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Para instruir estas lições, referi-me à cura de certas moléstias, tais como a dor de cabeça, o reumatismo, o medo, etc. O emprego mais importante que nesse sentido se pode fazer é o de corrigir o vício da embriaguez e o hábito das drogas. O seu poder, nestes casos, está fora de dúvida e ainda que exista hoje, um grande número de curas chamadas do alcoolismo, da morfina e da cocaína, se- lhes analisamos e lhes sondamos as bases, reconhecemos que consistem inteiramente em injeções subcutâneas de estricnina, atropina, hiosciamina, canhamos da India ou alguns outros líquidos excitantes e aumentados pela impressão constante feita no espírito do doente, levando-o a crer que ele será para sempre curado dos seus maus costumes pelos tratamentos que lhe fazem suportar.
Sofisma do tratamento material. -Dando um pouco mais de extensão à análise desses processos não tardaremos a ver que os remédios empregados são puros tônicos dos nervos e que a cura de um desses hábitos não é produzida senão pela ação mental do paciente, segundo as sugestões que lhe foram dadas no estado de vigília. Há uma verdade que nenhum prático pode contradizer, e é que a cura de um hábito contraído deve ser psicológica.
O costume em si mesmo é proveniente de uma ação mental. Não pode ser cortado à faca; não é tangível. Seja qual for o hábito contraído, ele é proveniente do espírito e não pode ser curado senão pelo espírito e como espírito. Esta asserção destroi todos os argumentos possíveis. É uma verdade evidente por si mesma e não pode ser refutada. O que a ação mental ocasionou não será dissipado senão pela ação mental. O desejo imperioso que o espírito fez nascer e que alimentou, não pode ser assenhoreado e dissolvido senão pelo espírito.
Meio de curar a embriaguez. -É necessário que vos aproveiteis do sono profundo de um alcoólatra para dar-lhe sugestões muito enfáticas e importa que elas sejam muito positivas e fortificantes: Deveis proceder às sugestões pela forma seguinte:
“Possuis uma força de que nunca vos servistes para ajudar-vos a vos desembaraçar des-sa necessidade imperiosa. Essa força ou esse poder estão desde agora chamados a agir e já não vos sentireis incapaz de lutar contra esse desejo ardente dos estimulantes que de vós se apodera. Para o futuro não tomareis a sentir nenhum desejo para o álcool. A Vossa vida não tem sido senão a de um homem que se tomou inteiramente escravo do seu cérebro. Desde agora estareis livre dessa servidão. Ides reconhecer que a força de vontade que possuis está de todo prestes a servir-vos e vos tomareis um homem, com toda a sua força e interesse. A supressão do vosso excitante não vos ocasionará nenhuma dor. Fortificarvos-eis dia por dia e tor-vos-eis menos nervoso, toda a vossa compleição recuperará a saúde e o vigor primitivo”.
Meios empregados para essas curas. -Dai ao paciente, na primeira semana, um trata. -Dai ao paciente, na primeira semana, um tratamento bicotidiano; na semana seguinte, bastará um tratamento cotidiano. Será bom continuar até o fim do mês, para obter uma cura completa. Muito naturalmente e desde o começo da aplicação do tratamento, tereis de suprimir-lhe toda sorte de estimulantes e deveis, durante o seu sono, por todos os vossos meios em ação para fazer-lhe ter horror e aversão ao álcool.
Hábito da morfina e da Cocaína. -É necessário seguir o tratamento para curar o hábito do ópio e da cocaína, mas importa recordar que, destes últimos casos, o uso dessas drogas afeta invariavelmente o cérebro, até tomá-lo enganador e pérfido. Não se pode crer na narração, mesmo juramentada de alguém que tenha o hábito da cocaína ou da morfina. O senso moral está geralmente pervertido e a percepção dos princípios do bem e do mal parece estar obscurecida do paciente por um egoísmo colossal. É necessário portanto, desde o primeiro tratamento, fazer desaparecer a morfina e a cocaína. Não há tergiversar
Perigo das curas pelos anúncios -A maior parte das curas do uso da morfína anunciadas com grande dispêndio de preconício nos jornais consiste na administração, por pequenas drogas, de morfina combinada com outras drogas. O paciente exagera muito a angústia do seu corpo e do espírito pelos temores que experimentará e, às vezes é bom, antes de tratar de provocar o sistema nervoso e permitir-lhe um sono profundo. Para inteirar-vos dos maravilhosos efeitos que produz a imaginação sobre o paciente, basta dizer-vos que quando lhe houverdes feito tomar uma ou duas vezes desse sulfonal, é inútil continuar-lhe
o emprego, e se quereis substitui-lo por um pó inocente e insípido, derramando-o, na sua presença, num copo com água, dizendo-lhe que ele produzirá um efeito calmante tão pronto e pedindo-lhe que se deixe tornar a adormecer profundamente, ele acreditará que está tomando outra dose de sulfonal e o efeito dessa crença exercerá uma tal ação sobre o sistema nervoso que logo se tornará passivo e tranqüilo. Filosofia da “pílula” de pão. -O poder da “pílula” de pão que os doutores administram aos seus doentes como um placebo é assim explicado: -A “pílula” não exerce natural-mente nenhum efeito por si mesma, mas sendo suportada e reforçada pela imaginação do paciente o efeito que ela produz é o que os doutores desejam que ela preste.
A eletricidade considerada como um adjuvante. -Na cura do uso das drogas pelas sugestões hipnóticas, aconselharei perfeitamente o emprego das correntes elétricas médias combinadas com a sugestão, como um bom meio para produzir um bom sono profundo. Casos se apresentam, às vezes em que o paciente não julga a sugestão verbal suficiente para curá-lo dos seus males; Desse momento é que a eletricidade vem reforçar e fortificar a sugestão. Por mais simples que vos possam parecer os meios a empregar, não cometais nunca o erro de os desprezar, porque eles impressionam sempre a imaginação do doente.
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