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André Correia (Conexão Pagã / @bercodepalha)| Ilustração Naomi Cornock
Por inúmeras vezes comentei que filmes sobre a cultura e espiritualidade pagã são retratados nos cinemas como filmes de terror. São feitos para chocar uma audiência basicamente cristã ou fundamentada sobre o prisma desse moralismo.
Em O Homem de Palha, o policial (simbolo da lei) é cristão e passa por uma série de choques culturais, até ser morto queimado pelos cruéis pagãos.
Em Midsommar, jovens cheios de saúde são expostos a uma cultura escandinava de séculos atrás, mas sob a ótica dos dias atuais. Ou seja, se mede crenças ancestrais com as réguas de hoje.
A lista poderia seguir nessa toada, as vezes mais leves e as vezes mais pesadas, mas são variações do mesmo tema.
É aí que defendo a importância do fortalecimento da arte pagã. Não só como uma forma de expressão sincera da fé e prática, mas como um meio honesto de expor e orientar quem olhar de fora para dentro do Paganismo.
Precisamos de pessoas sensíveis e com a veia artística alimentada pela inspiração e motivadas pelas pessoas que as circundam para que produzam cada vez mais.
É lindíssimo ver surgir pinturas atuais sobre deuses, espíritos selvagens, solstícios e equinócios e muitos outros temas, pelas mãos de artistas super-competentes. É fantástico ver livros de poemas pagãos falando da relação do ser humano com o oculto da natureza. Esculturas não só comerciais, mas entalhes artísticos cravados nos veios da madeira, dando formas e sentidos únicos para imagens em altares, decorações mágicas e contemplações transcendentais.
O paganismo precisa e merece cada vez mais de artistas imersos no tema, sem o interesse de competir entre si para saber quem tem o “ego” maior. Utopicamente, talvez até colaborarem uns com os outros, como tive a sorte de viver com alguns artesãos mais antigos.
É importante que sejamos motivados por uma causa maior, mais social/educativa e que será um tijolo essencial na construção do legado pagão. Sonho que possamos ser boas referências para as próximas gerações e para aqueles que buscarem informações verídicas e não contaminadas por preconceitos alheios.
O trabalho é a médio ou longo prazo, mas com certeza é importante que continuemos cultivando flores, escrevendo livros, pintando quadros, produzindo aromas, além de erguer escudos e atirar pedras para nos defender.
Fora dos nossos muros, poucas pessoas buscam verdades, apenas se conformam com mentiras confortáveis. Que possamos mostrar que nossas verdades são muito mais coloridas do que as enganações rabiscadas em preta e branco por eles.
André Correia. Psicólogo clínico formado em 2007, praticante e estudante de Bruxaria eclética há mais de 25 anos, construtor de tambores ritualísticos e autor do álbum “Tambores Sagrados“.
Co-fundador do canal Conexão Pagã, integrante do Music, Magic and Folklore (Brasil – Inglaterra) e eventual co-host do Bate-papo do Projeto Mayhem. Profundo desconhecedor de Astrologia.
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