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Por Aluizio Fontenelle, Exu, 2ª Ed, Capítulo XVII.
Como a finalidade desta obra é tratar exclusivamente da entidade Exú, que nas diversas práticas do espiritismo é invocada segundo os rituais dos diversos cultos, necessário se torna que fiquem esclarecidos diversos pontos, os quais poderão servir de base para quem ainda desconhece integralmente o assunto em causa, bem como, para aqueles que, apesar de lidarem com essas mesmas entidades, praticam incoerências no modo de evocá-las; pois, não é qualquer praticante do espiritismo ou melhor da magia em geral, que sabe na realidade tratar com essa espécie de espíritos, isto, motivado pela falta de conhecimentos verdadeiramente reais no que diz respeito à falange de anjos decaídos, os quais, são os donos e senhores do planeta TERRA.
No primeiro capitulo deste livro, lhes foi dito que a terra, desde os primórdios da existência do mundo, foi dada como habitação para o POVO DE EXÚ, tornando-se chefe absoluto dessa poderosa falange, o anjo mau LÚCIFER; e ainda lhes foi dito que esses Exús permaneceriam na terra como espíritos em estado embrionário de formação. Como, porém, Deus permitiu que o homem após a remissão de suas culpas através das diversas encarnações, pudesse atingir novamente os páramos celestes, e para que houvesse o perfeito equilíbrio universal, necessário se tornaria a criação de um outro povo que pudesse dominar na terra ou no espaço, as entidades do mal que proliferavam assustadoramente sob o poder dominante de SATANAZ.
Assim sendo, concebeu o Deus misericordioso, a formação de um exército ainda mais poderoso que pudesse conter a fúria dos praticantes do mal, e foi então criado o “REINO DE ARUANDA”.
Essa denominação dada nas LEIS DE UMBANDA a esse denodado exército do bem, que conhecido como “POVO DE ARUANDA”, representa ou melhor: constituem todos os “ORIXÁS” que com as denominações de “pretos velhos”, “caboclos”, “hindus”, “muçulmanos” chineses”, “mongóis”, etc. etc., se manifestam nas práticas do espiritismo, em suas diversas modalidades.
Aos espíritos desencarnados e que na terra permaneceram cumprindo o seu KARMA, foi-lhes dado o nome esotérico de “EGUNS”, e são justamente esses espíritos os que, quando purificados, baixam com as denominações de “entidades”, “espíritos de luz”, “guias espirituais”, etc.; e que, quando não purificados, baixam na condição de “OBSESSORES”, até que sejam devidamente encaminhados para as escolas do espaço ou então, aguardarão a ordem suprema de nova reencarnação.
A denominação de “EGUN” é dada a todo espírito que passou pela terra como ser encarnado, e que tanto poderá ficar nos diversos planos espirituais em condições diversas, como também poderá voltar à terra em novo invólucro, isto é, para mais um resgate de culpa como ser vivente, ao qual denominamos de ente humano.
Os “EGUNS”, uma vez purificados podem se transformar em entidades superiores, e nesses casos, deixam de ser considerados como tal, passando a pertencer “POVO DE ARUANDA”.
Na Seita Kardecista, os seus praticantes lidam na maior parte com os “EGUNS”, e é por isso que as suas manifestações são em geral de pura doutrinação e nada mais; ao passo que na Umbanda, os “ORIXÁS” imperam, produzindo muito mais com relação às práticas espirituais, que são sumamente proveitosas, de vez que, os “EGUNS” nenhuma força possuem contra os agentes do mal, ao passo que os “ORIXÁS são os verdadeiros dominadores dos “AGENTES MÁGICOS UNIVERSAIS” ou simplesmente “EXÚS”.
É fato por demais conhecido por quantos praticam o Espiritismo, ver-se que nos “centros kardecistas”, as suas sessões são calmas, e a manifestação dos espíritos dos mortos é de molde a trazer o médium sempre em estado de perfeita consciência, devido à falta de força fluídica ou espiritual desses elementos que vêm à terra apenas para transmitir por meio da “PSICOGRAFIA”, “CLARIVIDÊNCIA”, “INCORPORAÇÃO”, etc. as pré-dicas e ensinamentos que possuírem na terra, quando aqui estiverem.
É preciso que se faça a devida comparação entre um “EGUN” e um “ORIXÁ”; pois, o “Egun” (Espírito dos mortos) pode ter muita luz espiritual, e nenhuma força fluídica; ao passo que o “Orixá” (Espírito puro) possui Luz Espiritual e Força Fluídica ao mesmo tempo.
Na Umbanda, as entidades denominadas “pretos velhos”, “caboclos”, etc. são verdadeiramente “ORIXÁS”, e por isso possuem força suficiente para dominar qualquer EXÚ, pois, outra não é a sua finalidade.
Quando um ser mortal que se encontra perturbado por falanges do mal bate as portas do kardecismo, se essa perturbação for causada por um “Egun” na forma de obsessor, pode ser curado por um praticante dessa seita. Entretanto, se a perturbação é causada por trabalhos de “magia negra”, consequência das irradiações feitas pelos EXUS, somente a UMBANDA poderá curá- lo; e, essa afirmativa é bem fácil de ser provada, pelo fato de que a entidade do mal, “EXÚ”, não é tão facilmente dominada, cabendo aos “Orixás da Umbanda” e Quimbanda a missão de resolver esses perigosos casos.
A Umbanda afasta tanto um obsessor como um Exu, contando com os seus “Pretos Velhos” e “Caboclos”.
A Quimbanda, também domina a qualquer um deles com o poder do próprio Exú, pois, os Quimbandistas nada mais fazem do que lidar com essa espécie de entidade.
Voltando agora a tratar do assunto que se prende a este capitulo, vamos fazer uma explanação rápida dos trabalhos que competem aos EXUS, quando são pelas “ENTIDADES DE LUZ” orientados ou mandados.
Apesar da força inconteste que possuem as falanges do mal, são os seus componentes, obrigados pela “LEI DIVINA”, a obedecer cegamente aos “ORIXÁS MAIORES e MENORES” que dominam os diversos planos espirituais. Assim sendo, quando um “Guia” qualquer, precisa executar um trabalho ou desmanchar qualquer malefício, serve-se do Exú como elemento mágico, para que ele mesmo faça ou desmanche o seu próprio malefício. É por esta e outras razões, que nas Umbandas, diz-se que os trabalhos de ALTA MAGIA, de Magia Negra, etc., têm a colaboração de todas as entidades quer do mal como do bem, para a realização das diversas práticas do espiritismo.
Para aqueles que conhecem verdadeiramente as Leis Espíritas nas suas diversas modalidades, não estranharão absolutamente o fato de encontrar ou de ver trabalhos de magia nos quais, através dos pontos cantados, riscados, etc., as entidades máximas se coadunam com os Exús, e tudo se resolve num perfeito equilíbrio de ordem e paz espiritual.
Vejamos por exemplo, este ponto cantado, no qual a entidade Xangô, usa. como evocação a força da falange de Exu Calunga:
PONTO DE XANGÔ NA IRRADIAÇÃO DE EXÚ CALUNGA:
Pererá-Xangô, na Calunga,
Pererá, Xangô.
Pererá nosso pai
Toma conta de filhos caburé, (Bis)
Ponto de Exú na irradiação de Xangô.
PONTO CANTADO DE OGUM, NA IRRADIAÇÃO DO POVO DE MALEI E DE NAGÔ:
Saravá Ogum
E a coroa de Lei!…
E a coroa de Lei!…
Ogum de Malei!…
Ogum de Nagô!…
Ponto riscado de Exu, na irradiação de Ogum.
Pontos de Exus, na irradiação de Cabinda de Guiné.
Para encerrar a terceira parte deste trabalho, vou dar em continuação mais alguns pontos cantados de Exús, e a seguir, na 4.º parte, tratarei de algumas considerações filosóficas sobre alguns pontos importantes dessas mesmas entidades, com as quais encerrarei esta interessante obra.
PONTO CANTADO DE XANGÔ (PRECE, DEFESA E DESCARGA):
Para segurar o terreiro quando dominado pelo povo de Exú.
Perêrê Xangô…
Oi perê Xangô na calunga,
Segura filhos de Umbanda,
Não deixa a Umbanda cair.
PONTO DE XANGÔ (DESCARGA DE OBSEDADOS POR “EGUNS”):
Lá no alto da pedreira,
A faísca vem rolando,
Aguenta a mão cabra de força,
Que a faísca vem queimando, (Bis)
PONTO DO CABOCLO SETE FLECHAS (NA IRRADIAÇÃO DE EXU CALUNGA):
Ele é caboclo, ele é flecheiro,
Bumba na Calunga.
É matadô de feiticeiro,
Bumba na Calunga.
Ele vai firmar seu ponto,
Bumba na Calunga,
E vai firmar é lá na Angola,
Bumba na Calunga.
PONTO DE COSME E DAMIÃO NA IRRADIAÇÃO DE EXU-MIRIM:
Egó, Egó, salve Cosme e Damião.
Vamos salvar todos os bejis
Camaradinhas chegou. (Bis)
Outro ponto de Cosme e Damião (irradiação de Exu)
Egô, Egô. Sarave Cosme e Damião (Bis)
Eu vou dizer a papai,
Camaradinha chegô.
PONTO DE CALUNGA DAS MATAS (Quimbanda):
O Cassange cadê Calunga?!…
Tá lá nas matas tocando macumba!…
PONTO DE PRETOS VELHOS:
(Para diferençar um “Egun” de um Exú, obrigando-o a desmascarar-se na sua mistificação.)
O dia amanheceu na Calunga!…
Tu fala direito na língua
Di Zambi!…
O dia amanheceu na Calunga!…
Tu tem que falá
Na língua di Zambi.
PONTO DE PRÊTO VELHO OU CABOCLO:
(Para segurança do terreiro contra o povo de Exú ou para entrega a essa entidade de uma demanda espiritual, com queima de fundanga (pólvora)
Só queima fogo é quem pode queimá.
Meu ponto é seguro, não deve falhá.
Só manda fogo é quem pode mandá.
Meu ponto é seguro, é de Pai Oxalá.
PONTO DE EXU NA IRRADIAÇÃO DE XANGÔ:
Ai minha Quimbandinha,
Exú tá de ronda,
Xangô tá chamando, êia-á!…
PONTO DE IRRADIAÇÃO DE EXU:
Eu fui no mato oh! ganga,
Cortar cipó, oh! ganga,
E, vi um bicho, oh! ganga,
De um olho só, oh! ganga. (Bis).
PONTO DE TODOS OS EXUS:
Marimbondo pequenino
Faz a casa no sapê.
Ho, ganga — é, é á,
Não segura no galho
Sinão ele quebra,
Ho ganga, é, é á,…
Ho ganga, (Bis).
***
Revisão final: Ícaro Aron Soares.
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