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O candomblé não tem imagens para representar os orixás, o que representa um orixá é o seu Igbá (assentamento), ao olharmos um Igbá é como se estivéssemos olhando para o Orixá. Existem representações em forma de desenhos e esculturas mas que são frutos apenas de criatividade de artistas e não tem uso litúrgico.
Um dos principais usos que se dá a ele é receber os Ebós, que são sacrifícios de todo o tipo (entendendo que o sentido de sacrifício na religião não envolve o uso de sangue em si. Um sacrifício por ser qualquer oferenda que vai se converter em axé).
Assentamento de Orixá no Candomblé
O assentamento de Orixá é uma representação do orixá no espaço físico, no mundo, no aiê (terra). Dessa maneira, cada Assentamento representa um Orixá através de um recipiente e seu conteúdo.
O Assentamento é feito usando materiais que estão ligados ao Orixá que ele representa. Assim o material e o seu conteúdo ajudam a estabelecer a relação, devendo ser utilizados sempre elementos completamente afins com o Orixá e que traduzem a matéria original do Orun. Conhecer essas relações e afinidades é parte do aprendizado do iniciado.
Esses recipientes podem ser de porcelana, barro ou madeira de acordo com o orixá que ele representa. São usados elementos físicos comuns, como tigelas, sopeiras, gamelas e alguidares.
Sua função não é trazer o orixá para o médium, até porque os orixás já estão presentes em nossa vida o tempo todo. O assentamento é, de fato, um dos elementos mais importantes e significativos por traduzir a contínua relação entre o Orun e o Aiê. Ele representa o reconhecimento da existência do espaço espiritual, o Orun, e a ligação perene que existe entre os 2 espaços (Orun e Aiê) na forma de um contínuo duplamente alimentado e da circulação, transformação e reposição de axé. Dessa maneira o seu valor não está somente na sua existência como instrumento ritualístico, mas também no que ele representa.
Sempre junto ao Assentamento fica uma quartinha contendo água pura, que deverá estar sempre sendo renovada a cada ativação.
Como fazer o Ossé:
O Ossé deve ser feito pelo próprio médium, dentro da casa dos orixás, e sem a presença de nenhum outro médium a não ser algum dos Pais e Mães da casa.
- Preparar 2 bacias com água limpa e uma com o amaci do orixá.
- Colocar uma esteira no chão com as bacias sobre ela.
- Recomenda-se rezar para o Orixá durante o Ossé.
- A partir deste ponto o médium deve permanecer em respeitoso silêncio, ou então cantando baixinho pontos para seu orixá.
- Remover o assentamento do local onde está pedindo licença ao Orixá e colocar também sobre a esteira.
- Na primeira bacia colocar um pedaço de sabão da costa e uma “buchinha” feita de palha da costa.
- Remover um a um os elementos contidos no assentamento e ir colocando-os na primeira bacia.
- O excesso dos elementos líquidos do assentamento pode ser despejado num recipiente a parte para serem despachados posteriormente.
- É importante neste momento tomar cuidado para não deixar nenhum elemento para trás junto com o que será despachado.
- Cada elemento deve ser lavado com sabão da costa e esfregado com sabão da costa; depois lavado na segunda bacia (com água limpa); e por fim colocado na bacia com o amaci.
- Após todos os elementos serem limpos, a louça do assentamento deve ser igualmente limpa.
- Depois que todos os elementos e as tigelas estiverem devidamente limpos o assentamento deve ser remontado.
- Atenção neste momento para colocar a Otá na mesma posição em que estava antes.
- Em seguida o assentamento deverá ser novamente ativado com os elementos líquidos apropriados (mel, azeite doce, azeite de dendê, etc.) de acordo com o orixá.
- Por fim, o Assentamento deve ser colocado de volta no seu lugar juntamente com uma vela acesa.
Ativando o Assentamento de Orixá:
- Colocar somente o necessário, dos elementos líquidos (mel, dendê, etc.) sem exageros.
- Transmita a ele somente energias positivas.
- Não colocar NADA dentro do seu assentamento que não diga respeito ao material inicial que foi usado para prepará-lo (papéis com nomes inclusive).
- Não colocar sob o assentamento nomes de terceiros mesmo que seja com a melhor das intenções.
- Evite que outras pessoas zelem por ele, a obrigação é sua.
- Limpar apenas o local onde ele estiver colocado. O Assentamento assim como seus elementos internos devem ser limpos através do Ossé, seguindo a ritualística apropriada.
Assentamentos de Exu:
No caso dos assentamentos de Exu a preparação (uso de elementos ligados à entidade) é bem semelhante, variando alguns elementos de acordo com a área de atuação do Exu (cemitério, estrada ou encruzilhada) e de acordo com alguma solicitação da própria entidade.
Normalmente na Umbanda não existem assentamentos para os Exus (entidades) sendo usadas tradicionalmente imagens masculinas com referências ao diabo cristão e seus equivalentes femininos.
Na SEMAV (Sociedade Espiritualista Mata Virgem) optamos por utilizar assentamentos semelhantes aos do candomblé, pois não aceitamos esse “sincretismo” dos nossos exus com o diabo cristão; e nem a associação das pombo-giras com imagens de mulheres seminuas ou desrespeitosas.
Os assentamentos de Exu diferem do assentamento dos Orixás pois tratam-se não só de referência à energia do local de trabalho dos mesmos, mas também de verdadeiros Para-Raios onde as entidades descarregam determinadas energias.
As entidades costumam colocar em seus assentamentos papéis com pedidos e nomes de pessoas que precisam de ajuda.
Junto ao assentamento de Exu podem ser oferecidas flores, bebidas, fumo, incenso de acordo com a preferência da entidade.
A ativação é feita sempre com cachaça e dendê (ou mel em alguns casos).
Junto ao assentamento também fica uma quartinha contendo água pura, que deverá estar sempre sendo renovada a cada ativação.
Firmezas:
Podemos entender por firmezas os assentamentos coletivos.
Estes são cuidados pelos Pais e Mães da casa ou por um Cambono de Terreiro que é um médium preparado para esta atividade.
A função de uma firmeza e atrair para si energias positivas e distribuí-las para todos ou, atrair para si e eliminar todas as energias negativas que possam chegar até o local.
Exemplos de Firmezas:
Nas casas de umbanda, temos firmezas na tronqueira, no Ogum de Ronda e também no centro do terreiro no alto. (Consagrada à Iansã no nosso caso).
Alguns médiuns podem ter também em suas casas por solicitação dos guias firmezas para a proteção do seu lar.
Em alguns casos firmezas também são solicitadas para estabelecimentos comerciais para proteção e atração de energias positivas, facultando prosperidade dos mesmos.
Ás vezes as entidades também pedem firmezas em escritórios ou locais de reuniões como forma de buscar equilíbrio e boas relações entre os funcionários e participantes.
Fonte: Assentamentos e Firmezas. Curso de Umbanda, Sociedade Espiritualista Mata Virgem,
Texto revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.
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