Categorias
Alquimia

Interpretação Alquímica da Tábua Esmeralda

Este texto foi lambido por 5 almas esse mês

excerto de Símbolos Secretos Dos Rosacruzes Dos Séculos XVI e XVII

“Esta imagem, que tem ar singelo,
Encobre um grande portento.
Nela é que está todo o segredo
Da maior riqueza do mundo,
Já que aqui eles julgam supremo
Ser fidalgo, a espalhar ouro e prata,
Também tendo seu corpo sadio,
Robusto por toda a vida,
Até a hora que foi pré-marcada,
Que ninguém pode ultrapassar.
Tudo isso que agora te digo
Claramente é mostrado na imagem:
Três escudos que ali aparecem:
Livre estrela! Com Águia e Leão,
E, pintado bem no seu meio,
Está o globo, orbe imperial.
Céu e Terra estão, dessa forma,
Dispostos ali, lado a lado,
E entre mãos que estão estendidas
Uma à outra, em bênção perpétua,
Dos metais são mostrados emblemas.
E no anel que envolve a figura
Estão postas as sete palavras.
Pois agora eu devo explicar
O que cada palavra dirá,
E então passarei a indicar
Como as chamam pelos seus nomes.
Nisto está o segredo dos sábios,
Grande força há nele contida.
Descrição de como operá-lo
Será feita aqui, no que segue:

Três escudos juntos indicam
Que são Sal, Sulphur, Mercurium.
O Sal, sendo um Corpus notável,
Por ser certo o último da Arte.
O Sulphur, doravante, é alma,
E sem alma nada pode o corpo.
O Mercurius ou Hydrargyrum
É quem dá espírito à força R,
Que une alma e corpo em um só.
Por isso, de meio é chamado:
Sem ele, nada há de estável.
Alma e corpo não podem morrer
Se espírito com eles estiver.
E alma e espírito não podem ser
Se não têm corpo para habitar.
Força não tem o corpo ou o espírito
Se a alma com eles não vier.
Este é o sentido da Arte:
O corpo dá forma e constância,
A alma o matiza e o linge;
Quem penetra e dá fluido é o espírito.
Assim sendo, a Arte não está
Isolada num desses três,
E nem pode o Grande Segredo
Existir isolado, por si:
Deve sempre o seu corpo ter
E espírito e alma também.
E agora verás qual o quarto,
Do qual se originam os três.
São os mesmos nomes que irão
Te dizer o que resta saber:
Brasonada, Heptacórnia estrela,
O Leão, por sua cor, seu poder,
Toda a sua natureza é mostrada.
Na Águia, que altiva se exibe,
Gualdo e branco estão manifestos.
Grava bem aqui minhas palavras,
Pois, cuidado, que o orbe do Império
É a mais dinâmica imagem do bem.

Num feixe de luz fulgurante,
Sete cores virão a surgir,
Em cegante esplendor e poder,
Que na Terra são incomparáveis.
Na Terra não há como encontrar.
Portanto, escuta ainda mais:
Sete letras e sete palavras,
Sete burgos com sete portões,
Sete tempos e sete metais,
Sete dias, e mais sete cifras —
O que quer dizer sete ervas.
As artes são sete, e as pedras.
Nisso está toda a arte perene.
Que bem para quem isso encontrar!

Se a ti for difícil entender,
Eis de novo alguns outros detalhes.
Em verdade aqui eu te revelo,
Muito claro, sem ódio ou inveja,
Como o chamam com uma palavra:
Vitríolo, para aquele que entende.
Se tu sempre e sempre estudares
O caminho que aqui te mostrei,
Da Cabala, com empenho e afinco,
Que na cifra é sete e cinquenta,
E é sete e cinquenta que hás
De encontrar marcada por tudo,
Em todo lugar em que fores,
Não te curves ao fardo da Obra.
Mas entende-me certo, que assim
Disso tudo tu desfrutarás.

E agora põe muita atenção:
Uma água existe: não molha.
Não molha, essa água notável:
É dela que os metais são feitos.
Fria e rija essa água,
Sólida, dura qual gelo.
Tem úmido pó que um vento,
Se forte, levanta e espalha,
E nele é certo encontrar
Os atributos todos que tem.
E se isso tu não entenderes,
Repara bem no que é terreno:
Qualidades terrenas que tem,
Que tudo é depois preparado.

No primeiro caminho verás
Que são duas as sendas que existem:
Feliz do que vai pela certa.
A primeira estendeu-se por fogo,
Pela força do fogo estendeu-se
Do fogo em si mesmo, vê bem.
A segunda vereda se adianta
Até que alguém tenha proveito
E chegue a tesouro e ganho.
Por dissolução isso é feito
E, de novo, por saturação.
O que deve ser feito de logo,
E assim chegarás ao final
Da Arte, que é nobre e antiga,
Completada a purificação,
Preparado e cozido ao sol,
Ou no cálido adubo do tempo —
Do tempo certo que é o seu.

Que se estende para muito, bem longe,
Até ser constante e perfeito,
E então a riqueza dos sábios
Nele se completará.
São sutis os outros caminhos
E é neles que vêm a falhar
Mesmo aqueles de muito poder,
Pois aqui há o intento severo:
Destilar e também sublimar
Aos sábios que isto intentarem.
Separar os quatro elementos
Dos sábios também é exigido:
Separar a água e o ar,
E o fogo retificado.
A terra no chão desnorteia
A muitos que muito conhecem,
Sendo dada como imprestável.
Entretanto, é nela que está
Toda a força de que necessitamos.
Uns não sabem como separá-la
De seus Cortibus, e por isso falham.
Ela foi jogada a um canto,
Mas, se o sábio a retoma,
Purifica-a, a faz branca de neve:
Este é o chão, eu digo em verdade.
Mas, se alguém quiser vir separá-lo,
Nota que isso é bem importante:
Se elas não forem aprontadas,
Estarás em erro, isto eu juro.

Portanto, hás de ter do vinagre
Do que é revelado nos sábios,
Com o qual farás separação
De tudo o que ele tiver
De caráter material,
Ficando assim separados
Seu corpo da sua alma.
Há quem chame tal corpo e alma
Também de fogo e de terra.
E, assim separados os dois,
Deverão ser purificados
Com o nome da Arte secreta.

Agora, segue tu com a mistura!
Assim chegando à força,
À acabada cifra com aquela
Que nunca foi terminada.
E, se o fogo for bem controlado,
Será de grande perfeição
E, muito antes que passe um ano,
Muitos centos de formas são dadas.
E de nomes, cada um escolhe:
Da fonte veraz sai a trilha.
Alguns nela obraram um ano,
Mas muitos, por sua arte e valor,
Reduziram este tempo tão longo.
Pronto logo estará o preparado,
Como diz a querida Alquimia.

Só o preparo consegue, por si, a AR,
Tornar grande e gloriosa esta pedra.
Embora haja só uma matéria,
Não carece de outra coisa qualquer.
Mas, quando ela for alvejada,
Seu nome, se for revelado,
A muitos irá desnortear.
Mas aqui já revelei bastante,
De muitas maneiras e estilos.

Muitos nomes existem, eu te digo:
Não te deixes afastar da trilha.
Em seus livros os anciãos revelam
Que ela é uma tisana, um veneno,
E outros a chamam de serpe,
Um monstro, enfim, que não é
Querido em lugar nenhum.
Ela é comum a todos no mundo,
Tanto aos ricos como aos mendigos.
Dos metais ela é propriedade,
E por tê-la é que eles são sempre
Vencedores de grandes triunfos.
Ela é perfeição portentosa,
E de ouro está coroada.

Agora está completada
Toda a minha revelação —
Para aquele que entende do assunto.
Duas coisas existem ainda:
Vai sempre por tua vereda
E te lança com afinco ao trabalho.
O composto é aquele preparo
De que os sábios guardam segredo.
A natureza do fogo também
Tem artes ocultas. É, pois,
Sua ordem é outra, bem outra.

Portanto, quando lidares
Com estes assuntos sutis,
Cuidado que não exageres,
Ou perderás todo o trabalho.
Guarda o máximo de sutileza,
E assim como a atenta galinha
Choca os pintos com toda a cautela,
Deverás fazer desde o início.
E só o tempo, em si, há de provar
Como o fogo é de ser regulado.
O tesouro de si mesmo virá.

Sê constante, operante e brando;
Piedoso também deves ser,
E implora a Deus sua ajuda.
Quando esta tiveres na mão,
Lembra sempre que são teus irmãos
Os pobres que existem no mundo,
E não esqueças, por um só momento,
Da miséria que os faz sofrer.


Conheça as vantagens de se juntar à Morte Súbita inc.

Deixe um comentário


Apoie. Faça parte do Problema.