindo ia e um dia viu a lua orgulhoso do que fez
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