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Creio que fiz uma descoberta que será de interesse dos praticantes do sistema goético. Qualquer estudioso desta arte oculta sabe que os espíritos, da goétia são antigos deuses pagãos, entidades praeter-humanas que foram demonizadas durante a ascenção das religiões abraamicas. Embora exista uma carga negativa nesta informação, ela tem também seu lado bom. Ao ser demonisados estes seres sobreviveram a idade das trevas e chegaram até a nossa geração. Pois bem, creio que encontrei um demônio perdido, um que estava desaparecido por cerca de 400 anos e pode ter alguma coisa a ensinar sobre o Lemegeton.
Não é novidade que o Lemegeton possui uma correspondência intima com o catálogo de demonologia publicado por Johan Weyer em 1563, sob o título Pseudomonarchia daemonum. De fato, algumas edições modernas do primeiro, são ilustradas com os desenhos do segundo. Além disso, em sua obra Weyer faz referência ao manuscrito conhecido como ‘Liber officiorum spirituum,’ ou ‘Liber dictus Empto Salomonis, de principibus & regibus dæmoniorum ( “Livro dos ofícios dos espíritos” ou “Livro dos dizeres do Rei Salomão concernente aos príncipes e reis dos demônios.”). Ele inclui um variação de nomes e corruptelas para cada um dos espíritos, mostrando que o livro já era antigo quando Weyer entrou em contato com ele em 1563. No texto de Weyer, não existem selos demôníacos e os demônios são invocados com uma simples conjuração, e não com os rituais elaborados e parafernália do Lemegeton.
Mas a grande diferença entre o Pseudomonarchia daemonum e o Goetia é a ordem dada aos espíritos. Não encontrei até hoje nenhuma explicação razoável para esta diferença. É quase como se fosse casual, como um baralho que foi embaralhado. Mas além disso, existe um detalhe importante. A quantidade de espíritos é levemente diferente também, sendo que o tomo de Goétia possui quatro espíritos a mais. Curiosamente, o de número 3 e os últimos três.
Outra anomalia significativa, e aqui está o motivo deste artigo, é que o quarto espírito do manuscrito de Weyer, a saber Pruflas (ou Bufas) foi excluído de todas as traduções para o inglês desta obra. Se foi algo acidental, ou se há uma razão por trás disso, eu não sei dizer, mas desde a primeira tradução de Reginal Scot, que serviu de fonte para todas as outras Pruflas está ausente. Existe ainda a possibilidade da edição usada por Scot estivesse incompleta.
Por coincidência ou não Pruflas está também ausente em todas as edições do Lemegeton, levando-me a crer que Pseudomonarchia daemonum é a fonte original do que conhecemos hoje como Goetia. Uma versão contento Pruflas poderia servir tanto para reestabelecer o formato original e completo do sistema de Salomão como também servir de correção para a data de composição do sistema em sua forma atual.
Segue o texto original de sobre Pruflas, bem como minha tradução pessoal do texto. Peço desculpas, antecipadamente pelo meu latim enferrujado, e agradeço qualquer correção que puderem fazer sobre a gramática ou vocabulário.
Original:
§ 4. Pruflas, alibi invenitur Bufas, magnus Princeps & Dux est cujus mansio circa turrim Babylonis, & videtur in eo flamma foris, caput autem assimilatur magno nycticoraci. Autor est & promotor discordiarum, bellorum, rixarum & mendaciorum. Omnibus in locis non intromittatur. Ad quærita respondet abunde. Sub sunt huic legiones vinginti sex, partim ex ordine Throni, partim Angelorum.
Tradução:
(4) Pruflas, tamvém conhecido como Bufas, um grande príncipe e duque, cuja morada são os arredores da Torre de Babel, e que é visto como uma chama acesa. Sua cabeça, entretanto as vezes é vista como a de um falcão noturno. Ele é o autor e promotor da discórdia, guerra, brigas e falsidade. Ele pode não ser admitido em qualquer lugar. Ele responde generosamente aos pedidos. Sob eles estão vinte e seis legiões, sendo que parte é da ordem dos Tronos e parte da ordem dos Anjos.
Weyer não era apenas um demonologista teórico a serviço da Igreja Romana, como parecia ser a regra na época, mas sim um dos maiores ocultistas praticantes de seu tempo, sendo comparável a H. C. Agrippa. Seu livro ‘Praestigiis Daemonum’ fio basicamente uma refutação ponto-a-ponto do Malleus Maleficarum, um livro que guiou a caçada as bruxas da Inquisição. Assim, estou tentando garimpar em livros e obras posteriores deste autor o que aconteceu com este demônio ausente. Enquanto isso agradeceria qualquer informação que pudesse nos levar a este demônio fugidio.
Joseph H. Peterson. Ilustração Helder
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