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Pela bruxa Josie Gallows.
Um artigo para The Black Flame (Novembro, LI A.S.)
Muitos pregadores de rua gritaram “God Hates Fags (Deus Odeia Bichas)” para os pedestres. Homossexuais e as pessoas de gêneros excluídos têm sido os bodes expiatórios de religiosos moderados e extremos por milhares de anos. Como sempre, os homens fazem Deus à sua própria imagem, e não o contrário. Acontece que ele é cruelmente mesquinho e tem interesse nos acontecimentos privados de todos, tanto grandes quanto inconsequentes. Acho que é hora da resposta simbólica de que “Satan Loves Queers (Satanás Ama Queers)”. É apropriadamente antagônico, uma vez que muitos desviantes foram compelidos a argumentar dentro dos limites de armadilhas morais piedosas. Eles se mascararam na religião liberalizada, branquearam seus relacionamentos e práticas sexuais e apostam em qualquer argumento que apazigue seus agressores. É tempo de dizer um basta. “Satan Loves Queers (Satanás Ama Queers)” pode ser irônico, uma réplica antagônica, mas também é preciso. O Satanismo tem tratado queers de todos os tipos mais favoravelmente do que qualquer outra religião organizada, e desde o seu início.
De tempos em tempos tem havido ensaios, artigos e passagens-chave de Satanistas sobre assuntos que vão desde a homossexualidade até a assexualidade e a não conformidade de gênero. Algumas dessas passagens são dogmas explícitos, como o reconhecimento direto da Bíblia Satânica dessas condições humanas como perfeitamente naturais, independentemente de quão estatisticamente desviantes. A própria Igreja de Satanás apoia a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo e acolhe as minorias de gênero em seus membros e hierarquia. Embora poucos textos Satânicos tenham expressamente celebrado o quão malditamente cheia de arco-íris queer a religião do Satanismo e a Igreja de Satanás sempre foram. Isso deveria ser necessário? Não deveria. Deveria ser óbvio que Satanás ama queers e Baphomet é anatomicamente correto – tetas, pica e tudo. Ficou claro, mas ainda assim requer uma martelada na cabeça. Críticos estúpidos e aspirantes mal-orientados adoram deturpar o Satanismo como uma ideologia socialmente regressiva. Por quê? Porque o movimento religioso do Satanismo dissecou e até aplaudiu os méritos da família, respeito próprio e papéis tradicionais de gênero. Mais precisamente, discutiu teorias de aplicação em vez de fazer proclamações moralistas sobre quem é melhor. Para alguns, não discutir um assunto com hostilidade fervente é suficiente para sinalizar um viés inabalável.
Tanto textualmente quanto institucionalmente, acolhemos as minorias sexuais e de gênero em nosso “Império Infernal”, que está sempre bem decorado. Anton LaVey pode ter dito “…as organizações conservadoras vão (e já acham) achar o Satanismo muito mais compatível com suas doutrinas do que pensam agora”, embora sejamos realistas. Parece verdade, mas grande parte do conservadorismo cultural é totalmente regressivo. O Satanismo não é. Especialmente no caso de gênero e minorias sexuais. Qualquer movimento ou indivíduo que faça uma avaliação honesta do Satanismo encontrará mais clemência para os queers do que até mesmo os partidos liberais estavam dispostos a apoiar. Só recentemente os políticos liberais do establishment e as feministas tradicionais levaram a sério a liberação sexual e de gênero. Enquanto a população em geral afirmava ou contornava o mito de que os homossexuais eram pedófilos, todos, o Satanismo já havia resolvido a questão – meio século antes. O Satanismo tem estado à frente da curva em questões de direitos civis, apesar de não aderir à moralidade convencional sobre o assunto. Sendo uma religião da carne, dedicada à natureza carnal dos seres humanos como eles realmente são, nunca faria sentido para o Satanismo banir alguém por atividade sexual consensual e toda a expressão que isso possa acarretar.
Este não é um exemplo de uma Bruxa Satânica polindo seu “Good Guy Badge (Emblema do Bom Rapaz)”, exibindo uma coleção de minorias e solicitando os afetos de qualquer movimento. Essa perspectiva é um recurso interno. Simplesmente não poderia ser diferente. O Satanismo não é um credo moralmente restritivo onde valores falsos e ridiculamente ridículos são atribuídos a comportamentos pessoais inócuos. Não participamos da exigência muito séria do maníaco por controle de “não faça nada que eu não faria”. Exatamente o oposto, o Satanista tende a ter uma de duas posições sobre a vida privada consensual de outras pessoas. O Satanista pode ser apático, o que geralmente é o caso. Outras vezes, o Satanista pode aplaudir aqueles que vivem da maneira Satânica. O caminho Satânico significa dar um pontapé na abstinência e nas compulsões contraproducentes, preferindo atualizar as partes mais potentes e autênticas de nós mesmos. Frustração desnecessária não é Satânica e, portanto, limitações irracionais na expressão de gênero e gratificação sexual não são Satânicas.
Satanás ama queers. Não há preferência para que tipo de queers. Sejam eles homens gays, sejam eles femme (“efeminados”, termo também usado para se referir às lésbicas de aparência feminina), butch (“machões”, derivado de butcher, “açougueiro”, termo também usado para se referir às lésbicas de aparência masculina), top (“ativos” na relação sexual) ou bottom (“passivos, ou receptivos” na relação sexual), bear (machos peludos, os “ursos”) ou twink (“homens gays sem pelos, de aparência juvenil”). Alguns deles estão a caminho da hora do coquetel. Alguns deles estão meditando sobre sua ultramasculinidade como os Espartanos na época de acasalamento. Não há nenhum princípio contra se encharcar de purpurina e dançar ao som de uma diva no bar gay, referindo-se incessantemente a si mesmo como A Massive Homo (Um Homo Massivo). É o seu próprio interesse em jogo ao encontrar seu nicho. É seu trabalho encontrar o modo de expressão mais adequado à sua personalidade.
Lésbicas são bem-vindas, e como. Lipstick (“Lésbica de Batom”, gíria para a lésbica que exibe uma maior quantidade de atributos do gênero feminino, como usar maquiagem, vestidos ou saias, e ter outras características associadas ao feminino) ou diesel (gíria para a lésbica que exibe uma maior quantidade de atributo do gênero masculino), garotas bissexuais com penteados assimétricos de todos os matizes, princesas de travesseiro (“pillow princess”, termo usado para designar mulheres bissexuais ou lésbicas que preferem ser “dominadas”), dominadoras do feminino-sobre-feminino (lésbicas ou bissexuais que preferem “dominar” a parceira na relação sexual). Algumas exibem a palavra “feminista” em suas identidades, marcando esse paradigma como uma parte essencial de sua análise do mundo. Outros não, de jeito nenhum. Meu tipo favorito, pessoalmente, é aquele tipo especial de mulher que chamamos de “soft butch” (Uma soft butch, ou haste, é uma lésbica que exibe alguns traços estereotipados de butch sem se encaixar no estereótipo masculino associado às lésbicas butch). Esse tipo é próximo e querido ao meu coração. “Strap-on” (acessório sexual que contém uma cinta e uma prótese peniana, usado para penetrar a parceira ou o parceiro, e vice-versa, mantendo as mãos livres para aproveitar cada parte do corpo dela ou dele), é a palavra de ordem do meu estilo de vida e é tudo inquestionavelmente Satânico. A bandeira do arco-íris está pendurada orgulhosamente em minha casa.
Qualquer que seja nosso estilo de vida ou orientação, podemos estar sendo amarradas, esbofeteadas, chamadas de vadias e eletrocutadas com uma varinha violeta (“violet wand”, bastão de cor violeta com eletrodos usado para massagens estimulantes). Ou não. Poderíamos ser swingers (pessoas que participam de swings, as trocas de casais). A troca de energia 24 horas por dia, 7 dias por semana, pode ser nossa coisa. De qualquer forma, o Satanista não está empenhado em limpar o ato e lamentar que “somos como você”. Talvez sejamos tão diferentes que nossas casas sejam planetas alienígenas em comparação. Talvez a dinâmica de nossos relacionamentos não espelhe a de um casal heterossexual comum. Não é problema para nós.
Em virtude do fanatismo popular, transexuais e outras pessoas não-conformistas de gênero são agrupados com minorias sexuais, apesar de essas categorias terem pouco a ver com orientação sexual. Indulgência é indulgência. Se a gratificação pode ser encontrada na transição médica, travestismo privado ou inversão de papéis como atividades fetichistas, se é encontrada na performance de drag, ou em hábitos de moda e higiene que borram as linhas entre masculino e feminino, então essas avenidas de enriquecimento pessoal justificam encorajamento ao invés de escárnio. As massas perplexas observam, com as nádegas tão apertadas que poderiam transformar carvão em diamantes, tentando classificar a diversidade de gênero como pecaminosa ou mentalmente doente. Naturalmente, a atitude Satânica é que esses chamados pecados levam à gratificação pessoal. Vá em frente. Da mesma forma, doença mental significa instabilidade e não peculiaridade. A prevalência da diversidade de gênero no discurso popular de hoje é um resultado positivo, apesar de todo sensacionalismo em contrário. Não poderia ser mais agradável ver esta era do fogo continuar a acontecer, onde os indivíduos são mais livres do que nunca para se divertirem como bem entenderem. Em última análise, é isso que estamos vendo se desenrolar na marcha de hoje em direção à diversidade de gênero, apesar de certos buracos ao longo desse caminho.
É importante detalhar esta lista de “desviantes” percebidos e significar sua presença abundante dentro do Satanismo. E é abundante, não se engane. Curiosamente, o Satanismo parece abranger mais gênero e minorias sexuais per capita do que qualquer outra religião organizada. Essa é a minha impressão de anos de conhecimento e networking com outros Satanistas. Embora exatamente como o Satanismo queer acontece não seja o ponto. O ponto é que o Satanismo naturalmente contém a liberação sexual e de gênero como um componente chave. Além disso, funciona de maneira muito diferente de muitos grupos ou ideologias que pretendem ter a emancipação sexual e de gênero como valores centrais.
Como assim? Porque, novamente, o Satanismo não é um credo moralmente restritivo onde valores ridiculamente ridículos são atribuídos a comportamentos pessoais inócuos. O indivíduo não é visto como pertencente a um grupo ou a um valor superior. Em vez disso, os indivíduos pertencem apenas a si mesmos.
O homossexual bebedor de coquetéis atrevido não é considerado um exemplo de tudo o que há de repulsivo no chamado Estilo de Vida Gay. Suas peculiaridades podem ser pouco atraentes para alguns, mas esse desgosto não é um valor moral. Sua extravagância não é evitada, varrida para debaixo do tapete do arco-íris a todo custo, porque isso equivale a más relações públicas para homossexuais que buscam desesperadamente a aprovação popular como Homens Viris com M maiúsculo. Da mesma forma, o homossexual masculino não tem uma bota de lantejoulas plantado em seu rosto. Como e por que ele gosta de todas as coisas estereotipicamente masculinas não está em debate ou desmoralização em favor do fortalecimento de alguma identidade queer coletiva.
A lipstick lesbian (lésbica de batom) e a transexual High Femme (Hiper Feminina), como a sua, não são repreendidas por terem “misoginia internalizada” ou “reforçar estereótipos femininos” por abraçarem o que há de mais excitante e preciso para elas. Em vez disso, esses tipos são encorajados a alavancar suas sensibilidades hiperfemininas para os fins condizentes com uma Bruxa Satânica. Da mesma forma, a mulher butch (masculina) não é criticada como sendo uma vadia castradora, odiadora de homens, estridente, a menos, é claro, que ela tenha provado a si própria exatamente isso. Seu cabelo curto e camisas de botão não simbolizam a praga do feminismo radical que está descontrolado no mundo ocidental. Ela pertence a si mesma.
Os princípios Satânicos de liberação pessoal funcionam de maneiras decididamente diferentes da norma. O status quo é manter o indivíduo como refém pelo bem do grupo e sua pureza ideológica ou cultural. Na religião tradicional e nas sociedades socialmente conservadoras, isso significa a imposição de um binário estrito entre homem ou mulher, heterossexual ou falecido. À medida que o poder e a influência do Cristianismo diminuem, descobrimos que os maníacos por controle não precisam de religião para bancar o valentão da escola. Armados sem crucifixo nem bandeira, milhões de descontentes psicóticos ainda espumam de ódio ao ver alguém vivendo uma vida produtiva feliz sem “valores tradicionais”. Por outro lado, no mundo LGBT existe uma tendência infeliz de colocar indivíduos e todos os seus comportamentos no papel de embaixadores do mundo heterossexual. Uma resposta política infeliz, mas previsível, a ser empurrado para uma batalha perpétua com autoridades tanto grandes quanto imbecis. Esperados para abandonar seus próprios desejos e inclinações, como mártires masoquistas, para apaziguar a piedade insensível e hipócrita das massas, o resultado é uma psique fraturada e uma sanguessuga insaciável de todo entusiasmo. O ressentimento em relação aos transexuais e outros não-conformistas tende a aumentar, implorando com esquisitices por restos de legitimidade. O homo-erotismo exagerado ou surpreendentemente provocativo são tratados como lepra, pela causa. Ironicamente, pela causa de libertá-los de normas sociais restritivas e infundadas. É história documentada.
Ou, em outros casos, o indivíduo é proibido de aparecer para reforçar estilos de vida e expressões há muito celebrados, instruído a não dar trégua ao mundo heterossexual. Há o hábito de classificar qualquer perpetrador como um vil contra-revolucionário contra um pesadelo utópico sem sexo e sem gênero. As lésbicas têm confrontos nucleares sobre a ética do uso de vibradores (dildos), os transexuais acusam uns aos outros de traição por parecerem muito femininos, e os bissexuais são inexistentes e não confiáveis ao mesmo tempo. Um homem gay sem uma propensão para diva techno e sensibilidades de moda estéreis são Uncle Toms (Tio Toms, expressão que designa uma pessoa que nega o que ela é) desnudando e dançando para Massa Heterossexual. Seja qual for o caso, a abstinência ou a compulsão estão sendo favorecidas acima da indulgência e do interesse próprio racional. Esse estado de coisas é detestável aos olhos Satânicos. Não nos acovardamos diante da “causa”. Nenhuma quantidade de livros, artigos e palestras nos informando como devemos expressar nossa sexualidade e gênero nos influenciará. Não somos tão frágeis. Não precisamos que nos digam como ser homens de verdade, ou homens gays de verdade, ou transexuais politicamente convenientes, ou héteros como uma flecha. No Satanismo, a moralidade fica em segundo plano em relação ao pragmatismo e ao interesse próprio.
No Satanismo, as interseções de orientação e expressão de gênero não são armadas contra o indivíduo, mas sim armadas para o indivíduo. Primeiro você tem que identificar o seu eu mais honesto e irrestrito. Em segundo lugar, você tem que colocar o trabalho real, que é estudar e aplicar os princípios carnais que lhe dão – o honesto para a bondade você – domínio sobre este mundo. A libertação Satânica significa mais do que ser você mesmo, significa tornar-se útil – para você! E não tem nada a ver com solidariedade, comportamento de manada, pensamento de grupo ou viver de acordo com padrões impossíveis de pureza; exceto na medida em que essas coisas devem ser entendidas também.
Deve ser óbvio para aqueles que examinam criticamente tanto o Satanismo quanto a Igreja de Satanás que, novamente, o desvio é abundante em nossa tribo. Embora haja espaço para interpretações errôneas por aspirantes a Satanistas e críticos.
Facetas de gênero e a liberação sexual foram criticadas por escritores Satânicos, incluindo Anton LaVey. Eu incluída. Isso não é surpresa, já que o Satanismo saiu do útero monstruoso da contracultura dos anos 1960. A Bíblia Satânica foi publicada em meio ao feminismo da segunda onda – que não é desprovida de insights valiosos – e suas destilações em hippies infantis. Seus ditames foram diretamente satirizados pela Bíblia Satânica e, mais tarde, pelo livro Satanic Witch (A Bruxa Satânica). Então, como agora, a autoconsciência honesta era um lixo, enquanto a conformidade ou a postura vazia governavam o dia. Uma mulher não poderia ser libertada se não tivesse fodido com pelo menos uma dúzia de hippies gordurosos na traseira de uma van da Volkswagen. Melhor ainda se ela estivesse fodendo seu guru. O mesmo se aplicava aos homens, sejam gays ou heterossexuais. Por outro lado, outras facções marcaram a mulher heterossexual como uma perdedora que traiu a irmandade diânica da menstruação perpétua. Só o lesbianismo político serviria. Sexo com outras mulheres, quer ela gostasse ou não, ou pelo menos a abstinência do pênis, era considerado “libertação” tanto para a mulher quanto para o gênero feminino. Havia pouco espaço para o indivíduo resolver suas próprias necessidades em seus próprios termos. E esse ainda é o caso de uma forma ou de outra.
Na fossa cultural da década de 1960, vimos a queda de formas icônicas de masculinidade e feminilidade em demônios modernos. Aparências e modos convencionais podem ser rastreados, como tanto quantum de sangue judeu, desde a invenção patriarcal. Abraçá-los tornou-se a traição mais indigna. Não importa a “escolha” tão celebrada pelo liberalismo cultural. A elegância elaborada do passado caiu em desuso e o terninho unissex fez uma tentativa hostil em nossas vidas sexuais. Para um homem como Anton LaVey, deve ter parecido uma espécie inteira de pavões arrancando as penas em agonia; tudo por causa da igualdade careca e bem depenada. O Satanismo está em nítido contraste, oferecendo empoderamento genuíno em vez de moralidade fraudulenta. O terninho é uma opção, mas não é totalitário. Temos opções e as estudamos atentamente. Para isso, às vezes desnudamos o manto do regressivo e às vezes parecemos convidar os próprios regressivos.
Mas dificilmente. Os pensadores Satânicos têm sido implacáveis (e imperfeitos) ao criticar a feminização dos homens e a masculinização das mulheres nas mãos de uma ideologia intrometida. E, de fato, a androginia culturalmente obrigatória ganhou bastante a ira dos Satanistas. Isso se estendeu ao mundo heterossexual e como as comunidades queer funcionam. Eles às vezes são imperfeitos em sua linguagem, apelidando uma qualidade negativa ou outra masculina ou feminina. O discurso evolui. Colocando as coisas em ordem, a crítica sempre foi direcionada à conformidade do rebanho envolvida. Não tem sido a moralidade de ser feminino ou masculino, extravagante ou reservado, femme (lésbica “feminina”) ou butch (lésbica “masculina”). Se um homem é feminizado por causa da moralidade popular, então ele não é castrado porque é feminino, ele é castrado porque é um consumista de vontade fraca com uma personalidade covarde. O mesmo vale para sua incapacidade de se manter em questões de sexo e amor. Ele não é nada feminino. A mulher Satânica embala calor, mas pode matar com salto alto, o que inclui nossas mulheres transexuais. O pusilânime “metrosexual” não conseguia falar mais do que um gemido. Ele só poderia ter a sorte de incorporar essas virtudes femininas clássicas de fortaleza, carinho e elegância, ou a raiva gelada pela qual as mulheres são conhecidas. Na mesma linha, se uma mulher não pode desligar a caixa de gritos feminista por cinco minutos, então ela não é masculina, ela não é butch (lésbica “machona”), ela é apenas uma idiota miserável. Ela deixou a narrativa de outra pessoa levá-la a um desconforto sem fim. Se ela está jogando seu vestido mais bonito no lixo por conveniência política, por lealdade equivocada a uma tribo abstrata de mulheres, então ela é uma covarde e uma idiota. Suas botas de combate e cabelo azul não têm nada a ver com isso.
Nunca foi um princípio Satânico que o gênero tem um código de vestimenta obrigatório ou a própria androginia é um lixo tóxico. Como resultado, transgêneros e transexuais não são proibidos no Satanismo. Você já viu como a realeza mais brutal do passado costumava se vestir? As drag queens perderiam o jogo de RuPaul’s Drag Race para elas. Além disso, nunca foi a afirmação Satânica de que pessoas gays ou transexuais são inferiores ou menos autênticas do que suas contrapartes heterossexuais ou cisgêneros. Se as manifestações modernas de diversidade de gênero são criticadas é porque algumas pessoas, carentes de identidades genuínas próprias, escrevem notas de transexuais genuínos e dobradores de gênero interessantes com o propósito de parecerem mais especiais, mais únicos, como uma espécie de “floco de neve especial”. O mesmo pode ser dito daqueles que imitam mal o artigo genuíno Satanistas. Em ambos os casos, um Satanista estaria perdendo seu tempo tentando separar essas pessoas. Isso rapidamente se transforma em brigas desnecessárias e bullying de manicômio. De maneira direta, não é nosso trabalho policiar todas as culturas e subculturas por aí – o que é algo que os normais ainda não descobriram. Mais um milênio talvez? É suficiente aconselhar os aspirantes a Satanistas que existem qualidades e valores mais prementes do que a apresentação de gênero e orientação sexual. Afinal, os Satanistas estão investidos em si mesmos e não no rebanho.
Isso são fatos. Se tem que ter uma martelada na cabeça, então que seja, aqui está a martelada: transfobia real, homofobia e misoginia genuína são anti-satânicas. Pistas de contexto podem dizer a diferença. A perspectiva Satânica é mais abrangente do que tudo isso. Eles são a marca registrada de pessoas que entendem mal e temem a realidade carnal. Podemos jogar misandria lá para uma boa medida, uma vez que esse tipo de intolerância insuportável está em voga e em grande parte não examinada no mainstream. Se isso torna o Satanismo inconveniente para você, então encontre outro lugar para vender sua merda. Por outro lado, se a falta de correção política do Satanismo arruinar seu apetite, temo que você esteja em má companhia. Nós temos a grelha se você tiver a vaca sagrada, então desça. De qualquer forma, o Satanismo não distorce a vida privada peculiar, mas inofensiva dos indivíduos em questões terríveis de estabilidade moral. Não pretendemos que uma calcinha ou um boquete possam ameaçar os suportes da própria civilização. Não repreendemos a megera loira que anseia por atenção masculina, ela mesma objeto de desprezo em livros feministas de sexo negativo como Female Chauvinist Pigs (As Porcas Chauvinistas). As mulheres que escolhem um estilo de vida totalmente oposto ao de nossas megeras loiras, ou mulheres transexuais, não são ameaças à masculinidade tradicional. Com certeza, alguém poderia pensar que o músculo de tal homem poderia resistir às tempestades fugazes da opinião popular, sendo ele próprio mais aparência do que substância. Sua insegurança diante da liberdade é mais uma ameaça à sua masculinidade percebida. Para onde quer que olhemos, vemos preferências pessoais transformadas em caricaturas convenientes por propagandistas de carreira. É altamente eficaz, pois politizar a vida privada é o caminho mais rápido para a controvérsia.
Na minha estimativa, toda a provação da guerra cultural da sociedade contemporânea em relação a gênero e minorias sexuais pode ser mais Satânica. Menos ênfase na indignação moral seria preferível. É hora de abandonar a noção de que ter uma orientação sexual em vez de outra, ou existir como um gênero ou outro, pode ser uma questão moral. O casamento não é uma questão de segurança nacional. As cirurgias de confirmação de gênero não são conspirações desonestas. Os indivíduos pertencem a si mesmos e para si mesmos. Suas identidades de gênero e atividades no quarto não implicam um credo político em detrimento de outro, nenhuma filosofia em detrimento de outra. Tampouco implicam um valor específico. O sexo oral não faz de alguém um embaixador de um grupo ou outro, sujeito a qualquer programa de relações públicas. Parecer convencional não é regressivo e ser desviante não é especial – e vice-versa.
O Satanista usará sexualidade e gênero para seus próprios fins. Eles se esquivam da responsabilidade de qualquer um que procure controlar, moldar ou guiar a trajetória de suas vidas pessoais de acordo com uma vontade coletiva. Eles separam o que funciona para eles e eles se defendem. Como sempre, a perspectiva Satânica do terceiro lado se vê observando de fora com uma sobrancelha erguida. O mundo inteiro é um palco, sempre é hora de improvisação e os atores estão procurando desesperadamente por um roteiro.
— Bruxa Josie Gallows
Mais em: http://www.josiegallows.com
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Fonte: Satan Loves Queers, by Witch Josie Gallows.
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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.
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