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por Rabi Moshé Cordovero
excerto de “A Palmeira de Debora”
Como o homem deve treinar a si mesmo para adquirir a qualidade da Soberania? Antes de tudo, ele não deve se orgulhar em seu coração por causa do que possui, mas deve comportar-se constantemente como um mendigo, estando diante de seu Criador como um pobre que suplica e faz pedidos. Mesmo que seja rico, pode treinar-se para agir dessa maneira ao considerar que nada do que possui lhe pertence de fato, e que ele é desamparado, necessitando das misericórdias dos Céus em todos os momentos, pois tudo o que tem é o pão que come. Ele deve humilhar seu coração e afligir-se. Especialmente no momento da oração, pois isso é de grande auxílio. Do contrário, diz-se: “Então teu coração se ensoberbece e tu te esqueces…”, pois o esquecimento, pertencente aos Externos, encontra-se ali. Davi agiu dessa forma em grande medida quando disse: “Porque sou solitário e aflito.” Pois todos os de sua casa têm a si mesmos com quem se ocupar. O que todos eles são para ele? O que podem fazer por ele sua esposa e filhos quando ele é julgado diante do Criador ou quando sua alma parte? Podem eles acompanhá-lo além da sepultura? De que lhe servem a partir da entrada do túmulo? Portanto, ele deve humilhar-se e aperfeiçoar-se segundo o segredo dessa qualidade.
Um segundo método é explicado no Zohar, e é de grande importância. Ele deve exilar-se de lugar em lugar por amor ao Céu e, assim, tornar-se uma carruagem para a Shekinah Exilada. Deve imaginar: “Eis que entrei em exílio, mas meus utensílios estão comigo. O que será da honra do Altíssimo, vendo que a Shekinah está no exílio sem Seus utensílios, que faltam por causa do Exílio?” Por isso, deve contentar-se com o mínimo possível, como está escrito: “Prepara teus pertences para o exílio”, e humilhar seu coração no exílio, ligando-se à Torá, e então a Shekinah estará com ele. E deve realizar divórcios, afastando-se constantemente de sua casa de repouso, à semelhança de Rabi Shimon e seus companheiros, que se afastaram para estudar a Torá. E quanto melhor se ele fere seus pés vagando de lugar em lugar, sem cavalo nem carro. A seu respeito está dito: “Sua esperança (sibhro) está no Senhor seu Deus”, o que se interpreta a partir da expressão “shebher” (quebrar), pois ele quebra seu corpo no serviço do Altíssimo.
Outra qualidade excelente da Soberania, segundo a porta do serviço divino em geral, é o temor ao Senhor, o honrado e o temível. Eis que o temor é muito perigoso quando leva a uma falha e permite a entrada dos Externos, pois se ele teme sofrimentos, morte ou inferno, esse é o temor dos Externos, pois todas essas coisas vêm deles. No entanto, o verdadeiro temor é temer ao Senhor, o que se alcança ao considerar três coisas: a primeira é que a grandeza do Criador está acima de tudo o que existe. Ora, o homem teme o leão, o urso, o ladrão, o fogo e os escombros, mas estes são apenas pequenos emissários. Por que, então, não temer o Grande Rei? E seu temor deve estar constantemente estampado em seu rosto, por causa da grandeza d’Ele. E deve dizer: “Como pode um homem desprezível ousar pecar diante de um Senhor tão grandioso?” Se fosse um leão, o devoraria, e só porque o Santo, Bendito Seja, é paciente, isso seria motivo para não temê-Lo?
Em segundo lugar, deve considerar a constância da Providência: que Ele o observa e contempla. Ora, um escravo teme na presença de seu senhor, e o homem está sempre na presença do Criador, cujos olhos estão abertos para todos os seus caminhos. Ele deve temer e tremer ao violar Seus mandamentos.
Em terceiro lugar, Ele é a raiz de todas as almas, todas enraizadas em Suas Sefirot. E como o pecado causa uma falha em Seu Palácio, como não temer manchar, com seus atos malignos, o Palácio do Rei?
Em quarto lugar, ele deve perceber que a falha em seus atos afasta a Shekinah do alto. Deve temer causar esse grande mal de separar o amor do Rei da Rainha. Esse tipo de temor é o que conduz o homem ao caminho certo para o aperfeiçoamento dessa qualidade, e por meio dele ele se apega a ela.
Além disso, o homem deve ter muito cuidado em conduzir-se de modo que a Shekinah permaneça sempre com ele e jamais o abandone. Ora, é evidente que a Shekinah não pode estar com um solteiro, pois a Shekinah provém principalmente do feminino. O homem está entre duas mulheres: a mulher física, aqui embaixo, que recebe dele alimento, vestimenta e direitos conjugais; e a Shekinah, que está acima dele, para abençoá-lo com essas coisas que ele, por sua vez, transmite à esposa da aliança. Isso segue o modelo da Beleza, que está entre as duas Mulheres: a Mãe Superior, que derrama tudo o que é necessário, e a Mãe Inferior, que dela recebe alimento, vestimenta e direitos conjugais — ou seja, bondade, justiça e piedade, como é conhecido. E a Shekinah não pode vir a ele a menos que ele se assemelhe à Realidade Superior.
Ora, o homem separa-se de sua esposa em três circunstâncias:
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quando ela está em seu período de separação;
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quando ele estuda a Torá e vive afastado dela durante os dias da semana;
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quando viaja e guarda-se do pecado.
Durante esses períodos, a Shekinah liga-se a ele e permanece com ele, e ele não está só nem separado, mas sempre o homem completo: masculino e feminino. Uma vez que a Shekinah se une a ele, o homem deve cuidar para que Ela não se afaste durante a viagem. Deve ser diligente e tirar proveito disso ao recitar a oração do viajante e ao manter-se firme na Torá, pois graças a isso a Shekinah, que guarda o caminho, permanece com ele enquanto ele evita o pecado e estuda a Torá. Da mesma forma, quando sua esposa está em seu período de separação, a Shekinah permanece com ele, se ele guarda corretamente as leis da separação. Depois, na noite de sua purificação, ou na noite do Shabat, ou ao retornar de viagem — cada um desses momentos é ocasião de união devida. A Shekinah está constantemente aberta acima para receber almas sagradas, e por isso também é adequado que ele tenha relações com sua esposa, e por essa virtude a Shekinah estará sempre com ele. Assim está explicado no Zohar, na primeira seção de Gênesis.
O coito com a esposa deve ocorrer apenas quando a Shekinah está em Seu lugar, ou seja, entre os Dois Braços. Contudo, durante um desastre público, quando a Shekinah não está entre os Dois Braços, é proibido, como está declarado nos Tikkunim sobre Gênesis.
Aquele que deseja unir-se à Filha do Rei, para que Ela jamais o abandone, deve primeiro adornar-se com todos os ornamentos e vestes finas — e esses são todos os Tikkunim das qualidades mencionadas. Depois de assim adornar-se, deve ter a intenção de recebê-La ao estudar a Torá e ao carregar o jugo dos preceitos, conforme o segredo da união perpétua. Imediatamente, então, Ela torna-se casada com ele e jamais o deixa. Mas isso depende de sua pureza e santificação, e quando estiver puro e santo, pode então ter a intenção de cumprir para Ela o dever de prover alimento, vestimenta e direitos conjugais, que são as três obrigações de um homem para com sua esposa terrena.
A primeira é prover-Lhe alimento, vindo da Direita, por meio de suas ações.
A segunda é cobri-La com o Poder, para que os Externos não tenham domínio sobre Ela — ou seja, que não haja vestígio da inclinação ao mal no cumprimento dos preceitos, nem que sejam feitos para benefício próprio ou por desejo de honra ilusória, por exemplo; pois, então, a inclinação ao mal está presente naquele preceito e Ela foge dele, pois isso é vergonha. Portanto, ele deve cobrir a vergonha e ocultá-La para que não se tenha domínio sobre Ela. Como fazer isso? Cumprindo todos os seus atos por amor ao Céu, sem nenhum vestígio da inclinação ao mal.
Tefilin e Tzitzit também são poderosos para protegê-La, para que os Externos não tenham domínio sobre Ela, e ele deve acostumar-se a usá-los.
Terceiro: unir-se à Beleza durante a leitura do Shemá e ao reservar tempos para o estudo da Torá. E quando reservar um tempo para qualquer propósito, deve ter a intenção de que aquele é o tempo da Shekinah, a Filha do Rei. E há um indício disso nos Tikkunim.
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