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A CABALA ORIENTAL.
Existem em algum lugar, neste vasto mundo, um livro antigo – tão antigo que os nossos modernos arqueólogos poderiam examinar-lhe as páginas durante um tempo infinito sem contudo chegarem a um acordo quanto à natureza do tecido sobre o qual ele foi escrito. É a única cópia original que existe atualmente. O mais antigo documento hebraico sobre a ciência secreta – a Siphra Dzeniouta foi compilado a partir desse livro, e isso numa época em que já o consideravam uma relíquia literária. Uma de suas ilustrações representa a Essência Divina emanada de Adão como um arco luminoso que tende a formar um circulo; depois de atingir o ponto mais alto dessa circunferência. a glória inefável endireita-se novamente, e volta à Terra, trazendo no vórtice um tipo superior de Humanidade. Quanto mais se aproxima de nosso planeta, mais a Emanação se torna sombria, até que, ao tocar o solo, ela é tão negra como a noite.
Os filósofos herméticos de todos os tempos têm sustentado a convicção, baseada, como alegam, em setenta mil anos de experiência, de que a matéria, devido ao pecado, torna-se, como o passar do tempo, mais grosseira e mais densa do que era quando da primitiva formação do homem; de que, no princípio, o corpo humano era de natureza semi-aérea; e de que, antes da queda, a humanidade comunicava-se livremente com os universos invisíveis. Mas, depois, a matéria tornou-se uma formidável barreira entre nós e o mundo dos espíritos. As mais antigas tradições esotéricas também ensinavam que, antes do Adão místico, muitas raças de seres humanos viveram e morreram, cada uma dando por sua vez lugar a outra. Teriam sido os tipos precedentes mais perfeito? Teriam alguns deles pertencido à raça alada de homens mencionada por Platão no Fedro?
À medida que o ciclo prosseguia, os olhos dos homens foram mais e mais se abrindo, até o momento em que ele veio, tanto quanto os próprios Elohim (Elohim Deuses ou Senhores) são idênticos aos Devas, Dhyâni-Buddhas ou Homens celestes.-, a conhecer “o bem e o mal”. Depois de alcançar o seu apogeu, o ciclo começa a retroceder. Quando o arco atingiu um certo ponto que o colocou em paralelo com a linha fixa de nosso plano terrestre, a Natureza forneceu ao homem “vestes de pele”, e o Senhor Deus “os vestiu”.
Essa crença na preexistência de uma raça mais espiritual do que aquela a que pertencemos atualmente pode ser reconstituída desde as mais antigas tradições de quase todos os povos. No antigo manuscrito quíxua, publicado por Brasseur de Bourbourg – o Popol Vuh – , os primeiros homens figuravam como uma raça dotada de razão e de fala, que possuía uma visão ilimitada e que conhecia de imediato todas as coisas. De acordo com Filon, o Judeu, o ar está repleto de uma hoste de espíritos invisíveis, alguns dos quais são livres do mal e imortais, e outros são perniciosos e mortais. “Dos filhos de EL nós descendemos, e filhos de EL voltaremos a ser.” E a declaração inequívoca do gnóstico anônimo que escreveu O evangelho segundo São João, de acordo com a qual “todos os que O receberam”, isto é todos os que seguiram praticamente a doutrina de Jesus, tornar-se-iam “filhos de Deus”, aponta para a mesma crença. “Não sabeis que sois deuses?, exclamou o Mestre. Platão descreve admiravelmente no Fedro o estado anterior do homem, e aquele ao qual ele há de retornar: antes e depois da “perda das asas”; quando “ele vivia entre os deuses, e ele próprio era um deus no mundo aéreo”. Desde a mais remota Antigüidade, as filosofias religiosas ensinaram que todo o universo estava repleto de seres divinos e espirituais de diversas raças. De uma delas, no correr do tempo, proveio ADÃO, o homem primitivo.
O PROGRESSO DA HUMANIDADE CARACTERIZADOS POR CICLOS.
Para um homem de Ciência, recusar a oportunidade de investigar um novo fenômeno, venha este na forma de um homem da Lua, ou na de um fantasma da quinta de Eddy, é igualmente repreensível.
Provenha este resultado do método de Aristóteles ou do método de Platão, não devemos nos demorar para investigá-lo; mas é um fato que as naturezas internas e externa do homem eram perfeitamente conhecidas pelos antigos andrólogos (que estudavam as ciências do homem). Sem embargo das hipóteses superficiais dos geólogos, estamos começando a recolher quase diariamente as provas que corroboram as asserções desses filósofos.
Eles dividiam os intermináveis períodos da existência humana sobre este planeta em ciclos, durante um dos quais a Humanidade gradualmente atingiu o ponto culminante da mais alta civilização e gradualmente recaiu no mais abjeto barbarismo. A altura à qual a raça, em sua fase progressiva, muitas vezes chegou, pode ser francamente presumida pelo maravilhoso monumento da Antigüidade, ainda visíveis, e pelas descrições dadas por Heródoto de outras maravilhas de que não restou nenhum traço. Mesmo em sua época as gigantescas estruturas de muitas pirâmides e de templos mundialmente famosos eram apenas montes de ruínas. Dispersados pela infatigável mão do tempo, eles foram descritos pelo Pai da História como “as testemunhas veneráveis da glória antiguíssima de ancestrais mortos”. Ele “evita falar das coisas divinas” e dá à posteridade apenas uma descrição imperfeita de oitava de algumas extraordinárias câmaras subterrâneas do Labirinto, onde jaziam – e ainda jazem – ocultos os restos sagrados dos Reis Iniciados.
Podemos ainda fazer uma idéia da alta civilização atingida em alguns períodos da Antigüidade pelas descrições históricas da época dos ptolomeus, embora nesse tempo se considerasse que as artes e as ciências estavam em decadência, e que muitos dos seus segredos já perdidos. Nas recentes escavações de Mariette-bey, aos pés das pirâmides, estátuas de madeira e outras relíquias foram exumadas, mostrando que muito tempo antes das primeiras dinastias os egípcios tinham atingido uma perfeição e um refinamento artístico capazes de excitar a admiração dos mais ardentes apreciadores da arte grega. Bayard Taylor descreve tais estátuas numa de suas conferência, e conta-nos que a beleza das cabeças, ornamentadas com olhos de pedras preciosas e sobrancelhas de cobre, é insuperável. Bem abaixo da camada de areia na qual repousavam os restos que figuram nas coleções de Lepsius, de Abbott e do Museu Britânico, encontram-se ocultas as provas tangíveis da doutrina hermética dos ciclos de que já falamos.
Todo verdadeiro savante admite que em muitos aspetos o conhecimento humano ainda está em sua infância. Será porque nosso ciclo começou numa época relativamente recente? Estes ciclos, segundo a filosofia caldaica, não abrangem toda a humanidade num único e mesmo tempo. O Prof. Draper confirma parcialmente esta teoria ao dizer que os períodos em que a Geologia “julgou conveniente dividir o progresso do homem na civilização não são épocas abruptas (intransponíveis) que se mantêm simultaneamente para toda a raça humana”; ele dá como exemplo os “índios nômades da América”, que “só estão emergindo da idade da pedra”. Assim, mais de uma vez os homens de Ciência confirmaram involuntariamente o testemunho dos antigos.
Qualquer cabalista que esteja a par do sistema pitagórico dos números e da Geometria pode demonstrar que as idéias metafísicas de Platão se basearam em princípios estritamente matemáticos. “As verdadeiras matemáticas”, “são algo com que as ciências superiores têm estreita relação; as matemáticas ordinárias não passam de uma fantasmagoria ilusória, cuja tão louvada infalibilidade provém apenas disso – dos materiais, das condições e das referências em que elas se fundamentaram”. Cientista que acreditam adotaram o método aristotélico apenas porque se esquivam, quando não fogem, dos particulares demonstrados nos universais, glorificam o método da filosofia indutiva, e rejeitam o de Platão, que consideram insubstancial. O Prof. Draper lamenta que alguns místicos especulativos como Amônio Saca e Plotino tenham tomado o lugar “de muitos geômetras do antigo museu”. Ele esquece que a Geometria, a única dentre todas as ciências a proceder dos universais para os particulares, foi precisamente o método empregado por Platão em sua filosofia. Desde que a ciência exata confirme as suas observações às condições físicas e proceda como Aristóteles, ela certamente não poderá errar. Mas embora o mundo da matéria seja iluminado para nós, ele ainda é finito; e assim o materialismo girará para sempre num círculo vicioso, incapaz de elevar-se acima do que a circunferência permitir. A teoria cosmologia dos números que Pitágoras aprendeu dos Hierofante egípcios é a única capaz de reconciliar as duas unidades, matéria e espírito, e de fazer com que uma demonstre matematicamente a outra.
Os números sagrados do universo em sua combinação esotérica resolveram os grandes problemas e explicam a teoria da radiação e o ciclo de emanações. As ordens inferiores, antes de se transformarem nas ordens superiores, devem emanar das ordens espirituais superiores, e, ao chegarem ao ponto de retorno, devem reabsorver-se novamente no infinito.
A Filosofia, como tudo neste mundo de constante evolução, está sujeita à revolução cíclica. Como ela parece atualmente emergir com dificuldades das sombras do arco inferior, um dia poderá ser demonstrando que ela atingiu o ponto mais alto da circunferência muito tempo antes da época de Pitágoras.
CIÊNCIA SECRETA ANTIGA.
Mochus, o Sidônio, fisiólogo e professor da ciência anatômica, floresceu muito antes do Sábio de Samos – antes da época de Tróia -; e este recebeu as instruções sagradas dos discípulos e descendentes daqueles. Pitágoras, o filósofo puro, versado profundamente nos maiores fenômenos da Natureza, nobre herdeiro das tradições antigas, cuja grande contribuição foi libertar a lama dos grilhões dos sentidos e força-la a realizar os seus podres, deverá viver eternamente na memória humana.
A doutrina de Metempsicose – É a passagem da alma de um estado de existência para outro.- foi amplamente ridicularizada pelos homens da Ciência e rejeitada pelos teólogos; entretanto, se ela fosse convenientemente compreendida em sua aplicação à indestrutibilidade da matéria e à imortalidade do espírito, ter-se-ia reconhecido que ela é uma concepção sublime. Não deveríamos estudar a questão colocando-nos no ponto de vista dos antigos, antes de nos aventurarmos a desacreditar os seus mestres? A solução do grande problema da eternidade não diz respeito nem à superstição religiosa nem ao materialismo grosseiro. A harmonia e a uniformidade matemática da dupla evolução – espiritual e física – foram elucidadas exclusivamente nos números universais de Pitágoras, que construiu seu sistema inteiramente com base na chamada “fala métrica” dos Vedas hindus. Foi só recentemente que um dos mais zelosos eruditos sanscritistas, Martin Haug, empreendeu a tradução do Aitareya-Brâhmana do Rig-Veda, que era até então completamente desconhecido; estas explicações estabelecem, incontestavelmente, a identidade entre os sistemas pitagórico e bramânico. Em ambos, a significação esotérica deriva do número: no primeiro, da relação mística de cada número com tudo que é inteligível para a mente do homem; no segundo, do número de sílabas com que cada verso dos Mantras é formado. Platão, ardente discípulo de Pitágoras, adotou tão completamente este sistema a ponto de sustentar que o dodecaedro foi a figura geométrica empregada pelo Demiurgo – ou Artífice; o supremo Poder que construiu o Universo.- para edificar o universo. Algumas dessas figuras tinham uma significação particularmente solene. Por exemplo, o número quatro, de que o dodecaedro é triplo, era tido como sagrado pelos pitagóricos. É o quadrado perfeito e nenhuma das linhas que o limitavam cruza outra em qualquer ponto. É o problema da justiça moral e da eqüidade divina geometricamente expressas. Todos os poderes e todas as grandes harmonias da natureza física e espiritual repousam no quadrado perfeito, e o nome inefável daquele que, de outro modo, permaneceria indizível era substituído pelo número sagrado “4”, o mais inviolável e solene juramento entre os antigos místicos – a Tetraktys.
Se a metempsicose pitagórica pudesse ser completamente explicada e comparada com a moderna teoria da evolução, seria possível suprir todos os “elos perdidos” da corrente desta última.
O VALOR INESTIMÁVEL DOS VEDAS.
Nos vedas, por exemplo, encontramos prova positiva de que já em 2000 a.C. os sábios hindus e os eruditos devem ter tido conhecimento da rotundidade de nosso globo e do sistema heliocêntrico. Eis por que Pitágoras e Platão tão bem conheceram esta verdade astronômica; pois Pitágoras obteve seu conhecimento na Índia, ou de homens que lá estiveram, e Platão repetia fielmente os seus ensinamentos.
Há fatos que provam que certos cálculos astronômicos eram tão corretos entre os caldeus da época de Júlio César como o são hoje. Quando o calendário foi reformado pelo Conquistador, descobriu-se que o ano civil se coadunava tão pouco com as estações, que o verão adentrava pelos meses de outono e os meses de outono por todo o inverno. Foi Sosígenes, o astrônomo caldeu, quem restabeleceu a ordem na confusão, recuando em noventa dias o dia 25 de Março, e assim fazendo este dia corresponder ao equinócio da primavera; e foi Sosígenes ainda que fixou a duração dos meses tal como ela existe ainda hoje.
Na América, o exército de Montezuma descobriu que o calendário dos astecas concedia um número igual de dias e de semanas a cada mês. A extrema correção de seus cálculos astronômicos era tão grande, que nenhum erro foi neles descoberto durante as verificações posteriores, ao passo que os europeus que desembarcaram no México em 1519 estavam, graças ao calendário juliano, aproximadamente dez dias adiantados em relação ao tempo correto.
É às traduções escrupulosas e inestimáveis dos livros védicos e às pesquisas pessoais do Dr. Haug, que devemos a corroboração das pretensões dos filósofos herméticos. Pode-se facilmente provar a época de Zaratusta Spitama (Zoroastro) é de uma antigüidade incalculável. Os brâmanas, aos quais Haug atribui quatro mil anos, descrevem a disputa religiosa entre os antigos hindus que viveram no período pré-védico e os iranianos. Os combates entre os devas e os asuras – os primeiros representado os hindus e os últimos os iranianos – são minuciosamente descritos nos livro sagrados.
A DOUTIRNA DA MENTEMPSICOSE.
Não houve um só filósofo de alguma notoriedade que não tenha sustentado a doutrina da metempsicose – tal como foi ensinada pelos brâmanes, pelos budistas e mais tarde pelos pitagóricos, em seu sentido esotérico -, quer ele a tenha ou não expresso de maneira inteligível. Orígenes e Clemente de Alexandria, Sinésio e Calcídio, todos acreditavam nela; e os gnósticos, reconhecidos incontestavelmente pela História como um grupo de muito refinados, eruditos e esclarecidos homens, todos professavam a crença na metempsicose. Sócrates comungava doutrinas idênticas às de Pitágoras; e ambos, para expiar a sua filosofia divina, morreram de morte violenta. O vulgo sempre foi o mesmo em todos os tempos. O materialismo foi e será sempre cego às verdades espirituais. Esses filósofos sustentavam, com os hindus, que Deus infundiu na matéria uma porção de seu próprio Espírito Divino, que anima e move cada uma das partículas. Eles ensinavam que o homem tem duas almas, de natureza diversa e totalmente distinta: uma perecível – a Alma Astral, ou o corpo fluídico interno – e outra incorruptível e imortal – a Augoeides, ou porção do Espírito Divino; que a alma astral ou mortal morre a cada mudança gradual no limite de toda nova esfera, tornando-se com cada transmigração mais purificada. O homem astral, por mais intangível e invisível que possa ser aos nossos sentidos mortais e terrestres, é ainda constituído de matéria, embora sublimada. Aristóteles acreditava que as almas humanas são emanações de Deus e que elas são finalmente reabsorvidas na Divindade. Zenão, o fundador do Estoismo, ensina que existem “duas qualidades eternas em toda a natureza; uma, ativa, ou masculina, e outra, passiva, ou feminina: a primeira é éter puro e sutil, ou Espírito Divino; a outra é em si mesma totalmente inerte até a sua união com o princípio ativo. O Espírito Divino, ao agir sobre a matéria, produz o fogo, a água, a terra e o ar; e é o único princípio motor de toda a natureza. Os estóicos, como os sábios hindus, acreditavam na absorção final. São Justino acreditava que as almas emanam do seio da divindade, e Tatiano, o Assírio, seu discípulo, declarava que “o homem é tão imortal quanto o próprio Deus”.
MUTILAÇÕES DOS LIVROS SAGRADOS JUDAICOS TRADUZIDOS.
O versículo profundamente significativo do Gênese: “E a todos os animais da terra e a todas as aves dos céus e a todos os répteis da terra eu dei uma Alma Viva (…)” deveria chamar a atenção de todos os eruditos hebreus capazes de ler a Escritura no original, e demovê-los de seguir a tradução errada, na qual se lê: “em que há vida” (Gênese, I, 30.)
Desde o primeiro capítulo até o último, os tradutores dos Livros Sagrados judaicos interpretaram mal este significado. Eles mudaram a ortografia do nome de Deus, como prova Sir W. Drummond. Assim, El se corretamente escrito, deveria ler-se Al, e, segundo Higgins, esta palavra significa o deus Mitra, o Sol, o conservador e o salvador. Sir W. Drummond mostra que Beth-El significa a Casa do Sol. ” Foi assim que a Teologia desfigurou a antiga Teosofia e a Ciência, a antiga Filosofia.
Por não compreendermos este grande princípio filosófico, os métodos da Ciência moderna, embora exatos, a nada levarão. Não há um só de seus ramos que possa demonstrar a origem e o fim das coisas. Em vez de investigar o efeito a partir de sua fonte primeiro, o seus progresso se dá ao inverso. Os tipos superiores, como ele ensina, resultam da evolução dos tipos inferiores. Ela parte do fundo do ciclo, conduzida passo a passo no grande labirinto da natureza por um fio de matéria. Assim que este se rompe e a pista se perde, ela recua, assustada, diante do Incompreensível, e confessa a sua impotência. Não procediam assim Platão e seus discípulos. Para eles, os tipos inferiores são simplesmente as imagens concretas dos tipos abstratos superiores. A alma, que é imortal, tem uma origem aritmética, assim como o corpo tem uma origem geométrica. Esta origem, enquanto reflexo do grande ARCHAEUS universal, é dotada de movimento próprio e difunde-se a partir do centro sobre cada corpo do microcosmos.
A figura geométrica fundamental da Cabala – essa figura que a tradição e as doutrinas esotéricas nos dizem ter sido dada pela própria Divindade a Moisés no Monte Sinais (Êxodo, xxv, 40 – “Cuida para que se execute este trabalho segundo o modelo que te mostrei no monte”) – contém em sua grandiosa, porque simples, combinação a chave do problema universal. Essa figura contem em si todas as outras. Para aqueles que são capazes de dominá-la, não há necessidade de exercitar a imaginação. Nenhum microscópio pode ser comparado à intensidade de percepção espiritual.
DAS DOUTRINAS DO ESPIRITUALISMO.
As doutrinas fundamentais do Espiritualismo, diz Huxley, “estão fora dos limites da investigação filosófica”. Seremos bastantes audazes para contradizer tal asserção, e dizemos que elas estão muito mais dentro desses limites do que o protoplasma de Huxley. Ainda mais que elas oferecem fatos palpáveis e evidentes da existência do espírito, e as células protoplasmáticas, uma vez mortas, não apresentam absolutamente nada das origens ou das bases da vida, como este autor, um dos poucos “pensadores de proa do presente”, nos quer fazer acreditar.
Os antigos cabalistas não se demoravam numa hipótese, se a base desta não estivesse estabelecida sobre a rocha sólida das experiências comprovadas.
Mas a exagerada subordinação aos fatos físicos ocasiona a pujança do materialismo e a decadência da espiritualidade e da fé. Ao tempo de Aristóteles, era essa a tendência de pensamento dominante. E embora o preceito délfico ainda não tivesse sido completamente eliminado do pensamento grego, e alguns filósofos ainda sustentassem que “para saber o que o homem é, devemos saber o que o homem foi, o materialismo já tinha começado a corroer a fé pela raiz. Os próprios mistérios haviam se degenerado ao extremo em meras especulações sacerdotais e fraudes religiosas. Poucos eram os verdadeiros adeptos e iniciados, os herdeiros e os descendentes daqueles que foram dispersados pelas espadas conquistadoras de vários invasores do Antigo Egito.
O tempo predito pelo Hermes em seu diálogo com Esculápio tinha deveras chegado; o tempo em que estrangeiros ímpios iriam acusar o Egito de adorar monstros, em que nada iria sobreviver de suas instituições, a não ser as inscrições gravadas na pedra sobre os monumentos – enigmas incríveis para a posteridade. Seus escribas e seus hierofantes erravam sobre a Terra. Obrigados pelo medo da profanação dos santos mistérios a procurar refúgio entre as confrarias herméticas – conhecidas mais tarde sob o nome de essênios, seus conhecimentos esotéricos foram então mais do que nunca sepultados profundamente. A espada triunfante do discípulo de Aristóteles removera de sua trilha de conquista todo vestígio de uma outrora pura religião, e o próprio Aristóteles, tipo e protótipo de sua época, embora instruído na ciência secreta dos egípcios, pouco conheceu desses soberano redundados de milênios esotéricos.
Nossa ciência moderna reconhece um Poder Supremo, de um Deus pessoal. Logicamente, pode-se contestar que existe uma diferença entre as duas idéias, pois, no presente caso, o Poder e o Ser são idênticos. A razão humana imagina com dificuldade um Poder Supremo inteligente, se não o associa à idéia de um Ser Inteligente. Não esperamos que as massas ignorantes tenham uma clara concepção da onipotência e da onipresença de um Deus Supremo sem dotar tais atributos de uma gigantesca projeção de sua própria personalidade. Mas os cabalistas jamais consideraram o invisível UNSOPH EN-SOPH, O infinito ou ilimitado. senão como um Poder.
A MAGIA VISTA SEMPRE COMO UMA CIÊNCIA DIVINA.
Maimônides, o grande teólogo e historiador judeu que, numa certa época, foi quase deificado por seus concidadãos e, mais tarde, tratado como herético assinala que quanto mais o Talmud parece absurdo e vazio de sentido, mais sublime é o seu significado secreto. Este homem sábio demonstrou vitoriosamente que a Magia Caldaica, a ciência de Moisés e de outros sábios taumaturgos, baseava-se totalmente num extenso conhecimento dos diversos e hoje esquecidos ramos da ciência natural. Perfeitamente a par dos recursos dos reinos vegetal, animal e mineral, versados na Química e na Física ocultas, psicólogos e fisiólogos, por que ficarmos espantados se os iniciados e os adeptos instruídos nos santuários misteriosos dos templos podiam operar maravilhas que, mesmo em nossos dias esclarecidos, parecem sobrenaturais? É um insulto à natureza humana difamar a Magia e as ciências ocultas tratando-as como imposturas. Acreditar que durante tantos milhares de anos uma metade do gênero humano praticou o embuste e a fraude com a outra metade equivalente a dizer que a raça humana é composta quase exclusivamente de malfeitores e de idiotas incuráveis.
Nos mais antigos documentos que hoje possuímos – os Vedas e as Leis de Manu, mais antigas ainda -, encontramos muitos ritos mágicos praticados e permitidos pelos brâmanes. O Tibete, o Japão e China ensinam até hoje o que ensinavam os antigos caldeus. O clero desses respectivos países prova, além disso, o que eles ensinam, ou seja: que a prática da pureza moral e física, e de algumas austeridade, desenvolve o poder total da alma para a auto-iluminação. Concedendo ao homem o controle sobre o seu próprio espírito mortal, tais práticas lhe dão verdadeiro poder sobre os espíritos elementares que lhe são inferiores. No Ocidente, descobriremos que a Magia remonta a uma época tão recuada como a do Oriente. Os druidas da Grã-Bretanha a praticavam nas criptas silenciosas de suas grutas profundas; e Plínio consagrava mais de um capítulo à “sabedoria” dos líderes celtas. Os semoteus – os druidas gálicos – professavam tanto as ciências espirituais como as ciências físicas. Eles ensinavam os segredos do universos, a marcha harmoniosa dos corpos celestes, a formação da Terra e, sobretudo, a imortalidade da alma. Em seus bosques sagrados – academias naturais construídas pela mão do Arquiteto Invisível – os iniciados se reuniam, na hora tranqüila da meia-noite, para aprender o que o homem foi e o que será. Não precisavam de iluminação artificial, nem de gás malsão, para alumiar os seus templos, pois a casta deusa da noite projetava os raios mais prateados sobre as suas cabeças coroadas de folhas de carvalho; e os bardos sagrados vestidos de branco sabiam como conversar com a rainha solitária da voluta estrelada.
A Magia é tão antiga quanto a Humanidade. É tão impossível indicar a época de seus início como fixar o dia em que o primeiro homem nasceu.
Consideraram alguns que Odin, o sacerdote e monarca escandinavo, teria dado início à pratica da Magia por volta de setenta anos antes da era cristã. Mas demostrou-se facilmente que os ritos misteriosos das sacerdotisa chamadas voilers, valas, eram muito anteriores a essa época. Alguns autores modernos procuraram provar que Zoroastro foi o fundador da Magia, porquanto foi ele o fundador da religião dos magos. Amiano Marcelino, Arnóbio, Plínio e outros historiadores antigos demonstraram conclusivamente que ele foi apenas um reformador da arte mágica tal como era praticada pelos caldeus e pelos egípcios.
A LINHAGEM SIMBÓLICA USADA NOS LIVROS ANTIGOS. OS FENÔMENOS MEDIÚNICOS.
Os maiores professores de Teologia concordam em reconhecer que todos os livros antigos foram escritos simbolicamente e numa linguagem inteligível apenas aos iniciados. O esboço biográfico de Apolônio de Tiana é um exemplo disso. Como qualquer cabalista o sabe, tal esboço enfeixa toda a Filosofia Hermética e forma, em muitos aspectos, a contrapartida das tradições que nos foram deixadas pelo rei Salomão. Ele se assemelha a um conto de fadas, mas, como no caso deste, às vezes os fatos e os acontecimentos históricos são apresentado ao mundo sob as cores da ficção. A viagem à Índia representa alegoricamente as provas de um neófito. Seus longos diálogos com os brâmanes, os sábios conselhos destes e os diálogos com o corinto Menipo, se interpretados, reproduziriam o catecismo esotérico. Sua visita ao império dos sábios, sua entrevista com o rei Hiarchas, o oráculo de Anfiarau, explicam de maneira simbólica muitos dos dogmas secretos de Hermes. Bem compreendidos, eles nos abririam alguns dos segredos mais importantes da natureza. Éliphas Lévi assinala a grande semelhança que existe entre o rei Hiarchas e o fabuloso Hiram, de quem Salomão obteve os cedros do Líbano e o ouro de Ofir.
Assim, os babilônios determinaram a duração do ano tropical com um erro de 25 segundos; seu cálculo do ano sideral acusa a diferença de apenas dois segundos a mais. Eles descobriram a precessão dos equinócios. Conheciam as causas dos eclipses e, com a ajuda de seu ciclo, chamado saros, podiam predizê-los. Seus cálculos do valor desse ciclo, que compreendia mais de 6.585 dias, tinha um erro de dezenove minutos e trinta segundos”.
“Tais fatos fornecem a prova irrefutável da paciência e da habilidade com as quais a Astronomia foi cultivada na mesopotâmia e de que, apesar dos instrumentos inadequados, esta ciência atingiu um perfeição que não se deve desprezar. Esses antigos observadores fizeram um catálogo das estrelas, dividiram o zodíaco em doze signos; separaram o dia e a noite em doze horas. Devotaram-se, por longo tempo, como diz Aristóteles, à observação das ocultações das estrelas pela Lua. Corrigiram as idéias a respeito da estrutura do sistema solar, e conheceram a ordem de localização dos planetas. Construíram relógios solares, clepsidras, astrolábios, gnomos.”
Falando do mundo das verdades eternas que se ocultam “no mundo das ilusões transitórias e das não-realidades”, diz o Prof. Draper: “Esse mundo não será descoberto graças às vãs tradições que nos transmitiram a opinião dos homens que viveram nos albores da civilização, nem no sonhos dos místicos que se acreditavam inspirados. Ele será descoberto através das investigações da Geometria, e das interrogações práticas à Natureza.
Exatamente. A conclusão não poderia estar mais bem expressa. Esse eloqüente escritor fala-nos uma verdade profunda. Contudo, ele não nos fala toda a verdade, pois não a conhece. Ele não descreveu a natureza e a extensão dos conhecimentos ensinados nos mistérios. Nenhum povo posterior foi tão proficiente na Geometria quanto os construtores das pirâmides e de outros monumentos gigantescos antediluvianos e pós-diluvianos. Por outro lado, ninguém jamais os igualou na interrogação prática à Natureza.
Uma prova inegável disso é o significado de seus incontáveis símbolos. Cada um desses símbolos é uma idéia concretizada – que combina a concepção do Divino Invisível com o terreno e o visível. Um deriva do outro, por analogia, de acordo com a fórmula hermética – “como embaixo, assim é em cima”. Seus símbolos mostram grande conhecimento das ciências naturais e um estudo prático do poder cósmico.
Schweigger prova que os símbolos de todas as mitologias têm base e essência cientificas. Foi apenas através das recentes descobertas das forças físicas eletromagnéticas da Natureza que alguns entendidos em Mesmerismo, como Ennemoser, Schweigger e Bart, na Alemanha, o Barão Du Potet e Regazzoni, na França e na Itália, conseguiram estabelecer, com rigorosa precisão, a verdadeira correlação que existe entre cada Theomythos e uma dessas forças. O dedo idéico, que tantã importância teve na arte mágica de curar, consiste num dedo de ferro que é alternativamente atraído e repelido por forças magnéticas naturais. Na Samotrácia, ele produziu prodígios de cura, devolvendo os órgão afetados ao seu estado normal
Bart vai mais longe do que Schweigger, ele trata extensamente dos dáctilos frígios, esses “mágicos e exorcistas das doenças”, e dos teurgistas cabírios. E diz: “Enquanto tratamos da íntima união dos dáctilos com as forças magnéticas, não nos limitamos necessariamente à pedra magnética e nossas idéias a respeito da Natureza não fazem mais do que uma vista d’olhos sobre o magnetismo em conjunto. Assim se compreende, então, como os iniciados, que a si próprios se chamavam dáctilo, despertam o assombro das gestantes com as suas artes mágicas, operando, como fizeram, milagres de natureza curativa. A isto eles próprios acrescentaram muitos outros conhecimentos que o clero da Antigüidade tinha o hábito de praticar: o cultivo da terra e da moralidade, o progresso da arte e da ciência, os mistérios e as consagrações secretas. Tudo isso foi feito pelos sacerdotes cabíros, ” e por que não guiados e ajudados pelos misteriosos espíritos da Natureza?” Schweigger é da mesma opinião, e demonstra que os fenômenos da antiga teurgia eram produzidos por poderes magnéticos “sob a orientação dos espíritos”.
Apesar do seu aparente politeísmo, os antigos – pelo menos os das classes esclarecidas – eram totalmente monoteístas; e isso, séculos e séculos antes dos dias de Moisés. Nos Papiros de Ebers esse fato é mostrado de maneira definitiva nas seguintes palavras, traduzidas das primeiras quatro linhas da Lâmina I: “Eu vim de Heliópolis com os grandes seres de Het-aat, os Senhores da Proteção, os mestres da eternidade e da salvação. Eu vim de Sais com as Deusas-Mães, que me protegeram. O Senhor do Universo disse-me como libertar os deuses de todas as doenças mortais”. Os homens eminentes eram chamados de deuses pelos antigos.
Ninguém contesta o mérito de Champollion como egiptólogo. Ele declara que tudo faz crer que os antigos egípcios eram profundamente monoteístas. E confirma em seus mínimos detalhes a exatidão das obras do misterioso Hermes Trimegistro, cuja antigüidade se perde na noite dos tempos. Ennemoser diz também: “Heródoto, Tales, Parmênides, Empédocres, Orfeu e Pitágoras foram ao Egito e ao Oriente a fim de se instruírem na Filosofia Natural e na Teologia”. Foi lá também que Moisés adquiriu seus conhecimentos, e Jesus passou os primeiros anos de sua vida.
Lá se reuniam os estudantes de todas as nações antes da fundação de Alexandria. “Por que razão”, acrescenta Ennemoser, “se veio o conhecer tão pouco dos mistérios? A resposta está no silêncio universalmente rigoroso do iniciado. Outra causa se acha na destruição e perda completa de todos os relatos escritos do conhecimento secreto da mais remota Antigüidade.” Os livros de Numa, descritos por Tito Lívio, que consistiam de tratados sobre a Filosofia Natural, foram encontrados em seu túmulo; não se permitiu divulgá-los, por receio de que revelassem os mais secretos mistérios da religião do Estado. O senado e os tribunos do povo determinaram que esses livros fossem queimados e tal decisão foi publicamente executada.
A Magia era considerada uma ciência divina que permitia a participação nos atributos da própria Divindade. “Ela desvenda as operações da Natureza”, diz Fílon, o Judeu, “:e conduz à contemplação dos poderes celestiais”. Mais tarde, o abuso e a sua degeneração em feitiçaria a transformaram num objeto de abominação geral. Devemos, por isso, considerá-la apenas como era no passado remoto, quando toda religião verdadeira se baseava no conhecimento das forças ocultas da Natureza. Não foi a classe sacerdotal da Pérsia antiga que institui a Magia, como se acreditava comumente, mas sim os magi, que dela derivam o nome. Os mobeds, sacerdotes dos pârsis – os antigos ghebers -, chamam-se, ainda hoje, magoï, no dialeto dos pehlvis. A Magia surgiu no mundo com as primeiras raças de homens. Cassino menciona um tratado, muito conhecido nos séculos IV e V, que se atribuía a Cam, o filho de Noé, que por sua vez o teria recebido de Jared, a quarta geração após Seth, o filho de Adão.
Moisés devia seus conhecimentos à mãe da princesa egípcia Termutis, que o salvou das águas do Nilo. A mulher do Faraó, Batria, era ela própria uma iniciada e os judeus lhe deram a guarda de seu profeta, “educado em toda a ciência dos egípcios e poderoso em palavras e ações”. Justino, o Mártire, baseando-se na autoridade de Trogo Pompeu, apresenta José como alguém que adquiriu um grande conhecimento das artes mágicas entre os sacerdotes do Egito.
Origines, que pertenceu à escola platônica de Alexandria, declara que Moisés, além dos ensinamentos da aliança, divulgou alguns importantíssimos segredos “provindos das profundezas mais ocultas da lei” aos setenta anciãos. Ele lhes ordenou que transmitissem tais segredos apenas àqueles que julgassem dignos.
O clero das três principais igrejas cristã, a grega, a romana e a protestante, confunde-se com todos os fenômenos espirituais que se manifestam através dos chamados “médiuns”. E de fato há não muito tempo as duas últimas igrejas queimaram, enforcaram e de muitas maneiras assassinaram todas as vítimas indefesas através de cujos corpos os espíritos – e às vezes as forças cegas ainda inexplicadas da Natureza – se manifestavam. À testa das três igrejas, sobressai a Igreja de Roma. Ela está pronta e ansiosa para recomeçar. Mas os seus pés e mãos estão atados pelo espírito de progresso e de liberdade religiosa do século XIX que ela condena e amaldiçoa diariamente. A Igreja grego-russa é a mais doce e a mais cristã em sua simples e primitiva, ainda que cega, fé.
Os fenômenos mediúnicos ocorreram em todos os tempos, na Rússia como em outros países. Essa força ignora diferenças religiosas, ri-se das nacionalidades e invade, sem convite, qualquer individualidade, seja esta a de uma cabeça coroada ou a de um pobre mendigo.
O Príncipe de Holenlohe, tão célebre durante o primeiro quarto deste século por seus poderes de cura, era um grande médium. De fato, esses fenômenos e poderes não pertencem a nenhum país em particular. Fazem parte dos atributos psicológicos do homem – o microcosmo.
A DIVISÃO DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE EM CICLOS.
Para demonstrar que as nações sustentadas pelos antigos a respeito da divisão da História humana em ciclos não careciam inteiramente de bases filosóficas, apresentaremos ao leitor uma das mais antigas tradições da Antigüidade concernentes à evolução de nosso planeta.
Ao término de cada “grande ano”, que Aristóletes – de acordo com Densorino – chamava o maior, e que consiste de seus sars (BERROSO, Astrólogo CALDEU, FIXA A DURAÇÃO DE UM SAR, EM 3.600 ANOS.), nosso planeta está sujeito a uma completa revolução física. Os climas polares e equatoriais mudam gradualmente de lugar. Os primeiros avançam lentamente para a linho equatorial, e a zona equatorial (com sua vegetação exuberante e seus enxames de vida animal) toma o lugar dos desertos gelados dos pólos. Essa mudança de clima é necessariamente acompanhada por cataclismos, tremores de terra e outras convulsões cósmicas. (Antes de rejeitarem essa teoria por mais tradicional que seja -, os Cientistas deveriam explicar por que, ao fim do Período Terciário, o hemisfério norte sofreou uma redução de temperatura de tal ordem que transformou completamente a zona tórrida num clima siberiano. Tenhamos em mente que o sistema Heliocêntrico nos vem da Índia setentrional; e que os germes de todas as grandes verdades astronômicas foram trazidos de lá por Pitágoras. Como não temos uma demonstração matemática correta , uma Hipótese é tão boa quanto a outra.) Visto que os leitos dos oceanos se deslocam, ao final de cada decamilênio e por volta de um Neros, ocorre um dilúvio semi-universal como o dilúvio legendário de Noé. Os gregos chamavam esse ano de helíaco, mas ninguém, fora do santuário, tinha com detalhes uma idéia exata de sua duração. O inverno desse ano chamava-se cataclismo ou dilúvio – o verão, ecpyrosus. As tradições populares ensinam que durante essas estações o mundo é alternativamente queimado e depois inundado. Isso é pelo menos o que ensinam os Fragmentos astronômicos de Censorino e Sêneca. A incerteza dos comentadores a respeito da duração desse ano era tantã que nenhum deles exceto Heráclito e Lino, que lhe atribuíram, o primeiro 10.800 anos e o segundo 13.984 anos, se aproximou da verdade. De acordo com a opinião dos sacerdotes babilônicos, corroborada por Eupolemo, “a cidade de Babilônia foi fundada pelos que se salvaram da catástrofe do dilúvio; eram os gigante, e construíram a torre de que se fala na História”. Esses girantes, que eram grandes astrólogos e receberam de seus pais, “os filhos de Deus”, uma completa instrução nas coisas secretas, instruíram por sua vez, os sacerdotes a deixaram nos templos todos os registros do cataclismo periódico de que eles próprios eram testemunhas. Foi assim que os altos sacerdotes chegaram ao conhecimento dos grandes anos. Quando lembramos, além disso, que Platão no Timeu fala de um velho sacerdote egípcio que representa a Sólon por ignorar o fato de que houve vários desses dilúvios, como o grande dilúvio de Ogyges, podemos facilmente compreender que essa fé no heliakos era uma doutrina sustentada pelos sacerdotes iniciados de todo o mundo.
Os Neros, o Brihaspati ou os períodos chamados yugas (A milésima parte de um Kalpa. Uma das quatro idades do Mundo e cuja série continua em sucessão durante o ciclo o ciclo Manvantárico. [Ou kalpasNoite de período de uma revolução do mundo, geralmente um ciclo de tempo, porém comumente representa um “Dia e uma Noite” de Brahmâ, um Período de 4.320 milhões de anos.), são problemas vitais a resolver. O Satya-yuga e os ciclos budistas de cronologia se traduzem por números que fariam arrepiar um matemático. O Mahâ-kalpa (“Grande era”. “Ou “GRANDE CICLO”.) abarca um número incontável de período que remontam a muito antes das eras antediluvianas.
Como nosso planeta gira todos os anos uma vez em redor do Sol e ao mesmo tempo uma vez a cada vinte e quatro horas sobre o seu próprio eixo, atravessando assim círculos menores dentro de outro maior, a obra dos períodos cíclicos menores se cumpre e se reinicia nos limites do Grande Saros (GRANDE CICLO).
A revolução do mundo físico, segundo a antiga doutrina, é acompanhada de uma revolução análoga no mundo do intelecto – uma vez que tanto o mundo espiritual como o físico caminham por ciclos.
Vemos, dessarte, na História, uma sucessão alternada de fluxos e de refluxo na maré do progresso humano. Os grandes reinos e impérios do mundo, depois de atingirem o ponto culminante de sua grandeza, declinam, de acordo com a mesma lei que os faz acenderem; até que, ao atingir o ponto mais baixo, a Humanidade se reafirma e sobe novamente, e a altura de seu esforço, devido a essa lei de progresso ascendente por ciclos, é um pouco mais elevada do que o ponto do qual ela tinha antes descido.
A divisão da História da Humanidade em Idades do Ouro, da Prata, do Cobre e do Ferro não é uma ficção. Vemos o mesmo fenômeno reproduzir-se na literatura dos povos. Uma idade de grande inspiração e de produção inconsciente é invariavelmente seguida de uma idade de crítica e de consciência. Uma fornece os materiais para o intelecto analítico e crítico da outra.
Assim, todas as grandes personalidades que se erguem como gigantes na história do gênero humano, como Buddha-Siddharta, e Jesus, no reino das conquistas espirituais, bom como Alexandre, o Macedônio, e Napoleão, o Grande, no reino das conquistas físicas, são apenas imagens refletidas de tipos humanos que viveram há dez mil anos, no decemilênio precedente, reproduzidas pelos misteriosos poderes que controlam os destinos de nosso mundo. Não existe uma única personalidade proeminente nos anais da história sagrada ou profana cujo protótipo não se possa encontrar nas tradições, metade fictícias, metade reais, das religiões e das mitologias de outrora. Tal como a estrela que, brilhando a uma distância incomensurável acima de nossas cabeças, na imensidade sem limites do céu, se reflete nas águas límpidas de um lago, assim a imagem dos homens antediluvianos se reflete nos períodos que podemos enfeixar num retrospecto histórico.
” Como em cima, assim é embaixo. O que foi retornará novamente. Como no céu, assim na terra.”
É pois, sem dúvida, apenas à Antigüidade que devemos nos dirigir para conhecer a origem de todas as coisas.
O ANSEIO DO HOMEM PELA IMORTALIDADE.
A natureza humana é como a Natureza universal em seu horror ao vácuo. Ela sente uma aspiração intuitiva pelo Poder Supremo. Sem um Deus, o cosmo lhe pareceria semelhante a um mero cadáver sem alma. Proibido de buscá-lo onde apenas os Seus vestígios seriam encontrados, o homem preencheu o penoso vazio com o Deus pessoal que os seus mestres lhe edificaram com as ruínas esparsas dos mitos pagãos e com as filosofias encanecidas da Antigüidade. A Humanidade tem uma necessidade inata e irrefreável que deve ser satisfeita em qualquer religião que suplante a teologia dogmática indemonstrada e indemostrável de nossos séculos cristãos. Trata-se do anseio pelas provas da imortalidade.
Muitos sacerdotes cristão foram forçados a reconhecer que não existe uma fonte autêntica da qual a certeza numa existência futura possa ser extraída pelo homem. Como poderia, então, ter-se mantido essa crença, durante séculos incontáveis, senão porque, entre todas as nações, civilizadas ou bárbaras, homens forneceram as provas demonstrativas?
Os maiores pensadores da Grécia e de Roma consideravam tais “aparições espectrais” como fatos demonstrados. Eles distinguiam as aparições pelos nomes de manes, anima e umbra: os manes descem, após a morte do indivíduo, ao mundo inferior; a anima, ou espírito puro, sobe ao céu; e a umbra (o espírito ligado a Terra), sem repouso, vaga ao redor de seu túmulo, já que a atração da matéria e a afeição pelo seu corpo nele predominam e lhe impedem a ascensão às regiões superiores.
Mas todas essas definições devem ser submetidas à cuidadosa análise da Filosofia. Muitos de nossos pensadores não consideram que as numerosas modificações na linguagem, a fraseologia alegórica e a evidente discrição dos antigos escritores místicos, que eram obrigados a jamais divulgar os segredos solenes do santuário, puderam infelizmente iludir os tradutores e comentadores.
O esquecimento e a recusa dessas provas conduziram algumas mentes elevadas como Hare e Wallace, e outros homens de poder, para o rebanho do moderno espiritualismo. Ao mesmo tempo, compeliram outros, congenitamente desprovidos de intuições espirituais, para um materialismo grosseiro que figura sob vários nomes.
O momento é mais oportuno do que nunca para revisar as filosofias antigas. Arqueólogos, filósofos, astrônomos, químicos e físicos estão cada vez mais se aproximando do ponto em que serão forçados a levá-las em consideração. A ciência física já atingiu os seus limites de exploração; a teologia dogmática vê secaram as suas fontes de inspiração. A menos que os sinais nos enganem, aproxima-se o dia em que o mundo receberá as provas de que apenas as religiões antigas estavam em harmonia com a Natureza, e de que a ciência abarcava tudo o que pode ser conhecido. Segredos longamente mantidos poderão ser revelados, livros longamente esquecidos e artes, durante muito tempo perdidas, poderão ser novamente trazidos à luz; papiros e pergaminhos de importância inestimável surgirão nas mãos de homens que pretenderão tê-los desenrolado das múmias, ou tê-los encontrado nas criptas soterradas; tábuas e colunas, cujas revelações esculpidas desconcertarão os teólogos e confundirão os cientistas, poderão ser desterradas e interpretadas. Quem conhece as possibilidades do futuro? Uma era de desilusão e de reconstrução vai começar – não, já começou. O ciclo quase cumpriu o seu curso; um novo ciclo está prestes a começar, e as futuras páginas da história do homem não só conterão a plena evidência, como também conduzirão à plena prova de que:
“Se devemos acreditar em algo dos ancestrais
É que os espíritos desceram para conversar com o homem,
E lhes revelaram segredos do mundo desconhecido.”
Isis Sem Véu – VOLUME I – CIÊNCIA I
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