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André Correia (@andrecorreiapaganismo)
O verão chegou definitivamente.
No hemisfério sul, pagãos de diversas tradições se mobilizam para celebrar essa data importante no calendário moderno de oito sabbaths. Muitos estão trazendo o calor do verão para os altares, colocando a carta do Sol em destaque e festejando o ápice da força do deus. Mas qual é o significado de todos esses símbolos?
Além de devocional, a ritualização tem, principalmente, a importância de introjetar em nosso inconsciente a passagem do tempo, as mudanças climáticas e as características desse período. Apesar disso, devemos reconhecer que nossas estações não são tão bem definidas quanto em outras regiões.
Primeiramente, vale lembrar que, diferentemente do que é ensinado em alguns livros do neopaganismo, o calendário de oito sabbaths não é celta. Inclusive, Litha não é uma das celebrações incluídas no calendário das tradições célticas. O querido amigo e sacerdote Nathair Dorchadas fala muito bem sobre isso em diversos momentos.
Litha é a celebração do primeiro dia do verão, simbolizando a força masculina do deus, a maturidade do caçador, daquele que observa os resultados das sementes plantadas em Beltane. Alguns livros apresentam explicações muito mais aprofundadas sobre isso, mas como essa simbologia e mitologia tão romantizadas impactam realmente a nossa vida? Como trazemos esses conceitos para o nosso plano real?
Gosto de fazer reflexões nesse momento, olhando para trás e observando quais foram os planos e projetos que plantei durante os últimos meses. Quais objetivos tracei e que hoje começo a ver resultados? Alguns se concluíram, enquanto outros talvez precisem de mais tempo, de mais um ciclo solar.
Esta é a fase de reconhecermos a nossa força e o nosso potencial de transformação e criação. É hora de olhar, com orgulho, para os resultados das nossas vontades de meses atrás. Também é o momento de avaliar, com maturidade, os nossos erros e excessos, e nos programarmos para a limpeza que virá com o envelhecimento e a morte no outono e no inverno. Afinal, os projetos seguem ciclicamente, quer queiramos ou não.
Muito mais importante do que os rituais é olhar para os nossos processos internos, para o nosso altar espiritual e para a chama da nossa pira cardíaca, avaliando quais mudanças causamos em nós mesmos e em nosso entorno.
Claro que incentivo as pessoas a realizarem seus ritos, feitiços e meditações. Mas, além disso, ao colocar a cabeça no travesseiro, revisite o seu desenvolvimento e as suas conquistas. Você é o Sol, ao lado do deus que é fortaleza neste momento.
Aproprie-se da força que lhe pertence!
Bênçãos galhadas,
André Correia
(P.S.: prefiro o frio.)
André Correia. Psicólogo atuante em clínica desde 2007, adepto da bruxaria eclética, construtor de tambores ritualísticos. Coordenador do Círculo de Kildare e autor da obra musical Tambores Sagrados.
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