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Cultos Afro-americanos

Fundamentos do alcool, tabaco e oferendas na Umbanda

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Segundo áudio disponível no site da Tenda Nossa Senhora da Caridade (1ª tenda de Umbanda fundada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas) o próprio Zélio de Moraes explica sobre o sacrifício de animais dizendo não que é contra ou a favor ou condena tal atitude, mas simplesmente evita, assim como evita incorporação de Exu e crianças, devido a facilidade que espíritos de baixa vibração tem para se aproximar, se alimentar do sangue ou mesmo mistificar a incorporação. Essa história de que é errado é apenas ladainha de gente que não conhece o fundamento da coisa.

Veja bem, essa ideia de bem e mal e isso e aquilo é puramente humana. O sacrifício quando necessário deve ser feito  e manipulado por pessoa competente, preparada e com mão de corte para tal (mas qual pai de santo ou mesmo médium ignorante e prepotente não pensa ter o poder e o preparo necessário para isso né?) e ainda com pessoas a volta que não tenham “dó” do bicho e entendam o que está sendo feito e qual o motivo, para não abrir brechas na corrente onde os eguns e kiumbas possam se aproximar. Por essa razão é feito com alguns poucos médiuns de confiança da casa e a grande maioria nem fica sabendo.

Ainda sobre o sacrifício do animal, na maioria das casas de Umbanda que seguem o conhecimento raiz e não somente o espiritista de que tudo deve ser conforme a premissa espírita de Kardec (veja que a Umbanda foi criada justamente porque os kardecistas não permitiam a manifestação de índios e negros nas sessões por julgarem espíritos atrasados) geralmente é usado a energia vital (sangue) uma vez por ano para auxiliar na firmeza da casa, que recebe ataques astrais de todo tipo e a todo tempo, sendo assim, o guardião Exu que tem conhecimento e pratica da manipulação dessa energia vital para defesa, sendo o sangue, o sêmen e a lágrima os três líquidos vitais mais fortes que existem, faz seu uso de maneira a firmar o Congá para que resista ao longo do ano a todo tipo de ataque que sofre, por ser ali um lugar de batalha contra as forças do baixo astral. Pode ser citado ainda outra ocasião a qual é usado esse elemento na Umbanda, quando alguém realizou vários sacrifícios em demanda a uma determinada pessoa e a vibração de elementos mais sutis como flores, ervas, frutas e velas não são suficientes para criar um trabalho em contra-partida ao que foi realizado na demanda, necessitando assim do fluído vital para combater/desfazer essa magia negativa (com o sangue sendo manipulado por guardião experiente em conjunto com outros elementos)

Os maiores inimigos da magia sempre são a ignorância, prepotência e soberba daqueles que se julgam preparados a utilizar elementos sem conhecimento ou preparação necessária para tal.

No que diz respeito ao fumo e a cachaça, é realmente infantil eu diria, achar que o espírito guia da Umbanda ou Quimbanda precisa desses elementos por vício ou ainda pela “lógica de que tais espíritos desencarnados dos seus corpos físicos continuam apegados aos vícios adquiridos na vida terrena” Quando se encontram guias e guardiões com uma incorporação firme, eles sabem bem explicar o sentido do uso do tabaco e álcool.

A Umbanda segue como um dos seus quatro pilares, a pajelança que faz uso dos elementos da natureza para fins energéticos e espirituais (Pajelança/Candomblé/Cristianismo/Espiritismo) e dentro disso o uso do álcool bem como do tabaco entre as tribos é e sempre foi uma arte milenar; será que os índios eram viciados em tabaco ou bebida? Ou será que entendiam o fundamento e a força desses elementos?

O tabaco agrega em sí a força dos quatro elementos, terra, fogo, agua e ar. Terra enquanto planta firmada e germinada na terra, agua enquanto chuva que cai e irriga seu crescimento, ar enquanto ventos que forçam sua estrutura a permanecer crescendo e fogo enquanto luz solar. Existe ainda o fato de que o tabaco enrolado como charuto é aceso com FOGO e a fumaça exala o AR do seu aroma.

O álcool é a substancia de mais fácil combustão e mudança de estado (evaporação), enquanto evapora se torna etérea, mas antes disso podemos citar que era uma planta (terra) enquanto cana, que recebeu agua da chuva (agua), vento (ar) e luz do sol (fogo), enfim todos os atributos dos elementos enquanto energia material e sua correspondência astral, também é uma substancia própria para limpeza, pois é mais fácil tirar uma sujeira passando álcool do que agua

Você pode se perguntar porque não é usado a bebida somente no copo pelo guia ao invés da ingestão ou mesmo porque não se usa defumação e incenso ao invés do charuto. Pois bem, eu já me perguntei sobre isso e a resposta é simples:

Quando um médium vai para um trabalho de Umbanda/Quimbanda ele precisa se limpar; (preceito de não comer carne, não beber, não ter relações sexuais, banho de erva, defumação na gira e vela de anjo de guarda). Essa preparação e limpeza inicial facilita o trabalho de incorporação do espírito guia, pois a afinidade energética se torna mais fácil. Porém um guia incorporado quando está dando um passe energético, fazendo um descarrego, dando uma consulta ou mesmo fazendo algum tipo de trabalho magístico, está sofrendo choque de energias densas e negativas a todo momento, seja de cascões e larvas astrais, miasmas, eguns ou kiumbas que estão obsidiando os consulentes, para o guia é mais fácil segurar esses choques e ataques energéticos, porém ele está usando uma matéria (corpo do médium) para se manifestar e esse corpo também leva esses choques, isso é uma coisa lógica, então como o guia pode se valer, além de sua própria energia, para limpar o corpo e proteger o espirito do médium que está também ali presente durante essa batalha energética? Fumo e Álcool.

A fumaça limpa e desagrega energias externas, enquanto o álcool faz a limpeza interna da matéria. É simples e lógico quando existe um fundamento, não?

Porém, faço algumas ressalvas quanto ao uso desses elementos nos trabalhos:

  • Médiuns que tem problema com vicio de bebida e álcool devem evitar a todo custo o uso desses para limpeza, essas pessoas além de necessitarem se livrar do vício, precisam buscar com seus guias e o dirigente do terreiro outras formas de limpeza (banhos, defumações etc) e ainda, um médium com vício deve evitar trabalhos e consultas, ficando no máximo incorporado para dar firmeza a corrente, visto que pode servir de brecha para entidades do baixo astral;
  • O uso de bebidas e tabacos deve ser moderado, mesmo ao médium que não tenha problemas com vício, pois independente disso, é seu corpo que receberá a influência física do álcool e da fumaça, deve-se evitar tragar a fumaça também, pois todos sabem que a lógica física e química da inalação da fumaça é uma possível doença respiratória;
  • Entidades que exigem “marcas” de charutos e bebidas são apenas médiuns mascarados passando à frente de seus guias para aproveitarem e fazerem o uso material dos elementos, e não o uso astral e energético que seria o correto;
  • A maioria dos médiuns de má conduta ou que não buscam conhecimento terão manifestações mediúnicas de incorporação onde o guia não saberá responder a perguntas como “porque se usa álcool e tabaco nos trabalhos” e pela própria prepotência e ego de não saber ser honesto na resposta e dizer que não sabe, falarão qualquer tipo de besteira, para que não fiquem como médiuns ou entidades que não tem resposta para tudo;
  • A história de que a entidade pode beber um litro ou mais de bebida alcoólica e depois simplesmente “leva embora quando sobe” é apenas conversa de quem quer beber acima do limite, isso não se trata de espiritualidade, mas de lógica. A bebida vai ser absorvida e transformada no corpo material, passará pelo fígado e sairá na urina, não existe mágica ou magia nisso!

Quebrando alguns antigos tabus e deixando as mistificações de lado, buscando conhecimento e sendo sincero e humilde quando tratar a espiritualidade, podemos realmente aprender lições uteis e conseguir manipular energias em nosso favor através do ensino das entidades espirituais da Umbanda e da Quimbanda, pois como os Compadres mesmo dizem:

“Se for para beber e fumar, é mais fácil se encostar num balcão de boteco ao lado dos beberrões, pois lá não tem hora e nem limite para usar desses elementos”

FC


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