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Por Robson Belli
Quando falamos de sistemas mágicos, especialmente aqueles como o Sistema Enochiano, a metafísica desempenha um papel central. É através da metafísica que os praticantes entendem e manipulam as forças invisíveis do universo. No entanto, alguns sistemas modernos de magia preferem uma abordagem mais psicológica, focando na mente e nas intenções do praticante. Embora ambas as abordagens tenham seus méritos, um sistema mágico que por sua vez exclui a metafísica em favor de uma visão puramente psicológica tende a ser menos eficaz e credivel tanto para o praticante quanto para outros. Vamos explorar por quê disso.
O Sistema Enochiano, recebido por John Dee e Edward Kelley no século XVI, é um exemplo claro de como a metafísica é fundamental para a prática mágica. Este sistema envolve a comunicação com anjos e a utilização de um alfabeto e uma linguagem específicos, que supostamente foram revelados diretamente pelos anjos a Dee e Kelley. A metafísica nesse sistema explica como os rituais e invocações funcionam, conectando o praticante a dimensões espirituais e entidades superiores.
O Sistema Enochiano é rico em tradição e sabedoria acumulada. Ele não apenas descreve os procedimentos para invocar anjos e usar a linguagem enochiana, mas também oferece uma explicação metafísica para o funcionamento desses rituais. Essa profundidade histórica e teórica confere uma credibilidade que sistemas puramente psicológicos muitas vezes não conseguem igualar, tanto em resultado quanto em credibilidade. A ausência de uma base metafísica pode fazer parecer que falta algo essencial, tornando o sistema menos convincente.
A metafísica no Sistema Enochiano conecta o praticante com o universo de uma maneira mais profunda e significativa. Ao acreditar em forças externas e em entidades espirituais, o praticante sente que está interagindo com algo maior do que ele mesmo. Essa conexão proporciona uma sensação de propósito e relevância que é difícil de alcançar com uma abordagem meramente psicológica.
A abordagem psicológica da magia se concentra na mente e nas intenções do praticante. Ela sugere que a magia funciona porque altera o estado mental do praticante, ajudando-o a alcançar seus objetivos através da autossugestão e da mudança de percepção.
Embora a abordagem psicológica possa ser eficaz em certas situações, ela tende a ser menos eficaz crível por várias razões:
Falta de Objetividade: A magia psicológica depende fortemente da percepção subjetiva do praticante. Se o praticante não acredita completamente no poder da mente para criar mudanças, o sistema perde sua eficácia.
Resultados Inconsistentes: Sem uma base metafísica, os resultados dos rituais podem ser inconsistentes. A crença em forças invisíveis e entidades espirituais fornece uma explicação para por que e como os rituais funcionam, enquanto a abordagem psicológica muitas vezes não consegue justificar variações nos resultados.
Credibilidade Externa: Para os observadores externos, um sistema mágico baseado puramente na psicologia pode parecer menos sério ou real. A metafísica oferece um arcabouço teórico que torna a prática mágica mais respeitável e coerente.
É importante desconfiar de magistas que dizem que a metafísica do próprio sistema pode ser ignorada ou adulterada ao bel prazer. Esses praticantes podem estar negligenciando um componente essencial da magia. Sem a base metafísica, a prática mágica pode se tornar superficial e menos eficaz. Um sistema mágico que descarta a metafísica perde muito de sua profundidade, tradição e poder, tornando-se, na melhor das hipóteses, uma forma de autoajuda elaborada e, na pior, uma prática ineficaz.
Para ilustrar essas justificativas, vejamos o que alguns ocultistas famosos têm a dizer:
Eliphas Levi: “A magia é a prática da metafísica. Sem a metafísica, a magia se torna meramente um exercício mental, perdendo seu verdadeiro poder e profundidade.”
Aleister Crowley: “A chave para a magia está na compreensão de que a realidade é moldada pela vontade. A metafísica nos ensina que nossa vontade pode influenciar o tecido do universo, e sem essa crença, a prática mágica torna-se apenas autoajuda.”
Dion Fortune: “Toda a magia começa na mente, mas não termina aí. A metafísica nos mostra que nossos pensamentos e intenções têm poder real e tangível, capaz de influenciar o mundo ao nosso redor. Sem essa dimensão, a magia perde seu impacto.”
Portanto, a exclusão da metafísica em favor de uma visão puramente psicológica tende a diminuir a eficácia e credibilidade de um sistema mágico. A metafísica não só fornece uma base teórica sólida e rica em tradição, mas também conecta o praticante com forças e entidades que vão além do próprio ego. Isso cria uma experiência mágica mais profunda, significativa e eficaz. Sem a metafísica, a magia corre o risco de se tornar um exercício mental subjetivo, perdendo muito do seu poder e impacto tanto para o praticante quanto para os observadores externos. Portanto, é prudente questionar qualquer magista que sugira que a metafísica pode ser ignorada, pois isso pode comprometer a eficácia e a credibilidade do sistema mágico para o próprio praticante e para outros.
Robson Belli, Estudioso e praticante da tradição esoterica ocidental, com foco em magia cerimonial (tradicional e moderna), colaborador fixo do MorteSubita.net . Cohost dos podcasts Bate Papo Mayhem, sendo também autor de inúmeros projetos e iniciativas relativas a magia cerimonial incluindo: Enochiano.com.br, Secretumsecretorum.com.br, Treinamentomagico.com.br, Lemegeton.com.br, Trithemius.com.br e muitos outros…
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