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Por Kenneth Grant, O Lado Noturno do Éden, Capítulo Nove.
OS GIGANTES ou ‘Os Caídos’ (Nephilim), também chamados os ‘Abortos’, foram tipificados(?) pelo Símio, o que explica a conexão entre o experimento mágico pré-humano que resultou em macacos, e os teratomas Tifonianos descritos por Berosus. Os Nephilim foram os construtores da Torre de Babel, também conhecida como a ‘confusão das línguas’, um modo de descrever a perversão e perda definitiva da Palavra. O simbolismo Maçônico e místico, com ênfase na redescoberta da Palavra é um modo de rememorar299 Osíris, e portanto de reconstituir o corpo sutil no Amenta, o que significa, em termos psicológicos, a reanimação das camadas subconscientes da psiquê. Como Massey demonstrara, a tradição egípcia – particularmente em sua fase Draconiana – preservou intacto um relato verídico desta restauração dos Mistérios de Ísis, cuja busca pelo falo de Osíris aponta diretamente para a natureza sexual dos ritos relacionados à seu [dela] culto.300
As correspondências entre a Torre, Babel, e Babalon, serão explicadas no devido curso; aqui é meramente necessário notar que o número de nephilim é 210. Segundo a fórmula cabalística de inversão, 012 descreve a ecolução do número a partir do ain, 0, através de Kether até Chokmah. Ain, Kether, e Chokmah, representam a tríada primal: a Grande Mãe (Ain) e seu filho (Kether, o ponto infinitesimal), que contém dentro de si mesmo o potencial de criatividade tipificado microcósmicamente pelo fenômeno da puberdade. Pubescência é o glifo da potência mágica na forma de uma vibração primordial que [se] manifesta como a Palavra de Poder; portanto sua atribuição a Chokmah, 2, a Esfera do Magus. A Palavra, representada pelo deus Hrumakhu, é a Verdadeira Voz obtida pelo homem na puberdade; a vibração criativa par excellence. O recolhimento ou inversão desta vibração se torna 210, o número de 000,301 as três fases do Vazio. Este é também o número de ChRB (Cherub), ‘uma espada’, cujo simbolismo já foi explicado em detalhes. Acima de tudo, 210 é o número de NOX (Notz) a ‘Noite de Pan’ ou o Véu do Abismo; ele é também o número da inversão através de sua equação com BQBVQ, ‘uma garrafa’, do egípcio Baakabaka302 significando ‘de ponta cabeça’ ou ‘de pernas para o ar’. Novamente, 210 é o número de ADHR, o ‘Primeiro Adão’, o que é significativo em vista do simbolismo que se relaciona à interpretação Draconiana dos Mistérios apresentados aqui. Mais significativamente, contudo, 210 é o numero de três palavras denotando o outro lado da Árvore, à saber: AChAR, as ‘costas ou traseiro’, um nome para as passagens ou túneis Set ocultos; ARChA, ‘caminho’; e ARChA 303 (Orach), o ‘período feminino’ (de onde vem oráculo), ou ‘lágrimas do olho esquerdo’, o olhar para trás ou visão interna. Em Sânscrito a palavra Arksha significa ‘regulado pelas estrelas’, e Arke nos Mistérios Gregos era a Mãe dos Deuses. Compare o simbolismo de Nuit arqueada sobre a terra ou curvada sobre todos os quadrantes(?) em uma atitude de dar à luz. Finalmente, HRH, ‘conceber’ também tem o valor de 210.304
O simbolismo da Torre é retratado no Atu XVI.305 A Torre de Babel erguida por uma ação pré-humana (i.e. não-humana) está unida com a Zebulah ou Torre do Céu, que, por Gematria, é 44, o número das águas místicas do Abismo, i.e. DM, ‘sangue’, o sangue do orach; o sangue ou abismo do qual o homem – ADM – emergiu.
O regente do Abismo é Af-Ra que é retratado no Livro dos Mortos como um deus sem cabeça. Ele é apresentado em um papiro mágico306 como ‘O Não-Nascido’, i.e. o Santo Anjo Guardião. O deus sem cabeça é o deus no abismo, o sol à noite. Ele foi mais tarde tipificado pela cruz de três pontas(?) ou T dos Iniciados, o Sol-Filho no Abismo separado do 0, sua mãe, sendo o símbolo completo ( **), e então ( ***), quando a cruz ou cruzamento das quatro direções307 fora evolvida à tempo desde o Abismo do Espaço, 0.
(**_a figura é um T com uma circunferência em cima do mesmo_N.do T.)
(***_uma circunferência contendo uma cruz de braços iguais_idem)
O simbolismo completo da Besta (Símio) e Babalon (Babel) só pode ser explicado quando ele é trazido com relação ao simbolismo da Torre, a Palavra, e o Deus Sem Cabeça que na terminologia mística é o Santo Anjo Guardião, que, como Mathers o interpretou, é O Não-Nascido, o subconsciente, potencial infinito, a luz latente, o deus oculto, o Sol-Filho em Amenta. Ele é o deus que não emerge do abismo porque, como Hoor-paar-Kraat ou Set, ele está potencialmente implícito na criança, e portanto o precursor da Voz Verdadeira. Ele não é O Sempre Vindouro, mas O Nunca Vindouro, a fonte numênica de surgimento e, portanto, o verdadeiro desaparecimento e ausência que torna toda presença fenomenal possível. Ele nunca pode vir, ou aparecer, porque no instante em que ele o faz ele não é mais realidade, porém uma ilusão objetiva, uma mera aparência.
É necessário aqui advertir quanto à seqüência dos Aeons tal como formulada na Tradição Ocidental de Mistério. Um Grande Ciclo se compõe de sete aeons (0-6). Os seres terrestres estão atualmente no sexto, que é numerado como cinco. Este é o Aeon de Hórus, ou Thelema. Sua fórmula é atômica e desintegradora. O Aeon final, 6, que é numerado como sete, é o Aeon de Maat, o Aeon da filha (Coph), assim como o presente aeon é aquele do filho.308
Gerald Massey percebeu309 que a hexada(6310) era considerada por Pitágoras como sendo o número sagrado perfeito; ele era chamado Vênus. Interpretado sob as luzes dos números 5 e 6, Horus e Maat significam respectivamente o Sol e Nu-Isis; o filho e a filha; o vau- hé do Tetragramaton. Porém é um erro considerar Horus em termos da fórmula masculina. O número do Aeon de Horus é 5, que, como o pentatrama ou radiação estelar, é ‘o número feminino perfeito de acordo com a mão esquerda e negativa’.311 A primeira mão, ou suporte, era o útero, e a imagem do 5 tornou-se simbólica do útero não apenas devido à afinidade entre a mão e o segurar mas por causa dos 5 dias associados ao tempo e à periodicidade feminina. Assim o 5 é também o número do glamour e ilusão e portanto de magia, com o qual o pentagrama é inevitavelmente identificado. O número seis, ao contrário, é o número de Maat como a Deusa da Verdade porque seis (six) é sinônimo com sexo (sex) e a fórmula de ir novamente atrás do fluxo de sangue que provocou um aprisionamento ou eclipse da luz criativa. Seis é o número da respiração ou ar, como cinco é aquele da água ou sangue, onde Scorpio é atribuído ao seis como o signo de terra seca que surgiu após a inundação ou dilúvio tipificado pelo número cinco.
Horus (5) representa desintegração; Maat (6) reintegração, ou o alcançar a terra firme, a apoteose da reificação definitiva após a dissolução efetuada pelo Aeon de Horus. Mas deve ser lembrado que estes números interagem constantemente. O Aeon de Maat, com o número 6, é na verdade o sétimo em série a partir do primeiro aeon que emanou do Abismo. A filha é finalmente reintegrada com e como a Mãe, a Deusa primal das Sete Estrelas (almas) que alcança seu zênite ou altura no oitavo. Esta não é uma entidade material mas uma dissolução (pralaya) seguindo sobre toda a série de expirações (no sentido de produzir_N.do T.) ou aeons em um ciclo de tempo completo (mahakala).
Frater Achad estava sob a impressão de que o Aeon de Maat já surgiu,312 porém o AL sugere que seu advento ocorrerá em algum tempo futuro. Tempo, contudo, tem referência apenas à existência fenomenal, e é possível que certos Adeptos313 já tenham percebido o advento de Maat naquelas dimensões além do tempo e do espaço que são representadas pelas sephiroth do outro lado da Árvore.
O tipo mais antigo da Árvore era feminino e ele era representado pela Asherah (árvore Ash). Este era um tipo universal e Crowley elogia (?) a ‘seiva da ash-mundo, Árvore Maravilhosa!’ dentro da Missa Gnóstica que ele compôs na Rússia em 1915.314 A Asherah era uma figura do três; três (three) e árvore (tree) são simbolicamente sinônimos como a árvore do três da qual a família mais antiga surgiu na forma da Mãe e seu filho que se tornou o homem pubescente e o touro de sua mãe. O tipo foi perpetuado no Antigo Egito. Esta árvore familiar era a mais antiga e ela precedeu a trindade de Pai, Mãe, Filho, pois ela emanou de uma fase que antecedia o papel da paternidade na sociedade.
A Árvore, sendo um glifo do total, também simbolizava um ciclo de tempo completo representado pelo número 30 que, pela forma, sugere o mantra criativo hindu (OM – vide figura no livro). Os números principalmente associados com a árvore feminina ou Asherah são 10, 7 e 13, todos os quais estando conectados aos Mistérios femininos. Dez é o número de Men, uma palavra egípcia significando um ‘memorial’, o ‘período de doença’, uma ‘medida líquida’; e o número Dez ou Meni. Meni era a deusa lunar da Síria. Asher também significa dez, e a árvore é a figura feminina do dez ou total, como o três, como já explicado. Treze é o número de períodos femininos em um ano lunar de treze meses de 28 dias. Dez tais períodos constituíam o tempo de gestação e a Árvore resumia as dez fases secas e as três fases úmidas do ciclo total da criação. Mais tarde, as dez foram simbolizadas como dez frutas e dez sephiroth, as três supernas estando separadas das sete inferiores pela Extensão do Abismo que é cruzado pelo décimo terceiro caminho.315
Um é a Mãe; dois, o filho; três, o homem pubescente. Tífon e Set-Horus portanto representam a árvore das duas fases de destruição e criação; negação e afirmação; menstruação e gestação. Dez, sete, e treze fazem o ciclo completo de trinta: o dez que é trinta dividido por três, a tríada primordial desenvolvendo a Árvore de Dez Frutos (Sephiroth).
O Mistério do Dez é então o mistério no coração do Culto Draconiano primordial da Deusa. E embora o simbolismo se refira à origem do universo conhecido, existem razões para supor que o Culto estava ciente de um outro universo, completamente desconhecido – o Um além do Dez – o DÉCIMO PRIMEIRO. Este mais tarde ficou tipificado como o número não apenas de Daäth, mas das fases negativas de ser representado pelas qliphoth. O Mistério do Onze era ocultado pelos Draconianos sob os números 5 e 6, cinco sendo o aspecto esquerdo ou feminino da shakti, e seis seu lado positivo. Juntos, esses dois são 56. Em AL (I.24), Nuit declara sua Palavra como seis e cinquenta. Esta é a Palavra de Nu, cujo número é 56. Seu símbolo completo pertence ao pentagrama e o hexagrama e a palavra mágica Abrahadabra que é a fórmula da Grande Obra: a união do cinco e do seis.
A Grande Obra tem sido considerada até este momento como um trabalho de síntese, contudo ela está falando mais adequadamente do resultado daquela suprema ‘dissolução, e êxtase eterno nos beijos de Nu’ dos quais Hadit fala no capítulo II (verso 44).316 Mas de forma a compreender a natureza da dissolução e o êxtase é necessário compreender a natureza do onze como o ‘um além do dez’, no sentido em que ele é o Um – ou Yoni – além do Véu do Abismo; i.e. a yoni no outro lado da Árvore.
O número 5 era sagrado à Deusa por causa da fórmula fisiológica de suas representações terrenas; ele era também o número de uma mão, a esquerda, que era primária. Essa era a mão ou sustentação da Mãe, como explicado. A mão esquerda ou sub-mão(?) tornou-se, nos cultos solares (pós Draconianos) a mão inferior e infernal, e foi portanto atribuída pelos solaritas (?) ao Caminho da Mão Esquerda, aquele Caminho sinistro que exaltava o princípio feminino e o reconhecia como primordial.
O número seis (i.e. a mão direita), representava o poder solar e masculino, e o sexto dígito – após levar em conta o cinco da mão esquerda – era o polegar da mão direita. Isto tipificava o falo e o sexo (six), não apenas porque o falo é a copula, mas primáriamente porque ele tipificava o início de uma nova série após a dissolução causada pelo eclipse Draconiano.317
Massey declara que os ‘dois segredos grandes e ocultos da sabedoria antiga eram aqueles dos tempos e números, especialmente com relação à periodicidade feminina, o que explica o motivo para manter a natureza da gnosis ocultada’.318 Isto é verdadeiro, até um ponto, embora, como préviamente observado, nenhuma mera consideração da mecânica sexual teria ocasionado tanta reticência por parte dos antigos, que não eram completamente suscetíveis com o quanto a natureza estava relacionada. A suscetibilidade veio depois, no rastro dos cultos solares.319 Para os Gnósticos originais, como para os pagãos, a natureza não deu motivo algum para vergonha, subterfúgio ou ocultação. Sobre o que, então, era todo o segredo, para que todo esforço fosse feito a fim de ocultar a gnosis primal, e ninguém que tenha estudado o assunto negará? A razão será encontrada seguramente no fato de que o homem primitivo era um sensitivo natural. O fantasma ou duplo astral era tão real para ele tanto quanto este é irreal para o homem mediano dos dias de hoje. Similarmente, o homem primitivo intuiu a existência daquele Universo ‘B’ desconhecido no outro lado da Árvore, com o Abismo (Choronzon) como sua copula. Uma compreensão portanto sobre os números cinco, seis, e cinquenta e seis fornece uma espiada na maquinaria da mente primitiva trabalhando na presença de poderes elementais encobertos sob um duplo véu de espanto e horror. Este terror supremo era inspirado pela certeza metafísica (i.e. a gnosis original) de que o mundo fenomenal é nada mais que a manifestação da subjetividade ou não-manifestação, e que a fórmula fisiológica da mulher de alguma forma prenunciou a mecânica de um mistério terrível que não era passível de ser conhecido pela mente em seu estado normal. Este mistério, refinado por eras aeônicas de tempo sobrevive hoje sob a forma de mitos antigos, nos Tantras de certas Escolas do Extremo Oriente, e no Budismo Ch’na, aquele curioso composto do Sunyavada320 e o Taoísmo da China antiga.
Enquanto que números inteiros (íntegros) denotavam os ‘deuses’,321 as frações de números eram tradicionalmente atribuídas à ‘demônios’.322 Lenormant, por exemplo, demonstrou323 que 5/6 ou 50/60 eram os sete Maskim ou ‘os que fazem armadilhas’(?): ‘sete espíritos do abismo . . . que ultrapassaram todos os outros em poder e terror’. Eles eram demônios Tifonianos cujo poder em relação aos deuses é aquele de cinco a seis, ou, como Massey declara: ‘o número maior na mão esquerda para o primeiro na direita’.324 Em hebraico, Yod significa ‘mão’, e seu número é dez (denotando ambas as mãos), que era primariamente o número da Deusa. A imagem zoomórfica do Yod – o leão-serpente – mostra a combinação do dragão ou serpente feminino (lunar), e o leão solar-fálico. Crowley interpretou este simbolismo como o spermatozoon (espermatozóide); a serpente com cabeça de leão nadando em seu mênstruo fluido.
Kep (egípcio), a mão esquerda, é o hebraico Kaph, a ‘palma da mão’. No Egito o símio kaf era atribuído à mão como o sustentador zootípico, segurador, ou moldador da criação pré- humana.325 O simbolismo do qoph é também relevante. Qoph = a ‘parte de trás da cabeça’; a cabeça = Resh, o Sol; portanto a parte de trás da cabeça ( qoph) = a Lua. Este simbolismo é assumido à Koph ou Coph, a filha do Sol Negro ou Chama Negra.326
Plutarco declara327 que os seguidores de Pitágoras consideravam Set-Tífon como sendo um poder demoníaco produzido ‘em uma proporção de números pares’, a saber: naquela de 56. Nisso eles concordam com Eudoxus em que a ‘propriedade do cinquenta e seis pertence a Set-Tífon’. Massey328 ilustra isso com a observação de que a ‘proporção de números pares, a entender, cinquenta e seis’ ‘também incluiria o 5 x 6 ou trinta dias da lua, que era semelhante ao tempo de Tífon’. Além do mais, a cifra do 5 é pelo formato a espada curvada ou foice de Saturno (Kronus); ele era, originalmente o símbolo da Deusa das Sete Estrelas329 como o cortador ou divisor do tempo no céu, como a Mãe era a divisora em dois, em três, em muitos, na terra.
A cifra cinco, então, representa a aniquilação do tempo, como o período de cinco dias suprime ou obscurece o espírito criativo. O último, por sua vez, é representado pelo número seis, que é a cifra zero com um apêndice adicionado, indicando a negação do período de cinco dias; sua ‘cauda terminal’. Esta é seguida pelo número sete, representada pelo dedo indicador da mão direita, que significa o curso do tempo retomado.
Nos hieróglifos egípcios o sinal do 7 é o sinal de um deus, simbolizado pelo machado (neter ), o machado sendo a arma de Set, o abridor da Mãe. Na linguagem da gnose secreta330 Set é idêntico com sua mãe, onde seu nome Sept ou Set, significa sete. O número sete indicava o tempo para retomar as relações sexuais com a mulher, e, na simbologia dos Mistérios posteriores, ele era atribuído à deusa Vênus.331
É necessário vasculhar mais a fundo, ainda mais além do que a gnose física primordial, para compreender os Mistérios que ele simboliza. Isso pode ser feito apenas relançando e revertendo nossa maquinaria mental, pois se nós penetrássemos o mistério definitivo nós não podemos pensar positivamente, ou mesmo negativamente – nós simplesmente não poderemos pensar ! Os Adeptos Cha’an do Oriente, e Aiwass através de Crowley no Ocidente, incansavelmente ressaltaram o Caminho Negativo, a Via Negationis, o Caminho que nega, o Caminho de Nuit cujo número é onze, cuja palavra é 56, e cujos Mistérios são tipificados pela ‘estrela de cinco pontas’.
A Palavra ou Logos do homem é secundária, um reflexo ou glamour, uma manifestação positiva e portanto fenomenal, enquanto que a Palavra de Nuit, sendo não sonora, contém o potencial de todas as palavras e da Não-Palavra do Um além do Dez. Este é o Ain que é tipificado pelo símio-Kaf, o animal mudo que forma uma metade (uma fração) de Choronzon. A outra metade é Babalon, cujo olho (ayin) é tornado inteiro pelo Símio de Thoth (Daäth) – o gerador bestial e portanto mudo de um mundo de glamour e ilusão. Tal é o mistério do Um além do Dez, cujo símbolo é a Espada (Zain), a foice ( ) que, como a cifra do 5, tinha como seu protótipo a mãe que bifurcou em dois. O tempo foi então dividido em partes ou números que representam a multiplicidade de conceitos gerados pela revolução incessante do Kalachakra.332
O cinco, o seis, o sete, e o dez, da Árvore como uma totalidade, constituem os números místicos do ano lunar com seu ciclo de treze meses, cada um com vinte e oito dias. Então, segundo a sabedoria Talmúdica: ‘Há um dia do ano no qual Satan não tem poder, este é o dia do Yom Kipour; nos outros 364 dias333 ele é todo-poderoso’. O comentador atribui isso ao fato de que o valor cabalístico de Satan,334 364, é identificado com tantos dias. Durante estes dias ‘Satan tem o poder de fazer o mal, mas no dia do Kipour ele é impotente’.
O fator mais significativo aqui é aquele da impotência. A palavra grega Akrasia é o equivalente cabalístico de Choronzon, 333. Choronzon é impotente no sentido de que por trás do Véu do Abismo nada é gerado, pois este é o domínio do Negativo. É contudo significativo que 333, o número de Choronzon, de Shugal e de Akrasia, é subtraído de 364 – o número de Satan – por 31, o número de AL, LA, e Set.335 AL, LA, e Set formam a trindade primal que como 93 (31 x 3) é Aiwass, e a chave para o mistério do Não-ser e da Via Negationis exposta em O Livro da Lei.336
O número 28 derivou seu significado mágico da lunação cíclica da mulher humana com suas treze manifestações por ano. Este fenômeno fisiológico forneceu o critério da lua celestial de 29½ dias. Foi o elemento fracionário que estigmatizou os cultos lunares aos olhos dos solaritas posteriores, e o impacto cumulativo de observações astronômicas tornou maldita a supremacia primal da mãe sobre a terra. Contudo como já notado, os fatos primários dos fenômenos fisiológicos não eram por si mesmos suficientes para justificar o pavor com o qual os cultos posteriores os viam. Tais tabus eram as máscaras de mistérios infinitamente mais abomináveis, quando se suspeitava que o universo fenomenal era um mero glamour simbolizado pelo Eden. A ‘queda’ consistia em aceitar a ilusão por seu valor facial. Os iniciados, os gnósticos, sabiam – talvez intuitivamente – que a realidade repousa em algum lugar além ou por trás da total negação deste glamour. Neste ponto na evolução (e ninguém pode dizer precisamente quando ele ocorreu) as qliphoth se tornaram ativas na consciência humana. Elas tipificavam a sombra, a escuridão, o não-manifesto, ausência, o desaparecimento total do mundo fenomenal.
Segundo o Livro dos Mortos, Set é o filho de Nu.337 A serpente também é sua filha.338 Portanto ela que é 56 (Nu) incorpora o 5 e o 6 como polaridades duais, e elas denotam o modo mágico de sua adoração. Ela é isto sobre quem está escrito339 que a Mulher Escarlate Babalon ‘verá e tocará(?) na adoração de Nu; ela alcançará Hadit’. Isto significa que ela alcançará ou se completará através de Set, pois Nu compreende Nuit e Babalon e portanto é idêntica com Tífon, a mãe de Set. Baba, a raiz de Babalon, é um título de Tífon. O bab ou bau é a entrada do vazio, cova, ou abismo. O bebi cóptico significa fluir e transbordar. Bab é também o BHV (13) Bohu, o vazio sobre o qual a gênese mística está baseada.340 O Bab é também chamado ‘o Portal’ (de saída tanto quanto de entrada). Porque o portal podia ser usado em ambos os caminhos, i.e. entrando ou saindo dele, os Babisi eram conhecidos como os infernos nos céus.341 Tífon era o Tepht ou Depth (profundidade), a cova da Serpente do abismo. Em antigos rituais australianos o typhe ou tupe342 era uma cova sobre a qual encantamentos mágicos eram cantados contra demônios que habitavam o abismo de escuridão.343 Suficiente tem sido agora mencionado para mostrar que um dos terrores mais primitivos registrados pelos antigos em mito e lenda era uma invasão por parte das forças negras do abismo. Este horror repousa na raiz de todos os rituais e exorcismos já desenvolvidos. A barreira protetora do magista começou com o conceito de uma cova, buraco, ou círculo mágico construído com a intenção de evitar a invasão do ‘lado de fora’, de além do véu. O véu era aquele que encobria o abismo. Em tempos primevos ele não era tão denso quanto ele se tornou mais tarde quando o homem perdeu contato com suas origens elementais. Ainda assim existe prova de que nem todo ritual mágico era elaborado para repelir as forças negras; alguns eram elaborados especificamente para atraí-los para dentro do ambiente da onda-de-vida humana. Detalhes de tais processos foram destruídos com tal minuciosidade pelos anti-Tifonianos que nenhuma fórmula completa sobreviveu. Apenas indicações podem ser coletadas de tratados medievais corrompidos sobre alquimia e os grimórios de feitiçaria. Suficientemente curioso é o fato de que é na tradição rabínica que obtemos lampejos fugidios embora vívidos sobre um mundo obscuro de antimatéria; prenúncios poderia parecer, daqueles sobre os quais nós estamos hoje nos conscientizando de modo não confortável e dos quais estamos tendo lampejos através de um rasgo continuamente crescente no véu criado por uma nova feitiçaria, uma nova gnosis, conhecida como ciência nuclear.
Notas:
299 Nota do Tradutor: Aqui, o autor escreve re-membering com duplo sentido. a) remembering / recordar; b) re- membering / recolocar os membros.
300 Vide Aleister Crowley & o Deus Oculto para uma interpretação iniciática deste Mistério.
301 0 = Ayin = 70; 000 = 210.
302 Compare Bacbuc, O Oráculo da Garrafa (Rabelais).
303 O orach das mulheres é aplicado ao período feminino em Gênesis, xviii. 11.
304 210 é também o número de NBT-N-PT (Nebet-en-Pet), a Rainha do Céu e portanto o próprio Vazio.
305 Vide O Livro de Thoth, de Aleister Crowley.
306 Um Fragmento de uma Obra Greco-Egípcia sobre Magia, traduzido por C.W.Goodwin.
307 i.e. dois equinócios e os dois solstícios.
308 Talvez possa ser útil para os estudantes de magia(k) notar aqui a diferença prática entre o filho e a filha em conexão à magia sexual e a fórmula de IHVH. No IXo o Yod e o Hé se combinam e o filho de sua união é Ra-Hoor-Khuit, o filho (i.e. o universo). No XIo a criança produzida pela união mágica é Hoor-paar-Kraat – a filha que é o portal [de acesso] para o anti-universo. (Compara com ‘a filha do por do sol de abóbada azulada’. O por do sol denota o Amenta). O filho ‘materializa’(*) a corrente em Malkuth (o universo); a filha, contudo, torna possível uma série posterior de operações em virtude de sua receptividade à todas as vibrações. Ela é o Portal para o Universo ‘B’. Eis aqui a superioridade do XIo e a importância da Fórmula do Controle do Sonho.(Vide Cultos da Sombra, capítulo 11).
309 A Gênese Natural, vol.2, página 282.
310 Nota do Tradutor: Não encontrei o termo exato, mas é algo similar a Tríada (de 3) ou Pêntada (de 5).
311 Ibid, página 274.
312 Vide Cultos da Sombra, capítulo 8.
313 Existe, por exemplo, um Culto de Maat em Ohio, EUA, formado por Adeptos que estão presentemente canalizando radiações Maatianas de um, até agora, remoto Aeon.
314 Vide O Navio (Crowley), Equinox, I. x.
315 i.e. o caminho atribuído à Lua. Vide o Diagrama da Árvore da Vida.
316 Observe o número deste verso, 44 = DM = sangue.
317 i.e. o eclipse periódico que era a base biológica de tais conceitos como pralaya e a Noite do Tempo.
318 A Gênese Natural (Massey), vol.II, p.300.
319 Hinduísmo em sua fase eshatalógica (?), judaísmo em sua fase secundária, e cristianismo em todas as suas fases.
320 O Caminho do Vazio.
321 Energias criativas e forças elementais funcionais.
322 Forças negativas, portanto noturnas, infernais ou demoníacas.
323 Magia Caldaica (Lenormant) págs. 25, 26, 27.
324 O nome de Tífon como Kep é aquele da mão esquerda, que é o emblema da mulher e do número cinco.
325 Os Nephilim, gigantes, macacos, etc.
326 O Sol (Filho) Negro é Set. A respeito da Chama Negra, vide Liber Pennae Praenumbra (Donat per Omné; Scriba – Nema, 1974) publicado pelo Culto de Maat, atualmente operando em Ohio, EUA, e que é, no tanto quanto sei, o único corpo de Iniciados à canalizar a influência desta corrente a qual Frater Achad estava entre os primeiros à prenunciar.
327 De Isis e Osiris.
328 A Gênese Natural, II 302.
329 A Constelação da Ursa Maior da qual o representante planetário era Saturno.
330 i.e. a gnose física.
331 O sete original – como no simbolismo do Ash-Mundo com seus Mistérios de 7, 10, e 13 – era representado pela deusa das sete estrelas, a guardiã do tempo ou relógio primal nos céus.
332 O kalachakra é a Roda de Kali, i.e. Tempo. No Livro de Thoth, a roda é retratada no Atu XX (vide) com Tífon e o Símio de Thoth girando em sua borda. Este atu é atribuído à letra kaph (20), significando a ‘palma da mão’ cujo simbolismo já foi explicado. Vide acima.
333 28 x 13 = 364.
334 ShHTN = 364.
335 ShT (Set) é 31 pelo Taro porque Shin é atribuído ao Atu XX e Teth ao Atu XI; XX + XI = XXXI.
336 364 é também o número de AVD MVPLA, ‘a Luz Oculta’, que determina a natureza do Deus oculto no Abismo, a saber: Satan.
337 Capítulo lxxxv.
338 Capítulo cviii.
339 AL, III, 45.
340 Compare Tohu e Bohu.
341 Os céus eram retratados como Nu, as águas do espaço; i.e. o céu noturno.
342 Compare o hebraico Tophet; ‘no vale’.
343 Massey, Gênese Natural, II, 463.
Revisão final: Ícaro Aron Soares.
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