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André Correia (Conexão Pagã / @bercodepalha)
Faça um mergulho em si e veja como você retribui ao mundo aquilo que recebe.
No medievo, dentre muitas subdivisões, uma ficou bastante marcante: as pessoas que moravam nos núcleos urbanos, as Urbs e as pessoas que viviam no campo, no pago, os Pagãos.
As pessoas que viviam nos reinos ou urbs estavam submetidas aos poderes da época, inclusive o da Igreja. Sendo assim, é possível afirmar que esses povoados eram majoritariamente cristãos. Já as pessoas que viviam distantes, no campo, demoraram mais a ter contato com essas crenças, resistiram e preservaram suas crenças originais. Essas crenças eram baseadas na interação direta com a natureza que a cercava. Observando ciclos lunares, solares, de plantio, lactação, nascimentos, organização social espontânea, observação dos ciclos de amadurecimento e morte, ignorância e sabedoria. Sem muitas justificativas científicas, a crença nas forças da natureza ganhou força e muitas dessas forças foram antropomorfizadas, ganharam nomes, identidades, personalidades, etc.
Particularmente, de alguma forma, creio que tanto as justificativas científicas e forças da natureza se complementam e não se anulam, pois cada qual habita âmbitos diferentes da razão e emoção.
Nos dias atuais, o neopaganismo reclama um novo contato com a natureza, mas não raro a natureza encontra-se a quilômetros de distância. Dessa forma, como seria possível essa reconexão?
Gosto de lembrar que nós, humanos, não somos seres separados da natureza. Nós integramos e somos a natureza também, as vezes agindo como vírus e as vezes como anticorpos.
Meios urbanos podem ser equilibrados, se formos conscientes. O contato com a natureza não é impedido pelo concreto, pois a natureza também somos nós. A relação pode ser para dentro, se olhando no espelho e questionando o quão benéfico e prejudicial estamos sendo ao meio.
André Correia. Psicólogo atuante em clínica desde 2007, adepto da bruxaria eclética, construtor de tambores ritualísticos. Participa dos projetos Conexão Pagã e Music, Magic and Folklore. Coordenador do Círculo de Kildare e autor da obra musical Tambores Sagrados.
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