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Artigo por Shinzen Young
Tradução por Felipe Marx
É muito comum que as pessoas em um caminho meditativo ou espiritual desenvolvam um tipo de sensibilidade ao veneno e à dor dos outros. Às vezes, é formulado com a frase “Eu capto toda essa negatividade”. Às vezes, é formulado com a frase “As pessoas drenam minha energia”. Uma percepção intimamente relacionada funciona mais ou menos assim: “Agora que desenvolvi alguma maturidade espiritual, acho difícil me relacionar com velhos amigos/família/pessoas comuns; eles sem a menor ideia causam a si mesmos sofrimentos desnecessários; Não tenho mais muito em comum com eles.”
Em relação a esses sentimentos, há várias coisas a se ter em mente. Primeiro: Eles representam um estágio temporário do qual o praticante eventualmente supera. Segundo: quando você supera isso, ele é substituído por seu exato oposto: quanto mais desajeitadas e confusas as pessoas são, mais você gosta de estar perto delas. Você pode fazer a transição desse estágio temporário para o oposto, percebendo isto:
Quando estamos perto de outras pessoas, percebemos onde elas estão. Se eles estão em um lugar ruim, nós pegamos isso. Alguém pode se referir a isso como desconforto exógeno. É um desconforto cuja origem (gênese) é de fora (exo), ou seja, você está se sentindo desconfortável por causa do que está acontecendo em outra pessoa. O termo exógeno contrasta com o termo endógeno. O desconforto endógeno é o desconforto devido às nossas próprias coisas. O principal ponto a ser lembrado é que o desconforto, endógeno ou exógeno, geralmente surge como uma combinação de imagem mental, fala mental e sensação corporal emocional. Na medida em que se pode experimentar esse surgimento sensorial completamente, nessa medida isso não causa sofrimento. Não importa se a fonte de sofrimento é exógena ou endógena ou alguma combinação de ambos. Por “experimentar completamente”, quero dizer simplesmente experienciá-lo conscientemente, ou seja, experienciá-lo em um estado de concentração, clareza sensorial e equanimidade.
Quando o desconforto é endógeno e você o experimenta com muita atenção, não causa muito sofrimento, “tem gosto” de que você está sendo purificado. Quando o desconforto é exógeno e você o experimenta com muita atenção, não só não causa sofrimento, mas tem gosto de que você e a outra pessoa estão sendo purificados. Em outras palavras, como sua consciência processa a dor de outra pessoa ensina sutilmente a consciência dessa pessoa a fazer o mesmo. A outra pessoa pode não estar ciente do que está acontecendo, mas você está ciente disso. Você está ciente de que está alimentando essa pessoa, e isso sutilmente o nutre. É por isso que você acaba gostando de estar perto de pessoas confusas e sem noção. Parafraseando os Blues Brothers, você está “em uma missão secreta de Deus”. Você caminha pela vida como um filtro de ar gigante pegando a poluição psicosférica e processando-a automaticamente, extraindo dela energia e irradiando essa energia como positividade. Você conhece seu trabalho e o adora: reciclar o lixo cármico.
Desnecessário dizer que pode demorar um pouco para chegar a isso, mas todos em um caminho devem aspirar a essa perspectiva.
Essa situação contrasta de uma maneira interessante com os objetivos da psicologia. Em certas abordagens terapêuticas, o objetivo é levar o cliente ao ponto em que ele possa distinguir “o que sou eu” de “o que é ele”. Na espiritualidade contemplativa, o objetivo é chegar ao ponto em que você não se preocupe mais com essa distinção!
Fonte: https://www.shinzen.org/how-to-be-comfortable-with-everyone
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