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por T.Q.M.B.E.P.N.
Antes da explanação, gostaríamos de realçar que não usamos nossas publicações para denegrir outras formas de veneração, afinal, estaríamos agindo contra um de nossos mais valorosos pilares: A Liberdade! A relação entre Exu e o Dinheiro é um tema controverso dentro da Quimbanda Brasileira, pois possui entendimentos contrários acerca da ação dos espíritos nesse campo. Dessa forma, estruturamos esse tópico a fim de que os adeptos possam encontrar fundamentos relevantes e desmistificarem conceitos errôneos e ultrapassados.
Sabemos que sem dinheiro não há como sobreviver na nossa sociedade. Em outras culturas talvez isso seja possível, mas definitivamente não é nossa realidade. O dinheiro é a base e o topo de diversos microssistemas que nos cercam e quando não o possuímos tudo se torna difícil. A comida, estudo, moradia, higiene, transporte, comunicação, dentre outras necessidades básicas são movidas pelo combustível monetário.
A relação que explanaremos é até onde o dinheiro pode influenciar a evolução espiritual. Ter dinheiro é um erro? Viver em boas condições, cursar uma boa escola, se alimentar corretamente, acompanhar a tecnologia e ter poder de compra são formas de enfraquecimento do espírito? Em meio ao exposto, onde entra Exu?
Talvez a resposta para todas essas questões esteja na forma como enxergamos o dinheiro. Em primeiro lugar, se entendermos que o mesmo é um Deus estaremos submissos ao seu poder e ergueremos um altar identificando-o como ‘Dono da Terra’, a força capaz de nos matar ou promover libertação e júbilo. Quando isso ocorre o ser-humano esquece sua evolução e sucumbe aos prazeres ilusórios proporcionados pelo dinheiro como se estivesse preso às teias visíveis e invisíveis tecidas por esse poder. O desconhecimento dessa ação hipnótica e escravista é largamente usado pelos agentes espirituais do ‘Falso Deus’ como forma de entorpecimento coletivo e individual. Milhares de mensagens diretas e subliminares invadem nossos campos energéticos insistentemente a fim de fortalecer os gomos das correntes escravistas o que gera a formação de seres alienados, sem conceitos próprios e conduzidos conforme a melodia silenciosa do Sistema Escravocrata. O dinheiro acaba sendo um meio de escravizar e cegar o rebanho. Dentro desse enredo nasce a pobreza e a riqueza.
Ação restritiva do Sistema: Os Escravos e os Libertos
Ao nos tornarmos sabedores do escravismo implícito e explicito na ação do dinheiro temos duas opções: Dominarmos os impulsos escravistas e de forma consciente usarmos essa energia em benefício próprio (material e espiritual) ou aceitarmos a pobreza material, exaltarmos a riqueza espiritual e nos sujeitarmos às dificuldades e restrições.
Nós entendemos que a segunda opção, tão exaltada por certos ocultistas, é apenas uma evasiva para dar um significado à pobreza material e espiritual que os norteia. O discurso dessas pessoas alega que viver com o mínimo estimula a ‘Chama Interior’ (motivada pela revolta e ódio) e fortalece a escalada espiritual. Usam como exemplo os Aghoris (membros de uma Corrente Tântrica Shivaista) que vivem em estado de renuncia, mas exalam espiritualidade e poder. Correlacionam viver com pouco dinheiro à libertação de certas estruturas e alguns ainda nutrem repulsa pelos que alcançam certos patamares financeiros. Essas pessoas se sentem superiores por conseguirem sobreviver à pressão imposta pelo Sistema sem serem corrompidas pelas fontes monetárias usando como premissa maior o fato que não possuem necessidades ou desejos que o dinheiro possa adquirir, pois suas riquezas estão apenas nas benesses espirituais. Procuram se relacionar apenas com pessoas que comungam da mesma opinião e costumeiramente escarnecem de grupos que exaltam a ascensão financeira e o uso das forças espirituais como forma de alcançar o crescimento mundano.
Nosso Templo entende que inconscientemente tais pessoas estão estabilizadas à situação que vivem em estado de passividade e aceitação usando como subterfúgio o desapego como forma de esconder o constante estado de dificuldade, pois são vítimas da inércia emanada pela Fonte ao qual se dizem contrárias. São adeptos da autoimagem negativa, escondidos atrás de estereótipos cristalizados, cuja trajetória é oculta nos escombros de uma suposta ‘dignidade’. Pessoas dessa natureza tem medo de sair de suas ‘zonas de conforto’ onde podem apontar seus olhos para seus semelhantes visionários e julgá-los dentro de seus padrões morais e éticos. São beneficiários das esmolas espirituais, assim como seus antepassados recentes que comungavam o ideal de que a plenitude da jornada evolutiva só é ofertada aos que vivem na pobreza doando sua vida aos preceitos cristitas. Alguns vivem em um constante estado de frustação, pois possuem projetos que não prosperam enquanto aguardam uma hipotética melhora para sanar suas angustias, outros não possuem projeto algum e vivem aguardando o despertar da luz interior para conduzir suas mudanças e os mais ‘cegos’ são aqueles que buscam incansavelmente a evolução espiritual atrelados ao servilismo e a conceitos estáticos e errôneos.
Relacionar-se com tais pessoas é muito difícil, pois toda crítica vira objeto de discussão e guerra. Não aceitam que uma pessoa que vive em melhores condições financeiras encontre-se em um grau de evolução superior ao delas e vão procurar todo tipo de ‘fenda’ para ataca-las e diminuí-las. Uma pessoa desperta e espiritualizada pode ser bem sucedida, pois seus impulsos modelarão incisivamente o destino alinhando seus desejos ao compromisso espiritual de evolução. Não estamos falando de pessoas atreladas ao dinheiro, escravas de suas tendências, consumistas exacerbados e viciados em poder; estamos falando de pessoas que buscam no dinheiro as benesses que o mesmo pode oferecer sempre se questionando sobre a necessidade de ter. O poder de compra é um punhal de dois gumes, mas nas mãos certas é apenas uma faca simples, cujo movimento não trás reflexos negativos àquele que a porta.
Todo adepto deve entender que a vida gera necessidades e que nenhum espírito da Quimbanda deseja que a trajetória tenha como referencial a pobreza e miséria. A Quimbanda Brasileira é um culto necrosófico aos Mortos que adquiriram, através da Luz Luciférica, um completo desprendimento das amarras escravistas impostas pelo Sistema e esses espíritos, enquanto presos na matéria, viveram em estados de pobreza ou riqueza, porém, conhecem todas as dificuldades e necessidades que norteiam o homem. A riqueza ou a pobreza não são referenciais para se alcançar a libertação espiritual, entretanto, a forma com que convivemos com esses estados é o que determina nossa evolução.
A Pobreza e a Miséria: Os dois caminhos
Antes de continuarmos, entendemos que é necessário mostrar a diferença entre pobreza e miséria. A pobreza é um estado relativo. Dentro da sociedade de orientação capitalista o entendimento de pobreza difere-se muito, pois essa classificação está diretamente ligada ao poder de compra. Todavia, a pobreza está associada à expectativa, ao ato de gerar para sobreviver. Estamos nos restringindo a falar sobre os aspectos materiais e não sentimentais, pois existem inúmeros casos onde as pessoas com baixa renda gozam de tranquilidade sentimental. Aliás, esse assunto, sob nossa visão, também não está associado ao ter ou não ter. A pessoa que vive com pesadas restrições monetárias, dependente do Estado para sobreviver, ao contrário do que as Igrejas manipuladoras pregam, não evita o supérfluo, ao contrário, não pode tê-lo. O poder de compra limitado às necessidades primordiais é o que define a pobreza. A miséria é um pouco mais aguda, pois as pessoas que vivem nesse estado não possuem condições básicas para a sobrevivência. Assim como os pobres, também dependem do Estado para garantir seus Direitos e são os mais atingidos pelos problemas de administração publica e privada.
Existem duas qualidades de pessoas que vivem na pobreza e na miséria:
Os conformados com seu estado inerte;
-
Os que lutam para sair desse ciclo escravista.
A diferença entre as duas qualidades está nas atitudes que os diferem. Quem enfrenta a pobreza com pensamentos progressistas e luta de forma dinâmica para sair desse estado através de ações positivas, enfrentando todas as dificuldades, aprendendo tirar proveito dos erros, focando-se nas soluções e administrando sua vida, emana a vitória e certamente será contemplado pelos seus esforços. Os conformados viverão no mesmo estágio de maneira cíclica até que algum membro familiar quebre-o através de atos dinâmicos.
Exu e a Ação do Dinheiro
No primeiro volume dessa obra descrevemos todo enredo histórico e esotérico que relaciona o nome de Èsú (deidade africana) com os Exus da Quimbanda. Dessa forma torna-se primordial ter lido esse capítulo para o integral entendimento do que estaremos tratando. Resumidamente, o nome africano Èṣú possui características que foram absorvidas, modificadas e por vezes descaracterizadas para ser usado como título pelos Poderosos Mortos.
Encontramos em um antigo Órikì trechos que alicerçam a relação que Èsú possui com o dinheiro e a ascensão financeira.
“Èsú k΄òni ohun-àrà-lọjà.
Egúngún-ọbá-gbé-m΄ilé.
Ó gbá tãra-rá-l΄ọjà-lo.
Èṣú ko ta, bẹ̃ni kò rà.
Bẹ́ẹ̀ si nkọ´mú owó Iọwọ´.
Ãpọn ni Ẹlẹ́gbará wá lo…”
Ao traduzirmos encontramos:
“Exu hoje há coisas novas no mercado.
Ancestral soberano erga minha casa.
Nós aceitamos espontaneamente comprar mais e mais no mercado.
Exu não exponha à venda, assim encontramos e compramos.
Compramos em pequena quantidade por um longo período; quando receberemos dinheiro nas mãos?
Persistentes, nós, Senhor do poder, procuramos por mais e mais…”
Esse trecho é de um Òrikí dedicado ao Èṣú Oláàlú (ou Lalu –como se escreve no Brasil) que é uma variante da deidade africana. Dentro dos cultos de matriz africana Oláàlú é o ‘Exu da Riqueza’ da cidade, possuidor de uma face fascinante e capaz de aumentar permanentemente as oportunidades.
Dentro da Quimbanda Brasileira existe, em raros casos, a manifestação de uma legião que se apresenta como ‘Lalu’. Estão conectados ao Reino da Lira e exercem suas funções junto ao Exu Chama Dinheiro e Exu do Ouro. Sua principal função é proporcionar condições financeiras para que os adeptos possam suprir suas necessidades primordiais com abundancia (não tem relação com o desperdício). Existem alguns adeptos que alegam a dissociação da Quimbanda com Exus que se apresentam portando em seus nomes-títulos referencias aos Exus africanos. Nós entendemos que essa afirmativa não se enquadra dentro do processo formador dos Povos de Exu, afinal, muitos Exus receberam seus nomes pelo meio comparativo, ou seja, um espírito que se manifestava com qualidades similares à deidade africana recebia o mesmo título (alcunha) como, por exemplo, os Exus Marabô e Tiriri e o próprio Omulu Rei.
Exu Lalu é a prova de que a Quimbanda não é um caminho que exalta a pobreza (material e espiritual) como atitude evolutiva. Apesar de não ter relação alguma com a deidade africana que inspirou seu título e nome, esses espíritos possuem características muito similares, principalmente no que diz respeito à severidade e prosperidade. No mesmo Òrikí citado anteriormente, encontramos mais alguns trechos que corroboram com essa comparação:
“Ó wú tú tú tu…”
Você acrescenta, dá, derrama e ajuda…
Exu tem a capacidade de visualizar a dificuldade e a luta por melhores condições, trazendo a seus adeptos menos favorecidos, através de seu poder ígneo e dinâmico, melhoras financeiras. Os seguidores antigos retratavam que a ascensão material era motivo de inveja e clamavam para Exu não as manipularem:
“Sĩ Elégbà lara.”
Durante algum tempo, pessoas de qualidade notável sentirão inveja.
“Èṣú máṣe mi, ọmọ ẹlòmíràn ni o ṣe.”
Exu não me manipule. Outra pessoa deve ser manipulada.
Nesses trechos, fica evidente que o Povo antigo sabia que a ação de Exu poderia manipulá-los, ou seja, acorrenta-los a uma suposta felicidade monetária. Pediam o crescimento, mas ao mesmo tempo sabiam que isso causaria inveja até de pessoas mais favorecidas. Acreditamos que tais pessoas são as viciadas no poder que o dinheiro proporciona, completamente enroladas nas teias do Sistema.
Não vamos nos restringir apenas ao Òrikí para tecermos nosso estudo. Entendemos que o dinheiro, por ser uma força gerada pós-criação, pode ser um instrumento usado pela evolução e sua contraparte. Da mesma forma que o ‘Falso-Deus’ hipnotiza e acorrenta seus rebanhos, Exu também pode se apropriar desse poder segundo seus objetivos. Sua ação caótica tendência destruir individualmente e coletivamente. Essa destruição pode visar um recomeço ou mesmo um fim.
O Dinheiro e o Reino da Lira
Segundo nosso entendimento, o dinheiro é uma força que se faz presente em todos os Reinos de Exu, entretanto, ocorre com maior frequência nas relações dominadas pelo Povo da Lira. Para aqueles que não conhecem a ação desse Reino transcreveremos nossa definição:
“Na Quimbanda, o “Reino da Lira” é um espaço astral composto por toda essa legião que circundava o mundo dos negócios, da sedução e dos cabarés. Prostitutas, cafetões e cafetinas, senhores abastados (banqueiros, políticos, fazendeiros), jogadores e apostadores, artistas circenses, ciganos e ciganas, viciados em sexo e luxúria, assassinos passionais, traficantes, dentre outros seres. Seus pontos de força são os cabarés, motéis, boates, discotecas, bares, casas de aposta, porta de bancos, locais onde existam circos e outras atrações do gênero, casas antigas, casas de espetáculo e museus. Todavia, o as legiões da Lira também respondem em quase todas as partes das cidades urbanizadas.
Os Exus e Pombagiras desse Reino são seres espertos e ladinos, aptos e sempre prontos para os golpes de boa sorte. São portadores de caminhos para as riquezas materiais e satisfações carnais. Podem levantar da miséria os adeptos dando oportunidades de trabalho, retirando pessoas dos vícios e depressões, em contrapartida, obscuramente são seres que “chafurdam” os humanos nos vícios e na luxúria descontrolada. Capazes de iludir e enevoar, levam as pessoas a completa derrota em todos os sentidos. Não sentem piedade em escravizar e manipular os humanos fazendo-os cometer barbáries e sandices, além de corromper todos os pilares morais individuais.” (Coppini, Danilo. Quimbanda- O Culto da Chama Vermelha e Preta. Editora Capelobo. SP-2015).
Essa definição encaixa-se perfeitamente com o Òrikí descrito anteriormente. A ação do Reino da Lira é dinâmica e forte o suficiente para retirar uma pessoa da miséria e pobreza e coloca-la em uma situação de conforto (não confundam com inércia). O adepto deverá entender que a pluralidade de Legiões tem um propósito global, porém, tudo se inicia no campo individual. Um adepto desperto pode evocar e invocar essas energias para promover as mudanças necessárias em sua vida e o dinheiro, ao invés de ser uma armadilha ou objeto repudiado, passa ser uma arma contra o próprio Sistema.
Como dito anteriormente, possuir ou não dinheiro não determina o grau de evolução. O objetivo que galgamos é mostrar aos adeptos que a evolução pode ser encontrada sem contrastar com a quantidade de dinheiro que cada um possui. Exu não é capitalista ou socialista, Ele é individualista e jamais carregará fardo de ninguém. O esforço individual (material e espiritual) é o que determina a ação de Exu. Infelizmente, existem os seguidores que desconhecem a ação do Reino da Lira e são contrários à ascensão financeira. Como descrevemos anteriormente, o verdadeiro Quimbandeiro jamais poderá ser estático, pois se assim agir, receberá energias nocivas das próprias forças que cultua. Exu não é contra e nem a favor da pobreza, mas certamente é inimigo da estagnação.
Ter não significa ostentar e posses não significam desperdícios. Dominar os instintos através do autoconhecimento faz do adepto um ser apto ao confronto e ao comando de tais forças. A prosperidade é fruto de uma mudança de atitude espiritual, física e mental que transforma o adepto em um manipulador, repleto de escolhas e caminhos, com visões objetivas e otimistas. O ideal da Quimbanda é a destruição das limitações e isso reflete no dinheiro, no trabalho, nos relacionamentos e nas amizades.
O Dinheiro e o Desapego
O desapego é a palavra mais citada quando o assunto dinheiro e espiritualidade estão em pauta nos meios ocultistas. Desapegar-se significa que algo ou alguém não tem a menor importância, é indiferente ou desinteressante. É o ato de desprender-se de alguma situação. Pois bem, até que ponto somos apegados ao fruto do nosso suor e da ação espiritual dos Mestres que nos tutelam? Se a palavra desapego for levada de forma restrita, não temos porque pedir a Exu (mesmo que desperto) qualquer tipo de benesse financeira. O estado de pobreza e miséria nos bastaria.
Para a Quimbanda Brasileira o desapego é considerado relativo. Entendemos que o que tudo que alcançamos nos custou algo. Tempo, dinheiro, dedicação, suor, enfim, a conquista depende da energia que dispendemos. Não podemos confundir o apego com a obsessão. O apego não pode ser classificado apenas como uma dedicação excessiva a algo ou alguém, pois também simboliza uma relação afetuosa, simpatia ou bem-querer. Essa relação afetuosa só se torna escravista se acreditarmos na atemporalidade das coisas. Quando nos apegamos de forma demasiada, viciante e acreditamos ser possível preservar algo além do tempo natural, condicionando nosso emocional à presença constante desse fardo, deixamos de exercer o apego e nos tornamos obsessivos.
Dar valor ao fruto das nossas conquistas não é obsessão desde que não interfira nas demais ações evolutivas. Enquanto algo nos é útil (devemos refletir muito antes de assim classificar), nutrimos boas vibrações ao estarmos em contato e principalmente acreditarmos na sua função em nossas vidas, classificamos como apego. Isso não é aplicado apenas ao dinheiro, mas a todos os bens materiais, sentimentos, relacionamentos, conhecimentos e ideias. Se o adepto começar se sentir cerceado por qualquer coisa, enxergando claramente um eminente perigo de obsessão, deve, após reflexão, iniciar o processo de desapego.
O desapego não deve ser aplicado a tudo que construímos, pois cada ‘pedra que formou nossas casas’ teve o seu valor, nos guarda, protege e garante que não fiquemos expostos às variantes da natureza. O desapego deve ser incitado quando essas pedras possuem ganchos que nos acorrentam a elas e podem nos puxar para o fundo das águas.
O dinheiro e os bens materiais que nosso esforço e a ação de Exu nos proporciona são itens necessários para nossa evolução. Importante salientarmos que o homem tem a tendência natural de acumular as coisas pensando em catástrofes, ou seja, o medo de não conseguir ter o poder de compra que o capacite adquiri-los novamente. Esse medo gera o sofrimento e nesse exato ponto o dinheiro e o poder de compra tornam-se uma doença. Esse aspecto protecionista é extremamente escravista e o medo da incerteza é um entrave para galgar novos horizontes. Exu é o oposto do medo, é a abertura de novos horizontes, é a disciplina em saber exatamente a diferença entre nossos desejos reais e banais. As duas polaridades de Exu nos ensinam que existe a necessidade dinâmica e receptiva e ambas devem estar em harmonia, sob pena de nos acorrentarmos pelos próprios anseios.
Não ter pode estar relacionado a uma forte decisão ou ao medo. Essa é a chave para a vitória na vida. Nosso júbilo caminha em uma lâmina onde de um lado está o vício acumulativo e do outro a miséria destrutiva. Cabe-nos compreender que nossos pés são cascos capazes de andar sem serem cortados e a nossa mente é o bastão que nos dá o equilíbrio.
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