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O nome Necronomicon foi inventado pelo próprio H.P. Lovecraft. Ele afirmou isso em uma carta, dizendo que o nome surgiu para ele durante um sonho, e não existem razões para se duvidar disso já que ele (o nome) não aparece em lugar nenhum antes de Lovecraft começar a usá-lo e todas as vezes que foi usado depois disso ele pode ser traçado de volta à sua origem Lovecraftiana.
Enquanto a origem do nome não nos oferece nenhuma dúvia o mesmo não pode ser dito sobre seu sinificado. A maioria das interpretações do título Necronomicon oferecem como significado “O Livro Dos Nomes Mortos”, esta definição de certa forma não é a correta. A derivação da primeira raiz de nekroz (nekros, morto, cadáver) está sem dúvida correta, mas a segunda raiz não pode ser derivada de onoma (onoma, nome, título) já que a forma combinatória desta palavra é onomat – como em onomatomania, que é a obseção por nomes e palavras ou seus significados e sons, e em onomatopéia, que é o vocábulo cuja pronúncia lembra o som da coisa significada: trim-trim, au-au, miau, tic-tac.
Alguns ainda podem se lembrar que do grego onuma (onima, nome), como em pseudônimo, antônimo, etc… ou do Latim nomen (nome), raiz nomin-, mas é facilmente visto que essas formas também são igualmente impossíveis.
Outra tentativa etimológica do título como “O Livro dos Nomes Mortos” o divide em nekros mais a forma inexistente e impossível nomikon, um livro de nomes.
O próprio Lovecraft ofereceu uma tradução do título:
O Nome Necronomicon (necroz [nekros], cadáver; nomoz [nomos], lei; eikon [eikôn], imagem = Uma imagem {ou Figura} da Lei dos Mortos) ocorreu a mim durante um sonho, apesar da etimologia ser perfeitamente aceitável. Ao assinalar um autor árabe para um livro com seu título em Grego eu estava invertendo de maneria caprichosa a condição onde o monumental trabalho de astronomia do Grego Ptolomeu (Megalh Suntaxiz Thz ‘Astronomiaz [Megalê Syntaxis Tês ‘Astronomias]), é comummente conhecido pelo nome arábe Almagest (ou mais precisamente Tabrir al Magesthi), que se originou de uma corruptela do título original uando os árabes fizeram sua tradução (megisth [megistê] é o superlativo de megalh [megalê], e os árabes provavelmente acharam uma boa idéia para distinguir esse de trabalhos de um outro Ptolomeu).
Cartas Selecionadas V, 418
Aqueles preocupados com informações sobre o autor sentirão uma atração à interpreteção de Lovecraft e ela certamente deve ser do interese de qulauqer um que leio seus trabalhos. Mas mesmo ele estando certo sobre a parte nomos a sua interpretação da raiz final ser uma derivação de eikôn definitivamente é um erro, como mostraremos mais adiante.
O significado exato da raiz nom- foi o responsável por algumas diferenças de opinião. Ela (a raiz) vem de uma família de palavras que incluem o verbo nemein (nemein, distribuir, pastorear, gerenciar), o substantivo nomoz (nomos, prática, costume, lei) e a forma de combinação –nomia (-nomos, distribuindo, gerenciando) utilizada ao se nomear ciências como astronomia. A última pareceria ser a interpretação favorecida por Lovecraft, o título indicaria então um tratado no estudo científico dos mortos, que seria nomeada Necromonia pela ciência. Outros sugeriram a segunda opção, traduzindo o título como “Os Costumes dos Mortos”. Ainda outros propuseram a derivação do elemento nom- de outro grupo de palavras gregas relacionadas, que significariam “patoreio”, “região” “divisão (política)” dando à tradução o significado de: “O Guia (livro) às Regiões dos Mortos”. Outra possibilidade ainda sugere (apesar de eu não me lembrar de ter visto isso mencionado antes) que pegar -nomia (gerenciamento, controle) como em economia, “A arte do gerenciamento do lar” – dando o significado de “O Gerenciamento dos Mortos” ao título, o que não chega a ser muito distante da proposta apresentada nas histórias onde ele surgiu primeiro “O Festival” e “O Sabujo”. Ele talvez devece pertencer à ciência de necronomia.
Ainda outra tentativa de interpretar o nome se utiliza da combinação de duas raízes ao invés de três: nekros, morto, com nomikos, advogado. Por mais atratativa que seja a idéia de um “Livro dos Advogados Mortos” esta não é uma tradução precisa.
Finalmente, para resolvermos de uma vez com todas com essas dúvidas chatas, nós podemos pegar o posfácio de S. T. Joshi para a “História do Necronomicon” escrita por H. P. Lovecraft. Além de ser um proeminente estudioso de Lovecraft, Joshi tem um doutorado em Clássicos, se tornando duplamebte qualifcado em sua área de especialidade. Ele analiza o título comparando-o com o Astronomica (plural, no singular se escreve Astronomicôn) de Manilius, um trabalho em latim de astronomia que Lovecraft conhecia e chegou a citar e seu artigo entitulado “Mysteries of the Heavens”, publicado na Asheville Gazzete-News dia 3 de abril de 1915. Nesse artigo ele escreve: “Manilius, se referindo à Via-Láctea em seu Astronomicon…”. Ele divide o nome da seguinte maneira: nekroz = nekros, pessoal morta, cadáver; nemein = nemein, considerar; e –ikon = -ikon, um sufixo adjetivo equivalente ao latim -icum, no inglês –ic –ical. Desta última opção podemos ver que a interpretação forçada de -icon como -eikon, figura, imagem = “livro”, é totalmente desnecessária. Joshi então dá ao título grego a seguinte renderização: “Livro a Respeito dos Mortos”.
Para os fãs dos filmes da série Evil Dead, A Morte do Demônio no segundo e terceiro filme, respectivamente Evil Dead II: Dead By Dawn (Uma noite Alucinante II: Mortos ao Amanhecer) e Army of Darkness (Exército da Escuridão) aparecem variantes deste nome. Nesses filmes o livro é chamado de Necronomicon ex Mortis. Aparentemente isso acontece por casa de uns erros de Latin ao se incrementar o nome do livro: o correto seria tanto ex Morte, “da Morte”, ou mais provavelmente ex Mortuis, “dos mortos”.
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