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Qual o caminho lógico até a solução final no combate a bruxaria? – Malleus Maleficarum

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Quanto a solução final contra a bruxaria é experiente buscar tanto quanto possível uma concordâcia entre as varias opiniões desses respeitáveis doutores e isso pode ser feito num aspecto. Com esse propósito deve-se notar que os métodos pelos quais um encantamento de bruxaria pode ser removido são os seguintes:

por meio de uma bruxa e outro encantamento; ou sem contar com a bruxa, mas por meio de cerimônias mágicas e ilícitas. E este ultimo método pode ser dividido em dois, a saber, o uso de cerimônias que são tanto ilícitas quanto escusas, ou o uso de cerimônias que são escusas mas não ilícitas.

o primeiro remédio e totalmente ilícito, no que diz respeito tanto ao agente quanto ao remédio em si. Mas pode ser conseguido de duas maneiras: por algum dano contra aquele que provocou o encantamento ou sem qualquer injuria, mas por meio de cerimônias mágicas e ilícitas. o ultimo caso pode ser incluído no segundo método, isto e, aquele por meio do qual o encantamento e removido sem a interferência de uma bruxa. mas por meio de cerimônias mágicas e ilícitas: e nesse caso deve ainda ser considerado ilícito, apesar de não na mesma medida que o primeiro método.

Podemos resumir da seguinte maneira. Existem três condições pelas quais um remédio se toma ilícito. Primeira, quando o encantamento é removido por meio de uma outra bruxa e por meio de uma bruxaria, isto é pelo poder de algum diabo. Segunda, quando não e removido por uma bruxa, mas por alguma pessoa honesta, de tal forma, no entanto. que o encantamento por meio de algum remediu mágico e transferido de uma pessoa para outra e isso e ilícito. Terceira, quando o encantamento e removido sem a interposição de outra pessoa, mas por meio de alguma invocação aberta ou tácita de diabos e isso e também ilícito.

E em relação a esses métodos que os teólogos dizem ser melhor morrer que consentir neles. Mas existem dois outros métodos pelos quais, segundo os canonistas, e lícito, nem escuso nem vão, remover um encantamento; e esses métodos podem ser usados quando todos os remédios da Igreja, tais como exorcismos e orações aos santos e sincera penitencia. foram tentados e falharam. Mas, para melhor compreensão desses remédios. contaremos alguns exemplos que conhecemos por experiência pessoal.

No tempo do papa Nicolau, certo bispo da Alemanha veio a Roma tratar de negócios, mas manda a caridade que não se revele o seu nome apesar de ele já ter pago seu debito com a natureza. Ali ele se apaixonou por uma moça e mandou-a para sua diocese encarregada de dois de seus criados e de algumas outras posses, inclusive algumas jóias muito preciosas. Durante a viagem, a moça, com a habitual mesquinharia das mulheres, começou a cobiçar as jóias. que eram de fato muito valiosas e começou a pensar em seu coração que se o bispo morresse por meio de alguma bruxaria ela poderia tomar posse dos anéis. colares e correntes. Na noite seguinte, o bispo adoeceu gravemente e os médicos e seus criados suspeitaram de que ele tivesse sido envenenado, pois sentia tal fogo dentro do peito que tinha de tomar constantemente goles de água fria para amaina-lo.

No terceiro dia, quando já não parecia haver esperança para sua vida. uma velha veio e implorou vê-lo. dizendo ter vindo para curá-lo. Então deixaram-na entrar e ela prometeu ao bispo que podia curá-lo se ele concordasse com suas propostas. Quando o bispo perguntou com que teria de concordar para recobrar sua saúde, o que ele muito desejava, a velha respondeu: “Sua doença foi causada por um encantamento de bruxaria e só pode ser curada por outro encantamento que transferirá a doença para a bruxa que o causou, e ela morrera”. O bispo ficou atônito e vendo que não podia ser curado por outro meio e não desejando chegar a conclusões apressadas, pediu conselho ao papa. Ora, o santo padre gostava muito dele e, quando soube que ele só podia ser curado com a morte da bruxa, concordou em permitir o menor de dois males e assinou a permissão com o seu selo.

Assim. a velha novamente se aproximou e disse que tanto ele quanto o papa haviam concordado com a morte da bruxa, como condição para que ele retornasse a sua antiga saúde e se retirou prometendo que ele estaria curado na noite seguinte. E. oh!, quando pelo meio da noite ele se sentiu curado e livre de toda doença, mandou um mensageiro para saber que tinha acontecido a moça e este voltou e relatou que ela tinha subitamente adoecido no meio da noite enquanto dormia ao lado de sua mãe.

Deve-se compreender que, exatamente na mesma hora e momento, a doença deixou o bispo e afligiu a moça, por meio da velha bruxa e assim o mau espírito, deixando de assolar o bispo, parecia ter-lhe restaurado a saúde, quando, porem, não fora ele mas Deus quem lhe permitira afligir o bispo e, propriamente falando, foi Deus quem restaurou a saúde, e o diabo, por causa do seu pacto com a segunda bruxa que tinha inveja da moça. teve de afligir a amante do bispo. E deve-se considerar que esses dois maus encantamentos não foram obrados por dois diabos servindo duas pessoas, mas por dois diabos servindo duas bruxas separadas. Pois os diabos não trabalham contra si mesmos (.) mas, na medida do possível, trabalham em acordo para a perdição de almas.

Finalmente, movido pela compaixão, o bispo foi visitar a moça, mas, quando entrou no quarto, ela o recebeu com horríveis execrações, gritando: “Que tu e aquela que obrou tua cura sejam danados para sempre!” E o bispo tentou abrandar sua mente para a penitencia e disse-lhe que a perdoava de todos as seus erros, mas ela voltou-lhe a face e disse: “Não tenho esperança de perdão. mas, sim, encomendo minha alma a todos as diabos do inferno”; e assim morreu miseravelmente. Porem, o bispo voltou para casa cheio de alegria e reconhecimento. Aqui se deve notar que um privilégio concedido a um não constitui piecedente para todos e a dispensa do papa nesse caso não significa que o mesmo e valida para todos os casos.

Nider, em seu Formicarius, refere-se ao mesmo assunto, dizendo: “o seguinte método e empregado algumas vezes para remover ou vingar um encantamento de bruxaria: Alguém que tenha sido enfeitiçado em si mesmo ou em suas posses vai até a bruxa procurando saber quem o injuriou. Então, a bruxa verte chumbo derretido na água ate que, por obra do diabo, alguma imagem se forme com a solidificação do chumbo. Com isso a bruxa pergunta em que parte do corpo se deseja que o inimigo seja ferido, a fim de que se possa reconhecê-lo pelo ferimento. E, uma vez escolhido o lugar, a bruxa imediatamente fura ou fere, com uma faca, a imagem de chumbo na mesma parte e mostra o lugar pelo qual se pode reconhecer a pessoa culpada. E sabe-se por experiência que exatamente da mesma maneira que a imagem de chumbo e ferida, também o e a bruxa que lançou o encantamento.”

Porém, sobre esse tipo de remédio e outros semelhantes, afirmo que são em geral ilícitos, apesar de a maldade humana, esperando obter perdão de Deus, se lançar muitas vezes a tais praticas, cuidando mais da saúde do corpo que .da alma.

O segundo tipo de cura que e efetuado por bruxas para remover encantamentos requer também um pacto expresso com o diabo, mas não e acompanhado de nenhum dano a outra pessoa. E a essa luz devem tais bruxas ser consideradas e a maneira de reconhecê-las será demonstrada mais adiante nos métodos de sentenciar bruxas. Existem muitas dessas bruxas, pois são sempre encontradas a intervalos de 1 ou 2 milhas alemãs e essas parecem estar capacitadas a curar qualquer pessoa que esteja enfeitiçada por outra bruxa de seu próprio distrito. Algumas delas dizem poder efetuar essas curas em termos absolutos; outras, que podem curar apenas os enfeitiçados das vizinhanças e outras ainda, que só podem efetuar curas com o consentimento da bruxa que lançou o encantamento original.

E é sabido que essas mulheres entraram em pacto aberto com o diabo, porque elas revelam assuntos secretos aos que vem a elas para serem curados. Pois, subitamente, elas revelam a tal pessoa a causa de sua calamidade, dizendo se foi enfeitiçada em sua própria pessoa ou em suas posses, por alguma briga que tenha tido com um vizinho ou com algum homem ou mulher; e, as vezes, a fim de manter segredo de suas práticas criminosas, elas exigem de seus clientes alguma peregrinação ou outra obra piedosa. Porem, aproximar-se de tais mulheres a fim de ser curado e muito pemicioso porque elas parecem trazer maior dano a fé do que outras que efetuam suas curas por meio apenas de um pacto tácito com o diabo.

Pois os que recorrem a tais bruxas estão pensando mais em seus corpos do que em Deus e alem disso, Deus abrevia suas vidas para puni-los por terem tornado em suas mãos a vingança de seus erros. Pois assim agiu a vingança divina com Saul, porque ele primeiro expulsou de sua terra todos os magos e mágicos e depois consultou uma bruxa; porquanto ele foi morto em batalha junto com seus filhos, I Samuel XXVIII e I Paralipomenon. E pela mesma razão o doente Ochozias IV Reis I (Ahaziah; II Reis I a V).

Os que consultam tais bruxas são também vistos como difamados e não lhes e permitido fazer uma acusação. conforme será demonstrado e são, pela lei, condenados a pena capital. conforme foi dito na primeira questão deste livro. Mas, o Senhor Deus, que sois justo em todo julgamento, quem libertara o pobre que está enfeitiçado e chora suas dores incessantes? Pois nossos pecados são tantos e o inimigo tão forte e onde estão os que podem desfazer as obras do diabo por meio de exorcismos lícitos?

Eis o remédio que parece haver sobrado: que os juizes mantenham tanto quanto possível vigilância, punindo com várias penalidades as bruxas que são causadoras disso, para que assim evitem que os doentes tenham oportunidade de consultar bruxas. Mas, oh! ninguém compreende isso em seu coração, porque todos procuram seu próprio bem em vez do de Jesus Cristo.


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