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Mãe IANSÃ é a Divindade que está assentada no polo negativo (absorvedor) e cósmico da Linha da Lei, onde atua de forma ativa, para absorver os desequilíbrios cometidos no campo da Lei e da Justiça Divinas e reconduzir os seres ao equilíbrio.
A Divindade Iansã é a Qualidade Direcionadora de Deus, que atua de forma permanente em toda a Criação para que tudo e todos possam evoluir. Tudo na Criação Divina é direcionado para um caminho de evolução.
Assim, Iansã é a força móvel que direciona a Fé (campo de Oxalá), a Justiça (campo de Xangô), a Evolução (campo de Obaluayê), a Geração (campo de Iemanjá), a Agregação (campo de Oxum), a Lei (campo de Ogum).
Pai Ogum é o aspecto fixo da Lei, a irradiar continuamente as Vibrações Divinas da Lei Maior e com elas amparando e sustentando a tudo e todos de forma passiva (sem forçar ninguém). E Mãe Iansã é o aspecto móvel da Lei, que entra em ação para corrigir os desvirtuamentos dos seres neste Sentido da Vida e recolocá-los no caminho reto, de modo que também a Justiça Divina seja obedecida e aplicada. Pois quando a Lei não é cumprida, a Justiça também é desrespeitada. Como Orixá Cósmico, Iansã pune quem desvirtua ou se aproveita dessas Qualidades Divinas com más intenções.
Seu campo preferencial de atuação é o emocional dos seres. Como Divindade Direcionadora e Movimentadora, Mãe Iansã retira os seres de um caminho de estagnação evolutiva (provocada por seus desequilíbrios emocionais) e ajuda a encaminhá-los, cortando os seus excessos emocionais e colocando-os no caminho correto a seguir.
Além de corrigir excessos no campo da Lei e da Justiça, Iansã é o Orixá que dá amparo àqueles que vivem em obediência à Lei e à Justiça Maiores, protegendo-os e combatendo as injustiças que estejam enfrentando (projeções mentais negativas externas, magias negativas etc.). Sua atuação é Cósmica, ativa, negativa, mobilizadora e emocional, mas não é inconsequente ou emotiva, porque Ela é o Sentido da Lei, e a Lei não é apenas punidora, mas também direcionadora.
É a mais guerreira de todos os Orixás Femininos.
Iansã atua na Linha da Justiça ao lado de Xangô, e também na Linha da Lei ao lado de Ogum. Com Pai Xangô, Ela forma uma Linha polarizada ou mista Justiça/Lei, na qual Ele atua pelo elemento Fogo e Ela atua pelo elemento Ar. Já com Pai Ogum, Iansã forma um par puro na Linha da Lei, ambos atuando pelo elemento Ar.
Na Lei: Mãe Iansã é Movimentadora, é a Lei atuando para redirecionar os seres que se desequilibraram; e Pai Ogum é o princípio ordenador inquebrantável.
Nos elementos: Pai Ogum é o ar que refresca e a brisa que acalenta; e Mãe Iansã é o vendaval que desaba, e a ventania que faz tudo balançar.
Na Fé: Ogum é o princípio a ser obedecido; e Iansã é a novidade que renova a Fé na mente e no coração dos seres.
Na vida: Iansã é a busca de melhores condições de vida para os seres.
Na Criação Divina: Ogum é a defesa de tudo o que foi criado; e Iansã é a busca de adaptação do ser ao meio onde vive.
Na Irradiação da Lei, Ogum é passivo. Seu magnetismo irradia-se em ondas retas, em corrente contínua, e seu núcleo magnético gira para a direita (sentido horário). Seu Fator é Ordenador. Já Iansã é ativa, pois seu magnetismo irradia-se em ondas curvas, em corrente alternada, e seu núcleo magnético gira para a esquerda (sentido anti-horário). Seu Fator é Direcionador. Ogum é a Lei, a via reta.
Mas Iansã é o próprio sentido de direção da Lei, pois Ela é um Mistério que só entra na vida de um ser caso a direção que ele esteja dando à sua evolução e à sua religiosidade não siga a linha reta traçada pela Lei Maior. Neste caso, a Qualidade Direcionadora de Mãe Iansã envolve o ser numa de suas espirais, impondo-lhe um giro completo e transformador dos seus sentimentos viciados. Com isso, Ela o recoloca no caminho reto da vida; ou então, se necessário, o lança no Tempo, onde a sua religiosidade desvirtuada será paralisada e esgotada.
Neste último caso, os seres ficam retidos “no Tempo”, até esgotarem os vícios e desequilíbrios que afetavam suas mentes, seu emocional e seus campos energéticos. Por esse motivo é que a Divina Mãe Iansã tem uma atuação importantíssima sobre os eguns, que são espíritos endurecidos no mal: Ela os recolhe, paralisa, e os remete ao Tempo, nos domínios da Mãe Oyá-Tempo (Logunan), para que ali eles sejam completamente esgotados dos seus desequilíbrios. Só depois disso é que aquele ser- que deliberadamente praticou o mal por muitas e muitas vezes, ao ponto de “endurecer no mal”, como se costuma dizer-, somente depois de esgotado ou esvaziado da maldade que criou, é que o ser estará em condições de ser redirecionado, para recomeçar sua caminhada evolutiva.
Na Linha da Justiça, Iansã é seu aspecto móvel, pois atua na transformação dos seres, absorvendo seus magnetismos negativos; e Xangô é seu aspecto passivo, assentado ou imutável, a irradiar continuamente a Vibração da Justiça e do Equilíbrio Divinos para toda a Criação.
Sempre que a Justiça Divina é ativada, tanto o seu polo passivo quanto o seu polo ativo são ativados, e aí surge Iansã, a Regente da Lei nos campos da Justiça.
A natureza eólica (=do ar) de Iansã expande o fogo de Xangô. Assim, logo que o ser é purificado de seus vícios (pelo fogo de Xangô), Iansã entra na vida daquele ser e o redireciona e o reconduz para outro campo, no qual retomará sua evolução.
O primeiro elemento de Iansã é o Ar, que movimenta e sustenta o Fogo. Pois Iansã é movimento o tempo todo. O Fogo é, portanto, o segundo elemento de atuação desta Divindade.
Como aplicadora da Lei nos campos da Justiça, Iansã é extremamente ativa. Uma de suas atribuições é colher os seres fora da Lei, alterar todo o seu emocional, mental e consciencial, para então redirecioná-los numa outra linha de evolução, que os aquietará e facilitará suas caminhadas pela linha reta da evolução. Quando não é possível reconduzi-los, então uma das Intermediárias Cósmicas de Iansã paralisa os seres desequilibrados, retendo-os num dos campos de esgotamento mental, emocional e energético, até que eles tenham sido completamente esgotados dos seus negativismos e tenham descarregado todo o seu emocional desvirtuado e viciado.
Mãe Iansã Maior (ou Iansã Planetária) possui vinte e uma Iansãs Intermediárias, que são assim distribuídas:
– Sete atuam junto aos polos magnéticos irradiantes, auxiliando os Orixás Regentes dos polos positivos (Orixás Universais), como aplicadoras da Lei, recorrendo aos aspectos positivos do Orixá Iansã Planetário;
– Sete atuam junto aos polos magnéticos absorventes, auxiliando os Orixás Regentes dos polos negativos (Orixás Cósmicos), como aplicadoras da Lei, recorrendo aos aspectos negativos do Orixá Iansã Planetário;
– Sete atuam nas faixas neutras das dimensões planetárias, regidas pelos princípios da Lei, onde ou direcionam os seres para as faixas vibratórias positivas ou os direcionam para as faixas negativas.
São vinte e uma Iansãs Intermediárias, aplicadoras da Lei nas Sete Linhas de Umbanda, e seus campos preferenciais de atuação são os religiosos.
Justamente por atuarem de modo especial no campo religioso, Mãe Iansã Intermediária para a Linha da Fé nos campos do Tempo (Iansã do Tempo) às vezes é confundida com o Orixá Oyá-Tempo, já que é Iansã quem envia ao Tempo os eguns fora da Lei no campo da religiosidade.
Iansã do Tempo tem um vasto campo de ação e colhe os espíritos desvirtuados nas coisas da Fé, enviando-os ao Tempo, onde serão esgotados. Antes disso, Ela tenta reequilibrá-los e redirecioná-los, só optando por enviá-los a um campo onde o magnetismo os esvazia quando vê que um esgotamento total nos sete Sentidos é necessário.
Outra Intermediária de Mãe Iansã Maior é Iansã Balé (do Balê ou das Almas), que é muito solicitada e muito conhecida porque atua preferencialmente sobre os espíritos que desvirtuam os princípios da Lei que dão sustentação à vida. E como vida é Geração e Omolu atua no polo negativo (Cósmico) da Linha da Geração, então Iansã Balé envia aos domínios de Tatá Omolu todos os espíritos que atentaram contra a vida de seus semelhantes ao desvirtuarem os princípios da Lei e da Justiça Divina.
Também são muito conhecidas as Iansãs Intermediárias Sete Pedreiras, dos Raios, do Mar, das Cachoeiras e dos Ventos (Iansã pura).
As outras Iansãs Intermediárias assumem os nomes dos elementos que lhes chegam através das irradiações inclinadas dos outros Orixás. E assim temos: uma Iansã do Ar, uma Iansã Cristalina, uma Iansã Mineral, uma Iansã Vegetal, uma Iansã Ígnea, uma Iansã Telúrica, uma Iansã Aquática.
Este resumo pode nos dar uma ideia do quanto somos amparados, protegidos e sustentados pelo Divino Criador, por Seus Tronos e Suas Divindades, de uma forma tão Perfeita que a nossa mente limitada não alcança.
Acontece, às vezes, de nos sentirmos desanimados, diante de situações que nos parecem injustas (traições, magias negativas, difamações, injúrias, ataques gratuitos contra o nosso trabalho religioso etc.). Nesses momentos, é importante lembrar que os Sagrados Orixás da Lei e da Justiça Divinas e todos os Sagrados Regentes dos demais Sentidos da Vida e Seus respectivos Intermediários estão em permanente atuação para nos defender e proteger, retendo nas malhas da Lei e da Justiça todo aquele que atentar contra a nossa vida, o nosso equilíbrio e a nossa evolução.
Para o nosso próprio equilíbrio e bem-estar, que possamos cultivar o hábito de fazer orações diárias em louvor e gratidão ao Divino Criador, aos Seus Divinos Tronos, aos Sagrados Orixás e a todas as Divindades presentes na Criação, velando por nós, nos guiando, nos direcionando, nos corrigindo, nos amparando, nos protegendo e nos defendendo, a cada instante da nossa existência.
Isto nos dá uma dimensão da importância de nossas vidas perante o Supremo Arquiteto do Universo e nos ajuda a valorizar também a importância de cada momento vivido.
História
Na Nigéria, Iansã é a Divindade do Rio Niger. Impetuosa, guerreira e de forte personalidade, é considerada a rainha dos espíritos dos mortos, sendo reverenciada no culto dos eguns. Foi a principal esposa de Xangô, acompanhando-o em toda a sua jornada, em cujo final ambos se tornaram Orixás, tendo Ela se transformado nas águas turbulentas do Rio Níger.
O Níger é o maior e mais importante rio da Nigéria, pois seus afluentes atravessam as principais cidades do país, motivo pelo qual ficou conhecido com o nome Odò Oyá (em yorubá, ya significa rasgar, espalhar). Esse rio é a morada da mulher mais poderosa da África negra, a mãe dos nove oruns, dos nove filhos, do rio de nove braços, a mãe do nove, Ìyá Mésàn, Iansã, Yánsàn.
O nome Iansã (ou Yansã), como é reverenciado na Umbanda, tem origem provável numa dessas formas: Oyamésàn (que significa as nove Oyàs); Ìyá Mésàn (a mãe transformada em nove); Ìyá Omo Mésàn (a mãe de nove crianças). Cada uma delas está ligada a uma lenda, como será visto mais à frente.
Na tradição africana, embora seja saudada como a deusa do rio Níger, Mãe Iansã está relacionada ao elemento fogo, o que indica a união de elementos contraditórios: Iansã nasce da água e do fogo, da tempestade, de um raio que corta o céu no meio de uma chuva, é a filha do fogo- Omo Iná. A tempestade é o poder manifesto de Iansã, rainha dos raios, das ventanias, do tempo que se fecha sem chover.
Ela é uma guerreira por vocação, sabe ir à luta e defender o que é seu, e a batalha do dia-a-dia é a sua felicidade. Sabe conquistar, seja no fervor das guerras, seja na arte do amor. Mostra o seu amor e a sua alegria contagiantes na mesma proporção que exterioriza o seu descontentamento. Dessa forma, passou a identificar-se muito mais com atividades habitualmente relacionadas ao homem, que são desenvolvidas fora do lar, rejeitando o papel feminino tradicional.
Algumas lendas a relacionam a antigos cultos agrários africanos ligados à fecundidade, e daí é que vem a menção aos chifres de novilho ou de búfalo, símbolos de virilidade, que sempre surgem nas suas histórias. Iansã é a única que pode segurar os chifres de um búfalo porque, sendo cheia de encantos, foi capaz de transformar-se em búfalo e tornar-se mulher da guerra e da caça.
Associada ao ar, ao vento, à tempestade, ao relâmpago ou raio e aos ancestrais (eguns), é o Orixá que domina os furacões e ciclones. É o Orixá do fogo, do calor. É guerreira e regente das paixões. É o raio, a eletricidade, a energia viva.
Iansã também tem ligação com a floresta, onde se esconde, entra como mulher e se transforma num búfalo, animal considerado sagrado por muitas tribos, porque sua carne alimentava o povo, seu couro fornecia roupas e abrigos e seus ossos forneciam ferramentas. Iansã propicia a caça e alimento abundante.
No Candomblé, suas contas costumam ser vermelhas ou tijolo, o coral por excelência, o monjoló (uma espécie de conta africana, oriunda de lava vulcânica) e seus símbolos são: os chifres de búfalo, um alfanje, uma adaga de cobre e o eruexin (ou eruesin ou iruquerê, uma espécie de chicote confeccionado com pelos de rabo de cavalo encravados num cabo de cobre, que a Divina Mãe utiliza para espantar os eguns) Afefe, que é o vento, a tempestade, acompanha Oyà.
Os tornados e tempestades são as marcas de seu descontentamento.
Seus adeptos não podem sequer “encostar” em carneiro. E isso tem fundamento numa lenda, que será vista adiante.
Lendas de Iansã
1-Iansã é dividida em nove partes
Diz uma lenda que Ogum preparou-se para ir à guerra. Oyá, sua esposa, também guerreira, quis acompanhá-lo, mas Ogum proibiu-a.
Usando de sua astúcia, e sem que Ogum soubesse, Oyá vestiu uma das roupas dele, prendeu os cabelos por baixo de um capacete e seguiu-o.
A luta foi grande. Ogum estava sendo derrotado, quando Oyá levantou sua espada, lutou por ele e venceu a batalha. Então, Ogum quis saber quem era aquele guerreiro. E foi quando Oyá, muito orgulhosa, tirou o capacete e soltou os cabelos, revelando-se.
Mas Ogum não quis admitir que uma mulher o salvasse, e levantou sua espada para matá-la. Oyá, ao mesmo tempo, também levantou a sua, para defender-se. As duas espadas tinham o poder de dividir os seres em várias partes. As espadas tocaram-se no ar. Travaram então uma grande luta, na qual Ogum cortou Oyá em nove partes e Oyá cortou Ogum em sete.
Outra lenda conta que Oyá era a companheira de Ogum e o ajudava a forjar o ferro. Por essa ajuda, Ogum ofereceu-lhe uma vara de ferro, semelhante à que ele possuía e que tinha o poder de dividir os homens em sete partes e as mulheres em nove, se por ela fossem tocados no decorrer de uma briga.
Xangô gostava de sentar-se próximo, a fim de apreciar o trabalho de Ogum, e de vez em quando lançava olhares para Oyá, que também olhava para Xangô. Xangô era belo e seu poder fascinava Oyá.
Um dia, Oyá fugiu com Xangô.
Ogum perseguiu-os. Encontrou-os e brandiu sua vara mágica. Oyá fez o mesmo. Suas armas se tocaram ao mesmo tempo. Assim, Ogum foi dividido em sete e Oyá em nove, recebendo Ele o nome de Ogum Méjeje (sete), enquanto Oyá recebeu o nome de Yámessan (nove).
2- O Casamento de Iansã e Ogum. Oyá se transforma em búfalo.
Ogum foi um dia caçar na floresta. Ficou à espreita e viu um búfalo vindo em sua direção. Preparou-se para matar o animal com sua espada. Mas o búfalo parou e, de repente, baixou a cabeça e despiu-se de sua pele. Da pele saiu uma linda mulher. Era Iansã.
Sem saber que Ogum a observava, Iansã enrolou a pele de búfalo e os chifres que vestira, fez uma trouxa e a escondeu num formigueiro. Em seguida, partiu em direção ao mercado da cidade.
Assim que ela partiu, Ogum apoderou-se da trouxa, foi para casa e guardou-a no celeiro de milho, seguindo também para o mercado. Lá, encontrou Iansã, a mais bela mulher do mundo. Ogum foi subjugado pela sua beleza e pediu-a em casamento. Iansã apenas sorriu e recusou. Ogum insistiu e disse que a esperaria, pois não duvidava que ela aceitasse a proposta.
Iansã voltou à floresta e não encontrou os chifres e nem a pele de búfalo. O quê teria se passado? O quê fazer? Voltou ao mercado, já vazio, e viu Ogum que a esperava. Perguntou-lhe o que havia feito da trouxa que ela deixara no formigueiro. Ogum fingiu inocência e declarou que nada sabia.
Iansã afirmou que sabia que ele escondera a pele e os chifres, insistindo para que mostrasse o esconderijo. Disse que se casaria com Ogum e viveria em sua casa, impondo algumas condições: “- Ninguém poderá me dizer: “Você é um animal!”Ninguém poderá utilizar cascas de dendê para fazer fogo. Ninguém poderá rolar um pilão pelo chão da casa”.
Ogum concordou e levou Iansã casa, onde reuniu suas outras mulheres e explicou-lhes como deveriam comportar-se. Ninguém deveria discutir com Iansã, nem insultá-la.
A vida organizou-se. Ogum saía para caçar ou cultivar o campo.
Iansã, em vão, procurava sua pele e seus chifres de búfalo.
Ela deu à luz uma criança, depois uma segunda e uma terceira. Ao final, teve nove filhos.
Mas as outras mulheres viviam enciumadas da beleza de Iansã e decidiram desvendar o mistério da sua origem. Uma delas embriagou Ogum com vinho de palma e ele revelou o segredo: contou que Iansã era, na realidade, um animal e que sua pele e chifres estavam escondidos no celeiro de milho.
Depois disso, logo que Ogum saía para o campo, as mulheres insultavam Iansã: “- Você é um animal! Você é um animal! Pode exibir-se, mas sua pele está no celeiro de milho!”
Um dia, todas as mulheres saíram para o mercado. Iansã correu para o celeiro e lá encontrou sua pele e chifres de búfalo. Vestiu-os e se sacudiu com energia. Quando as mulheres voltaram, investiu contra elas. Foi um massacre.
Iansã poupou apenas os filhos, dizendo-lhes que voltaria para a floresta, onde eles não poderiam viver. Mas deu-lhes os chifres de búfalo, com esta recomendação:
“- Quando estiverem em perigo, ou precisarem dos meus conselhos, esfreguem estes chifres um no outro. Em qualquer lugar que estiverem, e de onde eu estiver, escutarei suas queixas e virei socorrê-los”.
Eis por que dois chifres de búfalo estão sempre presentes nos assentamentos e firmezas de Iansã.
3- Iansã e o Macaco Ijimeré
Em certa época, as mulheres eram relegadas a um segundo plano, nas suas relações com os homens. Então, resolveram punir os maridos. Oyá era a líder das mulheres, e elas se reuniam na floresta.
Oyá havia domado e treinado um macaco marrom chamado Ijimeré, utilizando para isso um galho de atori (ixan), e o vestia com uma roupa feita com tiras de pano coloridas, de modo que ninguém via o macaco sob os panos.
Conforme Oyá brandia o ixan no solo, o macaco pulava de uma árvore e aparecia de forma alucinante, movimentando-se como fora treinado a fazer. Durante a noite, quando os homens por lá passavam, as mulheres (escondidas) faziam o macaco aparecer, e os homens fugiam, apavorados.
Cansados de tanta humilhação, os homens foram ver o babalaô para descobrir o que estava acontecendo. Através do jogo de Ifá, o babalaô conta-lhes a verdade e os ensina como vencer as mulheres através de sacrifícios e astúcia.
Ogum foi o encarregado da missão. Ele chegou ao local das aparições, vestiu-se com vários panos, ficando totalmente encoberto, e se escondeu. Quando as mulheres chegaram, ele apareceu subitamente, correndo, berrando e brandindo sua espada pelos ares. Todas fugiram apavoradas, inclusive Oyá.
Desde então os homens dominaram as mulheres e as expulsaram para sempre do culto de Egun. Hoje, eles são os únicos a invocá-lo e cultuá-lo. Mesmo assim, rendem homenagem a Oyá, na qualidade de Igbalé, como criadora do culto de Egun.
4– Oyá ganha de Obaluayê o reino dos mortos
Certa vez, houve uma festa com todas as divindades presentes. Omolu-Obaluayê chegou vestindo seu capucho de palha. Ninguém o podia reconhecer sob o disfarce e nenhuma mulher quis dançar com ele.
Só Oyá, corajosa, atirou-se na dança com o Senhor da Terra. Tanto girava Oyá, na sua dança, que provocava vento. E o vento levantou as palhas e descobriu o corpo de Obaluayê.
Para surpresa geral, ele era um belo homem. E o povo o aclamou por sua beleza.
Obaluayê ficou mais do que contente, ficou grato. Em recompensa, dividiu com ela o seu reino, fez de Oyá a rainha dos espíritos dos mortos: Oyá Igbalé, a condutora dos eguns.
Oyá então dançou e dançou de alegria.
Para mostrar a todos seu poder sobre os mortos, ao dançar, Ela agora agitava no ar o iruquerê, o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outro mundo. (Mitologia dos Orixás – Reginaldo Prandi – 2001)
5-Oyá Recebe o Nome de Iansã, a Mãe dos Nove Filhos
Oyá desejava ter filhos, mas não podia conceber. Consultou um babalaô, que lhe recomendou um ebó. Ela deveria oferecer um carneiro, um agutã, muitos búzios e muitas roupas coloridas.
Oyá fez o sacrifício e teve nove filhos.
Depois disso, quando ela passava em direção ao mercado, o povo dizia:
– Lá vai Iansã!- que quer dizer: a mãe de nove filhos.
E lá ia ela, orgulhosa,vender azeite de dendê.
Oyá não podia ter filhos, mas teve nove, depois de sacrificar um carneiro.
Em sinal de respeito, por ter seu pedido atendido, Iansã, a mãe dos nove filhos, nunca mais comeu carneiro.
E é por isso que seus adeptos também não tocam em carneiro.
6- Iansã percorre vários reinos para aprender
Iansã foi a paixão de Ogum, de Oxaguian e de Exu. Conviveu e seduziu Oxóssi e Logun-Edé e tentou, em vão, relacionar-se com Obaluayê.
Em Ifé, terra de Ogum, foi a grande paixão do guerreiro. Aprendeu com ele e ganhou o direito do manuseio e uso da espada.
No auge da paixão por Ogum, Iansã partiu para Oxogbô, terra de Oxaguian, onde aprendeu e recebeu o direito de usar o escudo para se proteger. Quando Oxaguian estava tomado de paixão por Oyá, ela partiu.
Pelas estradas, ela se deparou com Exu, com ele se relacionou e aprendeu os mistérios do fogo e da magia.
No reino de Oxóssi, Oyá seduziu o deus da caça, aprendendo a caçar, a tirar a pele do búfalo e a se transformar naquele animal, com a ajuda da magia aprendida com Exu.
Seduziu o jovem Logun-Edé, filho de Oxóssi e Oxum, e com ele aprendeu a pescar.
Depois, Oyá partiu para o reino de Obaluayê, pois queria descobrir seus mistérios e até mesmo conhecer seu rosto.
Lá chegando, tratou de insinuar-se, dizendo:
– Como vai, Senhor das chagas?
Obaluayê responde: – O que Oyá quer em meu reino?
Iansã lhe diz: – Ser sua amiga, conhecer e aprender, somente isso. E para provar minha amizade, dançarei para você a dança dos ventos! (Dança que usara para seduzir reis como Oxóssi, Oxaguian e Ogum).
Durante horas Iansã dançou, sem conseguir atrair a atenção de Obaluayê, pois ele jamais se relacionou com alguém.
Iansã então procurou apenas aprender, fosse o que fosse. E assim dirigiu-se ao homem palha:
– Obaluayê, com Ogum aprendi a usar a espada; com Oxaguian, a usar o escudo; com Oxóssi, aprendi a caçar; com Logun-Edé, a pescar; com Exu, aprendi os mistérios do fogo e da magia. Falta-me apenas aprender algo contigo.
Obaluayê retrucou: – Você quer mesmo aprender, Oyá? Então lhe ensinarei como tratar os mortos!
De início, Iansã relutou. Mas seu desejo de aprender foi mais forte, e com Obaluayê ela aprendeu a conviver com os eguns (espíritos de baixa luz) e a controlá-los.
Depois, Oyá partiu para o reino de Xangô, pois acreditava que lá teria o mais vaidoso dos reis e aprenderia a viver ricamente.
Mas, ao chegar ao reino do deus do trovão, Iansã aprendeu muito mais que isso…
Aprendeu a amar verdadeiramente e com paixão, pois Xangô dividiu com ela os poderes do raio e lhe seu coração…
7- As origens do acarajé
Segundo uma antiga história da África, Xangô, marido de Iansã, certa vez a enviou para uma aventura especial na terra dos baribas: buscar um preparado que daria a ele o poder de cuspir fogo.
Ao invés de obedecer ao marido, Iansã bebeu a alquimia mágica, adquirindo para si a capacidade de soltar labaredas de fogo pela boca.
Mais tarde, os africanos inventaram cerimônias que saudavam divindades como Iansã através do fogo. E, para isso, usavam o àkàrà, um algodão embebido em azeite de dendê, num ritual que lembra muito o preparo do acarajé.
O acarajé, que abastece o tabuleiro das baianas, é o alimento sagrado de Iansã.
Divindades assemelhadas:
Themis, Atena e Astreia- Divindades guerreiras da cultura grega, ligadas à Justiça e à ética
Nike- da cultura grega (equivalente a Victória, da cultura romana)
Bellona, Justitia- da cultura romana
Maat, Anat- da cultura egípcia
Durga, Indrani- da cultura hindu
Valquírias- Divindades guerreiras da cultura nórdica. Conhecidas pela luminosidade das suas armaduras, também chamadas “luzes do norte”
Maeve, Nehelenia, Andrasta- Divindades da cultura celta
Irnini, Inanna- Divindades guerreiras da cultura sumeriana
Ishtar- Divindade babilônica equivalente à Inanna sumeriana
Mah- Divindade da guerra da Capadócia
Daena- Divindade persa
Anat- Divindade mesopotâmica da guerra, da vida e da morte
Rauni- Divindade da cultura finlandesa
Perkune Tete- Divindade eslava
Características dos filhos de Iansã
Para os filhos de Iansã, viver é uma grande aventura. Enfrentar os riscos e desafios da vida são os prazeres dessas pessoas. Escolhem seus caminhos mais por paixão do que por reflexão. Não ficam em casa, vão à luta e conquistam o que desejam.
São atiradas, extrovertidas e diretas, jamais escondem seus sentimentos. Entregam-se a súbitas paixões e de repente esquecem, partem para outra, e o antigo parceiro é como se nunca tivesse existido. São extremamente fiéis à pessoa que amam, mas só enquanto amam. Os relacionamentos longos só acontecem em suas vidas quando controlam seus impulsos, sendo então capazes de viver para o resto da vida ao lado da mesma pessoa.
São audaciosas e ciumentas.
Vaidosas, altruístas e inteligentes, são tagarelas, alegres e animadas, fazem festa com tudo.
Comunicam-se facilmente e falam alto. Otimistas, despachadas e carinhosas, têm excelente disposição.
Tomam decisões rápidas e têm alto poder de imaginação.
Têm um forte dom para a magia e uma incrível capacidade de adaptação.
Trabalhadeiras, dedicam-se inteiramente àquilo que gostam.
Tendem a ser autoritárias e possessivas. Seu temperamento muda repentinamente, sem que ninguém esteja preparado para essas guinadas.
Na condição de amigos, revelam-se pessoas confiáveis. Mas, cuidado: os mais prudentes não ousariam confiar-lhes um segredo, pois se mais tarde acontecer uma desavença, um filho de Oyá não pensará antes de usar, como arma, tudo o que lhe foi contado.
Seu comportamento pode ser explosivo como uma tempestade, ou calmo como uma brisa de fim de tarde. Só uma coisa os tira do sério: mexer com um filho seu é o mesmo que comprar uma briga de morte, pois na defesa dos filhos batem em qualquer um, crescem no corpo e na raiva, não têm medida…
Quando oferendar: Para pedir direcionamento em qualquer setor da nossa vida; para obter equilíbrio emocional (quando a pessoa está muito alterada em suas emoções); para obter o amparo da Lei e da Justiça Divinas em qualquer situação conflituosa; para pedir proteção contra atuações negativas externas; para não ceder à tentação de revidar o mal que alguém nos tenha feito; para fazer movimentar e superar situações de estagnação que estejam se arrastando em algum setor da vida da pessoa.
Onde oferendar: Numa pedreira, num campo aberto, à beira-mar ou à beira de uma cachoeira (no encontro pedras/águas).
Oferendas:
1- Três velas brancas, três amarelas e três vermelhas; champanhe branco; licor de menta e licor de anis ou de cereja; rosas e palmas amarelas.
Montagem: Dispor as flores em círculo. Se a pessoa está pedindo auxílio para problemas internos (bloqueios íntimos, excessos emocionais etc.), as flores devem ser colocadas voltadas para dentro. Se a pessoa pede auxílio para problemas externos a ela, colocar as flores apontando para fora. Dentro do círculo das flores, despejar os licores. Em torno, firmar as velas, alternando as cores (1 branca/1 amarela/1 vermelha). Circundando toda a oferenda, derramar o champanhe.
2- 7 velas amarelas (ou vermelhas); 7 bananas descascadas e cortadas no sentido do comprimento; 7 pedaços de canela colocados em volta ou então sobre as bananas; mel para regar as bananas; palmas amarelas e/ou girassóis circundando as frutas; champanhe branco; 1 prato de papelão, pétalas de rosas amarelas e/ou vermelhas e folhas de laranjeira.
Dispor as frutas no prato de papelão forrado com pétalas de rosas e as folhas de laranjeira (ou diretamente sobre as pétalas e ervas). Colocar as flores em volta. Circundar tudo com champanhe branco (ou então colocar a bebida em 7 metades de maracujás limpas, sem a polpa).
3- Uma folha de bananeira; mel; canela em pó; 7 mangas descascadas e inteiras, regadas com mel; 7 maracujás inteiros; 7 copinhos com água de chuva; 7 velas brancas, 7 velas amarelas e 7 vermelhas.
Montar a oferenda sobre a folha de bananeira regada com mel e canela em pó (ou então sobre folhas de laranjeira ou até sobre pétalas de rosas na cores branca, amarela e vermelha). Colocar as frutas no centro, circular com os 7 copos com água de chuva. Circundar tudo com 7 velas brancas, 7 velas amarelas e 7 vermelhas (alternar: 1 vela branca/1 vela amarela/ 1 vela vermelha).
Amaci: Água de cachoeira, de rio, de fonte ou então água de chuva com rosas brancas, guiné e alecrim, macerados e curtidos por sete dias.
Cozinha ritualística:
1-Acarajé: 500g feijão fradinho, 3 cebolas raladas, 1 colher de sopa de sal, 1 garrafa de dendê. Deixar o feijão de molho de véspera. Retirar o olhinho preto e a pele. Triturar. Temperar com cebola e sal. Bater bem, com colher de pau, até virar um creme. Reservar a massa para fritar.
Fazer um molho: 500g de camarão seco, torrado e moído; 2 pimentas malaguetas, 1 cebola ralada, coentro fresco bem batido, 2 xícaras de dendê. Misturar tudo muito bem. Levar ao fogo por uns 10 minutos.
Fritar a massa às colheradas, em azeite de dendê quente, dourando os dois lados.
Abrir os acarajés com uma faca e rechear com o molho. Servir quente.
Oferendar num prato de papelão coberto com folhas de alface. Ou colocar diretamente sobre a alface (ou outra verdura).
2- Bobó de camarão: Temperar cerca de 1 quilo e meio de camarões médios com sal, pimenta, o suco de 2 limões, 1 maço de cheiro verde, 1 folha de louro picada e 2 cebolas raladas. Deixar em repouso por uns 30 minutos. Depois, refogar em 5 colheres (sopa) de óleo. Acrescentar 2 pimentões (sem pele e picadinhos) e 8 tomates (picados, sem pele e sem semente). Tampar e deixar apurar em fogo baixo por uns 15 minutos.
Cozinhar cerca de 1 kg de mandioca e 500g de mandioquinha, separadamente. Depois bater no liquidificador, com 2 copos de leite de coco. Juntar esse creme ao refogado de camarão e apurar mais um pouco. Acrescentar 2 colheres (sopa) de dendê e um pouco de molho de pimenta vermelha, a gosto. Deixar apurar por uns 5 minutos. Servir quente, com arroz branco ou com acaçá.
3- Abará: – Ingredientes: 500 g feijão fradinho; 6 folhas médias de bananeira cortadas em pedaços de 10 x 20 cm; 2 cebolas em pedaços; 250 gramas de camarão seco defumado, sem casca; 1 colher (chá) de gengibre ralado; dendê.
Deixar o feijão de molho na véspera. Retirar as cascas que se soltarem, lavar bem e coar. Bater no liquidificador até ficar bem quebrado Reservar.
Cozinhar a folha de bananeira no vapor por uns 4 minutos (até começar a murchar) e reservar.
Bater o feijão, a cebola, o camarão e o gengibre no liquidificador, até ficar uma massa homogênea. Juntar o dendê e misturar bem.
Enxugar bem as folhas de bananeira. Em cada uma, colocar uma colher da massa. Numa das pontas, sobreponha um lado da folha sobre o outro. Dobre as laterais para o centro, como uma flecha. Dobre para baixo. Repita a operação com a outra extremidade.
Cozinhar os abarás no vapor por 30 minutos, ou até dobrarem de volume.
Recheio: Passar o camarão no liquidificador. Fritar a cebola no dendê, até murchar. Juntar o camarão e refogar por uns 10 minutos, em fogo baixo. Se secar, junte um pouco de água.
Cortar o abará ao meio e rechear. Servir frio ou quente, na folha de bananeira.
4- Nove espigas de milho ligeiramente cozidas e regadas com mel. Oferendar sobre folha de bananeira.
5-Maçãs: Nove maçãs inteiras, com casca e bem lavadas; rosas vermelhas e pedaços de canela para decorar; mel o suficiente para regar.
Colocar as maçãs numa panela com água apenas para uma leve fervura (amolecer levemente). Retirar as maçãs, colocar numa bandeja ou prato de vidro ou de louça. Regar com mel e enfeitar com as rosas vermelhas e a canela.
6-Pepinos: Nove pepinos (do tipo gordinho), azeite de oliva, azeite de dendê e flores do campo amarelas e vermelhas (ou rosas) para decorar.
Cortar os pepinos (com casca e já lavados) em rodelas de espessura média.
Colocar o pepino fatiado num alguidar, em camadas.
Cada camada de pepino precisar ser regada: primeiro, com um fio de azeite de oliva; depois, com um fio de dendê.
Enfeitar com as flores.
Alguns Caboclos de Iansã: Caboclo 7 Ventanias (de Oxalá e Iansã), Caboclo Ventania, Caboclo Gira-mundo (de Oxalá e Iansã- “mundo”=espaço= Oxalá; e “gira”=movimento=Iansã), Caboclo ou Cabocla dos Ventos, Caboclo 7 Pedreiras (de Oxalá e Iansã), Caboclo Pedra Amarela (de Oxalá e Iansã).
Alguns Exus de Iansã: Exu 7 Chifres (de Oxalá=7; e de Iansã= chifre), Exu 7 Fagulhas (Oxalá, Xangô e Iansã), Exu Gira-mundo (de Oxalá e Iansã), Exu 7 Giras (de Oxalá e Iansã), Exu 7 Poeiras (de Oxalá, Omolu e Iansã), Exu Mangueira, Exu Corta Ferro (de Iansã e Ogum), Exu 7 Pedreiras (de Oxalá e Iansã).
Algumas Pombagiras de Iansã: Pombagira dos Ventos, Pombagira Ventania, Pombagira Fogueteira (de Egunitá e Iansã), Pombagira das 7 Giras (de Oxalá e Iansã), Pombagira Gira-mundo (de Oxalá e Iansã), Pombagira da Rosa Amarela.
TRONO | Feminino da Lei |
Linha/Sentido | Lei |
Campos de atuação | Lei e Justiça Divinas |
Atributo | Lei/Direcionamento |
Fator | Fator puro: Movimentador
Fator composto ou misto: Ordenador |
Essência | Eólica (Ar) |
Elemento | Ar |
Polariza com | Ogum, na Linha da Lei, formando um par puro no elemento Ar.
Também polariza com Xangô, na Linha da Justiça, formando um par misto nos elementos Fogo/Ar |
Cor | Amarelo. Também o vermelho. |
Fio de Contas | Amarelas; ou amarelas e brancas; ou amarelas e vermelhas |
Ferramentas | -Eruexim ou iruexim (chibata feita de rabo de cavalo e/ou de búfalo e atada a um cabo de osso, de madeira ou de metal, que Iansã segura em uma das mãos, quando dança, para impor respeito, proporcionar vento e espantar e/ou encaminhar os eguns. É o signo de poder yorubá);
-Espada flamejante de cobre, que faz dela a guerreira do fogo. (O cobre é um elemento metálico, de cor castanho-avermelhada, maleável, sendo um condutor de eletricidade e de calor.); -Dois chifres de búfalo- Símbolos de virilidade. Quando emitem som, eles proporcionam a fecundidade. |
Ervas | Alfavaca, arruda, buchinha do norte, calêndula, camomila, cana do brejo, cânfora, capuchinha, casca de laranja, cavalinha, chapéu de couro, cidreira, cipó cravo, cipó São João, erva de Santa Luzia, espada de Santa Bárbara, eucalipto, folhas de pitanga, folha de fogo, folhas de bambu, fumo (tabaco), hortelã, imburana, jurubeba, laranjeira, losna, mamona, picão preto, para-raios, tiririca, vence demanda, pinhão roxo, peregum rajado (dracena verde e amarela), pinhão branco, quebra-demanda, semente de girassol, sabugueiro, semente de imburana (cf. Adriano Camargo).
Mais ervas: Açucena, alfazema de caboclo, anil, brinco de princesa (a flor), catinga de mulata, colônia, cordão de frade (ou cordão de São Francisco), cerejeira, cipó azougue, cravo da índia, dormideira, erva prata, folhas de cajueiro, folhas de canela, folhas de cenoura, folha de louro, folha de manga, folhas de rosa branca, gervão roxo, gerânio rosa, gerânio vermelho, hibisco, mal-me-quer, menta (é um tipo de hortelã), orquídea, pessegueiro, samambaia, violeta, mitanlea, parietária. |
Símbolos | Espada, cálice, raio, os chifres de búfalo, alfanje, adaga de cobre, eruesin ou eruexin (espécie de chicote confeccionado com pelos de rabo de cavalo e encravados em um cabo de cobre, utilizado pela Divindade para “espantar os eguns”). |
Ponto de força na Natureza | As pedreiras e os caminhos. |
Flores | Palmas amarelas e vermelhas, rosas amarelas e vermelhas, açucena, tulipa, primavera, impatiens. |
Essências | Mirra, canela, cravo, pitanga |
Pedras | Citrino, cristal com enxofre. Dia indicado para a consagração da pedra: 5ª-feira. Hora indicada: 16 horas. |
Metais e Minérios | Metal: Cobre.
Minério: Níquel. Dia indicado para a consagração: domingo. Hora indicada: 16 horas. |
Saudação | “Salve a nossa Mãe Iansã!”- Resposta: “EPARREI, IANSÃ!” |
Planeta | Marte e o Sol |
Dia da Semana | Terça-feira |
Chacra | Laríngeo ou da garganta |
Saúde
Portais de Cura |
Glândula tireoide, garganta, ouvidos, pescoço, voz, maxilares, tubos branquiais, traqueia, parte superior dos pulmões, braços, esôfago. No aspecto emocional, diz respeito à nossa capacidade de comunicar e expressar a nossa vontade (saber dizer “sim” e “não”) e de nos colocarmos perante a sociedade.
Água de chuva, velas amarelas e vermelhas, pimentas amarelas, pedaços de bambu, flores (cf. Adriano Camargo). |
Bebida | Champanhe branco, licor de cereja, licor de anis, licor de menta, vinho rosê, água de chuva. |
Animais | Búfalo, borboleta, |
Comidas | Abacaxi, manga rosa, romã, pitanga, maçã vermelha, cereja, mamão, melão, moranga, pêssego, pitanga, caju, melancia, banana ouro, banana nanica, cenoura com mel, jambo, tangerina, laranja Bahia (laranja de umbigo), limão, uva rosa, cereja, grãos. (Obs.: A banana tem um simbolismo particular, pela cor amarela da casca e pelo formato da fruta, que lembra as “espirais” de Iansã.) |
Números | 13 e 09 |
Data Comemorativa | O dia 04 de dezembro. |
Sincretismo | Santa Bárbara, celebrada em 04 de dezembro.
Também é sincretizada com Santa Brígida. |
Incompatibilidades | Carneiro |
Qualidades | 1-Oyà Biniká; 2-Oyà Seno; 3-Oyà Abomi; 4-Oyà Gunán; 5- Oyà Bagán; 6- Oyà Onìrá; 7- Oyà Kodun; 8- Oyà Maganbelle; 9- Oyà Yapopo; 10- Oyà Onisoni; 11- Oyà Bagbure; 12- Oyà Tope; 13- Oyà Filiaba; 14- Oyà Semi; 15- Oyà Sinsirá; 16- Oyà Sire; e 17- Oyà Gbale ou Igbale (aquela que retorna à terra), que se subdivide em: Oyà Gbale Funán; Oyà Gbale Fure; Oyà Gbale Guere; Oyà Gbale Toningbe; Oyà Gbale Fakarebo; Oyà Gbale De; Oyà Gbale Min; Oyà Gbale Lario; Oyà Gbale Adagangbará. Estas Oyàs estão ligadas ao culto dos mortos. Quando dançam, parecem expulsar as almas errantes com seus braços. Têm forte fundamento com Omolu, Ogum e Exu. |
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Yansã. Umbanda e Deus, 2022. Disponível em: <https://umbandaedeus.blogspot
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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.
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