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A maioria dos grimórios e outros livros que tratam da magia de evocação falam freqüentemente dos servos ou espíritos familiares.
De acordo com esses livros, os servos são colocados à disposição do mago pelos seres mais elevados,especialmente pelos chefes de demônios com a idéia de que o magista não precisa tratar pessoalmente com o principal dos demônios, isto é, com o mestre deles, em cada ocasião e a cada problema trivial.
Os livros estabelecem ainda, que tais espíritos servis são entregues ao magista, ou, o que é mais provável, ao feiticeiro, pelo chefe ou principal dos demônios com quem estabeleceu contrato.
Através do ankhur o chefe dá ao servo o mesmo tipo de força, poderes e faculdades que possui. Ao magista não importa por quem será causado o efeito que ele deseja, se é pelo chefe em si ou por algum dos espíritos que o servem.
Entretanto uma coisa é importante: A responsabilidade cármica recai sobre o magista ou feiticeiro. Com já foi mencionado no capítulo que trata dos vários tipos de contrato, o magista irá, após a expiração do contrato no mundo físico, seguir o principal dos demônios até sua esfera e lá pagar em ampla medida o trabalho feito por ele. Esse pagamento, é claro, não é material e sim espiritual.
Do ponto de vista hermético, o servo não pode ser confundido com os espíritos familiares dos primitivos da antiguidade. Esses espíritos familiares eram, na maioria dos casos, os mortos de uma tribo, seus antecessores, heróis, etc, com quem se praticava um tipo de necromancia similar ao mais primitivo fetichismo através da manutenção de um contato permanente com esses mortos.
Esse tipo de necromancia pode ser comparado ao espiritismo de nossos dias atuais. Já que todo iniciado conhece sobre as práticas, a operação de culto, etc, para se entrar em contato com um ancestral, com um espírito familiar, eu desistirei de escrever novamente sobre esse tema.
Não era somente cada família que tinha seu espírito da casa, existiam também inúmeras tribos com seu próprio gênio como é conhecido pela história. O verdadeiro magista sabe dizer a diferença , do ponto de vista hermético, entre o espírito familiar e o ancestral.
A atitude de um magista verdadeiro para entrar em contato com um chefe, isto é, com um ser mais elevado, uma inteligência mais elevada, é bem diferente da de um feiticeiro ou um mago negro. O último quer ter os seres sob seu poder sem nenhum esforço especial, sem desenvolvimento mágico e sem as operações preparatórias apropriadas para que estes o sirvam o o ajudem a realizar seus desejos.
Infelizmente o feiticeiro se esquece de que agindo assim ele está aumentando seu karma, à custa de sua evolução e desenvolvimento mágico.
Os seres que servem um feiticeiro nunca o fazem sem nenhuma recompensa. Do ponto de vista material, esses serviços devem ser vistos como empréstimos. O feiticeiro se torna escravo do ser em questão, pois após a expiração do contrato deverá pagar por tudo, como já foi dito.
Os seres sabem desse fato, e sua devoção ao magista que o assegura de que eles estão sempre dispostos a servi-lo e preencher qualquer de seus desejos, freqüentemente ilude o feiticeiro a achar erroneamente que se tornou mestre dos seres.
Seus desejos, seus clamores por esses seres aumentam durante o curso da aliança, e o feiticeiro eventualmente se torna guloso. Somente bem próximo da data de expiração do contrato o feiticeiro se apercebe do que fez e da responsabilidade cármica que pesa sob seus ombros. Mas nesse ponto, geralmente é tarde demais e todos os avisos e instruções para quebrar o contrato são, do ponto de vista hermético, inúteis e impraticáveis e, aos olhos de uma verdadeiro magista, são ridículas.
Os efeitos negativos que foram uma vez colocados em ação, não importa de que forma, deverão através da lei de causa e efeito, ter o devido ajustamento.
Alguém poderia dizer que a Divina Providência, em seus aspectos de amor e caridade poderia fazer exceção em alguns casos. Entretanto, o verdadeiro magista sabe que os efeitos procedem das causas, se assim não fosse, a Lei do Karma, a lei da retaliação, a lei do universo seria falsa, isto é, ilusória. Mas não é assim, tudo acontece devido às leis mais genuínas e com a mais admirável precisão. O amor divino e a caridade com todos seus outros aspectos tais como a benevolência, etc, funcionam até o ponto em que o homem descobre que ele em si é a causa dos sofrimentos que lhe sobrevieram e esse conhecimento o capacita a carregar mais facilmente seu fardo. A Providência, em seus aspectos de amor benevolência, etc, de um ponto de vista correto e universal, não pode intervir.
Todo magista experimentado, conhecendo as leis naturais, vê nelas ordem. Todo magista verdadeiro deve estar atento, portanto, para não fazer um contrato que possa comprometer inteiramente sua evolução e desenvolvimento mágico. Um verdadeiro iniciado não será tentado a fazer contrato nem mesmo com os chefes bons e elevados, não importa as vantagens que possam advir.
Ligar-se aos seres espirituais e suas esferas significa perder a liberdade de seus atos e pensamentos.
Alguém poderia perguntar então, por que é necessário lidar com a evocação mágica, e se não seria melhor trabalhar o desenvolvimento pessoal e deixar os seres onde estão.
A resposta a essa pergunta é que o magista verdadeiro pode, se ele quiser, entrar em contato com quaisquer seres, positivos ou negativos, e ele deve até mesmo considerar isto como um dever de praticar a verdadeira magia evocatória, mas nunca deve ser tentado a se escravizar por nenhum ser. Ele pode usar suas conexões para aumentar seu conhecimento sobre as várias esferas, para aprender sobre as leis das esferas e para demonstrar sua autoridade mágica aos seres com os quais trabalha durante suas evocações.
Sem dúvida esses seres não estarão somente preparados para dar qualquer informação que ele queira, mas terão também prazer em servi-lo, pois para eles o verdadeiro magista é mestre, é o verdadeiro iniciado a quem eles devem obediência e lealdade.
Eles não ousariam nem mesmo se aproximar do magista genuíno, que foi verdadeiramente iniciado em magia e alcançou nela a perfeição, com um contrato em mente.
O magista pode, se achar necessário, usar servos de uma esfera ou de outra, mas ele sabe bem que não lhes deve nada, pois tudo que os seres fazem por ele ele também pode fazer como resultado de seu sistemático treinamento e desenvolvimento mágico.
O magista pode fazer uso de seres em primeiro lugar para ajudar o próximo, não a si, e em segundo lugar, para usar o valioso tempo que foi concedido para seu desenvolvimento.
Essa é a atitude correta a ser tomada e ela não pode ser comparada a de um feiticeiro, como é facilmente observável.
O magista não precisa praticar a magia evocatória o tempo todo, mas deve ser capaz de realiza-la com sucesso sempre que for necessário.
O conhecimento exato da magia evocatória irá aumentar sua sabedoria, seu poder sobre os seres do universo e , desse modo, fortalecer sua autoridade mágica.
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