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Os Analectos de Confúcio

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Tradução D.C Lau e Caroline Chang

Os Analectos (em chinês: 論語 ou 论语; pinyin: Lún Yǔ) de Confúcio, também conhecidos como Diálogos de Confúcio, constituem o livro doutrinal mais importante do confucionismo. Trata-se de uma seleção de ensinamentos atribuídos a esse pensador chinês e aos seus discípulos diretos, compilada após sua morte.

Livro I

  1. O Mestre disse: “Não é um prazer, uma vez que se aprendeu algo, colocá-lo em prática nas horas certas? Não é uma alegria ter amigos que vêm de longe? Não é cavalheiresco não se ofender quando os outros falham em apreciar suas habilidades?”.
  2. Yu Tzu disse: “É raro um homem que é bom como filho e obediente como jovem ter a inclinação de transgredir contra seus superiores; não se sabe de alguém que, não tendo tal tendência, tenha iniciado uma rebelião. O cavalheiro dedica seus esforços às raízes, pois, uma vez que as raízes estão estabelecidas, o Caminho daí brotará. Ser um filho bom e um jovem obediente é, talvez, a raiz do caráter de um homem”.
  3. O Mestre disse: “É raro, de fato, que um homem com palavras ardilosas e um rosto bajulador seja benevolente”.
  4. Tseng Tzu disse: “Todos os dias, examino a mim mesmo sob três aspectos. Naquilo que fiz pelo bem-estar do outro, falhei em fazer o meu melhor? Ao tratar com meus amigos, falhei em ser fiel às minhas palavras? Ensinei aos outros algo que eu próprio não tenha experimentado?”.
  5. O Mestre disse: “Ao governar um reino com mil carruagens, trate dos negócios com reverência e seja coerente com aquilo que fala; evite gastos excessivos e ame os seus semelhantes; empregue o trabalho do povo apenas nas épocas certas”.
  6. O Mestre disse: “Um rapaz deveria ser um bom filho em casa e um jovem obediente fora de casa, parcimonioso com a fala, mas coerente com o que diz, e deveria amar todo o povo, mas cultivar a amizade dos seus semelhantes. Se lhe sobrar alguma energia dessas ações, que ele a dedique a tornar-se um homem culto”.
  7. Tzu-hsia disse: “Eu diria que recebeu instrução aquele que aprecia homens de excelência enquanto outros homens apreciam belas mulheres; que se dedica ao máximo ao servir os seus pais e oferece a sua pessoa a serviço do seu senhor: e que, nas relações com seus amigos, é coerente àquilo que diz, mesmo que afirme que nunca recebeu educação”.
  8. O Mestre disse: “Um homem a quem falta seriedade não inspira admiração. Um cavalheiro que estuda não costuma ser inflexível.

“Estabeleça como princípio fazer o melhor pelos outros e ser coerente com o que diz. Não aceite como amigo ninguém que não seja tão bom quanto você.

“Quando cometer um erro, não tenha medo de corrigi-lo.”

  1. Tseng Tzu disse: “Conduza os funerais dos seus pais com esmero e não deixe que sacrifícios aos seus remotos ancestrais sejam esquecidos, e a virtude do povo penderá para a perfeição”.
  2. Tzu-ch’in perguntou a Tzu-kung: “Quando o Mestre chega em um reino, ele invariavelmente fica sabendo sobre o governo do lugar. Ele busca tais informações? Ou elas lhe são fornecidas?”.

Tzu-kung disse: “O Mestre conquista-as sendo cordial, bom, respeitador, moderado e deferente. O modo com que o Mestre busca informação é, talvez, diferente do modo com que outros homens as buscam”.

  1. O Mestre disse: “Observe o que um homem, enquanto seu pai está vivo, planeja fazer e então observe o que ele faz quando seu pai falece. Se, durante três anos, ele não se desviar do caminho do pai, ele pode ser chamado de um bom filho”.
  2. Yu Tzu disse: “Das coisas proporcionadas pelos ritos, a harmonia é a mais Dos Caminhos dos antigos reis, este é o mais belo e é seguido igualmente em questões grandes ou pequenas, embora nem sempre funcione: buscar sempre a harmonia sem regulá-la pelos ritos, simplesmente pela harmonia, na verdade não funcionará”.
  3. Yu Tzu disse: “Ser coerente com as próprias palavras é ter moral, no sentido de que isso faz com que as palavras dessa pessoa possam ser repetidas. Ser respeitoso significa ser observador dos ritos, no sentido de que isso possibilita que se fique longe da desgraça e do insulto. Se, ao promover as boas relações com parentes da sua esposa, um homem consegue não perder a boa vontade de seus próprios parentes, então ele merece ser considerado o chefe do clã”.
  4. O Mestre disse: “O cavalheiro não almeja nem uma barriga cheia nem uma casa confortável. Ele é rápido na ação mas cauteloso com o que diz.Ele se dirije a homens virtuosos para receber orientação. Tal homem pode ser descrito como alguém ávido por aprender”.
  5. Tzu-kung disse: “‘Pobre sem ser servil, rico sem ser arrogante’. O que o senhor pensa desse provérbio?”.

O Mestre disse: “É bom, mas melhor ainda é: ‘Pobre, mas alegre no Caminho; rico, porém observador dos ritos’”. Tzu-kung disse: “As Odes dizem

Cortado como osso, polido como chifre Esculpido como jade, moído como pedra.

O que o senhor disse não é um caso semelhante?”.

  1. O Mestre disse: “Ssu, apenas com um homem como você pode outro homem discutir as Odes. Diga algo a este homem, e ele poderá ver sua relevância em relação ao que não foi dito”.

Não é quando os outros falham em apreciar as suas habilidades que você deveria ficar incomodado, mas, antes, quando você falha em apreciar as habilidades dos outros.

 

Livro II

  1. O Mestre disse: “O governo pela virtude pode ser comparado à estrela Polar, que comanda a homenagem da multidão de estrelas sem sair do lugar”.
  2. O Mestre disse: “As Odes são trezentas, em número. Podem ser resumidas a uma frase:

Não se desvie do caminho.”

  1. O Mestre disse: “Guie-o por meio de editos, mantenha-o na linha com punições, e o povo se manterá longe de problemas, mas não será capaz de sentir Guie-o pela virtude, mantenha-o na linha com os ritos, e o povo, além de ser capaz de sentir vergonha, reformará a si mesmo”.
  2. O Mestre disse: “Aos quinze anos, dediquei-me de coração a aprender; aos trinta, tomei uma posição; aos quarenta, livrei-me das dúvidas; aos cinquenta, entendi o Decreto do Céu; aos sessenta meus ouvidos foram sintonizados; aos setenta, segui o meu coração, sem passar dos limites”.
  3. Meng Yi Tzu perguntou sobre piedade filial. O Mestre respondeu: “Nunca deixe de obedecer”.

Fan Ch’ih estava conduzindo. O Mestre contou-lhe sobre a audiência: “Meng- sun me perguntou sobre piedade filial. Eu respondi: ‘Nunca deixe de obedecer’”.

Fan Ch’ih perguntou: “O que isso significa?”.

O Mestre disse: “Quando seus pais estão vivos, obedeça aos ritos ao servi-los; quando eles morrerem, obedeça aos ritos ao enterrá-los; obedeça aos ritos ao sacrificar-se por eles”.

  1. Meng Wu Po perguntou sobre piedade filial. O Mestre disse: “Não dê ao seu pai e à sua mãe nenhuma outra causa de preocupação além da doença”.
  2. Tzu-y u perguntou sobre piedade filial. O Mestre disse: “Hoje em dia, ser filial não quer dizer mais do que ser capaz de prover seus pais com Até mesmo cães e cavalos são, de algum modo, alimentados. Se um homem não mostra reverência, qual é a diferença?”.
  3. Tzu-hsia perguntou sobre piedade filial. O Mestre disse: “O que é difícil é a atitude das pessoas. Quanto aos jovens tomarem para si o fardo quando há trabalho a ser feito ou deixarem os velhos aproveitarem o vinho e a comida quando há, isso dificilmente merece ser chamado de filial”.
  4. O Mestre perguntou: “Posso falar com Hui o dia inteiro sem que ele discorde de mim sobre qualquer coisa. Poderia parecer que ele é estúpido. Entretanto, quando examino melhor o que ele faz privadamente, depois que saiu da minha presença, descubro que, de fato, joga alguma luz sobre o que eu disse. Hui não é estúpido, afinal das contas”.
  1. O Mestre disse: “Veja os meios que um homem emprega, observe o caminho que ele toma e examine a circunstância em que ele se sente confortável.Como poderia o verdadeiro caráter de um homem esconder-se? Como poderia o verdadeiro caráter de um homem esconder-se?”
  2. O Mestre disse: “Merece ser um professor o homem que descobre o novo ao refrescar na sua mente aquilo que ele já conhece”.
  3. O Mestre disse: “O cavalheiro não é um pote”.
  4. Tzu-kung perguntou sobre como é o verdadeiro cavalheiro. O Mestre disse: “Ele coloca suas palavras em ação e só então permite que as palavras sigam-lhe a ação”.
  5. O Mestre disse: “O cavalheiro associa-se com pessoas, mas não entra em clubes; o pequeno homem entra em clubes, mas não se associa com ninguém”.
  6. O Mestre disse: “Se um homem aprende com os outros mas não pensa, ele ficará confuso. Se, por outro lado, um homem pensa mas não aprende com os outros, ele estará em perigo”.
  7. O Mestre disse: “Atacar uma questão pelo lado errado nada mais pode senão causar danos”.
  8. O Mestre disse: “Yu, vou lhe contar o que há para saber. Dizer que você sabe quando você sabe, e dizer que você não sabe quando não sabe: isso é conhecimento”.
  9. Tzu-chang estudava com o objetivo de seguir uma carreira oficial. O Mestre disse: “Use seus ouvidos amplamente, mas deixe de fora o que é duvidoso; repita o resto com cuidado e você cometerá poucos Use seus olhos amplamente e deixe de fora o que é perigoso; coloque o resto em prática com cautela e você terá poucos arrependimentos. Quando ao falar você cometer poucos enganos e ao agir tiver poucos arrependimentos, uma carreira oficial decorrerá com certeza”.
  10. O duque Ai perguntou: “O que devo fazer para que o povo me admire?”.

Confúcio respondeu: “Promova os homens corretos e coloque-os acima dos desonestos, e o povo o admirará. Promova os homens desonestos e coloque- os acima dos homens corretos, e o povo não o admirará”.

  1. Chi K’ang perguntou: “Como se pode inculcar no povo a virtude da reverência, de dar o melhor de si e com entusiasmo?”.

O Mestre disse: “Governe-o com dignidade e o povo será reverente; trate-o com bondade e o povo dará o melhor de si; promova os homens bons e eduque os mais atrasados, e o povo ficará tomado de entusiasmo”.

  1. Alguém disse para Confúcio: “Por que o senhor não faz parte do governo?”.

O Mestre disse: “O Livro da História diz: ‘Oh, um homem pode exercer influência no governo simplesmente sendo um bom filho e amistoso com seus irmãos’. Ao agir dessa forma um homem estará, de fato, fazendo parte do governo. Como ousam perguntar sobre ele fazer ativamente ‘parte do governo’?”.

  1. O Mestre disse: “Não entendo como pode ser aceitável um homem que é desleal com suas palavras. Se falta um prego na canga de uma grande carruagem ou nos arreios de uma pequena carruagem, como pode se esperar que o carro vá em frente?”.
  2. Tzu-chang perguntou: “Pode-se prever como será o futuro, daqui a dez gerações?”.

O Mestre disse: “Os Yin basearam-se nos ritos de Hsia. Pode-se saber o que foi acrescentado e o que foi omitido. Os Chou basearam-se nos os ritos de Yin. Pode- se saber o que foi acrescentado e o que foi omitido. Se houver sucessores aos Chou, pode-se saber como serão, até mesmo daqui a cem gerações”.

  1. O Mestre disse: “Oferecer sacrifício ao espírito de um ancestral que não é nosso é bajulação. Não fazer o que é certo demonstra falta de coragem”.

 

Livro III

  1. Confúcio disse da família Chi: “Eles usam oito fileiras de dançarinas cada um para performances no jardim. Se isso pode ser tolerado, o que não pode ser tolerado?”.
  2. As Três Famílias recitavam o yungquando as oferendas sacrificiais estavam sendo retiradas. O Mestre disse:

Como plateia figuravam os grandes senhores, Em dignidade solene estava o imperador.

Que aplicação isso pode ter nos salões das Três Famílias?”

  1. O Mestre disse: “O que pode um homem fazer com os ritos se ele não é benevolente? O que pode um homem fazer com a música se ele não é benevolente?”
  2. Lin Fang perguntou sobre o fundamento dos ritos. O Mestre disse: “Uma nobre pergunta, de fato! Com os ritos, é melhor pecar pela simplicidade do que pela extravagância; em matéria de luto, é melhor pecar pela tristeza do que pela formalidade”.
  3. O Mestre disse: “Tribos bárbaras com seus líderes são inferiores aos reinos chineses sem líderes”.
  4. A família Chi estava indo fazer sacrifícios para o monte T’ai. O Mestre disse para Jan Ch’iu: “Você não pode impedi-los?”.

“Não, não posso.”

O Mestre disse: “Oh! Mas quem pode imaginar que o monte T’ai desconhece os ritos assim como Lin Fang?”.

  1. O Mestre disse: “Não há competição entre O mais próximo disso é, talvez, no tiro com arco. No tiro com arco eles se curvam e dão lugar um para o outro quando iniciam e, ao terminarem, bebem juntos. Até mesmo a maneira com que competem é cavalheiresca”.
  2. Tzu-hsia perguntou:

“Seu encantador sorriso com covinhas, Seus belos olhos esgazeando,

Padrões de cores em seda lisa.

Qual o significado de tais linhas?”.

O Mestre disse: “As cores são acrescentadas após o branco”. “E a prática dos ritos, também vem depois?”

O Mestre disse: “É você, Shang, quem iluminou o texto para mim. Apenas com um homem como você é possível discutir as Odes”.

  1. O Mestre disse: “Posso falar sobre os ritos de Hsia, mas o reino de Ch’i não preservou eviervou evidências suficientes. Isso é porque não há registros suficientes nem homens de erudição. Não fosse assim, eu poderia sustentar o que digo em evidências”.
  2. O Mestre disse: “Não quero assistir à parte do sacrifício tique vem depois da libação de abertura ao personificador”.
  3. Alguém perguntou sobre o significado do sacrifício ti. O Mestre disse: “Não é algo que eu entenda, pois quem entender terá capacidade para gerenciar o império com tanta facilidade quanto se o tivesse aqui”, apontando para a palma da mão.
  4. “Sacrifício presente” diz-se que significa “sacrifique aos deuses como se os deuses estivessem presentes.”

O Mestre, entretanto, disse: “A menos que eu participe do sacrifício, é como se eu nada tivesse sacrificado”.

  1. Wang-sun Chia disse:

“Melhor homenagear o fogão da cozinha Do que o canto sudoeste da casa.

O que isso significa?”.

O Mestre disse: “O ditado está errado. Quando você ofende o Céu, não adianta voltar suas preces para nenhum outro lugar”.

  1. O Mestre disse: “A cultura de Chou resplandece, tendo o exemplo de duas dinastias anteriores. Sou a favor dos Chou”.
  2. Quando o Mestre entrou no Grande Templo, ele fez perguntas sobre tudo. Alguém observou: “Quem disse que o filho do homem de Tsou entendia os ritos? Quando ele entrou no Grande Templo, ele fez perguntas sobre tudo”.

O Mestre, ao ouvir isso, disse: “Fazer perguntas é, em si, o ritual correto”.

  1. O Mestre disse:

“No tiro com arco, o objetivo não reside em perfurar o alvo Pela razão de que a força varia de homem para homem.

Essa era a ideia na Antiguidade”.

  1. Tzu-kung queria libertar a ovelha sacrificial no anúncio da lua nova. O Mestre disse: “Ssu, você está relutando em se desfazer do valor da ovelha, mas eu reluto em ver o fracasso do ritual”.
  2. O Mestre disse: “Você será visto pelos outros como alguém bajulador se observar cada detalhe dos ritos ao servir o seu senhor”.
  3. O duque Ting perguntou: “De que modo o governante deveria empregar o serviço dos seus ministros? Qual o modo com que um ministro deveria servir ao seu governante?”.

Confúcio respondeu: “O governante deveria empregar o serviço dos seus ministros de acordo com os ritos. Um ministro deveria servir o seu governante dando o melhor de si”.

  1. O Mestre disse: “No kuan chü há alegria sem futilidade, e tristeza sem amargura”.
  2. O duque Ai perguntou a Tsai Wo sobre o altar de sacrifício ao deus da terra. Tsai Wo respondeu: “Os Hsia usavam o pinho, os Yin usavam o cedro, e os homens de Chou usavam castanheira (li), dizendo que fazia o povo tremer (li)”.

O Mestre, ouvindo a resposta, comentou: “Não se explica o que já está feito, não se discute sobre o que já foi realizado, e não se condena o que já passou”.

  1. O Mestre disse: “Kuan Chung era, de fato, um vassalo de pouca capacidade”. Alguém observou: “Kuan Chung era frugal, então?”.

“Kuan Chung mantinha três estabelecimentos independentes, cada um com uma equipe própria. Como poderia ele ser chamado de frugal?”

“Nesse caso, Kuan Chung entendia os ritos?”

“Governantes de reinos erigem anteparos de tela para seus portões; Kuan Chung também erigia tal anteparo. O governante de um reino, quando recebe o governante de outro reino, tem um suporte especial para descansar sua xícara; Kuan Chung igualmente tinha tal suporte. Se até Kuan Chung entendia os ritos, quem não os entende?”

  1. O Mestre conversou sobre música com o grande musicista de Lu, dizendo: “Isso é o que se pode saber sobre música. Começa sendo tocada em uníssono. Quando flui totalmente, é harmoniosa, límpida e contínua. Desse modo chega à conclusão”.
  2. O fiscal de fronteira de Yi requereu uma audiência [com Confúcio], dizendo: “Nunca me foi negada nenhuma audiência por um cavalheiro que tenha vindo aqui”. Os acompanhantes o apresentaram [a Confúcio]. Quando saiu, o oficial disse: “Estão preocupados, cavalheiros, com a perda do cargo? O Império há muito não segue o Caminho. O Céu vai usar o Mestre de vocês como o badalo de um sino”.
  3. O Mestre disse, sobre shao, que era perfeitamente linda e perfeitamente boa e, sobre wu, que era perfeitamente linda, mas não perfeitamente boa.
  4. O Mestre disse: “O que posso achar digno de nota em um homem a quem falta tolerância quando em uma alta posição, a quem falta reverência quando realiza os ritos e a quem falta tristeza quando em luto?”.

 

Livro IV

  1. O Mestre disse: “A benevolência constitui o mais belo aspecto de uma vizinhança. Como pode ser considerado sábio um homem que, quando tem a possibilidade, não se estabelece em uma vizinhança benevolente?”.
  2. O Mestre disse: “Quem não é benevolente não pode permanecer por muito tempo em uma situação difícil e tampouco pode permanecer durante muito tempo em circunstâncias favoráveis.

“O homem benevolente é atraído pela benevolência porque ele se sente confortável com ela. O homem sábio é atraído pela benevolência porque percebe que ela lhe é favorável.”

  1. O Mestre disse: “Apenas o homem benevolente é capaz de gostar ou de não gostar de outros homens”.
  2. O Mestre disse: “Se um homem aplica o seu coração no caminho da benevolência, ele estará livre do mal”.
  3. O Mestre disse: “Riqueza e posições altas são o que os homens desejam, mas a menos que eu as conseguisse do jeito certo, eu não as manteria. Pobreza e posições baixas são o que os homens não querem, mas mesmo se eu não as conseguisse do modo certo, eu não tentaria escapar delas.

“Se o cavalheiro abandona a benevolência, de que modo pode ele construir um nome para si? Um cavalheiro nunca abandona a benevolência, nem mesmo pelo pouco tempo que demora para se comer uma refeição. Se ele se apressa e tropeça, pode-se ter certeza de que é na benevolência que ele o faz”.

  1. O Mestre disse: “Nunca conheci um homem que amasse a benevolência ou um homem que odiasse a ausência dela*. Um homem que ama a benevolência não pode ser superado. Um homem que odeia a falta de benevolência pode, talvez, ser considerado benevolente, pois ele não permitiria que aquilo que não é benevolente contaminasse sua pessoa.

“Existe um homem que, pelo período de um só dia, seja capaz de dedicar toda a sua força à benevolência? Nunca conheci um homem cuja força seja insuficiente para essa tarefa. Deve haver casos de força insuficiente, mas simplesmente não os encontrei”.

  1. O Mestre disse: “Os erros de um homem são condizentes ao tipo de pessoa que ele é. Observe os erros e você conhecerá o homem”.
  2. O Mestre disse: “Não viveu em vão aquele que morre no dia em que descobre o Caminho”.
  3. O Mestre disse: “Não há razão de buscar as opiniões de um Cavalheiro que, apesar de aplicar seu coração no Caminho, tenha vergonha da comida simples e de suas roupas pobres”.
  4. O Mestre disse: “Nas suas relações com o mundo, o cavalheiro não é rigidamente contra ou a favor de nada. Ele fica do lado daquilo que é justo”.
  5. O Mestre disse: “Enquanto o cavalheiro acalenta o bom governo, o homem vulgar acalenta sua terra natal. Enquanto o cavalheiro acalenta respeito pela lei, o homem vulgar acalenta um tratamento generoso”.
  6. O Mestre disse: “Se as ações de alguém são guiadas pelo lucro, esse alguém provocará muitos ressentimentos”.
  7. O Mestre disse: “Se um homem é capaz de governar um reino por meio da observação dos ritos e do respeito, que dificuldades terá na vida pública? Se ele é incapaz de governar um reino por meio da observação dos ritos e do respeito, de que lhe servem os ritos?”
  8. O Mestre disse: “Não se preocupe por não ter um cargo oficial. Preocupe-se com as suas qualificações. Não se preocupe porque ninguém aprecia as suas Procure ser merecedor de apreço”.
  9. O Mestre disse: “Ts’an! Uma única linha amarra todo o meu pensamento”. Tseng Tzu assentiu.

Depois que o Mestre tinha saído, os discípulos perguntaram: “O que ele quis dizer?”

Tseng Tzu disse: “O caminho do Mestre consiste em dar o melhor de si e usar a si próprio como medida para julgar os outros. Isso é tudo.”

  1. O Mestre disse: “O cavalheiro entende o que é moral. O homem vulgar entende o que é lucrativo”.
  2. O Mestre disse: “Quando conhecer alguém melhor do que você, dirija seus pensamentos para tornar-se igual a essa pessoa. Quando conhecer alguém tão bom quanto você, olhe para dentro e examine a si próprio”.
  3. O Mestre disse: “Ao servir seu pai e sua mãe, você deve dissuadi-los das ações erradas do modo mais gentil. Se você vir seu conselho ser ignorado, não deve se tornar desobediente, mas permanecer Não reclame, mesmo que, com isso, você se canse”.
  4. O Mestre disse: “Enquanto seus pais estiverem vivos, não viaje para muito Se o fizer, seu paradeiro deve sempre ser conhecido por eles”.
  5. O Mestre disse: “Se, por três anos, um homem não se desviar do caminho do seu pai, ele pode ser chamado de um bom filho”.
  6. O Mestre disse: “Um homem não deve desconhecer a idade do seu pai e da sua mãe. É, por um lado, uma razão para alegrias e, por outro, para ansiedade”.
  7. O Mestre disse: “Na Antiguidade, os homens relutavam em falar. Isso porque consideravam vergonhoso se não conseguissem ser fiéis às suas palavras”.
  8. O Mestre disse: “É raro que um homem apegado às coisas essenciais perca o autocontrole”.
  9. O Mestre disse: “O cavalheiro procura ser suave no falar mas rápido no agir”.
  10. O Mestre disse: “A virtude nunca está Está destinada a ter vizinhos”.
  11. Tzu-y u disse: “Ser inoportuno com seu senhor significará humilhação. Ser inoportuno com os amigos significará afastamento”.

 

Livro V

  1. O Mestre disse de Kung-y eh Ch’ang que ele era uma boa escolha para marido, pois, embora estivesse preso, não havia feito nada errado. E lhe deu sua filha em
  2. O Mestre disse de Nan-jung que, quando o Caminho prevaleceu no reino, este não foi posto de lado e, quando o Caminho caiu em desgraça, ele ficou longe da humilhação e da punição. E lhe deu a filha do seu irmão mais velho em
  3. O comentário do Mestre sobre Tzu-chien foi “Que cavalheiro! Onde ele teria adquirido as suas qualidades, se não houvesse cavalheiros no reino de Lu?”.
  4. Tzu-kung perguntou: “O que acha de mim?”. O Mestre disse: “Você é um navio”.“Que tipo de navio?”

“Um navio sacrificial”.

  1. Alguém disse: “Yung é benevolente mas não fala muito bem”.

O Mestre disse: “Qual a necessidade de ele falar bem? Um homem rápido nas respostas frequentemente provocará o ódio dos outros. Não posso dizer se Yung é benevolente ou não, mas qual a necessidade de ele falar bem?.”

  1. O Mestre aconselhou Ch’i-tiao K’ai a assumir um cargo Ch’i-tiao K’ai disse: “Acho que ainda não estou pronto”. O Mestre ficou satisfeito.
  2. O Mestre disse: “Se o Caminho não pudesse prevalecer e eu fosse lançado ao mar em uma jangada, aquele que me seguiria seria Yu, sem dúvida alguma”. Tzu-lu, ao ouvir isso, transbordou de O Mestre disse: “Yu tem mais amor à coragem do que eu, mas lhe falta juízo”.
  3. Meng Wu Po perguntou se Tzu-lu era benevolente. O Mestre disse: “Não posso dizer”. Meng Wu Po repetiu a pergunta. O Mestre disse: “A Yu pode ser dada a responsabilidade de coordenar as tropas de um reino de mil carruagens, mas se ele é benevolente ou não, não posso dizer”.

“E quanto a Ch’iu?”

O Mestre disse: “A Ch’iu pode ser dada a responsabilidade de administrar uma cidade de mil casas ou uma família nobre de cem carruagens, mas se ele é benevolente ou não, não posso dizer”.

“E quanto a Ch’ih?”

O Mestre disse: “Quando Ch’ih coloca a sua faixa e toma lugar na corte, a ele pode ser dada a responsabilidade de conversar com os convidados, mas se ele é benevolente ou não, não posso dizer”.

 

  1. O Mestre disse a Tzu-kung: “Quem é o melhor homem, você ou Hui?”. “Como eu ousaria me comparar a Hui? Quando lhe é dita uma coisa, ele

compreende cem coisas. Quando me é dita uma coisa, eu entendo apenas duas.”

O Mestre disse: “De fato, você não é tão bom quanto ele. Nenhum de nós dois é tão bom quanto ele.”

  1. Tsai Yü estava na cama durante o dia. O Mestre disse: “Um pedaço de madeira podre não pode ser esculpido, tampouco pode uma parede de esterco seco ser aplainada. Em se tratando de Yü, de que adianta condená-lo?”. O Mestre acrescentou: “Eu costumava ouvir as palavras de um homem e confiar que ele agiria de acordo. Agora, tendo ouvido as palavras de um homem, parto para observar suas ações. Foi por causa de Yü que mudei quanto a isso.”
  2. O Mestre disse: “Nunca conheci alguém que fosse verdadeiramente constante”.

Alguém perguntou: “E quanto a Shen Ch’eng?”.

O Mestre disse: “Ch’eng é cheio de desejos. Como pode ser constante?”.

  1. Tzu-kung disse: “Do mesmo modo que não quero que os outros mandem em mim, também não quero mandar nos outros”.

O Mestre disse: “Ssu, isso ainda está bem acima de você”.

  1. Tzu-kung disse: “Pode-se ouvir sobre as realizações do Mestre, mas não se pode ouvir suas opiniões sobre a natureza humana e o Caminho para o Céu”.
  2. A única coisa que Tzu-lu temia era que, antes que pudesse colocar em prática algo que aprendera, lhe ensinassem outra coisa diferente.
  3. Tzu-kung perguntou: “Por que K’ung Wen Tzu foi chamado de wen?”.

O Mestre disse: “Ele era rápido e ávido por aprender: não teve vergonha de buscar o conselho daqueles que lhe eram inferiores em posição. É por isso que ele é chamado wen”.

  1. O Mestre disse sobre Tzu-ch’an que sob quatro aspectos ele tinha as maneiras de um cavalheiro: era respeitoso no modo como se comportava; era reverente no serviço ao seu senhor; ao tratar com as pessoas comuns, ele era generoso e, ao empregar os serviços destas, era justo.
  2. O Mestre disse: “Yen P’ing-chung era um excelente amigo: mesmo quando conhecia seus amigos há muito tempo, ele os tratava com reverência”.
  3. O Mestre disse: “Ao fazer uma casa para sua grande tartaruga, Wen-chung mandou esculpir os capitéis dos pilares na forma de montanhas e pintar os caibros do telhado com desenhos de plantas aquáticas. O que se deve pensar sobre a inteligência dele?”.
  4. Tzu-chang perguntou: “Ling Yin Tzu-wen não demonstrou júbilo algum quando por três vezes foi feito primeiro-ministro. Tampouco demonstrou desgosto quando por três vezes foi removido do cargo. Ele sempre dizia ao seu sucessor o que havia feito durante seu mandato. O que acha disso?”

O Mestre disse: “Ele pode, de fato, ser considerado um homem que dá o melhor de si”.

“E pode ele ser chamado de benevolente?”

“Sequer pode ser chamado de sábio. Como poderia ser chamado de benevolente?”

“Quando o senhor de Ch’i foi assassinado por Ts’ui Tzu, Ch’en Wen Tzu, que possuía dez grupos de quatro cavalos cada, abandonou-os e deixou o reino. Ao chegar em outro reino, ele disse: ‘Os oficiais aqui não são melhores do que o nosso ministro Ts’ui Tzu’e partiu de novo. O que acha disso?”

O Mestre disse: “Ele pode, de fato, ser considerado um homem puro”. “Pode ele ser chamado de benevolente?”

“Sequer pode ser chamado de sábio. Como poderia ser chamado de benevolente?”

  1. Chi Wen Tzu sempre pensava três vezes antes de agir. Quando o Mestre ficou sabendo disso, comentou: “Duas vezes é suficiente”.
  2. O Mestre disse: “Ning Wu Tzu era inteligente enquanto o Caminho prevalecia no reino, mas foi estúpido quando não prevaleceu. Outros podem igualar sua inteligência, mas não podem igualar sua estupidez”.
  3. Quando estava em Ch’en, o Mestre disse: “Vamos para casa. Vamos para Em casa, nossos jovens rapazes são furiosamente ambiciosos e têm grandes talentos, mas não sabem usá-los”.
  4. O Mestre disse: “Po Yi e Shu Ch’i nunca lembravam de velhas Por essa razão, muito raramente provocavam ressentimentos”.
  5. O Mestre disse: “Quem disse que Wei-sheng era correto? Uma vez, quando um pedinte lhe mendigou vinagre, ele foi e pediu-o para um vizinho”.
  6. O Mestre disse: “Palavras ardilosas, rosto adulador e absoluta subserviência: essas coisas Tso-ch’iu considerava vergonhosas. Eu também as considero Ser amigável com alguém enquanto escondemos nossa hostilidade: também isso Tso-ch’iu considerava vergonhoso. Eu também considero vergonhoso”.
  7. Yen Yüan e Chi-lu estavam presentes. O Mestre disse: “Sugiro que cada um de vocês me conte os seus desejos mais fortes”.

Tzu-lu disse: “Eu desejaria partilhar minha carruagem e cavalos, roupas e peles com meus amigos sem me arrepender, mesmo que eles ficassem gastos”.

Yen Yüan disse: “Eu desejaria nunca me vangloriar da minha própria bondade e nunca impor tarefas pesadas aos outros”.

Tzu-lu disse: “Eu gostaria de ouvir quais os seus desejos secretos, Mestre”.

O Mestre disse: “Trazer paz aos velhos, ter confiança nos meus amigos e dar afeto aos jovens”.

  1. O Mestre disse: “Acho que devo abandonar as esperanças. Ainda estou para conhecer o homem que, ao ver os próprios erros, seja capaz de se criticar internamente”.
  2. O Mestre disse: “Em um vilarejo de dez casas, sempre haverá aqueles que são meus iguais quanto a fazer o melhor que podem pelos outros e quanto a ser fiéis às próprias palavras, mas dificilmente terão tanta vontade de aprender quanto eu tenho”.

 

Livro VI

  1. O Mestre disse: “A Yung pode ser dado o assento de frente para o sul”.
  2. Chung-kung perguntou sobre Tzu-sang Po-tzu. O Mestre disse: “É sua simplicidade de estilo que o torna aceitável”.

Chung-kung disse: “Ao governar o povo, não é aceitável ser exigente consigo mesmo e condescendente ao tomar medidas? Por outro lado, não é exagerar na simplicidade ser condescendente consigo mesmo, assim como ao tomar medidas?”.

O Mestre disse: “Yung tem razão no que ele diz”.

  1. Quando o duque Ai perguntou qual dos seus discípulos tinha sede de aprender, Confúcio respondeu: “Havia um Yen Hui que tinha sede de aprender. Ele não descarregava sua raiva em uma pessoa inocente, tampouco cometia o mesmo erro duas vezes. Infelizmente, o tempo de vida que lhe coube era curto, e ele Agora, não há ninguém. Ninguém com sede de aprender chegou ao meu conhecimento”.
  2. Jan Tzu pediu grãos para dar à mãe de Tzu-hua, que estava fora em uma missão para Ch’i. O Mestre disse: “Dê-lhe um fu”. Jan Tzu pediu mais. “Dê- lhe um ”. Jan Tzu deu-lhe cinco ping de grãos.

O Mestre disse: “Ch’ih foi para Ch’i carregado por cavalos bem-alimentados e usando finas peles. Sempre ouvi dizer que um cavalheiro dá para ajudar os necessitados, e não para manter os ricos em uma vida farta”.

  1. Ao tornar-se seuadministrador, Yüan Ssu recebeu novecentas medidas de grãos, as quais declinou. O Mestre disse: “Os grãos não podem ser úteis para ajudar as pessoas no teu vilarejo?”.
  2. O Mestre disse de Chung-kung: “Se um touro nascido de gado de arado tivesse cor castanha e chifres bem-formados, será que os espíritos das montanhas e dos rios o rejeitariam, mesmo que não o achássemos bom o suficiente para ser usado?”.
  3. O Mestre disse: “Em seu coração, Hui pode praticar a benevolência durante três meses ininterruptos. Os outros atingem a benevolência meramente por ataques repentinos”.
  4. Chi K’ang Tzu perguntou: “Chung Yu é bom o suficiente para que lhe seja oferecido um cargo oficial?”.

O Mestre disse: “Yu é decidido. Que dificuldades ele poderia encontrar ao assumir um cargo?”.

“Ssu é bom o suficiente para que lhe seja oferecido um cargo oficial?” “Ssu é um homem inteligente. Que dificuldades ele poderia encontrar ao assumir um cargo?”

“Ch’iu é bom o suficiente para que lhe seja oferecido um cargo oficial?” “Ch’iu é um homem completo. Que dificuldades ele poderia encontrar ao assumir um cargo?”

  1. A família Chi queria fazer de Min Tzu-ch’ien o administrador de Pi. Min Tzu- ch’ien disse: “Decline a oferta delicadamente por mim. Se alguém tornar a vir atrás de mim, estarei do outro lado do rio Wen”.
  2. Po-niu estava doente. O Mestre visitou-o e, segurando sua mão através da janela, disse: “Vamos perdê-lo. Deve ser o Destino. Por que outra razão tal homem seria fulminado por tal doença? Por que outra razão tal homem seria fulminado por tal doença?”.
  3. O Mestre disse: “Como Hui é admirável! Morar em um pequeno casebre com uma tigela de arroz e uma concha de água por dia é uma provação que a maioria dos homens acharia intolerável, mas Hui não permite que isso atrapalhe sua alegria. Como Hui é admirável!”.
  4. Jan Ch’iu disse: “Não é que eu não esteja satisfeito com o Caminho do Mestre, mas me faltam forças”. O Mestre disse: “Um homem a quem faltam forças entra em colapso ao longo do trajeto. Mas você desiste antes de começar”.
  5. O Mestre disse para Tzu-hsia: “Seja um ju cavalheiro, não um ju mesquinho”.
  1. Tzu-y u era o governador de Wu Ch’eng. O Mestre disse: “Você fez alguma descoberta lá?”.

“Há um T’an-t’ai Mieh-ming que nunca toma atalhos e que nunca esteve em meus aposentos, exceto por razões oficiais”.

  1. O Mestre disse: “Meng chih Fan não era dado a vangloriar-se. Quando o exército tomou a estrada, ele ficou na retaguarda. Mas, ao adentrar o portão, ele esporeava seu cavalo, dizendo: ‘Eu não fiquei para trás por modéstia. Simplesmente, meu cavalo recusava-se a ir adiante’”.
  2. O Mestre disse: “Você pode ter a beleza de Sung Chao, mas será difícil escapar ileso neste mundo se, ao mesmo tempo, não tiver a eloquência do sacerdote T’uo”.
  3. O Mestre disse: “Quem é que pode sair de uma casa sem usar a porta? Por que, então, este Caminho não é seguido?”.
  4. O Mestre disse: “Quando a natureza de alguém prevalece sobre a educação recebida, o resultado será uma pessoa intratável. Quando a educação prevalece sobre a natureza, o resultado será uma pessoa pedante. Apenas uma mistura bem equilibrada das duas resultará em cavalheirismo”.
  5. O Mestre disse: “Um homem sobrevive graças à sua retidão. Um homem que engana os outros sobrevive graças à sorte de ser poupado”.
  6. O Mestre disse: “Gostar de algo é melhor do que meramente conhecê-lo, e encontrar alegria nesse algo é melhor do que meramente gostar dele”.
  7. O Mestre disse: “Você pode explicar àqueles que estão acima da média sobre os melhores, mas não pode explicar àqueles que estão abaixo da média”.
  8. Fan Ch’ih perguntou sobre a sabedoria. O Mestre disse: “Trabalhar pelas coisas às quais o povo tem direito e manter-se à distância dos deuses e dos espíritos enquanto lhes mostra reverência pode ser chamado de sabedoria”.

Fan Ch’ih perguntou sobre a benevolência. O Mestre disse: “O homem benevolente colhe o benefício apenas após vencer as dificuldades. Isso pode ser chamado de benevolência”.

  1. O Mestre disse: “O sábio encontra alegria na água. O benevolente encontra alegria nas montanhas. Os sábios são ativos; os benevolentes são plácidos. Os sábios são alegres; os benevolentes são longevos”.
  2. O Mestre disse: “Com uma só reforma, Ch’i pode ser transformado em um Lu, e Lu, com uma só reforma, pode ser levado a atingir o Caminho”.
  3. O Mestre disse: “Uma garrafa ku que não mede volume algum. Que garrafa ku estranha! Que garrafa ku estranha!”.
  4. Tsai Wo perguntou: “Se a um homem benevolente fosse dito que havia outro homem benevolente no poço, iria ele, ainda assim, juntar-se ao outro?”.

O Mestre disse: “Por que deveria ser esse o caso? Um cavalheiro pode ser mandado para lá, mas não pode ser atraído à armadilha. Ele pode ser enganado, mas não pode ser feito de bobo”.

  1. O Mestre disse: “O cavalheiro que é muito culto mas que é levado às coisas essenciais pelos ritos dificilmente vai se voltar contra aquilo que apoiou”.
  2. O Mestre foi ver Nan Tzu. Tzu-lu não gostou. O Mestre jurou: “Se fiz algo inapropriado, que o castigo do Céu caia sobre mim! Que o castigo do Céu caia sobre mim!”.
  3. O Mestre disse: “Supremo, de fato, é o Caminho do Meio como virtude Tem sido raro entre o povo há muito tempo”.
  4. Tzu-kung disse: “Se houvesse um homem que desse generosamente ao povo e trouxesse auxílio às multidões, o que o senhor pensaria dele? Ele poderia ser considerado benevolente?”.

O Mestre disse: “Nesse caso não se trata mais de benevolência. Se é preciso descrever tal homem, ‘sábio’é, talvez, a palavra adequada. Mesmo Yao e Shun achariam difícil realizar tanto. Mas, por outro lado, um homem benevolente ajuda os outros a firmar sua atitude do mesmo modo que ele próprio deseja firmar a sua  e conduz os outros a isso do mesmo modo que ele próprio deseja chegar lá. A capacidade de tomar o que está ao alcance da mão  como parâmetro pode ser considerado o método da benevolência”.

 

Livro VII

  1. O Mestre disse: “Eu transmito, mas não inovo; sou verdadeiro no que digo e devotado à Antiguidade. Arrisco me comparar ao nosso Velho P’eng”.
  2. O Mestre disse: “Silenciosamente depositar conhecimento na minha mente, aprender sem perder a curiosidade, ensinar sem cansar: isso não me apresenta dificuldade alguma”.
  3. O Mestre disse: “Estas são as coisas que me causam preocupação: não conseguir cultivar a virtude, não conseguir ir mais fundo naquilo que aprendi, incapacidade de, quando me é dito o que é certo, tomar uma atitude e incapacidade de me reformar quando apresento defeitos”.
  4. Durante seus momentos de lazer, o Mestre permanecia altivo, embora
  5. O Mestre disse: “Como caí montanha abaixo! Faz tanto tempo desde que sonhei com o duque de Chou”.
  6. O Mestre disse: “Aplico meu coração no caminho, baseio-me na virtude, confio na benevolência para apoio e encontro entretenimento nas artes”.
  7. O Mestre disse: “Nunca neguei instrução para ninguém que, por vontade própria, tenha me dado um pacote de carne seca de presente”.
  8. O Mestre disse: “Nunca explico nada para alguém que não esqueça do mundo ao tentar entender um problema ou que não entre em um frenesi ao tentar se expressar por palavras.

“Se mostro um dos cantos de um quadrado para alguém e essa pessoa não consegue encontrar os outros três, não mostro uma segunda vez.”

  1. Ao fazer uma refeição na presença de alguém que estivesse de luto, o Mestre nunca comia toda sua porção.
  2. O Mestre nunca cantava se, naquele dia, tivesse
  3. O Mestre disse para Yen Yüan: “Apenas você e eu temos a habilidade de aparecer quando requisitados e de desaparecer quando deixados de lado”.

Tzu-lu disse: “Se você estivesse liderando os Três Exércitos, quem levaria consigo?”.

O Mestre disse: “Eu não levaria comigo ninguém que tentasse lutar com um tigre usando apenas as próprias mãos ou cruzar o rio a nado e morrer na tentativa sem mostrar arrependimento. Se eu levasse alguém, teria que ser um homem que, ao se defrontar com uma missão, tivesse medo do fracasso e que, ao mesmo tempo que gostasse de fazer planos, fosse capaz de executá-los com sucesso”.

  1. O Mestre disse: “Se a riqueza fosse um objetivo decente, eu, para obtê-la, estaria disposto até mesmo a trabalhar como zelador do lado de fora do mercado, com um chicote na mão. Se não é, devo seguir minhas próprias preferências”.
  2. Jejum, guerra e doença eram coisas que o Mestre tratava com
  3. O Mestre ouviu o shao em Ch’i e por três meses não sentiu o gosto das refeições que comia. Ele disse: “Jamais sonhei que as alegrias da música pudessem chegar a tais alturas”.
  4. Jan Yu disse: “O Mestre está do lado do senhor de Wei?”. Tzu-kung disse: “Bem, vou perguntar a ele”.

Ele entrou e disse: “Que tipo de homens eram Po Yi e Shu Ch’i?”. “Eram excelentes anciãos.”

“Tinham alguma queixa?”

“Procuravam a benevolência e a encontraram. Então, por que teriam qualquer queixa?”

Quando Tzu-kung saiu, ele disse: “O Mestre não está do lado dele”.

  1. O Mestre disse: “Ao comer arroz comum e ao beber água, ao utilizar o próprio cotovelo como apoio, a alegria será encontrada. Riqueza e status conquistados por meios imorais têm tanto a ver comigo quanto as nuvens que passam”.
  2. O Mestre disse: “Concedam-me mais alguns anos para que eu possa estudar até os cinquenta, e então estarei livre de maiores erros”.
  3. As coisas para as quais o Mestre usava a pronúncia correta: as Odes, o Livro da História e a realização das cerimônias rituais. Em todos esses casos ele usava a pronúncia correta.
  4. O governador do She perguntou a Tzu-lu sobre Confúcio. Tzu-lu não O Mestre disse: “Por que você não falou simplesmente o seguinte: ele é o tipo de homem que esquece de comer quando está distraído com um problema, que é tão alegre que esquece suas preocupações e que não percebe a aproximação da velhice?”.
  5. O Mestre disse: “Não nasci com conhecimento, mas, por gostar do que é antigo, apressei-me em buscá-lo”.
  6. Os assuntos sobre os quais o Mestre não discorria eram milagres, violência, desordem e espíritos.
  7. O Mestre disse: “Sou fadado a, mesmo enquanto caminho na companhia de dois homens quaisquer, aprender com Imito as qualidades de um; os defeitos do outro, corrijo-os em mim mesmo”.
  8. O Mestre disse: “O Céu é o autor da virtude que há em mim. O que pode Huan T’ui fazer comigo?”.
  9. O Mestre disse: “Meus amigos, acham que sou misterioso? Não há nada que eu esconda de vocês. Não há nada que eu não compartilhe com vocês, meus Eis como sou”.
  10. O Mestre ensina quatro matérias: cultura, conduta moral, fazer o melhor possível e ser coerente com aquilo que se diz.
  11. O Mestre disse: “Não tenho qualquer esperança de encontrar um sábio. Ficaria contente se encontrasse um cavalheiro”.

O Mestre disse: “Não tenho qualquer esperança de encontrar um homem bom. Eu ficaria contente se encontrasse alguém constante. É difícil considerar constante um homem que diz ter quando lhe falta, que diz estar cheio quando está vazio e estar confortável quando está em circunstâncias difíceis”.

  1. O Mestre usava uma linha de pesca, mas não uma rede; ele sabia usar o arco, mas não atirava em pássaros que cantassem.
  2. O Mestre disse: “Existem, presumivelmente, homens que inovam sem possuir conhecimento, mas essa é uma falha que não tenho. Faço amplo uso de meus ouvidos e sigo o que é bom daquilo que ouvi; faço amplo uso dos meus olhos e retenho na minha mente o que vi.Isso constitui o melhor substituto para o conhecimento inato”.
  3. Era difícil ensinar algo ao povo de Hu Hsiang. Um menino foi recebido pelo Mestre, e os discípulos ficaram perplexos. O Mestre disse: “Aprovação à vinda dele não significa aprovação quando ele não está Por que deveríamos ser tão preciosistas? Quando um homem vem a nós após ter se purificado, aprovamos sua purificação, mas não podemos chancelar seu passado”.
  4. O Mestre disse: “A benevolência é realmente algo tão distante? Tão logo a desejo e ela está aqui”.
  5. Ch’en Ssu-pai perguntou se o duque Chao era versado nos Confúcio disse: “Sim”.

Depois de Confúcio ir embora, Ch’en Ssu-pai, curvando-se para Wu-ma Ch’i, convidou este para se aproximar e disse: “Ouvi dizer que um cavalheiro não demonstra parcialidade. E mesmo assim o seu Mestre é parcial? O senhor tomou como esposa uma filha de Wu, que é do mesmo clã que ele, mas ele permite que ela seja chamada Wu Meng Tzu. Se esse senhor é versado nos ritos, quem não é?”.

Quando Wu-ma Ch’i relatou-lhe isso, o Mestre disse: “Sou um homem de sorte. Sempre que cometo um erro, as outras pessoas percebem”.

  1. Quando o Mestre estava cantando na companhia de outros homens e gostava da música de um companheiro, ele sempre pedia para ouvi-la mais uma vez antes de tomar parte no coro.
  2. O Mestre disse: “Quanto a fazer esforços irrestritos, sou igual aos outros homens, mas quanto a viver de acordo com os preceitos de um cavalheiro, não obtive, ainda, sucesso algum”.
  3. O Mestre disse: “Como posso me considerar um sábio ou um homem benevolente? Talvez possa ser dito sobre mim que aprendo sem esmorecer e que ensino sem me cansar”. Jung-hsi Hua disse: “Isso é, precisamente, aquilo que nós, discípulos, somos incapazes de aprender com o seu exemplo”.
  4. O Mestre estava gravemente doente. Tzu-lu pediu permissão para fazer uma oração. O Mestre disse: “Isso foi feito alguma vez?”. Tzu-lu disse: “Sim, foi. A oração foi a seguinte: rogo aos espíritos do mundo inferior e do mundo superior”. O Mestre disse: “Nesse caso, há tempos venho oferecendo minhas orações”.
  5. O Mestre disse: “Extravagância significa ostentação; frugalidade significa Eu preferiria ser um maltrapilho do que um ostentador”.
  6. O Mestre disse: “O cavalheiro tem a mente tranquila, enquanto o homem vulgar está sempre tomado de ansiedade”.
  7. O Mestre é cordial embora severo, inspira autoridade sem ser bravo e é respeitoso ao mesmo tempo em que é tranquilo.

 

Livro VIII

  1. O Mestre disse: “Seguramente T’ai Po pode ser considerado muito virtuoso. Três vezes ele abriu mão de seu direito de governar o Império sem dar ao povo a oportunidade de louvá-lo”.
  2. O Mestre disse: “A menos que um homem tenha o espírito dos ritos, ao ser respeitoso ele vai exaurir a si mesmo, ao ser cuidadoso ele vai se tornar tímido, ao ter coragem ele vai se tornar indisciplinado e, ao ser íntegro, ele vai se tornar

“Quando o cavalheiro sente profunda afeição por seus pais, o povo será levado à benevolência. Quando ele não esquece amigos de longa data, o povo não fugirá de suas obrigações.”

  1. Quando estava seriamente doente, Tseng Tzu chamou seus discípulos e disse: “Olhem para as minhas mãos. Olhem para os meus pés. As Odes dizem:

Com medo e tremendo

Como se aproximando de um profundo abismo, Como se andando sobre gelo fino.

Somente agora tenho a certeza de ter sido poupado, meus jovens amigos.”

  1. Tseng Tzu estava muito Quando Meng Ching Tzu o visitou, eis o que Tseng Tzu disse:

Triste é o canto de um pássaro que morre; Boas são as palavras de um homem que morre.

“Há três coisas que o cavalheiro mais valoriza no Caminho: ficar longe de violência ao apresentar uma aparência séria, tornar-se confiável ao mostrar no rosto uma expressão apropriada e evitar ser entediante e pouco razoável ao falar em um tom apropriado. Quanto às questões da liturgia ritual, há oficiais responsáveis por isso.”

  1. Tseng Tzu disse: “Ser competente e ainda assim pedir conselho para aqueles que não são. Ter muitos talentos e no entanto pedir conselho para aqueles que têm pouc Ter e no entanto parecer que não tem. Estar cheio e no entanto parecer vazio. Sofrer uma transgressão e no entanto não se importar. Era para esses objetivos que meu amigo costumava dirigir seus esforços”
  2. Tseng Tzu disse: “Se a um homem pode ser confiado um órfão de seis ch’ih de altura e o destino de um reino de cem li quadrados de tamanho, sem que ele se desvie dos seus propósitos nem mesmo em momentos de crise, não se trata de um cavalheiro? Trata-se, de fato, de um cavalheiro”.
  3. Tseng Tzu disse: “Um Cavalheiro deve ser forte e resoluto, pois seu fardo é pesado e sua estrada, longa. Ele toma a benevolência como fardo. Isso não é pesado? Apenas com a morte a estrada chega a um Isso não é longo?”.
  4. O Mestre disse: “Inspire-se nas Odes, firme sua atitude com os ritos e aperfeiçoe-se pela música”.
  5. O Mestre disse: “O povo pode ser obrigado a seguir um caminho, mas não pode ser forçado a entendê-lo”.
  6. O Mestre disse: “A insatisfação com a pobreza levará um homem de índole corajosa a um comportamento indisciplinado. O ódio excessivo levará homens que não são benevolentes a um comportamento indisciplinado”.
  7. O Mestre disse: “As qualidades de um homem tão talentoso quanto o duque de Chou não mereceriam atenção se ele fosse também arrogante e egoísta”.
  8. O Mestre disse: “Não é fácil achar um homem capaz de estudar durante três anos sem pensar em receber um salário”.
  9. O Mestre disse: “Dedique-se com fé a aprender e espere a morte da maneira Não entre em um reino instável; não permaneça em um reino instável. Mostre-se quando o Caminho vingar no Império, mas esconda-se quando isso não acontecer. É vergonhoso ser pobre e humilde quando o Caminho prevalece no reino. Igualmente, é vergonhoso ser rico e nobre quando o Caminho cai em desgraça no reino”.
  10. O Mestre disse: “Não se preocupe com questões de governo a menos que sejam da responsabilidade do seu cargo”.
  11. O Mestre disse: “Quando Chih, o mestre de música, começa a tocar, e quando o Kuan chü chega ao fim, como o som enche os ouvidos!”.
  12. O Mestre disse: “Homens que rejeitam a disciplina e que, no entanto, não são corretos, homens que são ignorantes e que, no entanto, não são cautelosos, homens que são desprovidos de habilidade e que, no entanto, são inconfiáveis estão bem além da minha compreensão”.
  13. O Mestre disse: “Mesmo com um homem que persegue os estudos como quem luta pela própria vida meu temor é que ainda assim ele não consiga fazê-lo a tempo”.
  14. O Mestre disse: “Quão superiores Shun e Yü foram ao se manter à distância do Império quando, na verdade, tinham domínio sobre ele”.
  15. O Mestre disse: “Yao foi de fato um grande governante! Que sublime! O Céu é grande, e Yao espelhou-se nele. Ele era tão grandioso que o povo não tinha palavras para louvar-lhe as virtudes. Superior foi ele em seus sucessos e brilhante em suas realizações!”.
  16. Shun tinha cinco oficiais, e o Império era bem-governado. O rei Wu disse: “Tenho dez oficiais competentes”.

Confúcio comentou: “É difícil encontrar pessoas talentosas: que verdade! Os tempos de T’ang e Yü foram ricos em pessoas talentosas.Eram, na verdade, apenas nove, incluindo uma mulher. A dinastia Chou continuou servindo a Yin mesmo quando dominava dois terços do Império. A virtude de Chou pode ser considerada suprema”.

  1. O Mestre disse: “Em Yü não encontro defeito algum. Ele comia e bebia frugalmente ao passo que fazia oferendas aos espíritos dos ancestrais e aos deuses com a mais extrema devoção, apropriada a um Ele vestia roupas comuns ao passo que não poupava enfeites em suas vestes e chapéus litúrgicos. Ele morava em pobres casebres ao passo que devotava toda sua energia à construção de canais de irrigação. Em Yü não encontro defeito algum”.

 

Livro IX

  1. As ocasiões em que o Mestre falava sobre lucro, Destino e benevolência eram
  2. Um homem de um vilarejo em Ta Hsiang disse: “Grande é Confúcio! Ele acumulou muito conhecimento, mas não se sobressaiu pessoalmente em campo nenhum”. O Mestre, ao ouvir isso, disse aos seus discípulos: “Em que deveria eu tornar-me proficiente? Em dirigir? Ou no arco? Acho que preferiria dirigir”.
  3. O Mestre disse: “Os ritos prescrevem um boné cerimonial de linho. Hoje, usamos seda preta no lugar. Isso é mais frugal, e eu sigo a maioria. Os ritos prescrevem que a pessoa se prostre antes de subir os degraus. Hoje faz-se isso após tê-los descido. Isso é casual, e, embora indo de encontro à maioria, sigo a prática de prostrar-me antes de subir”.
  4. Havia quatro coisas com as quais o Mestre recusava ter qualquer relação: recusava-se a fazer conjecturas ou a ser dogmático; recusava-se a ser inflexível ou egocêntrico.
  5. Quando estava em estado de sítio em K’uang, o Mestre disse: “Com o rei Wen morto, a civilização (wen) não depende agora de mim? Se o Céu quer que a civilização seja destruída, aqueles que vierem depois de mim não terão qualquer coisa a ver com Se o Céu não quer que esta civilização seja destruída, então o que os homens de K’uang podem fazer contra mim?”.
  6. O t’ai tsaiperguntou a Tzu-kung: “Com certeza o Mestre é um sábio, não é mesmo? De outra forma, por que teria ele tantas habilidades?”. Tzu-kung disse: “É verdade, o Céu colocou-o no caminho da sabedoria. Entretanto, ele tem vários outros talentos”.

O Mestre, ao ouvir isso, disse: “Como o t’ai tsai me conhece bem! Eu era de origem humilde quando jovem. É por isso que tenho várias habilidades manuais. Mas deveria um cavalheiro ter várias habilidades? Não, de modo algum”.

  1. Lao disse: “O Mestre disse ‘Nunca recebi um cargo oficial. É por isso que sou um faz-tudo’”.
  2. O Mestre disse: “Possuo conhecimento? Não, não Um camponês me fez uma pergunta, e minha mente ficou completamente vazia. Revirei a pergunta por todos os lados até que consegui extrair tudo dela”.
  3. O Mestre disse: “A fênix não aparece, tampouco o rio revela um É o meu fim”.
  1. Quando o Mestre encontrava homens que estavam de luto ou de chapéu e trajes cerimoniais, ou que eram cegos, ele punha-se de pé, mesmo que fossem mais jovens do que ele, e, ao passar por eles, apressava o passo.
  2. Yen Yüan, suspirando, disse: “Quanto mais o observo, mais alto ele parece. Quanto mais o pressiono, mais duro ele se torna. Vejo-o à minha frente. De repente, está atrás de mim.

“O Mestre é bom em conduzir alguém passo a passo. Ele me estimula com a literatura e me traz de volta às coisas essenciais por meio dos ritos. Eu não conseguiria desistir nem que quisesse, mas, uma vez que dei o melhor que pude, ele parece levantar-se acima de mim e não consigo segui-lo, por mais que eu queira.”

  1. O Mestre estava muito doente. Tzu-lu disse a seus discípulos para servirem de Quando sua saúde melhorou, o Mestre disse: “Yu vem enganando há muito tempo. Ao fingir que eu tinha empregados quando não os tinha, a quem ele estaria enganando? Estaríamos enganando os céus? Além disso, não preferiria eu morrer nas mãos de vocês, meus amigos, do que nas mãos de empregados? E, mesmo que não me fossem dados funerais requintados, eu não morreria em negligência”.
  2. Tzu-kung disse: “Se tivesse um belo pedaço de jade, você o guardaria com cuidado em uma caixa ou tentaria vendê-lo por um bom preço?”. O Mestre disse: “Claro que o venderia. Claro que o venderia. Estou apenas esperando pela oferta certa”.
  3. O Mestre queria se estabelecer entre as nove tribos bárbaras do Leste. Alguém disse: “Mas o senhor conseguiria suportar seus modos selvagens?”. O Mestre disse: “Uma vez que um cavalheiro se estabelecesse entre eles, que selvageria ainda existiria?”.
  4. O Mestre disse: “Foi depois da minha volta de Wei para Lu que a música voltou à ordem, com o ya e o sung sendo designados para os devidos lugares”.
  5. O Mestre disse: “Servir a altos oficiais quando no exterior e àqueles mais velhos que eu quando em casa; ao preparar funerais, não poupar a mim mesmo e beber pouco – essas são as coisas comuns que não me causam problema algum”.
  6. Certa vez de pé, junto a um rio, o Mestre disse: “Tudo o que passa é, talvez, como este rio. Dia e noite, ele nunca desacelera”.
  7. O Mestre disse: “Ainda estou para conhecer o homem que tenha tanta afeição pela virtude quanto pela beleza feminina”.
  8. O Mestre disse: “É como fazer um monte: se paro antes de encher a última cesta de terra, então não chegarei ao fim. É como aterrar o chão: se sigo adiante apesar de ter nivelado apenas o conteúdo de uma cesta de terra, então farei progressos”.
  9. O Mestre disse: “Se há alguém que consegue me ouvir com atenção incansável, trata-se de Hui, suponho”.
  10. O Mestre disse sobre Yen Yüan: “Vi-o progredir, mas não o vi dar completa vazão ao seu potencial. Que pena!”.
  11. O Mestre disse: “Há, não é verdade?, plantas jovens que não conseguem produzir botões, e botões que não conseguem produzir frutas?”.
  12. O Mestre disse: “Deve-se admirar os jovens. Como podemos ter certeza de que as gerações futuras não serão iguais à presente? Creio que apenas quando um homem atinge a idade de quarenta ou cinquenta anos sem se destacar de nenhuma maneira pode-se dizer que ele não merece ser admirado”.
  13. O Mestre disse: “Não se pode senão concordar com palavras exemplares, mas o importante é retificar a si mesmo. Não se pode senão ficar satisfeito com palavras elogiosas, mas o importante é reformar a si próprio. Nada posso fazer com o homem que concorda com esses preceitos mas que não retifica a si próprio, ou com o homem que fica lisonjeado mas que não reforma a si próprio”.
  14. O Mestre disse: “Fazer o melhor pelos outros e ser coerente com o que diz: faça disso o seu princípio norteador. Não aceite como amigo ninguém que não seja tão bom quanto você. Quando cometer um erro, não tenha medo de corrigi- lo”.
  15. O Mestre disse: “Pode-se privar os Três Exércitos do seu comandante, mas nem mesmo um homem comum pode ser privado do seu livre-arbítrio”.
  16. O Mestre disse: “Se há alguém que pode usar um gorro surrado e remendado com velhos fios de seda e ainda assim conseguir permanecer junto a um homem que veste pele de raposa ou de texugo sem se sentir envergonhado, este é, creio,

Nem invejoso nem ambicioso,

Que pode ser ele, senão Bom?”.

Portanto, Tzu-lu constantemente recitava esses versos. O Mestre comentava: “O caminho resumido nesses versos dificilmente tornará alguém bom”.

  1. O Mestre disse: “Apenas quando chega o frio percebe-se que o pinheiro e o cipreste são os últimos a perder as folhas”.
  2. O Mestre disse: “O homem sábio nunca fica indeciso;  homem benevolente nunca fica aflito;o homem corajoso nunca tem medo”.
  3. O Mestre disse: “Um homem apropriado para ser o parceiro de alguém nos estudos não é, necessariamente, apropriado como o parceiro na busca pelo Caminho; um homem apropriado para ser um parceiro na busca pelo Caminho não é, necessariamente, apropriado como alguém com quem compartilhar um compromisso; um homem apropriado como alguém com quem compartilhar um compromisso não necessariamente é apropriado como parceiro para o exercício da excelência moral”.

As flores da cerejeira, Como ondulam no ar!

Não é que eu não pense em você, Mas sua casa fica longe demais.

O Mestre comentou: “Ele não a amava de verdade. Se amasse, não existiria algo como ‘longe demais’”.

 

Livro X

  1. Na comunidade local, Confúcio era submisso e parecia inarticulado. No templo ancestral e na corte, embora fluente, ele não falava com
  2. Na corte, quando falava com ministros de nível hierárquico mais baixo, ele era afável; quando falava com ministros de nível hierárquico mais elevado, ele era franco, embora respeitoso. Na presença do governante, sua atitude, embora respeitosa, era calma.
  3. Quando ele era chamado pelo senhor para receber um convidado, seu rosto adquiria uma expressão séria, e suas passadas tornavam-se Quando ele curvava-se para os seus colegas, esticando os braços para a esquerda ou para a direita, suas vestimentas seguiam-lhe os movimentos sem se desalinharem. Ele avançava com passos rápidos, como se tivesse asas. Após a retirada dos convidados, ele invariavelmente relatava: “O convidado foi embora”.
  4. Ao atravessar os portões externos até a corte do senhor, ele esgueirava-se para dentro, como se a entrada fosse pequena demais para admiti-lo.

Quando ficava parado, não ocupava o centro do portão de entrada; quando caminhava, não pisava na soleira.

Quando ele passava pelo trono do governante, seu rosto assumia uma expressão séria, suas passadas tornavam-se vigorosas, e suas palavras pareciam mais lacônicas.

Quando ele erguia a bainha de suas roupas para subir até o salão de audiências, ele se inclinava para a frente e parava de inspirar, como se pudesse prescindir da respiração.

Quando ele saía e descia o primeiro degrau, relaxando a expressão, ele não mais parecia tenso.

Quando ele chegava ao final dos degraus, seguia adiante com passos mais rápidos, e suas mangas pareciam asas.

Quando retomava seu lugar, sua atitude era respeitosa.

  1. Quando segurava a tabuleta de jade, ele se inclinava, como se o peso da tabuleta fosse demais para ele. Segurava a parte superior como se estivesse se curvando numa saudação; segurava a parte inferior como se fosse entregar um Sua expressão era solene, como se tivesse medo, e hesitante, e seus passos eram contidos como se seguissem uma linha predeterminada.

Quando fazia o discurso, sua expressão era plácida. Em uma audiência privada, mostrava-se descontraído.

  1. O cavalheiro evitava usar seda tingida de roxo escuro e marrom para lapelas e Seda vermelha e violeta não eram usadas para roupas informais.

Quando, no verão, ele vestia uma roupa simples, fosse feita de tecido fino ou grosseiro, ele invariavelmente a usava sobre uma roupa de baixo.

Por baixo de um casaco preto, ele usava pele de ovelha; sob um casaco branco, ele usava pele de falcão; sob um casaco amarelo, ele usava pele de raposa.

Seu casaco de pele de raposa para usar em casa era comprido mas com a manga direita curta.

Ele invariavelmente usava uma roupa de dormir que era tão longa quanto a metade da sua altura.

Por serem muito espessas, a pele da raposa e do texugo eram usadas como tapetes.

Uma vez terminado o período de luto, ele usava qualquer tipo de ornamento na cintura.

A não ser pelo manto cerimonial, tudo mais era costurado a partir de pedaços de tecidos.

Casacos de pele de ovelha e gorros pretos não eram usados em visitas de condolências.

No dia de Ano-Novo, ele invariavelmente ia à corte em roupas formais.

  1. Em períodos de purificação, ele invariavelmente usava uma roupa de ficar em casa feita do material mais barato.

Em períodos de purificação, ele invariavelmente seguia uma dieta mais austera e, quando em casa, não sentava no seu lugar habitual.

  1. Ele não comia toda a sua porção de arroz refinado, nem comia sua parte de carne finamente cortada.

Não comia arroz que ficara azedo ou peixe e carne estragados. Ele não comia alimentos que tivessem perdido a cor ou que tivessem mau cheiro. Ele não comia alimentos que não fossem devidamente preparados, tampouco comia fora de hora. Não comia alimentos que não tivessem sido devidamente cortados, tampouco comia se o molho certo não estivesse disponível.

Mesmo quando havia bastante carne, ele evitava comer mais carne do que arroz.

Apenas em se tratando de vinho ele não estipulava para si um limite rígido. Ele simplesmente nunca bebia a ponto de ficar confuso.

Ele não consumia vinho ou carne comprados em lojas.

Mesmo quando o prato de gengibre não era levado embora da mesa, ele não comia mais do que o apropriado.

  1. Depois de participar de um sacrifício nos domínios do governante, ele não guardava sua porção da carne sacrificial de um dia para o outro. Em outros casos, ele não guardava a carne sacrificial por mais do que três dias. Se tivesse sido guardada por mais de três dias, ele não mais a comia.
  2. Ele não conversava durante as refeições; tampouco falava quando deitado na cama.
  1. Mesmo quando uma refeição consistia de apenas uma porção de arroz e caldo de legumes, ele invariavelmente oferecia um pouco em sacrifício e invariavelmente o fazia de modo solene.
  2. Ele jamais sentava sobre uma esteira que não estivesse bem
  3. Ao beber em uma reunião da comunidade, ele ia embora na mesma hora que aqueles que usavam bengalas.
  4. Quando os camponeses exorcizavam maus espíritos, ele punha suas roupas de corte e postava-se sobre os degraus do leste.
  5. Ao enviar uma mensagem para alguém de outro reino, ele curvava-se até o chão duas vezes antes de despachar o mensageiro.
  6. Quando K’ang Tzu mandou-lhe remédios de presente, [Confúcio] curvou a cabeça até o chão antes de aceitá-los. Entretanto, disse: “Como não conheço as propriedades destes remédios, não ouso prová-los”.
  7. Os estábulos pegaram fogo. O Mestre, ao voltar da corte, perguntou: “Alguém se feriu?”. Ele não perguntou sobre os cavalos.
  8. Quando o governante o presenteava com alimentos cozidos, a primeira coisa que ele invariavelmente fazia era prová-los, após ajustar sua esteira. Quando o governante o presenteava com alimentos crus, ele invariavelmente os cozinhava e oferecia aos ancestrais. Quando o governante o presenteava com um animal vivo, ele invariavelmente passava a criar o animal. À mesa do seu governante, quando este havia feito uma oferenda antes da refeição, ele invariavelmente começava pelo arroz.
  9. Durante uma doença, quando o governante lhe fez uma visita, ele ficou deitado com a cabeça voltada para o leste, com suas vestimentas de corte abertas sobre si e sua faixa colocada ao lado da cama.
  10. Quando chamado pelo governante, ele partia sem esperar que cavalos fossem atrelados à sua carruagem.
  11. Quando entrou no Grande Templo, ele fez perguntas sobre
  12. Sempre que morria um amigo que não tinha parentes por quem o corpo pudesse ser levado, ele dizia: “O funeral partirá da minha casa”.
  13. Mesmo que o presente dado por um amigo fosse uma carruagem e cavalos, ele não se curvava até o chão – a menos que o presente fosse a carne de um sacrifício.
  1. Quando na cama, ele não ficava deitado como um cadáver; tampouco sentava formalmente, como um convidado, quando sozinho.
  2. Quando ele encontrava uma pessoa simples em trajes de luto, mesmo que fosse algum conhecido, ele invariavelmente assumia uma atitude solene. Quando ele encontrava uma pessoa vestindo um gorro cerimonial ou alguém cego, mesmo que fossem conhecidos seus, ele invariavelmente mostrava

Ao passar por uma pessoa vestida de luto, inclinava-se para fora da carruagem para mostrar respeito; agia de forma similar para com uma pessoa que carregasse documentos oficiais.

Quando um suntuoso banquete era trazido, ele invariavelmente assumia uma expressão solene e punha-se de pé.

Quando havia uma repentino troar de trovões ou um vento violento, ele invariavelmente assumia uma atitude solene.

  1. Quando subia em uma carruagem, ele invariavelmente punha-se ereto e segurava a maçaneta.

Quando na carruagem, ele não se voltava completamente para o lado de dentro, tampouco gritava ou apontava.

  1. Assustado, o pássaro levantou-se e volteou antes de Ele disse: “Como a fêmea do faisão sobre a ponte da montanha sabe o momento certo, como sabe o momento certo, como sabe!”. Tzu-lu juntou as mãos em um gesto de respeito para com o pássaro que, batendo três vezes as asas, voou para longe.

Livro XI

  1. O Mestre disse: “Quanto aos ritos e à música, os primeiros discípulos que vieram até mim eram camponeses, ao passo que aqueles que vieram depois eram cavalheiros. Quando se trata de pôr em uso os ritos e a música, sigo os primeiros”.
  2. O Mestre disse: “Nenhum daqueles que estiveram comigo em Ch’en e Ts’ai jamais foram além da minha porta”.
  3. Conduta virtuosa: Yen Yüan, Min Tzu-ch’ien, Jan Po-niu e Chung-kung; discurso: Tsai Wo e Tzu-kung; governo: Jan Yu e Chi-lu; cultura e educação: Tzu- y u e Tzu-hsia.
  4. O Mestre disse: “Hui não me é de nenhuma utilidade. Ele fica satisfeito com tudo o que digo”.
  5. O Mestre disse: “Que bom filho é Min Tzu-ch’ien! Ninguém encontra nada de ruim naquilo que seus pais e irmãos têm a dizer sobre ele”.
  6. Nan Jung sempre repetia as linhas sobre o cetro de jade branco.Confúcio deu-lhe a filha de seu irmão mais velho em casamento.
  7. Chi K’ang Tzu perguntou qual dos seus discípulos tinha sede de aprender. Confúcio respondeu: “Havia um chamado Yen Hui que tinha sede de aprender, mas infelizmente o tempo que lhe foi concedido era curto, e ele morreu. Agora, não há ninguém”.
  8. Quando Yen Yüan morreu, Yen Lu pediu que o Mestre lhe desse sua carruagem para pagar um caixão externo para o seu O Mestre disse: “Todos defendem o próprio filho, tenha este talentos ou não. Quando Li morreu, ele tinha um caixão, mas não um caixão externo, eu não fui a pé para fornecer a ele um caixão externo porque não teria sido apropriado que eu fosse a pé, já que assumi um cargo entre os ministros do reino”.
  9. Quando Yen Yüan morreu, o Mestre disse: “Ai! O Céu está me destruindo! O Céu está me destruindo!”.
  10. Quando Yen Yüan morreu, ao chorar por ele, o Mestre mostrou muita Seus seguidores disseram: “Mestre, a tristeza que o senhor está mostrando é excessiva”. “É? Se não por ele, por quem deveria eu mostrar tristeza excessiva?”
  11. Quando Yen Yüan morreu, os discípulos quiseram dar-lhe um funeral O Mestre disse: “Não seria apropriado”. Mesmo assim, deram-lhe um funeral suntuoso. O Mestre disse: “Hui me tratava como um pai, e, no entanto, fui impedido de tratá-lo como um filho. Não foi por escolha minha. Foi coisa desses outros”.
  12. Chi-lu perguntou como os espíritos dos mortos e os deuses deveriam ser O Mestre disse: “Você sequer é capaz de servir aos homens. Como poderia servir aos espíritos?”.

“Posso perguntar sobre a morte?”

“Você sequer entende a vida. Como poderia entender a morte?”

  1. Quando na presença do Mestre, Min Tzu parecia respeitoso e digno; Tzu-lu parecia resoluto; Jan Yu e Tzu-kung pareciam afáveis. O Mestre ficava feliz.

“Um homem como Yu não morrerá de morte natural.”

  1. O povo de Lu estava reconstruindo o tesouro. Min Tzu-ch’ien disse: “Por que não apenas restaurá-lo? Por que ele precisa ser totalmente reconstruído?”.

O Mestre disse: “Este homem ou não fala, ou vai direto ao âmago da questão”.

  1. O Mestre disse: “O que o alaúde de Yu está fazendo do lado de dentro da minha porta?”. Os discípulos deixaram de tratar Tzu-lu com respeito. O Mestre disse: “Pode ser que Yu não tenha entrado nas dependências íntimas, mas ele subiu até o salão”.
  2. Tzu-kung perguntou: “Quem é superior, Shih ou Shang?”. O Mestre disse: “Shih passa do alvo; Shang não chega até ele”.

“Isso significa que Shih é, de fato, o melhor?”

O Mestre disse: “Tanto aquele que passa do alvo quanto o que não chega até ele não atingem o objetivo”.

  1. A riqueza da família Chi era maior do que a do duque de Chou, e mesmo assim Ch’iu ajudou-a a enriquecer ainda mais por meio do recolhimento de O Mestre disse: “Ele não é discípulo meu. Vocês, meus jovens amigos, podem atacá-lo abertamente ao rufar dos tambores”.
  2. O Mestre disse: “Ch’ai é estúpido; Ts’an é devagar; Shih é parcial; Yu é justo”.
  3. O Mestre disse: “Talvez Hui seja difícil de se aprimorar; ele constantemente se permite cair em uma pobreza abjeta. Ssu recusa-se a aceitar seu quinhão e se põe a ganhar dinheiro e frequentemente está certo em suas conjecturas”.
  4. Tzu-chang perguntou sobre o caminho do homem O Mestre disse: “Tal homem não segue os passos de outras pessoas; tampouco é admitido nas dependências íntimas”.
  5. O Mestre disse: “Alguém que simplesmente apoia opiniões tenazes é um cavalheiro? Ou está ele apenas tentando aparentar dignidade?”.
  6. Tzu-lu perguntou: “Deve-se imediatamente colocar em prática o que se ouviu?” O Mestre disse: “Como seu pai e irmãos mais velhos ainda estão vivos, dificilmente você estará em posição de colocar imediatamente em prática o que ouviu”.

Jan Yu perguntou: “Deve-se imediatamente colocar em prática o que se ouviu?”. O Mestre disse: “Sim. Deve-se”.

Kung-hsi Hua disse: “Quando Yu perguntou se se deveria imediatamente colocar em prática o que se ouviu, o senhor apontou que o pai e os irmãos mais velhos dele estavam vivos. E, no entanto, quando Ch’iu perguntou se se deveria imediatamente colocar em prática o que se ouviu, o senhor respondeu que sim. Estou confuso. Pode me iluminar?”.

O Mestre disse: “Ch’iu é acanhado. É por essa razão que eu tentei encorajá-lo. Yu tem a energia de dois homens. É por essa razão que tentei refreá-lo”.

  1. Quando o Mestre foi emboscado em K’uang, Yen Yüan ficou para trás. O Mestre disse: “Pensei que você tinha encontrado a morte”. “Enquanto o senhor, Mestre, estiver vivo, como eu ousaria morrer?”
  2. Chi Tzu-jan perguntou: “Podem Chung Yu e Jan Ch’iu ser considerados grandes ministros?”.

O Mestre disse: “Eu esperava uma pergunta um tanto diferente. Nunca me ocorreu que você fosse me perguntar sobre Yu e Ch’iu. O termo ‘grande ministro’ refere-se àqueles que servem ao seu governante de acordo com o Caminho e que, quando isso não mais é possível, demitem-se do cargo. Agora, homens como Yu e Ch’iu pode ser descritos como ministros apontados para preencher vagas”.

“Nesse caso, são eles do tipo que sempre fará o que lhes for mandado?” “Não. Não o farão quando se tratar de parricídio ou regicídio.”

  1. Na ocasião em que Tzu-lu fez de Tzu-kao prefeito de Pi, o Mestre disse: “Ele está arruinando o filho de outro homem”.

Tzu-lu disse: “Há as pessoas comuns e os oficiais, e há os altares para os deuses da terra e dos grãos. Por que seria necessário ler livros para aprender?”.

O Mestre disse: “É por essa razão que não gosto de homens de fala astuciosa”.

  1. Tzu-lu, Tseng Hsi, Jan Yu e Kung-hsi Hua estavam sentados com o Mestre. Este disse: “Não se sintam constrangidos só porque sou um pouco mais velho do que vocês. Agora vocês têm o hábito de dizer: ‘Minhas habilidades não são apreciadas’, mas se alguém apreciasse suas habilidades, digam-me o que vocês fariam”.

Tzu-lu prontamente respondeu: “Se eu fosse administrar um reino de mil carruagens, situado entre poderosos vizinhos, perturbado por invasões armadas e ameaçado constantemente pela fome, eu poderia, ao cabo de três anos, dar coragem ao povo e um senso de dever”. O Mestre sorriu para ele.

“Ch’iu, e quanto a você?”

“Se eu fosse administrar uma área medindo sessenta ou setenta li quadrados, ou até mesmo cinquenta ou sessenta li quadrados, eu poderia, ao cabo de três anos, fazer a população crescer até um nível adequado. Quanto aos ritos e à música, eu deixaria isso para cavalheiros mais capazes.”

“Ch’ih, e quanto a você?”

“Não digo que eu já tenha a habilidade, mas estou aprendendo. Em cerimônias, no templo ancestral ou em reuniões diplomáticas, eu gostaria de participar como um pequeno oficial encarregado do protocolo, devidamente vestido com meu gorro e meu traje cerimonial.”

“Tien, e você?”

Após algumas notas finais, veio a nota derradeira, e então ele colocou o alaúde de lado e se levantou. “Difiro dos outros três em minhas escolhas.”

O Mestre disse: “E que mal há nisso? Afinal de contas, cada homem está dizendo aquilo que está no seu coração”.

“No final da primavera, uma vez confeccionadas as roupas da estação, eu gostaria de, junto com cinco ou seis adultos ou sete meninos, ir tomar banho no rio Yi e aproveitar a brisa no Altar da Chuva e então voltar para casa entoando poesias.”

O Mestre suspirou e disse: “Estou de pleno acordo com Tien”.

Quando os três foram embora, Tseng Hsi ficou para trás. Ele disse: “O que acha do que os outros três disseram?”.

“Estavam apenas dizendo aquilo que estava em seus corações.” “Por que você sorriu para Yu?”

“É por meio dos ritos que um reino é administrado, mas do modo com que ele falou, Yu mostrou falta de modéstia. Foi por isso que sorri para ele.”

“No caso de Ch’iu, não estava ele pensando em um reino?”

“O que pode justificar que alguém diga que sessenta ou setenta li quadrados de terra ou até mesmo cinquenta ou sessenta li quadrados não merecem o nome de reino?”

“No caso de Ch’ih, não estava ele falando de um reino?”

“O que são cerimônias no templo ancestral e reuniões diplomáticas senão questões que dizem respeito a governantes de reinos? Se Ch’iu desempenha apenas um pequeno papel, quem seria capaz de desempenhar um papel maior?”

 

Livro XII

  1. Yen Yüan perguntou sobre a benevolência. O Mestre disse: “Voltar-se à observância dos ritos sobrepondo-se ao indivíduo constitui a benevolência. Se por um único dia um homem puder retornar à observância dos ritos ao sobrepor-se a si mesmo, então todo o Império o considerará Entretanto, a prática da benevolência depende inteiramente da própria pessoa, e não dos outros”.

Yen Yüan disse: “Gostaria que vocês listassem os passos deste processo”. O Mestre disse: “Não olhe a menos que esteja de acordo com os ritos; não escute a menos que esteja de acordo com os ritos; não fale a menos que seja de acordo com os ritos; não se mexa a menos que seja de acordo com os ritos”.

Yen Yüan disse: “Embora eu não seja rápido, hei de dirigir meus esforços para o que o Mestre falou”.

  1. Chung-kung perguntou sobre a benevolência. O Mestre disse: “Quando em terra estrangeira, comporte-se como se recebesse um convidado importante. Quando empregar os serviços do povo comum, comporte-se como se estivesse oficiando um importante sacrifício. Não imponha aos outros aquilo que você não deseja para si próprio. Desse modo, você estará livre de maus sentimentos, seja no âmbito do reino ou de uma família nobre”.

Chung-kung disse: “Embora eu não seja rápido, hei de dirigir meus esforços para o que o Mestre falou”.

  1. Ssu-ma perguntou sobre a benevolência. O Mestre disse: “A marca distintiva do homem benevolente é que ele reluta em falar”.

“Nesse caso, pode-se dizer que um homem é benevolente simplesmente porque reluta em falar?”

O Mestre disse: “Quando agir é difícil, causa alguma surpresa que alguém relute em falar?”.

  1. Ssu-ma Niu perguntou sobre o cavalheiro. O Mestre disse: “O cavalheiro é livre de preocupações e medos”.

“Nesse caso, pode-se dizer que um homem é um cavalheiro simplesmente porque está livre de preocupações e medos?”

O Mestre disse: “Se, ao examinar a si próprio, um homem não encontra nenhuma razão para se repreender, que preocupações e medos pode ele ter?”.

  1. Ssu-ma Niu apareceu preocupado, dizendo: “Todos os homens têm irmãos. Só eu não tenho nenhum”. Tzu-hsia disse: “Já ouvi dizer: vida e morte são uma questão de Destino; riqueza e honra dependem do Céu. O cavalheiro é reverente e não faz nada errado, é respeitoso para com os outros e observa os ritos, e todos habitantes dos Quatro Mares serão seus irmãos. Qual a necessidade de o cavalheiro preocupar-se quanto a não ter irmãos?”.
  2. Tzu-chang perguntou sobre a perspicácia. O Mestre disse: “Quando um homem não é influenciado por difamações continuamente repetidas ou por denúncias pelas quais ele sente alguma simpatia, ele pode ser chamado de Ao mesmo tempo, ele pode ser chamado de previdente”.
  3. Tzu-kung perguntou sobre governo. O Mestre disse: “Dê-lhes comida suficiente, dê-lhes armas suficientes, e as pessoas comuns confiarão em você”.

Tzu-kung perguntou: “Se alguém tivesse de abrir mão de um desses três, de qual deveria abrir mão primeiro?”.

“Abra mão das armas.”

Tzu-kung disse: “Se alguém tivesse que abrir mão de um dos dois restantes, de qual deveria abrir mão primeiro?”.

“Abra mão da comida. A morte sempre esteve conosco, desde o começo dos tempos, mas quando não há confiança, as pessoas comuns não terão nada a que se agarrar.”

  1. Chi Tzu-ch’eng disse: “O mais importante a respeito de um cavalheiro é o material do qual ele é feito. Para que ele precisa de refinamento?”. Tzu-kung comentou: “É uma pena que um cavalheiro fale desse modo sobre o cavalheiro. ‘Uma parelha de quatro cavalos não pode ir mais rápido do que a língua de alguém.’O material não difere do refinamento; o refinamento não difere do A pele de um tigre ou de um leopardo, desprovida de pelos, não é diferente da de um cachorro ou de uma ovelha”.
  2. O duque Ai perguntou a Yu Juo: “A colheita vai mal, e não tenho o suficiente para cobrir os gastos. Que devo fazer?”.

Yu Juo respondeu: “Que tal taxar as pessoas em uma de dez partes?”.

“Já não tenho o suficiente agora que as taxo em duas partes de dez. Como eu poderia taxá-las em uma parte de dez?”

“Quando as pessoas têm o suficiente, quem sobra na insuficiência? Quando as pessoas não tem o suficiente, quem resta para gozar da abundância?”

  1. Tzu-chang perguntou sobre a exaltação da virtude e sobre como reconhecer a incoerência. O Mestre disse: “Faça o seu princípio norteador dar o melhor de si pelos outros e ser coerente com aquilo que diz, e vá onde há retidão, então você estará exaltando a virtude. Quando se ama um homem, deseja-se que ele viva, e quando se odeia um homem, deseja-se que ele Se, tendo uma vez desejado que ele vivesse, você depois deseja que ele morra, isso é incoerência.

Se você não o fez pelo bem dos ricos,

Você deve tê-lo feito pelo bem da mudança”.

  1. O duque Ching de Ch’i perguntou a Confúcio sobre governo. Confúcio respondeu: “Deixe que o governante seja um governante, o súdito, um súdito, o pai, um pai, o filho, um filho”. O duque disse: “Esplêndido! Realmente, se o governante não for um governante, o súdito, um súdito, se o pai não for um pai e o filho, um filho, então, mesmo que houvesse grãos, conseguiria eu comê-los?”.
  1. O Mestre disse: “Se alguém pode chegar à verdade de uma disputa legal apenas a partir das evidências de uma das partes, é, talvez, Yu”.

Tzu-lu nunca posterga o cumprimento de uma promessa ao dia seguinte.

  1. O Mestre disse: “Ao julgar uma disputa judicial, sou igual a qualquer outro Mas, se vocês insistem em uma diferença, é, talvez, que, em primeiro lugar, tento convencer as partes a não recorrer ao litígio”.
  2. Tzu-chang perguntou sobre governo. O Mestre disse: “Quanto à rotina diária, não mostre cansaço, e quando houver alguma ação a ser tomada, dê o melhor de si”.
  3. O Mestre disse: “O cavalheiro que é muito culto mas que é levado às coisas essenciais pelos ritos dificilmente vai se voltar contra aquilo que apoiou”.
  4. O Mestre disse: “O cavalheiro ajuda os outros a perceberem o que há de bom neles; não os ajuda a perceberem o que há de ruim. O homem vulgar faz o contrário.”
  5. Chi K’ang Tzu perguntou a Confúcio sobre governo. Confúcio respondeu: “Governar (cheng) é corrigir (cheng). Se você der exemplo ao ser correto, quem ousaria continuar sendo incorreto?”.
  6. O grande número de ladrões na região era uma fonte de preocupação para Chi K’ang Tzu, que pediu conselho a Confúcio. Confúcio respondeu: “Se você não fosse um homem ganancioso, ninguém roubaria, nem mesmo se oferecessem recompensas aos ladrões”.
  7. Chi K’ang Tzu perguntou a Confúcio sobre o governo, dizendo: “O que o Mestre pensaria se, para me aproximar daqueles que seguem o Caminho, eu matasse aqueles que não o seguem?”.

Confúcio respondeu: “Qual a necessidade de matar para administrar um governo? Apenas deseje o bem, e o povo será bom. A virtude do cavalheiro é como o vento; a virtude do homem comum é como grama. Que o vento sopre sobre a grama, e ela com certeza se dobrará”.

  1. Tzu-chang perguntou: “Como um cavalheiro deve ser para que digam que ele conseguiu distinguir-se?”. O Mestre disse: “Que diabos você quer dizer com ‘distinguir-se’?”. Tzu-chang respondeu: “O que tenho em mente é um homem que tem certeza de ser conhecido, sirva ele em um reino ou em uma família nobre”. O Mestre disse: “Isso é ser conhecido, não se distinguir. O termo ‘distinguir-se’descreve um homem que é correto por natureza e que gosta do que é certo, sensível às palavras das outras pessoas e observador da expressão nos rostos delas e que sempre se preocupa em ser modesto. Tal homem é destinado a distinguir-se, sirva ele em um reino ou em uma família nobre. Por outro lado, o termo ‘ser conhecido’descreve um homem que não tem dúvidas de que é benevolente, quando tudo o que ele está fazendo é mostrar uma fachada de benevolência que não condiz com suas ações. Tal homem é destinado a ser conhecido, sirva ele em um reino ou em uma família nobre”.
  1. Fan Ch’ih estava com Confúcio durante uma visita ao Altar da Chuva. Ele disse: “Posso perguntar sobre o acúmulo da virtude, a reforma dos corrompidos e a admissão do mau julgamento?”. O Mestre disse: “Que esplêndida pergunta! Colocar o serviço prestado acima da recompensa que você ganha, não é isso acúmulo da virtude? Atacar o mal como o mal e não como o mal de um homem em particular, não é isso o caminho para reformar os corrompidos? Deixar que um repentino ataque de raiva faça com que você esqueça da segurança da sua própria pessoa ou mesmo da dos seus parentes, não é isso um mau julgamento?”
  2. Fan Ch’ih perguntou sobre benevolência. O Mestre disse: “Ame seus semelhantes”.

Ele perguntou sobre a sabedoria. O Mestre disse: “Conheça os homens”. Fan Ch’ih não entendeu. O Mestre disse: “Promova os justos e coloque-os acima dos corrompidos. Isso pode endireitar os corrompidos”.

Fan Ch’ih retirou-se e foi falar com Tzu-hsia, dizendo: “Há pouco fui ver o Mestre e perguntei sobre a sabedoria. O Mestre disse: ‘Promova os justos e coloque-os acima dos corrompidos. Isso pode endireitar os corrompidos’. O que ele quis dizer?”.

Tzu-hsia disse: “Rico, de fato, é o significado de tais palavras. Quando Shun dominava o Império, escolhendo entre a multidão ele promoveu Kao Yao e, ao fazer isso, afastou aqueles que não eram benevolentes. Quanto T’ang dominava o Império, escolhendo entre a multidão promoveu Yi Yin e, ao fazer isso, afastou aqueles que não eram benevolentes”.

  1. Tzu-kung perguntou sobre como os amigos devem ser tratados. O Mestre disse: “Aconselhe-os o melhor que puder e guie-os corretamente, mas pare quando hão houver esperança de sucesso. Não peça para ser rejeitado”.
  2. Tseng Tzu disse: “Um cavalheiro faz amigos por meio da sua cultura, mas busca os amigos para apoio benevolente”.

Livro XIII

  1. Tzu-lu perguntou sobre O Mestre disse: “Dê o exemplo você mesmo e, assim, estimule o povo a trabalhar duro”. Tzu-lu perguntou mais. O Mestre disse: “Não permita que seus esforços esmoreçam”.
  2. Enquanto era administrador da família Chi, Chung-kung perguntou sobre O Mestre disse: “Sirva de exemplo para os seus oficiais seguirem; mostre tolerância para com pequenos ofensores; e promova homens de talento”.

“E como identificar os homens de talento, para promovê-los?”

O Mestre disse: “Promova aqueles que você reconhece. Acha que os outros vão permitir que aqueles que você não reconhece sejam esquecidos?”.

  1. Tzu-lu disse: “Se o senhor de Wei o encarregasse da administração (cheng) do estado, o que o senhor faria primeiro?”.

O Mestre disse: “Se algo tem de ser feito primeiro, é, talvez, a retificação (cheng) dos nomes”.

Tzu-lu disse: “É mesmo? Que caminho indireto o Mestre toma! Para que tratar da retificação?”.

O Mestre disse: “Yu, como você é atrapalhado. Espera-se que um cavalheiro não ofereça nenhuma opinião sobre aquilo que desconhece. Quando os nomes não são corretos, o que é dito não soará razoável; quando o que é dito não soa razoável, os negócios não culminarão em sucesso e ritos e músicas não florescerão; quando ritos e música não florescerem, a punição não encerrará os crimes; quando a punição não encerrar os crimes, o povo ficará desanimado. Assim, quando o cavalheiro nomeia algo, o nome com certeza terá uma função no seu discurso, e, quando ele disser algo, com certeza será algo passível de ser colocado em prática. Um cavalheiro é tudo menos casual quando se trata de linguagem”.

  1. Fan Ch’ih pediu que Confúcio lhe ensinasse a criar animais. O Mestre disse: “Não sou tão bom quanto um velho fazendeiro”. Fan Ch’ih pediu que lhe ensinasse como cultivar vegetais. “Não sou tão bom quanto um velho jardineiro”.

Quando Fan Ch’ih foi embora, o Mestre disse: “Que tolo é Fan Hsü! Quando os governantes amam os ritos, nenhuma pessoa comum ousará ser irreverente; quando amam aquilo que é correto, nenhuma pessoa comum ousará ser insubordinada; quando amam que haja coerência com aquilo que é dito, nenhuma das pessoas comuns ousará ser insincera. Desse modo, pessoas dos quatro cantos acorrerão, com os filhos atados às costas. Que necessidade há de falar sobre a criação de animais?”.

  1. O Mestre disse: “Se um homem que conhece as trezentas Odes de cor falha quando lhe são dadas responsabilidades administrativas e se mostra incapaz de ter

 

iniciativa própria quando enviado para estados estrangeiros, então qual a utilidade das Odes para ele, independentemente de quantas ele tenha aprendido?”.

  1. O Mestre disse: “Se um homem é correto, então haverá obediência sem que ordens sejam dadas; mas se ele não é correto, não haverá obediência, mesmo que ordens sejam dadas”.
  2. O Mestre disse: “Em seus governos, os reinos de Lu e Wei são como irmãos”.
  3. O Mestre disse sobre o príncipe Ching de Wei que ele mostrava uma atitude louvável em relação à sua Quando ele pela primeira vez teve uma casa, disse: “É adequada”. Quando a ampliou um pouco, disse: “É completa”. Quando ela se tornou suntuosa, ele disse: “É admirável”.
  4. Quando o Mestre foi para Wei, Jan Yu conduziu a carruagem para ele. O Mestre disse: “Que população florescente!”.

Jan Yu disse: “Quando a população floresce, que outro benefício pode-se acrescentar?”.

“Fazer as pessoas ricas.”

“Quando as pessoas tornam-se ricas, que outro benefício pode-se acrescentar?”

“Educá-las.”

  1. O Mestre disse: “Se alguém me empregasse, dentro do período de um ano eu deixaria as coisas em um estado satisfatório e depois de três anos eu teria provas disso para mostrar”.
  2. O Mestre disse: “Como é verdadeiro o ditado que diz que depois que um reino foi governado durante cem anos por bons homens é possível vencer a crueldade e acabar com os homicídios!”.
  3. O Mestre disse: “Mesmo com um rei de verdade, leva-se uma geração inteira para que a benevolência torne-se realidade”.
  4. O Mestre disse: “Se um homem consegue fazer com que ele próprio seja correto, que dificuldade haverá para ele tomar parte no governo? Se ele não consegue fazer com que ele próprio seja correto, o que tem ele a ver com fazer os outros serem corretos?”.
  5. Jan Tzu voltou da corte. O Mestre disse: “Por que tão tarde?”. “Assuntos de ” O Mestre disse: “Só podem ter sido coisas de rotina. Houvesse algum assunto de Estado, eu teria ficado sabendo sobre ele, mesmo que eu não tenha mais nenhum cargo”.
  6. O duque Ting perguntou: “Existe uma máxima que garanta a prosperidade de um reino?”.

Confúcio respondeu: “Uma máxima não pode fazer exatamente isso. Há um ditado entre os homens: ‘É difícil ser um governante, e tampouco é fácil ser súdito’. Se um governante entende a dificuldade de ser um governante, então não se trata praticamente de uma máxima levando o reino à prosperidade?”.

“Existe uma máxima que possa levar o reino à ruína?”

Confúcio respondeu: “Uma máxima não pode fazer exatamente isso. Há um ditado entre os homens: ‘Não gosto de ser um governante, exceto pelo fato de que ninguém vai contra aquilo que eu digo’. Se o que ele diz é bom e ninguém vai contra ele, ótimo. Mas e se o que ele diz não é bom e ninguém vai contra ele, então não se trata praticamente de uma máxima levando o reino à ruína?”.

  1. O governador de She perguntou sobre governo. O Mestre disse: “Certifique-se sempre de que aqueles que estão perto estejam satisfeitos e de que aqueles que estão longe sejam atraídos”.
  2. Ao se tornar prefeito de Chü Fu, Tzu-hsia perguntou sobre governo. O Mestre disse: “Não seja impaciente. Não tenha em mente apenas ganhos pequenos. Se você for impaciente, não atingirá o seu objetivo. Se tiver em mente apenas pequenos ganhos, as grandes missões não serão cumpridas”.
  3. O governador de She disse a Confúcio: “Em nossa aldeia há um homem que é chamado de ‘Retidão’. Quando o pai dele roubou uma ovelha, ele o denunciou”. Confúcio respondeu: “Em nossa aldeia, aqueles que são corretos são muito Os pais protegem os filhos, e os filhos protegem os pais. Retidão é algo encontrado nesse comportamento”.
  4. Fan Ch’ih perguntou sobre benevolência. O Mestre disse: “Quando estiver em casa, mantenha-se em uma atitude respeitosa; quando estiver servindo como oficial, seja reverente; quando lidar com outros, dê o melhor de si. Essas são qualidades que não podem ser deixadas de lado, mesmo que você vá viver entre bárbaros”.
  5. Tzu-kung perguntou: “Como deve ser um homem para que possam chamá-lo verdadeiramente de Cavalheiro?”. O Mestre disse: “Um homem que se mostra honrado na forma com que se conduz e que, quando enviado para o exterior em missão, não desgraça o nome de seu senhor pode ser chamado de Cavalheiro”.

“E abaixo dele, quem merece figurar?”

“Alguém que dentro do próprio clã é elogiado por ser um bom filho e que na sua aldeia é elogiado por ser um jovem respeitoso.”

“E a seguir?”

“Um homem que insiste em manter sua palavra e em levar suas ações até o fim talvez esteja qualificado para ser o próximo, mesmo que mostre uma teimosa estreiteza da mente.”

“E quanto aos homens que estão na vida pública, presentemente?”

O Mestre disse: “Oh, eles são de capacidade tão limitada que mal contam”.

  1. O Mestre disse: “Se é impossível encontrar homens moderados para companheiros, deve-se, se não há alternativa, voltar-se aos indisciplinados e aos Os primeiros arriscam-se a qualquer coisa, enquanto os últimos demarcam o limite para alguns tipos de ações”.
  2. O Mestre disse: “As pessoas do sul têm um ditado: Um homem sem consistência não dará nem um xamã nem um médico. Muito bem dito! ‘Se uma pessoa não demonstra uma virtude consistente, essa pessoa passará, talvez, ’” O Mestre continuou, para comentar: “A importância do ditado é simplesmente a de que, em tal caso, não há razão alguma para consultar um oráculo”.
  3. O Mestre disse: “O cavalheiro concorda com os outros sem ser um eco. O homem vulgar ecoa sem estar de acordo”.
  4. Tzu-kung perguntou: “‘Todos na aldeia gostam dele.’O que você acha disso?” O Mestre disse: “Isso não é o suficiente”.

“‘Ninguém na aldeia gosta dele.’O que acha disso?”

O Mestre disse: “Isso tampouco é suficiente. ‘Aqueles na aldeia que são bons gostam dele e aqueles na aldeia que são maus não gostam dele.’Isso ficaria melhor”.

  1. O Mestre disse: “O cavalheiro é fácil de ser servido mas difícil de Ele não ficará satisfeito a menos que você tente agradá-lo seguindo o Caminho, mas quando se trata de empregar os serviços de outras pessoas, ele o faz dentro dos limites da capacidade delas. O homem vulgar é difícil de ser servido mas fácil de agradar. Ele ficará satisfeito mesmo que você tente agradá-lo sem seguir o Caminho, mas quando se trata de empregar os serviços de outros, ele exige perfeição”.
  2. O Mestre disse: “O cavalheiro fica à vontade sem ser arrogante; o homem vulgar é arrogante sem ficar à vontade”.
  3. O Mestre disse: “Força inquebrantável, resolução, simplicidade e reticência são próximas da benevolência”.
  4. Tzu-lu perguntou: “Como deve ser um homem para que mereça que o chamem de Cavalheiro?”. O Mestre disse: “Alguém que é, por um lado, sincero e inteligente e, por outro lado, cordial merece ser chamado de Cavalheiro – sincero e inteligente entre os seus amigos e cordial entre irmãos”.
  5. O Mestre disse: “Depois que um homem bom educou o povo por sete anos, aí então o povo estará pronto para pegar em armas”.
  6. O Mestre disse: “Mandar o povo para a guerra sem que ele tenha educação é jogá-lo fora”.

 

Livro XIV

  1. Hsien perguntou sobre a vergonha. O Mestre disse: “É vergonhoso fazer do salário seu único objetivo, indiferente quanto a se o Caminho prevalece no reino ou não”.

“Manter-se longe da tentação de tentar agir em proveito próprio, de jactar-se de si mesmo, de guardar rancores e de ser ambicioso pode ser considerado ‘benevolente’?”

O Mestre disse: “Pode ser considerado ‘difícil’, mas não sei se se trata de benevolência”.

  1. O Mestre disse: “Um cavalheiro que é apegado ao conforto não merece ser chamado de Cavalheiro”.
  2. O Mestre disse: “Quando o Caminho prevalece no reino, fale e aja destemidamente e com altivez; quando o Caminho não prevalece, aja destemidamente e com altivez, mas fale com reserva e de modo suave”.
  3. O Mestre disse: “Um homem de virtude com certeza é o autor de dizeres memoráveis, mas o autor de dizeres memoráveis não é necessariamente Um homem benevolente com certeza é corajoso, mas um homem corajoso não necessariamente é benevolente”.
  4. Nan-kung K’uo perguntou a Confúcio: “Tanto Yi, que era bom no tiro com arco, e Ao, que era tão bom marinheiro que podia fazer um barco navegar sobre a terra seca, tiveram mortes violentas, enquanto Yü e Chi, que ajudaram a semear as lavouras, dominaram o Império”. O Mestre nada

Depois que Nan-kung K’uo foi embora, o Mestre comentou: “Quão cavalheiro é esse homem! Como ele reverencia a virtude!”.

  1. O Mestre disse: “Podemos supor que há casos de cavalheiros que não são benevolentes, mas não há um homem vulgar que seja, ao mesmo tempo, benevolente”.
  2. O Mestre disse: “É possível amar alguém sem fazer com que essa pessoa trabalhe duro? É possível dar o melhor de si por alguém sem educá-lo?”.
  3. O Mestre disse: “Ao redigir o texto de um tratado, P’i Ch’en escrevia o rascunho, Shih Shu fazia comentários, Tzu-y ü, o mestre de protocolo, fazia os retoques, e Tzu-ch’an de Tung Li o embelezava”.
  4. Alguém perguntou sobre Tzu-ch’an. O Mestre disse: “Era um homem generoso”. A mesma pessoa perguntou por Tzu-hsi. O Mestre disse: “Aquele

 

homem! Aquele homem!”. Então perguntou sobre Kuan Chung. O Mestre disse: “Era um homem. Tomou trezentas casas do domínio da família Po na cidade de P’ien, e Po, obrigado a viver apenas de arroz comum, não disse uma só palavra em reclamação, até o fim dos seus dias”.

  1. O Mestre disse: “É mais difícil não reclamar da injustiça quando pobre do que não se comportar com arrogância quando rico”.
  2. O Mestre disse: “Meng-kung ch’uo seria mais do que qualificado para o cargo de administrador de grandes e nobres famílias como Chao ou Wei, mas ele não seria qualificado para o cargo de ministro, nem mesmo em um pequeno reino como T’eng ou Hsüeh”.
  3. Tzu-lu perguntou sobre o homem

O Mestre disse: “Um homem tão sábio quanto Tsang Wu-chung, tão livre de desejos quanto Meng-kung-ch’uo, tão corajoso quanto Chuang-tzu de Pien e tão talentoso quanto Jan Ch’iu, que é mais refinado em matéria de ritos e música, pode ser considerado um homem completo”. Então acrescentou: “Mas para ser um homem completo hoje em dia não é necessário ter todas essas coisas. Se um homem, à vista de uma vantagem a ser obtida, lembra-se do que é certo, se, em face do perigo, está pronto para dar a própria vida e se não esquece seus princípios mesmo quando passa por longos períodos de dificuldade, então ele pode ser chamado de completo”.

  1. O Mestre perguntou a Kung-ming Chia sobre Kung-shu Wen-tzu: “É verdade que o seu Mestre nunca falava, nunca ria e nunca aceitava?”.

Kung-ming Chia respondeu: “Seja lá quem for que disse isso, exagerou. Meu Mestre falava apenas quando era o momento de ele falar. De modo que as pessoas nunca se cansavam da sua fala. Ria apenas quando se sentia feliz. De modo que as pessoas nunca se cansavam do seu riso. Aceitava alguma coisa apenas quando era certo que o fizesse. De modo que as pessoas nunca achavam que ele aceitava demais”.

O Mestre disse: “Será que essa pode ser a explicação correta para o modo como ele era?, é o que me pergunto”.

  1. O Mestre disse: “Tsang Wu-chung valia-se do seu domínio sobre o seu feudo para exigir que esse fosse reconhecido como hereditário. Se alguém dissesse que ele não estava coagindo o seu senhor, eu não acreditaria”.
  2. O Mestre disse: “O duque Wen de Chin era hábil e lhe faltava integridade. O duque Huan de Ch’i, por outro lado, tinha integridade e não era hábil”.
  3. Tzu-lu disse: “Quando o duque Huan mandou matar o príncipe Chiu, Shao Hu morreu pelo príncipe, mas Kuan Chung, não”. Ele acrescentou: “Nesse caso, faltou benevolência a este último?”. O Mestre disse: “Foi por causa de Kuan

 

Chung que o duque Huan pôde, sem ter de demonstrar força, reunir nove vezes os senhores dos estados feudais. Essa era a sua benevolência. Essa era a sua benevolência”.

  1. Tzu-kung disse: “Não acho que Kuan Chung fosse um homem benevolente. Não apenas ele não morreu pelo príncipe Chiu, mas viveu para ajudar o duque Huan, que havia mandado assassinar o príncipe”.

O Mestre disse: “Kuan Chung ajudou o duque Huan a se tornar o líder dos senhores feudais e a evitar que o Império entrasse em colapso. Até hoje, o povo ainda goza dos benefícios dos seus atos. Não fosse por Kuan Chung, poderíamos muito bem estar usando os cabelos soltos e dobrando nossos trajes à esquerda.

Certamente ele não foi como o homem ou a mulher que, por causa de suas pequenas fidelidades, cometem suicídio em uma vala sem que ninguém se aperceba”.

  1. O ministro Chuan, que tinha sido um oficial na casa de Kung-shu Wen-tzu, foi promovido a um alto cargo no governo, servindo lado a lado com Kung-shu Wen- Ao ouvir isso, o Mestre comentou: “Kung-shu Wen-tzu merecia o epíteto ‘wen’”.
  2. Quando o Mestre falou sobre a absoluta falta de princípios morais de parte do duque Ling de Wei, K’ang Tzu comentou: “Sendo esse o caso, como é que ele não perdeu seu reino?”.

Confúcio disse: “Chung-shu Yü era o responsável pelos visitantes estrangeiros, o sacerdote T’uo pelo templo ancestral, e Wang-sun Chia pelas questões militares. Sendo esse o caso, que possibilidade haveria de o duque perder o reino?”.

  1. O Mestre disse: “Promessas feitas imodestamente são difíceis de cumprir”.
  2. Ch’en Ch’eng Tzu matou o duque Chien. Depois de lavar-se cuidadosamente, Confúcio foi à corte e reportou-se ao duque Ai, dizendo: “Ch’en Heng matou seu próprio senhor. Posso pedir que um exército seja enviado para puni-lo?”. O duque respondeu: “Diga isso aos Três Senhores”.Confúcio disse: “Reportei-o ao senhor simplesmente porque tenho o dever de fazê-lo, já que ocupo lugar junto aos ministros, mas mesmo assim o senhor diz: ‘Diga aos Três Senhores’”.

Ele foi e reportou-se aos Três Senhores, e eles recusaram seu pedido. Confúcio disse: “Reporto isso aos senhores simplesmente porque tenho o dever de fazê-lo, já que ocupo um lugar junto aos ministros”.

  1. Tzu-lu perguntou sobre o modo correto de servir um senhor. O Mestre disse: “Certifique-se de que não está sendo desonesto quando ficar frente a frente com ele”.
  2. O Mestre disse: “O progresso do cavalheiro é para cima; o progresso do homem vulgar é para baixo”.
  1. O Mestre disse: “Os homens de antigamente estudavam para aprimorar a si próprios; os homens de hoje estudam para impressionar os outros”.
  2. Ch’ü Po-y ü enviou um mensageiro a Confúcio. Confúcio sentou-se com ele e perguntou-lhe: “O que faz o seu Mestre?”. Ele respondeu: “Meu mestre tenta reduzir seus erros, mas não tem obtido êxito”.

Quando o mensageiro foi embora, o Mestre comentou: “Que mensageiro! Que mensageiro!”.

  1. O Mestre disse: “Não se preocupe com questões de governo a menos que sejam da sua alçada”.

Tseng Tzu comentou: “O cavalheiro não permite que seus pensamentos devaneiem além do seu cargo”.

  1. O Mestre disse: “O cavalheiro tem vergonha de que suas palavras sejam mais ambiciosas que suas ações”.
  2. Os cavalheiros têm sempre três princípios em mente, nenhum dos quais consegui seguir: ‘O homem benevolente nunca fica aflito; o homem sábio nunca fica indeciso; o homem corajoso nunca tem medo’”.Tzu-kung disse: “Aquilo que o Mestre acaba de citar é uma descrição de si mesmo”.
  3. Tzu-kung era dado a classificar as pessoas. O Mestre disse: “Quão superior é Ssu! De minha parte, não tenho tempo para essas coisas”.
  4. O Mestre disse: “Não é quando os outros falham em apreciar as suas habilidades que você deveria ficar incomodado,mas sim quando essas habilidades de fato faltam”.
  5. O Mestre disse: “Não é superior um homem que, sem antecipar traições ou prever atos de má-fé, é, ainda assim, o primeiro a perceber quando tais ações ocorrem?”
  6. Wei-sheng Mu disse a Confúcio: “Ch’iu, por que está tão inquieto? Está, talvez, tentando se exibir?”.

Confúcio respondeu: “Não sou tão impertinente a ponto de me exibir. Só que detesto a inflexibilidade”.

  1. O Mestre disse: “Um bom cavalo é exaltado por suas virtudes, não por sua força”.
  2. Alguém disse:

“‘Pague uma injúria com uma boa ação’.

O que você acha desse ditado?”.

O Mestre disse: “Com o quê, então, você paga uma boa ação? Deve-se pagar a injúria com a retidão, mas pagar com uma boa ação apenas uma boa ação”.

  1. O Mestre disse: “Ninguém me entende”. Tzu-kung disse: “Como assim, ninguém o entende?”. O Mestre disse: “Não estou reclamando do Céu, tampouco culpo os homens. Em meus estudos, começo de baixo e vou em direção às coisas mais elevadas. Se sou compreendido de algum modo, é, talvez, pelo Céu.”
  2. Kung-po Liao falou mal de Tzu-lu para Chi-Sun. Tzu-fu Ching-po relatou-o, dizendo: “Meu Mestre mostra sinais inequívocos de estar sendo influenciado por Kung-po Liao, mas ainda tenho influência suficiente para expor seu cadáver no mercado público”.

O Mestre disse: “Se o Caminho prevalece, é o Destino; também é o Destino se o Caminho cai em desgraça. Como pode Kung-po Liao desafiar o Destino?”.

  1. O Mestre disse: “Homens que evitam o mundo vêm em primeiro lugar; aqueles que evitam um lugar em particular vêm em seguida; aqueles que evitam um olhar hostil, em seguida; aqueles que evitam palavras hostis vêm por último”.

O Mestre disse: “Houve sete que se levantaram”.

  1. Tzu-lu preparava-se para passar a noite no Portão de Pedra. O porteiro disse: “De onde você vem?”. Tzu-lu disse: “Da família K’ung”. “Do K’ung que continua perseguindo um objetivo que ele sabe ser impossível?”
  2. Enquanto o Mestre estava tocando os sinos de pedra em Wei, um homem que passava em frente à porta, carregando um cesto, disse: “O modo com que ele toca os sinos de pedra está carregado de sentimento”. Mas logo em seguida, disse: “Que medíocre esta musiquinha. Se ninguém entende este homem,então ele deveria desistir, isso é tudo.

Quando a água é funda, caminhe devagar; Quando é rasa, erga seu traje e caminhe”.

O Mestre disse: “Ele é muito decidido, de fato. Contra tal determinação, não pode haver qualquer argumento”.

  1. Tzu-chang disse: “O Livro da História diz:

Kao Tsung confinou-se no seu casebre, enlutado, e por três anos permaneceu em silêncio.

O que isso significa?”.

O Mestre disse: “Não há necessidade de recorrer a Kao Tsung para exemplo. Isso sempre foi assim entre os homens de antigamente. Quando o governante morria, todos os oficiais juntavam-se e apresentavam-se ao primeiro-ministro e, por três anos, aceitavam seu comando”.

  1. O Mestre disse: “Quando aqueles que governam são observadores dos ritos, o povo será facilmente comandado”.
  2. Tzu-lu perguntou sobre o cavalheiro. O Mestre disse: “Ele cultiva a si próprio e, portanto, obtém respeito”.

“Isso é tudo?”

“Ele cultiva a si próprio e, portanto, traz paz e prosperidade aos seus semelhantes.”

“Isso é tudo?”

“Ele cultiva a si próprio e, portanto, traz paz e segurança às pessoas comuns. Até mesmo Yao e Shun achariam penosa a tarefa de trazer paz e segurança às pessoas.”

  1. Yüan Jang esperava sentado, com as pernas bem O Mestre disse: “Não ser nem modesto nem deferente quando jovem, não conquistar nada válido na idade adulta e recusar-se a morrer quando velho, isto é o que eu chamo de um parasita”. E assim dizendo, o Mestre cutucou-lhe o queixo com seu cajado.
  2. Depois que um garoto de Ch’üeh anunciou um visitante, alguém perguntou sobre ele: “Trata-se de alguém que progredirá?”. O Mestre disse: “Já o vi afirmando que ocupará um cargo e andando lado a lado com seus colegas mais Ele não quer progredir. Ele está atrás de resultados rápidos”.

 

Livro XV

  1. O duque Ling de Wei perguntou a Confúcio sobre táticas militares. Confúcio respondeu: “De fato, já ouvir falar sobre o uso de embarcações sacrificiais, mas nunca estudei a questão do comando de tropas”. No dia seguinte, foi embora do

 

  1. Em Ch’en, quando as provisões acabaram, os seguidores tinham se tornado tão fracos que nenhum deles conseguia pôr-se em pé. Tzu-lu, com indignação pintada em todo o rosto, disse: “É possível que haja momentos em que até mesmo os cavalheiros são levados a circunstâncias tão extremas?”. O Mestre disse: “Não causa nenhuma surpresa ao cavalheiro encontrar-se em circunstâncias extremas. O homem vulgar, ao encontrar-se em circunstâncias extremas, jogaria para cima qualquer escrúpulo.”
  2. O Mestre disse: “Ssu, você acha que eu sou o tipo de homem que aprende muitas coisas e que depois armazena na mente cada uma dessas coisas que aprendeu?”.

“Sim, acho. Não é assim?”

“Não. Tenho apenas um único fio que liga todas elas.”

  1. O Mestre disse: “Yu, raros são aqueles que compreendem a virtude”.
  2. O Mestre disse: “Se houve um governante que conseguia impor a ordem sem ter de tomar nenhuma ação, foi, talvez, Shun. Tudo o que ele precisava fazer era mostrar-se em uma postura respeitosa e olhar na direção do sul”.
  3. Tzu-chang perguntou sobre o progresso. O Mestre disse: “Se você tem consciência das próprias palavras e é coerente com elas, e se é determinado e reverente ao agir, então até mesmo nas terras dos bárbaros você progredirá. Mas, se falhar em ser consciencioso e coerente em relação a suas palavras ou determinado e reverente ao agir, então, mesmo na sua aldeia, como conseguiria progredir? Onde você estiver, tenha esse ideal à frente, inscreva-o na canga da sua Apenas então você com certeza progredirá”.

Tzu-chang tomou nota disso no seu cinturão.

  1. O Mestre disse: “Quão correto é Shih Yü! Quando o Caminho prevalece no reino, ele é reto como uma flecha e, no entanto, quando o Caminho cai em desuso no reino, ainda assim ele tem a retidão de uma flecha.

“Quão cavalheiro Ch’ü Po-y ü é! Quando o Caminho prevalece no reino, ele exercita seus talentos em um cargo oficial, mas quando o Caminho cai em desuso no reino, ele deixa que o enrolem e que o guardem em algum lugar seguro”.

  1. O Mestre disse: “Não falar com um homem que pode se beneficiar com isso é desperdiçar o Falar com um homem que é incapaz de se beneficiar com isso é desperdiçar as palavras. Um homem sábio não desperdiça nem homens nem palavras”.
  2. O Mestre disse: “Em se tratando de cavalheiros determinados e homens de benevolência, ao mesmo tempo em que é inconcebível que busquem permanecer vivos sacrificando a benevolência, pode acontecer que tenham de aceitar a morte para conseguir realizar a benevolência”.
  3. Tzu-kung perguntou sobre a prática da benevolência. O Mestre disse: “Um artesão que deseja praticar bem sua habilidade deve primeiro afiar seus Você deveria, portanto, buscar a proteção do mais distinto ministro e fazer amizade com o mais benevolente cavalheiro, esteja no reino onde estiver”.
  4. Yen Yüan perguntou sobre como governar um reino. O Mestre disse: “Siga o calendário Hsia, ande em uma carruagem dos Yin e use um barrete cerimonial dos Chou, mas, quanto à música, adote o shao e o Bane as melodias de Cheng e mantenha homens de fala persuasiva à distância. As melodias de Cheng são insolentes, e homens de fala persuasiva são perigosos”.
  5. O Mestre disse: “Aquele que não pensa em dificuldades futuras com certeza será assaltado por preocupações muito mais próximas”.
  6. O Mestre disse: “Acho que devo abrir mão da esperança. Ainda estou para conhecer o homem que tenha tanta afeição pela virtude quanto pela beleza feminina”.
  7. O Mestre disse: “Tsang Wen-chung não ocupou um cargo a que não tem direito? Ele sabia que Liu Hsia Hui era mais qualificado, mas mesmo assim não cedeu a ele sua posição”.
  8. O Mestre disse: “Uma pessoa que exige muito de si mesma e pouco dos outros ficará a salvo de críticas”.
  9. O Mestre disse: “Não há nada que se fazer com um homem que está constantemente perguntando ‘O que devo fazer? O que devo fazer?’”.
  10. O Mestre disse: “Trata-se de um feito bastante memorável que um grupo de homens passe o dia inteiro juntos apenas divertindo-se com mostras vãs de esperteza sem jamais tocar, durante a conversa, no assunto da moralidade!”.
  11. O Mestre disse: “O cavalheiro tem a moralidade como matéria-prima e, ao observar os ritos, coloca-a em prática, ao ser modesto dá-lhe expressão e, ao ser fiel às próprias palavras, a Assim é um cavalheiro, de fato!”.
  12. O Mestre disse: “O cavalheiro se ressente por sua própria falta de habilidade, não pela inabilidade dos outros de o admirarem”.
  13. O Mestre disse: “O cavalheiro detesta não deixar um nome atrás de si quando vai embora”.
  14. O Mestre disse: “Aquilo que um cavalheiro procura, ele procura dentro de si próprio; aquilo que um homem vulgar procura, ele procura nos outros”.
  15. O Mestre disse: “O cavalheiro tem consciência de sua própria superioridade sem ser agressivo e junta-se a outros cavalheiros sem ser sectário”.
  16. O Mestre disse: “Um cavalheiro não recomenda um homem por causa daquilo que este diz, tampouco despreza o que é dito por conta da pessoa que o fala”.
  17. O Mestre disse: “Tzu-kung perguntou: existe uma palavra que possa ser um guia de conduta durante toda a vida de alguém?”. O Mestre disse: “Talvez, a palavra shu.Não imponha aos outros aquilo que você não deseja para si próprio”.
  18. O Mestre disse: “Quem eu alguma vez elogiei ou condenei? Se elogiei alguém, podem ter certeza de que ele tinha sido testado. Essas pessoas comuns são a pedra de toque por meio da qual as Três Dinastias foram mantidas no caminho certo”.
  19. O Mestre disse: “Sou velho o suficiente para ter visto escribas a quem faltava Aqueles que possuíam cavalos permitiam que outros os conduzissem.Hoje em dia não há mais, suponho, tais casos”.
  20. O Mestre disse: “A fala ardilosa arruína a virtude de uma pessoa; a falta de autocontrole em pequenas questões arruína grandes planos”.
  21. O Mestre disse: “Aja com cuidado em relação a um homem que é odiado por todos. Aja com cuidado em relação a um homem que é amado por todos”.
  22. O Mestre disse: “O homem é capaz de ampliar o Caminho. O caminho não é capaz de ampliar o homem”.
  23. O Mestre disse: “Não emendar a si próprio quando se errou é errar, de fato”.
  24. O Mestre disse: “Uma vez passei todo o dia pensando, sem comer nada, e toda a noite pensando sem ir para a cama, mas descobri que nada ganhei com Teria sido melhor gastar o tempo estudando”.
  25. O Mestre disse: “O cavalheiro se dedica a atingir o Caminho e não a garantir Vá e cultive a terra e você terminará tendo fome, é claro; estude e você terminará com um salário de oficial, é claro. O cavalheiro preocupa-se com o Caminho, não com a pobreza”.
  26. O Mestre disse: “Aquilo que está ao alcance do conhecimento de um homem mas não pode ser mantido por sua benevolência é algo que ele acabará Um homem pode ser sábio o suficiente para atingi-lo e benevolente o suficiente para mantê-lo, mas se ele não governar com dignidade, então o povo não o respeitará. Um homem pode ser sábio o suficiente para atingi-lo, benevolente o suficiente para mantê-lo e pode governar o povo com dignidade, mas se ele não colocá-lo para trabalhar de acordo com os ritos, não terá atingido a perfeição”.
  27. O Mestre disse: “O cavalheiro não pode ser apreciado por pequenas coisas, mas é competente em grandes questões. Um homem vulgar não é competente em grandes questões, mas pode ser apreciado por pequenas coisas”.
  28. O Mestre disse: “A benevolência é mais vital ao povo do que o fogo e a água. No caso do fogo e da água, já vi homens morrerem ao se entregarem a eles, mas nunca vi nenhum homem morrer ao se entregar à benevolência”.
  29. O Mestre disse: “Quando diante de uma oportunidade de praticar a benevolência, não ceda a vez nem mesmo ao seu professor”.
  30. O Mestre disse: “O cavalheiro é devotado aos seus princípios, mas não é inflexível em pequenas questões”.
  31. O Mestre disse: “Ao servir o senhor, deve-se cumprir os deveres com reverência e considerar o pagamento como algo de importância secundária”.
  32. O Mestre disse: “Em educação, não há distinção de pessoa para pessoa”.
  33. O Mestre disse: “Não há sentido em duas pessoas que tomam caminhos diferentes se aconselharem uma com a outra”.
  34. O Mestre disse: “É suficiente que as palavras utilizadas por alguém comuniquem o seu sentido”.
  35. Mien, o mestre de música,fez uma Quando ele chegou aos degraus, o Mestre disse: “O senhor chegou aos degraus”, e quando ele chegou até o tapete, o Mestre disse: “O senhor chegou ao tapete”. Quando todos se sentaram, o Mestre disse a ele: “Este é Fulano de Tal e aquele ali é Fulano de Tal”.

Depois que o mestre de música foi embora, Tzu-chang perguntou: “É esta a maneira de falar com um músico?”. O Mestre disse: “Sim. Esta é a maneira de guiar um músico”.

 

Livro XVI

  1. O chefe da família Chi estava prestes a atacar Chuan Yü. Jan Yu e Chi-lu foram falar com Confúcio e disseram: “Os Chi vão atacar Chuan Yü”.

Confúcio disse: “Ch’iu, com certeza isso é culpa sua. Outrora, um ancestral real nosso deu a Chuan Yü a responsabilidade de fazer sacrifícios à montanha Tung Meng; além disso, o território deles agora localiza-se nos nossos domínios. São nossos vassalos. Que razão pode haver para atacá-los?”.

Jan Yu disse: “É o que o nosso senhor deseja. Nenhum de nós é a favor disso”.

Confúcio disse: “Ch’iu, há um ditado de Chou Jen que diz o seguinte: que os homens que têm força juntem-se às fileiras e que aqueles a quem falta força cedam seus lugares. Que utilidade tem para um cego um assistente que não o apoia quando ele tropeça ou que não o segura quando ele cai? Além disso, o que você disse está errado. De quem é o erro quando o tigre e o rinoceronte escapam de suas jaulas ou quando o casco de uma tartaruga e o jade são destruídos dentro de seus estojos?”.

Jan Yu disse: “Mas Chuan Yü é fortemente fortificada e próxima a Pi. Se não for tomada agora, com certeza será uma fonte de problemas para os descendentes de nossos senhores no futuro”.

Confúcio disse: “Ch’iu, o cavalheiro detesta aqueles que, em vez de dizerem claramente que querem alguma coisa, ficam inventando desculpas. Sempre ouvi dizer que o chefe de um reino ou de uma família nobre preocupa-se não com subpopulação, mas com a distribuição desigual; não com a pobreza, mas com a instabilidade. Pois onde há distribuição igualitária não há pobreza, onde há harmonia não há subpopulação e onde há estabilidade não há golpes de estado. É por essa razão que, quando súditos de outras regiões sublevam-se, o governante deve atraí-los por meio de sua força moral e, uma vez que eles se aproximem, satisfazê-los. Mas você e Yu sequer foram capazes de ajudar o seu senhor a atrair os súditos de outras regiões quando estas se sublevam ou a preservar o reino quando este está se desintegrando. Em vez disso, você propõe que se recorra ao uso das armas contra uma província do próprio reino. Receio que os problemas de Chi-sun estejam não em Chuan Yü, mas dentro do próprio palácio”.

  1. Confúcio disse: “Quando o Caminho prevalece no Império, os ritos, a música e as expedições militares são determinados pelo Quando o Caminho não prevalece no reino, eles são determinados pelos senhores feudais. Quando são determinados pelos senhores feudais, dificilmente o poder permanecerá nas mãos do imperador por mais de dez gerações. Quando são determinados pelos ministros, dificilmente o poder permanecerá nas mãos dos senhores feudais por mais de cinco gerações. Quando a prerrogativa de comando em um reino está a cargo de oficiais dos ministros, dificilmente o poder permanecerá nas mãos dos ministros por mais de três gerações. Quando o Caminho prevalece no Império, não é aos ministros que cabe a iniciativa política. Quando o Caminho prevalece no Império, as pessoas comuns não expressam críticas”.
  1. Há cinco gerações a autoridade saiu do controle da casa ducal. Há quatro gerações o governo passou para o controle dos ministro Por essa razão os descendentes das três casas de Huan estão em declínio.
  2. Confúcio disse: “Beneficia-se aquele que faz amizade com três tipos de pessoa. Igualmente, prejudica-se aquele que faz amizade com outros três tipos de pessoa. Fazer amizade com os retos, com aqueles que são fiéis às próprias palavras e com os bem-informados é beneficiar-se. Fazer amizade com aqueles que são subservientes em suas ações, agradáveis na aparência e eloquentes no discurso é prejudicar-se”.
  3. Confúcio disse: “Beneficia-se aquele que tem prazer em três tipos de coisas. Igualmente, prejudica-se aquele que tem prazer em outros três tipos de coisas. Ter prazer com a correta realização dos ritos e da música, em tecer loas à bondade de outros homens e ao ter um grande número de homens excelentes como amigos é beneficiar-se. Ter prazer em exibir-se, em levar uma vida dissoluta e em comer e beber é prejudicar-se”.
  4. Confúcio disse: “Na presença de um cavalheiro, corre-se o risco de cometer três erros. Dirigir a palavra antes que a palavra lhe tenha sido dirigida é temerário; não dirigir a palavra quando a palavra lhe foi dirigida é ser evasivo; falar sem observar a expressão na face do cavalheiro é ser cego”.
  5. Confúcio disse: “Há três coisas das quais um cavalheiro deveria se Na juventude, quando o sangue e o ch’i ainda não estão estabilizados, ele deve se resguardar da atração da beleza feminina. No princípio da vida, quando o sangue e o ch’i estiverem em pleno vigor, ele deve se resguardar da belicosidade. Na velhice, quando o sangue e o ch’i estiverem em declínio, ele deve se resguardar da vontade de ter propriedades”.
  6. Confúcio disse: “O cavalheiro teme três coisas. Teme o Decreto do Céu. Teme grandes homens. Teme a palavra dos sábios. O homem vulgar, sendo ignorante do Decreto do Céu, não o teme. Trata grandes homens com insolência e as palavras dos sábios com ironia”.
  7. Confúcio disse: “Aqueles que nascem com conhecimento são os mais A seguir vêm aqueles que atingem o conhecimento por meio do estudo. A seguir vêm aqueles que se voltam para o estudo depois de terem passado por dificuldades. No nível mais baixo estão as pessoas comuns, por não fazerem esforço algum para estudar mesmo depois de terem passado por dificuldades”.
  8. Confúcio disse: “Há nove coisas às quais o cavalheiro deve dedicar seu pensamento: enxergar claramente ao usar os olhos, escutar acuradamente ao usar os ouvidos, ter uma atitude cordial, ter um comportamento respeitoso, ser consciencioso ao falar, ser reverente ao cumprir seus deveres, buscar conselho quando estiver em dúvida, prever as consequências ao ficar com raiva e, à vista de uma vantagem a ser obtida, saber o que é correto”.
  1. Confúcio disse: “‘Ao contemplar o que é bom, ajo como se estivesse correndo o risco de ser deixado para trás; ao contemplar que não é bom, ajo como se estivesse bebendo água fervente.’Conheci tal homem; ouvi tal declaração.

“‘Vivo retiradamente para atingir meu propósito e praticar o que é direito com o intuito de realizar o meu caminho.’Ouvi tal declaração, mas ainda não conheci tal homem”.

  1. O duque Ching de Ch’i tinha mil carruagens com quatro cavalos cada, mas, à sua morte, as pessoas comuns foram incapazes de encontrar qualquer coisa pela qual elogiá-lo, ao passo que Po Yi e Shu Ch’i morriam de fome ao pé do monte Shou Yang e até hoje as pessoas comuns os Isso provavelmente é o que significa.
  2. Ch’en Kang perguntou a Po-y ü: “Foi-lhe ensinado algo fora do comum por seu pai?”.

“Não, não foi. Uma vez meu pai estava sozinho. Enquanto eu cruzava o jardim com passos apressados, ele disse: ‘Você estudou as Odes?’. Respondi: ‘Não’. ‘A menos que estude as Odes, não será capaz de sustentar uma conversa.’Eu me retirei e estudei as Odes.

“Outro dia, meu pai estava novamente sozinho. Enquanto eu atravessava o jardim com passos apressados, ele disse: ‘Você estudou os ritos?’. Eu respondi: ‘Não.’‘A menos que estude os ritos, não será capaz de assumir teu lugar no mundo.’Eu me retirei e estudei os ritos. Foram-me ensinadas essas duas coisas.”

Ch’en Kang retirou-se, encantado, e disse: “Fiz uma pergunta e recebi três respostas. Aprendi sobre a importância das Odes, aprendi sobre a importância dos ritos e aprendi que um homem mantém reserva para com seu filho”.

  1. O governante de um reino usa o termo “senhora” para sua esposa. Ela usa o termo “pequena criada” para si própria. O povo do reino refere-se a ela pela expressão “a senhora do senhor”, mas, quando no estrangeiro, usa a expressão “a pequena senhora”. As pessoas de outros reinos também se referem a ela por “a senhora do senhor”.

 

Livro XVII

  1. Yang Huo queria ver Confúcio e, quando Confúcio recusou-se a ir vê-lo, ele mandou a Confúcio um leitão de presente.

Confúcio mandou alguém vigiar a casa de Yang Huo e foi agradecer o presente durante a ausência dele. No caminho, calhou de ele encontrar Yang Huo, que lhe disse: “Venha, agora. Preciso falar com você”. Então ele continuou: “Pode ser chamado de benevolente o homem que, enquanto esconde seus tesouros, permite que o reino se extravie? Eu diria que não. Pode ser chamado de sábio o homem que, ao mesmo tempo que é ávido por participar da vida pública, constantemente deixa passar a oportunidade? Eu diria que não. Os dias e os meses passam. O tempo não está do nosso lado”. Confúcio disse: “Muito bem.

Aceitarei um cargo”.

  1. O Mestre disse: “Os homens são próximos por natureza. É o hábito que os separa”.
  2. O Mestre disse: “Apenas os mais sábios e os mais estúpidos não mudam”.
  3. O Mestre foi até Wu Ch’eng. Lá ele ouviu o som de instrumentos de cordas e de cantoria. O Mestre abriu um sorriso e disse: “Para que usar um cutelo de boi para matar uma galinha?”.

Tzu-y u respondeu: “Há algum tempo ouvi do senhor, Mestre, que o cavalheiro instruído no Caminho ama seus semelhantes e que os homens vulgares instruídos no Caminho são fáceis de serem comandados”.

O Mestre disse: “Meus amigos, o que Yen diz é correto. Minha observação de ainda há pouco foi apenas uma brincadeira”.

  1. Kung-shan Fu-jao, usando Pi como baluarte, iniciou uma revolta.Ele chamou o Mestre para juntar-se a ele, e o Mestre quis ir.

Tzu-lu não gostou e disse: “Pode ser que não tenhamos nenhum lugar para ir, mas por que devemos ir a Kung-shan?”.

O Mestre disse: “O homem que me chama deve ter algo a dizer. Se se trata de uma oferta de emprego, não poderia eu, talvez, criar outra dinastia Chou no leste?”.

  1. Tzu-chang perguntou a Confúcio sobre benevolência. Confúcio disse: “Há cinco coisas, e qualquer um que seja capaz de colocá-las em prática no Império é, com certeza, ‘benevolente’”.

“Posso perguntar que coisas são essas?”

“Elas são o respeito, a tolerância, a coerência com as próprias palavras, a rapidez e a generosidade. Se um homem é respeitoso, ele não será tratado com insolência. Se é tolerante, ele conquistará o povo. Se é coerente com as próprias palavras, seus semelhantes confiarão nele. Se é rápido, atingirá resultados. Se é generoso, ele será bom o suficiente a ponto de ser colocado em uma posição acima de seus semelhantes.”

  1. Pi Hsi mandou chamar o Mestre, e o Mestre ficou tentado a

Tzu-lu disse: “Há algum tempo ouvi do senhor, Mestre, que o cavalheiro não entra nos domínios daquele que não pratica o bem. Agora Pi Hsi está usando Chung Mou como baluarte para iniciar uma revolta. Como o Mestre pode querer ir até lá?”.

O Mestre disse: “É verdade, falei isso. Mas não foi dito ‘Duro, de fato, é aquilo que pode suportar a opressão’? Não foi dito ‘Branco, de fato, é aquilo que pode resistir ao tingimento preto’? Além disso, como posso admitir que eu seja tratado como um melão que, em vez de ser comido, serve de ornamento?”.

  1. O Mestre disse: “Yu, você ouviu sobre as seis qualidades e sobre os seis erros dos quais devemos nos resguardar?”.

“Não.”

“Sente-se e eu vou dizê-lo. Amar a benevolência sem amar o aprendizado pode levar à tolice. Amar a esperteza sem amar o aprendizado pode levar ao desvio do caminho correto. Amar a coerência com as próprias palavras sem amar o aprendizado pode levar a um comportamento destrutivo. Amar a determinação sem amar o aprendizado pode levar à intolerância. Amar a coragem sem amar o aprendizado pode levar à insubordinação. Amar a força sem amar o aprendizado pode levar à indisciplina.”

  1. O Mestre disse: “Por que nenhum de vocês, meus jovens amigos, estuda as Odes? Uma correta citação das Odes pode servir para estimular a imaginação, para demonstrar cultura, para superar dificuldades dentro de um grupo e para dar vazão a reclamações.

“Dentro da família, permitem que sirva-se ao próprio pai; fora da família permitem que sirva-se ao senhor; proporcionam também a aquisição de um amplo conhecimento sobre nomes de pássaros e animais, plantas e árvores”.

  1. O Mestre disse para Po-y ü: “Você estudou o Chou nan e o Shao nan? Ser um homem e não estudá-los é, eu diria, como ficar com a cara colada na parede”.
  2. O Mestre disse: “Diz-se ‘Os ritos, os ritos’, mas o ritos não significam apenas presentes de jade e Diz-se ‘Música, música’, mas música não é apenas sinos e tambores”.
  3. O Mestre disse: “Um homem covarde que veste uma máscara de braveza é como o ladrão que invade uma casa ou que trepa pelos muros”.
  4. O Mestre disse: “Os respeitáveis de um vilarejo são a ruína da virtude”.
  5. O Mestre disse: “Os fofoqueiros são párias da virtude”.
  6. O Mestre disse: “É realmente possível trabalhar lado a lado com um homem mau ao serviço de um senhor? Antes que ele consiga o que quer, ele se preocupa com a possibilidade de não consegui-lo. Depois de consegui-lo, ele se preocupa com a possibilidade de perdê-lo, e quando isso acontecer, nada o deterá”.
  7. O Mestre disse: “Na Antiguidade, as pessoas comuns tinham três defeitos, mas hoje nem mesmo esses elas têm. Na Antiguidade, ao serem selvagens os homens eram incontroláveis; hoje, eles simplesmente desviam-se do bom Na Antiguidade, por serem orgulhosos, os homens eram inconfiáveis; hoje, ao serem orgulhosos, eles são apenas temperamentais. Na Antiguidade, mesmo ao serem tolos, eles eram sinceros; hoje, a tolice é apenas uma impostura”.
  8. O Mestre disse: “É raro, de fato, que um homem com palavras ardilosas e um rosto bajulador seja benevolente”.
  9. O Mestre disse: “Detesto o púrpura por deslocar o ve Detesto as melodias de Cheng por corromperem a música clássica.Detesto homens de fala esperta que derrubam reinos e famílias nobres”.
  10. O Mestre disse: “Estou pensando em desistir da fala”. Tzu-kung disse: “Se o senhor não falasse, o que haveria para nós, seus discípulos, transmitirmos?”. O Mestre disse: “O que fala o Céu? E, no entanto, quatro estações se sucedem e centenas de criaturas continuam a nascer. O que fala o Céu?”.
  11. Ju Pei queria ver Confúcio. Confúcio recusou-se a vê-lo, dizendo que estava Assim que o mensageiro pôs os pés do lado de fora da porta do Mestre, este tomou seu alaúde e cantou, certificando-se de que o homem estava ouvindo.
  12. Tsai Wo perguntou sobre o luto de três anos, dizendo: “Até mesmo um ano é Se o cavalheiro desiste da prática dos ritos durante três anos, os ritos com certeza ficarão em ruínas; se ele abandonar a prática da música durante três anos, a música com certeza entrará em colapso. Um ano inteiro de luto é o suficiente. Afinal de contas, ao longo de um ano, tendo-se usado o grão velho, o grão novo germina, e nova madeira é utilizada para o fogo”.

O Mestre disse: “Você, então, seria capaz de saborear seu arroz e vestir suas melhores roupas?”.

“Sim, eu seria.”

“Se você se sente confortável com isso, então faça-o. O cavalheiro de luto não vê sabor na comida, prazer na música nem conforto em sua própria casa. É por isso que ele não come seu arroz nem veste suas melhores roupas. Já que você se sente confortável com isso, faça-o, por favor.”

Depois que Tsai Wo foi embora, o Mestre disse: “Quão insensível é Yü. Uma criança deixa o colo dos pais apenas quando tem três anos de idade. O luto de três anos é observado em todo o Império. Os pais de Yü não lhe deram três anos de amor?”.

  1. O Mestre disse: “Não é fácil para um homem que está sempre de barriga cheia usar a cabeça em algo útil. Não existem coisas como po e yi? Até mesmo jogar esses jogos é melhor do que não fazer nada”.
  2. Tzu-lu disse: “O cavalheiro considera a coragem uma qualidade suprema?”. O Mestre disse: “Para o cavalheiro, é a moralidade que é Com coragem mas desprovido de moralidade, um cavalheiro causará problemas, ao passo que um homem vulgar sem moralidade se tornará um bandido”.
  3. Tzu-kung disse: “Até mesmo o cavalheiro tem seus desafetos?”. O Mestre disse: “Sim. O cavalheiro tem seus desafetos. Ele detesta aqueles que chamam a atenção para o mal em Ele detesta aqueles que difamam seus superiores. Ele detesta aqueles a quem, embora possuam coragem, falta o espírito dos ritos. Ele detesta aqueles cuja determinação não é temperada pela compreensão”.

O Mestre acrescentou: “Você, Ssu, também tem os seus desafetos?”. “Detesto aqueles cujo plágio passa por sabedoria. Detesto aqueles cuja

insolência passa por coragem. Detesto aqueles cuja crítica aos outros passa por retidão.”

  1. O Mestre disse: “Em casa, é com as mulheres e com os homens vulgares que é difícil de se lidar. Se permitir que se aproximem demais, eles se tornarão Se os mantiver à distância, eles reclamarão”.
  2. O Mestre disse: “Se, à idade de quarenta anos, um homem ainda tem inimigos, então não resta esperança para ele: continuará assim até o fim”.

 

Livro XVIII

  1. O visconde de Wei abandonou-o, o visconde de Chi tornou-se um escravo por sua causa e Pi Kan perdeu a vida por protestar contra ele.Confúcio comentou: “Havia três homens benevolentes na dinastia Yin”.
  2. Liu Hsia Hui foi demitido três vezes quando era um Alguém disse: “Não é hora de você ir embora?”. “Se, a serviço de alguém, um homem não está preparado para fazer o Caminho se dobrar, onde ele poderá ir sem ser demitido três vezes? Se, a serviço de alguém, um homem está preparado para dobrar o Caminho, que necessidade há de abandonar a terra de seu pai e sua mãe?”
  3. Refletindo sobre como deveria tratar Confúcio, o duque Ching de Ch’i disse: “Não posso tratá-lo de forma tão exaltada quanto a que é dispensada para a família Chi”.Então ele o colocou em algum lugar entre os Chi e os Meng, dizendo: “Estou ficando velho. Receio não ser capaz de aproveitar os talentos dele”. Confúcio foi embora.
  4. Os homens de Ch’i enviaram de presente moças cantoras e dançarinas. Chi Huan Tzu aceitou-as e não foi à corte durante três dias. Confúcio foi embora.
  5. Chieh Yü, o Louco de Ch’u, passou por Confúcio, cantando Fênix, oh, fênix!

Como vossa virtude declinou!

O que é passado não pode ser recuperado, O que está por vir ainda não está perdido. Desista, desista!

Perigoso é o fardo dos oficiais de hoje.

Confúcio desceu de sua carruagem com intenção de falar-lhe, mas o Louco evitou-o, fugindo, e no final das contas Confúcio não pôde falar com ele.

  1. Ch’ang Chü e Chieh Ni estavam arando juntos, alinhados como uma parelha. Confúcio passou por eles e mandou que Tzu-lu perguntasse onde estava o rio. Ch’ang Chü disse: “Quem é aquele, tomando conta da carruagem?”.Tzu-lu disse: “É K’ung Ch’iu”. “Então, ele deve ser o K’ung Ch’iu de Lu.” “Sim, é.” “Então, ele não precisa perguntar onde está o rio.”

Tzu-lu perguntou a Chieh Ni. Chieh Ni disse: “Quem é você?”. “Sou Chung Yu.” “Então deve ser o discípulo de K’ung Ch’iu de Lu?” Tzu-lu respondeu: “Sou”. “Em todo o Império, os homens são sempre iguais. Com quem você poderia trocar de lugar? Além disso, para seu próprio bem, não seria melhor se, em vez de seguir um cavalheiro que continua fugindo dos homens, você seguisse um que foge do mundo, simplesmente?” Tudo isso enquanto continuava arando, incessantemente.

Tzu-lu foi e reportou a Confúcio o que foi dito.

O Mestre ficou perdido em pensamentos durante algum tempo e disse: “Um homem não pode associar-se a pássaros e animais. Por acaso não sou membro da raça humana? A quem, então, deveria eu me associar? Enquanto o Caminho se encontrar no Império, não trocarei de lugar com aquele homem”.

  1. Tzu-lu, quando viajava junto [com Confúcio], foi ficando para trás. Ele encontrou um velho, carregando um cesto em uma vara sobre os ombros.

Tzu-lu perguntou: “O senhor viu meu Mestre?”.

O velho disse: “Você parece não ter caminhado com os próprios pés nem parece capaz de distinguir um tipo de grão do outro. Quem pode ser o seu Mestre?”. Ele apoiou a sua vara no chão e começou a capinar.

Tzu-lu ficou parado, em pé, com as mãos respeitosamente uma contra a outra, em concha.

O velho convidou Tzu-lu para passar a noite. Matou uma galinha, preparou um pouco de painço para a visita comer e apresentou a ele seus dois filhos.

No dia seguinte, Tzu-lu retomou seu caminho e relatou essa conversa. O Mestre disse: “Ele deve ser um eremita”. Mandou Tzu-lu de volta para falar novamente com ele. Quando Tzu-lu chegou, o velho tinha ido embora.

Tzu-lu comentou: “Não tomar parte na vida pública é ignorar os próprios deveres. Nem mesmo os deveres entre velhos e jovens podem ser deixados de lado. Como, então, podem os deveres entre governante e súdito ser deixados de lado? Isso causará confusão nas relações humanas mais importantes simplesmente porque alguém deseja manter a sua personalidade intocada. O cavalheiro aceita um cargo oficial para cumprir seu dever. Quanto a colocar o Caminho em prática, ele sabe o tempo todo que é uma causa perdida”.

  1. Homens que se retiraram da sociedade: Po Yi, Shu Ch’i, Yü Chung, Yi Yi, Chu Chang, Liu Hsia Hui, Shao Lien. O Mestre comentou: “Não abrir mão dos seus propósitos nem permitir que fossem humilhados: isso descreve, talvez, Po Yi e Shu Ch’i. Sobre Liu Hsia Hui e Shao Lien ele disse: “Eles, de fato, abriram mão dos seus propósitos e se permitiram ser humilhados, mas suas palavras eram condizentes com sua postura, e suas ações eram discretas. Isso é tudo”. Sobre Yü Chung e Yi Yi ele disse: “Eles deram plena vazão às próprias palavras enquanto viviam como eremitas, mas tinham um caráter imaculado e mostraram juízo ao aceitarem sua demissão. Eu, entretanto, sou diferente. Não tenho preconceitos quanto ao que deve e ao que não deve ser feito”.
  2. Chih, o grande músico, partiu para Ch’i; Kan, músico do segundo banquete, partiu para Ch’u; Liao, músico do terceiro banquete, partiu para Ts’ai; Ch’üe, músico do quarto banquete, partiu para Ch’in; Fang Shu, o tocador de tambor, cruzou o rio; Wu, tocador de pandeiro, cruzou o rio Han; Yang, o substituto do grande músico, e Hsiang, que tocava os sinos de pedra, cruzaram o mar.
  3. O duque de Chou disse para o duque de Lu: “O cavalheiro não trata displicentemente aqueles que lhe são próximos, tampouco dá a seus altos oficiais oportunidade para reclamar de que a opinião deles não foi ouvida. A menos que haja razões graves, ele não abandona oficiais de longa carreira. Ele não espera perfeição de ninguém”.
  4. Havia oito cavalheiros na dinastia Chou: Po Ta, Po K’uo, Chung T’u, Shu Yeh, Shu Hsia, Chi Sui e Chi K’uo.

 

Livro XIX

  1. Tzu-chang disse: “Pode-se, talvez, ficar satisfeito com um cavalheiro que, em face do perigo, esteja pronto a sacrificar a própria vida, que, à vista de um benefício a ser obtido, não esquece do que é certo e que, durante um sacrifício, não esquece a reverência, nem a dor enquanto de luto”.
  2. Tzu-chang disse: “Se um homem não consegue se agarrar à virtude com todas as suas forças nem acreditar no Caminho com todo o coração, como se pode dizer que ele tem alguma coisa, ou que não tem nada?”.
  3. Os discípulos de Tzu-hsia perguntaram a Tzu-chang sobre a amizade. Tzu- chang disse: “O que Tzu-hsia diz?”. “Tzu-hsia diz: ‘Você deveria fazer amizade com aqueles que são adequados e desprezar os inadequados’.”

Tzu-chang disse: “Isso é diferente do que eu ouvi. Ouvi que o cavalheiro honra aqueles que lhe são superiores e é tolerante para com a multidão, que é cheio de elogios para com os bons ao mesmo tempo em que se apieda dos incapazes. Se sou muito superior, qual homem eu não toleraria? Se sou inferior, então outros vão me desprezar, e como poderia eu desprezá-los?”.

  1. Tzu-hsia disse: “Mesmo artes menores têm aspectos válidos, mas o cavalheiro não se aventura com elas, pois o medo do homem que tem um longo caminho a percorrer é ser barrado por algo”.
  2. Tzu-hsia disse: “Se um homem tem consciência, ao longo do dia, do que ele não sabe e não esquece, ao longo de um mês, aquilo que ele já dominou, então ele pode, de fato, ser considerado alguém que gosta de aprender”.
  3. Tzu-hsia disse: “Aprenda bastante e seja persistente; pergunte com sinceridade e reflita sobre o que está à disposição, e não haverá necessidade de procurar benevolência em outro lugar”.
  4. Tzu-hsia disse: “Os artesãos das cem artes dominam seu ofício ao permanecerem na oficina; o cavalheiro aperfeiçoa seu Caminho por meio do estudo”.
  5. Tzu-hsia disse: “Quando o homem vulgar comete um erro, ele com certeza tenta mascará-lo”.
  6. Tzu-hsia disse: “O cavalheiro passa três impressões diferentes. À distância ele parece formal; de perto ele parece cordial; ao falar ele parece severo”.
  7. Tzu-hsia disse: “Apenas depois de conquistar a confiança do povo o cavalheiro o faz trabalhar duramente, pois de outra maneira o povo se sentiria usado. Apenas depois de conquistar a confiança dos senhores o cavalheiro pode criticar suas medidas, pois de outra maneira o senhor se sentiria ofendido”.
  1. Tzu-hsia disse: “Se uma pessoa não passa dos limites no que diz respeito a questões importantes, não importa se ela não é meticulosa no que diz respeito a questões desimportantes”.
  2. Tzu-y u disse: “Os discípulos e jovens seguidores de Tzu-hsia com certeza conseguem varrer e limpar, atender a porta e responder perguntas corriqueiras, apresentar-se e retirar-se, mas isso são apenas detalhes. Em tudo que é básico eles são ignorantes. O que se pode fazer com eles?”.

Quando Tzu-hsia ouviu isso, disse: “Oh! Quão enganado está Yen Yu! No caminho do cavalheiro, como saber o que pode ser ensinado antes e o que deve ser deixado por último, por ser menos urgente? O primeiro pode ser facilmente distinguido do último como a grama o é das árvores. É fútil tentar passar um retrato tão falso do caminho do cavalheiro. Apenas o sábio, tendo começado alguma coisa, sempre a levará a cabo”.

  1. Tzu-hsia disse: “Quando um homem com um cargo oficial descobre que pode fazer mais do que dar conta dos seus deveres, então ele estuda; quando um estudante descobre que ele pode mais do que dar conta dos seus estudos, então ele aceita um cargo oficial”.
  2. Tzu-y u disse: “Quando o luto dá plena expressão à tristeza, nada mais pode ser pedido”.
  3. Tzu-y u disse: “Meu amigo Chang é difícil de ser imitado. Mesmo assim ele ainda não conseguiu atingir a benevolência”.
  4. Tseng Tzu disse: “Grande, de fato, é Chang, tanto que é difícil trabalhar ao lado dele no cultivo da benevolência”.
  5. Tseng Tzu disse: “Ouvi o Mestre dizer que em nenhuma ocasião um homem tem plena consciência de si próprio, embora, quando pressionado, ele tenha dito que o luto pelos próprios pais pode ser uma exceção”.
  6. Tseng Tzu disse: “Ouvi o Mestre dizer que outros homens poderiam imitar tudo que Meng Chuang Tzu fazia como bom filho, exceto uma coisa: ele manteve inalterados tanto os oficiais de seu pai quanto suas políticas. Eis o que era difícil de imitar”.
  7. A família Meng apontou Yang Fu como magistrado, e ele buscou o conselho de Tseng Tzu. Tseng Tzu disse: “As autoridades perderam o Caminho, e o povo está, há muito tempo, sem raízes. Se você conseguir extrair a verdade de pessoas do povo, não se congratule por isso, mas tenha-lhes compaixão”.
  8. Tzu-kung disse: “Chou não era tão malvado assim. É por isso que o cavalheiro detesta morar para os lados do sul, pois é lá que tudo o que é sórdido no Império abre caminho”.
  9. Tzu-kung disse: “Os erros do cavalheiro são como um eclipse do sol e da lua no sentido de que, quando ele erra, o mundo inteiro vê e, quando ele corrige seu erro, o mundo inteiro o observa, admirado”.
  10. Kung-sun Ch’ao de Wei perguntou a Tzu-kung: “Com quem Chung-ni aprendeu?”. Tzu-kung disse: “O caminho do rei Wen e do rei Wu ainda não caiu por terra, mas ainda pode ser encontrado nos homens. Não há homem que não tenha algo do caminho de Wen e Wu em Homens superiores guardaram aquilo que tem maior importância, ao passo que homens inferiores guardaram o que é de pouca importância. De quem, então, o Mestre não aprende? Do mesmo modo, como poderia ele ter um único professor?”
  11. Shu-sun Wu-shu disse para os ministros da corte: “Tzu-kung é superior a Chung-ni”. Isso foi relatado a Tzu-kung por Tzu-fu Ching-po.

Tzu-kung disse: “Peguemos os muros como uma analogia. Meus muros são da altura do ombro, de modo que é possível olhar por sobre eles e apreciar a beleza da casa. Mas os muros do Mestre têm sete ou dez metros de altura, de modo que, a não ser que uma pessoa seja admitida pelo portão, não é possível ver a magnificência dos templos ancestrais ou a suntuosidade dos prédios oficiais. Já que aqueles que são admitidos pelo portão são, podemos dizer, poucos, é de se admirar que o cavalheiro falasse como falou?”.

  1. Shu-sun Wu-shu fez comentários difamatórios sobre Chung-ni. Tzu-kung disse: “Ele está simplesmente perdendo o seu tempo. Não é possível difamar Chung-ni. Em outros casos, homens de excelência são como montanhas que uma pessoa pode escalar. Chung-ni é como o sol e a lua, que ninguém Mesmo que alguém quisesse escapar do sol e da lua, como isso deporia contra eles? Isso somente serviria para mostrar mais claramente que não teve consciência do seu próprio tamanho”.
  2. Ch’en Tzu-ch’in disse para Tzu-kung: “Você está apenas sendo respeitoso, não é? Certamente Chung-ni não é superior a você”.

Tzu-kung disse: “Um homem é considerado sábio por apenas uma palavra que ele diga; igualmente, ele é considerado tolo por apenas uma palavra que ele diga. É por isso que devemos ter muito cuidado quanto ao que dizemos. O Mestre não pode ser igualado, assim como o céu não pode ser medido. Estivesse o Mestre prestes a se tornar o líder de um reino ou de uma família nobre, ele seria como o homem descrito no provérbio: tudo o que ele tem a fazer é ajudá-los a ficar de pé, e eles ficarão de pé, guiá-los, e eles caminharão, trazer paz a eles, e eles o seguirão, destinar-lhes tarefas, e eles trabalharão em harmonia. Em vida, ele é glorificado e, na morte, será pranteado. Como pode ele ser igualado?”.

 

Livro XX

  1. Yao disse:

“Oh! Shun,

A sucessão, ordenada pelo Céu, recaiu sobre a tua pessoa. Apega-te com firmeza ao caminho do meio.

Se o Império for reduzido ao estado de caos,

As honras concedidas a ti pelo Céu estarão terminadas para sempre”.

 

Foi com essas mesmas palavras que Shun comandou Yü.

[T’ang] disse: “Eu, Lü, o pequeno, ouso oferecer um touro negro e fazer esta declaração perante o grande senhor. Não ouso perdoar aqueles que transgrediram. Apresentarei vossos servos como são, de modo que a escolha seja apenas Vossa. Se eu transgredir, não permitais que os dez mil reinos sofram por minha causa; mas se os dez mil reinos transgredirem, a culpa é minha, apenas”.

A dinastia Chou foi imensamente abençoada, e os homens bons abundaram.

Tenho parentes próximos,

Mas melhor para mim é ter homens benevolentes. Se o povo transgredir

Que recaia sobre a minha cabeça apenas”.

 

* * *

Decida sobre pesos e medidas após cuidadosa consideração e restabeleça postos oficiais que caíram em desuso, e as medidas governamentais serão fortalecidas em toda parte. Restitua reinos que foram anexados, reviva linhagens que foram extintas, promova homens que se retiraram da sociedade, e os corações de todas as pessoas comuns do Império o admirarão.

O que era considerado de importância: as pessoas comuns, comida, luto e sacrifícios.

Se um homem é tolerante, ele conquistará o povo. Se é coerente com as próprias palavras, as pessoas comuns confiarão nele. Se é rápido, atingirá resultados. Se é imparcial, as pessoas comuns ficarão satisfeitas.

  1. Tzu-chang perguntou a Confúcio: “Como deve ser um homem para que ele possa fazer parte de um governo?”.

O Mestre disse: “Se ele enaltece as cinco práticas excelentes e foge das quatro práticas perniciosas, ele pode participar do governo”.

Tzu-chang disse: “O que significam as cinco práticas excelentes?”.

O Mestre disse: “O cavalheiro é generoso sem gastar, faz com que os outros trabalhem sem que padeçam, tem desejos sem ser ambicioso, é casual sem ser arrogante e é admirado sem parecer orgulhoso”.

Tzu-chang disse: “O que significa ‘ser generoso sem gastar’?”.

O Mestre disse: “Se um homem beneficia o povo comum utilizando as coisas ao redor deles que eles acham benéficas, não se trata de ser generoso sem gastar? Se um homem, ao fazer com que os outros trabalhem, escolhe fardos que os outros conseguem carregar, quem vai se queixar? Se, ao desejar benevolência, um homem a obtém, onde está a ambição? O cavalheiro jamais ousa negligenciar as boas maneiras, esteja ele com muitas ou poucas pessoas, com jovens ou velhos. Não se trata de ser informal sem ser arrogante? O cavalheiro, com seu traje e chapéu bem-ajustados e com seu olhar altivo, tem uma atitude que inspira admiração às pessoas que o vêm. Não se trata de ser admirado sem parecer orgulhoso?”.

Tzu-chang disse: “O que significam as quatro práticas perniciosas?”.

O Mestre disse: “Impor a pena de morte sem antes tentar reformar é ser cruel; esperar resultados sem antes avisar é ser tirânico; insistir em prazos quando se dão ordens tardias é causar dano. Quando algo precisa ser dado a alguém, ser sovina ao fazê-lo é ser impertinente”.

  1. Confúcio disse: “Um homem não pode se tornar um cavalheiro a menos que entenda o Destino; ele não pode ocupar o seu lugar a menos que entenda os ritos; ele não pode julgar os homens a menos que entenda as palavras”.

Conheça as vantagens de se juntar à Morte Súbita inc.

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