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Rafaella Fernandez [1]
A palavra conjurar tem por significado, suplicar, rogar.
Na bíblia, em Timóteo 4:1. “Conjuro–te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e seu reino.” Percebemos um tom mais incisivo, como um pedido que não pode ser negado.
O Conjure é uma tradição dentro da magia africana (tal como o Hoodoo Haitiano, o Vodu e Hoodoo no sul dos Estados Unidos, Candomblé, Umbanda, Quimbanda, Batuque, Santeria e outros).
No sul dos Estados Unidos surge o Conjure, como tradição oral e familiar, a idéia do Conjure é que suas práticas sejam simples, vamos lembrar aqui que se trata de uma tradição de matriz afro, de um povo que veio escravizado e que seus descendentes carregariam, até hoje, o peso de seculos de escravidão de seus antepassados.
O Conjure era praticado por pessoas pobres, que necessitavam que os itens utilizados fossem de fácil acesso, em boa parte das vezes encontrados em solo local.
Das influências.
Como dito no texto sobre Introdução ao Vodu, tudo se inicia com a grande diáspora africana que ocorreu forçadamente trazendo africanos ms Américas como escravos.
Por se tratar de tradição oral, derivada de diferentes povos, especialmente da região do Benin na África Ocidental, no caso os povos de tradição Yorubá, Fon e Ewe. Encontramos variantes quanto a forma de culto e práticas em cada local.
A alternativa encontrada para que as práticas sobrevivessem a uma conversão forçada, e pudessem seguir passando de geração em geração, foi exatamente a incorporação de determinados elementos do catolicismo.
Aqui foram inseridos o uso de velas, de santos católicos e da bíblia.
Com a chegada dos franceses temos a inclusão de perfumes e com a tradição indiana veio o uso de óleos.
Não podemos esquecer que em toda a américa havia diferentes tribos indígenas locais, com diferentes crenças e práticas existentes há milhares de anos. Cada local sofreu influência de forma diversa, somando diferentes práticas (presentes no local onde se fixaram), como o uso de diferentes curiós (ervas, cascas, raízes, etc) presente nos rituais feitos no Conjure (já que diversas ervas usadas originalmente não eram encontradas no novo mundo).
Essa contribuição, somou, de diferentes formas, em diferentes lugares aos diferentes cultos presentes na américa.
O que temos então, são diferentes tradições de mesma raiz e diversos pontos em comum.
Do Conjure.
O Conjure nasceu da necessidade de sobrevivência, nasceu dos ancestrais (aqueles que foram capturados e levados contra sua vontade até as américas carregando apenas seu conhecimento) e dos antepassados (que vieram antes de deles, pessoas pertencentes a sua linhagem sanguínea) cujo sangue foi derramado, cujas famílias foram perseguidas e a lei não os amparava.
O culto é ancestral, e busca honrar seus ancestrais e antepassados, foi o sacrifício deles que permitiu que os conhecimentos ancestrais fossem passados e é por isso que os mesmos devem ser honrados, presenteados, pois o trabalho de fato é deles e não haveria sem eles. Honrar os ancestrais e antepassados irá fortalecer o seu trabalho.
É necessário lembrar que sem o conhecimento ancestral trazido não haveria Conjure, Vodu, Hoodoo, enfim, nenhuma religião de raiz afro na américa.
O Conjure não se trata de uma religião propriamente dita, ainda que o Conjure tenha em sua maioria praticantes cristãos. O Conjure é entendido como um trabalho, feito e adaptado de acordo com as necessidades do conjurador, com o uso de orações, velas, ervas, óleos, pós, raízes e outros itens a fim de modificar a realidade ao seu redor.
Curiós, óleos, pós e perfumes podem e são substituídos por outros mais facilmente encontrados na região. A ideia aqui é que o necessário seja acessível, a adaptabilidade é chave.
Atualmente encontramos uso de velas de diferentes formatos, de velas coloridas, santos católicos, incensos, etc.
É exatamente por não se tratar de uma religião que não há iniciação dentro do Conjure (ao contrário do que vemos em diversas outras religiões de matriz afro).
Há dentro do Conjure a necessidade de um altar, fixo ou móvel, para a realização de suas orações e seus ritos, podendo ser extremamente simples ou muito elaborados, mas é de livre escolha do conjurador.
A tradição do Conjure da Casa Starr afirma que os trabalhos realizados dentro do Conjure devem ser justificados, ou seja, que o rito justifique sua execução com um motivo justo.
É a capacidade de se adaptar que manteve o Conjure vivo e hoje, apesar de mudanças inseridas devido ms interferências sofridas, o Conjure segue se adaptando, mais vivo e presente do que nunca.
Por hoje ficamos por aqui. Façam parte do problema.
Rafaella Fernandez. Taróloga. Praticante de magia natural e cerimonial. Colaboradora nos projetos: Morte Súbita, enochiano.com.br, lemegeton.com.br e trithemius.com.br
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