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<<Camaradas, imploro-vos que creiam, é atróz. . .>> , foi esta a última mensagem lançada por um cosmonauta soviético para a Terra que dois radioamadores conseguiram captar entre 8 e 12 de Novembro de 1962. Esse homem chamava-se Belokonev e o seu cadaver deve repousar ainda numa cápsula espacial no silencio dos espaços planetários. . .
Os soviéticos não quiseram , sem dúvida por uma questão de prestígio, e com o fim de guardar certos segredos científicos, divulgar ao mundo as razões dos numerosos fracassos de quatoze cosmonautas desconhecidos foram vitimas. No entanto, fez-se sentir uma evolução nítida na altura do acidente da Soyuz 11, que viu morrer Volkov, Dobrovolski e Patsaiev, cuja recordação deve pairar no espirito das tripulações Apolo.
Os dramas do espaço são na maior parte desconhecidos e o silencio que os rodeia só podem ter como motivo camuflar as verdadeiras causas dos incidentes que atingiram várias cápsulas experimentais americanas, para não deformar a imagem tranquilizadora que o público possa ter da vida no espaço.
Assi, os desaparecimentos em pleno céu podem ter prolongamento na vizinhança do Globo e a origem do fenomeno implacavel que lá se manifesta pode surgir com uma nitidez que só esse quadro deixará supor.
Os irmãos Judica Cordiglia captaram de súbito, a 28 de novembro de 1960, uma mensagem vinda do cosmo. Era um S.O.S. lançado , sem erro possível, por um soviético. Alguns dias mais tarde, as autoridades soviéticas anunciaram que o Sputnik VI se desintegrara durante o voo.
Dois meses mais tarde , a 2 de fevereiro de 1961 , os postos de Turim registraram o ruído de um coração que batia e duam respiração ofegante. O célebre cardiologista Dogliotti pôde mesmo traçar um cardiograma . A 7 de fevereiro , as autoridades soviéticas anunciaram a desintegração do Sputnik VII . . .
Deste modo, no período de dois meses, a União Soviética procedera — no maior segredo — ao lançamento de duas naves espaciais tripuladas, sem que fossem mencionados posteriormente os nomes dos cosmonautas, primeiras vítimas da corrida espacial que o desconhecido tragou.
Nada se teria sabido se as mensagens não tivessem sido captadas pelos dois radioamadores italianos, cujas afirmações foram corroboradas pelos serviços oficiais dos Estados Unidos . Parece portanto que a União Soviética , durante essa época, intensificou a sua tividade espacial.
Seis cosmonautas ter-se-iam assim perdido no espaço, entre os quais um homem e uma mulher lançados da base de Baikonour, nas margens do mar de Aral, a 17 de fevereiro de 1961. A mulher exclamara com voz comovida:
“Vou agarrá-lo e aperta-lo na minha mão direita! Olha pela vigia! Eu . . . ” A primeira mulher do espaço devia ter descoberto qualquer coisa que flutuava próximo da cápsula. Mas as coisas complicaram-se devido a um acontecimento imprevisto. O homem declarou de súbito:
“Pronto! Eis qualquer coisa! Existe qualquer coisa . Se não regressarmos o mundo nunca saberá! É dificil. . .”
Um acontecimento que devia ter ocorrido perto da capsula assustara-os.
A 18 de maio de 1961, ou seja, pucos meses depois, foram capatadas mensagens de três cosmonautas: dois homens e uma mulher. Os homens chamavam-se Chibotine e Dolgov , embora um deles tivesse uma voz extraordináriamente parecida com a de Gagarin.
“Sempre segundo os nossos planos . . ., segundo as instruções . . . Porque é que temos de ficar? “, perguntou um deles
“Peço-lhes , dêem mais atenção . . . Já foi tudo verificado . . .!”comentou o outro . As perguntas e as respostas incidiam sobre assuntos técnicos e denotavam uma ansiedade “febril”.
Depois, a 14 de outubro, foram captadas outras mensagens, bruscamente interrompidas. A 20 do mesmo mês, os dois telegrafistas amadores italianos ouviram uma voz fraca que pronunciava palavras incompriensiveis . Conseguiram perceber o seu nome: Lodovsky.
Para os especialistas, tratar-se-ia de experiencia destinadas a avaliar sobretudo a resistencia dos cosmonautas perante as dificuldades que possam surgir a cada instante, aproveitando-se ainda para experimentar os engenhos espaciais . Mas as condições em que esses homens e mulheres desapareceram demonstram que os mesmos deram o “grande salto” sabendo que não tinham senão ínfimas possibilidades de regressar são e salvos ou então . . . que foram escamoteados por acontecimentos súbitos e imprevistos. Com efeito, é dificil imaginarmos os soviéticos enviando para o éter tais “comandos suicidas”.
Mas o diálogo mais patético que se estabeleceu entre esses cosmonautas desconhecidos e a Terra foi, sem dúvida, o travado com Belokonev, a 8 e 12 de novembro de 1962.
“Atenção, atenção. Não levem os ensaios demasiados longe, isso pode ser perigoso . . . Realizei as fotografias . . . Que maravilha! . . .”
Belokonev devia vogar provavelmente à volta da Terra e filmar. Mas o diálogo não terminou.
“Esta tudo negro, muito negro. Sim, pequenas particulas , minusculas, dois ou três milimetros.”
Belokonev teria entrado num campo denso de particulas que encheriam os arredores do planeta? Deve ter tentado recolher amostras, pois queixou-se de que os comandos funcionavam mal.
“Consegui. Apanhei um . É estranho, curioso, não tem peso. . .” Mas o drama aproxima-se. . .
“As baterias estão exaustas. Os instrumentos já não funcionam. Oxigênio! Imploro-vos, camaradas. . . O quê, não posso fazer nada !? Maldição ! Não consigo . . . É impossivel! Não posso , estou a dizer-vos! Compreendam-me! Compreendam-me . . . Solidão atroz, terrível!”
O fato de todos os instrumentos deixarem de trabalhar depois de Belokonev ter entrado naquele campo de particulas prova que existe uma relação entre esses fatos e que, pura hipótese, aquelas tenham agido sobre a cápsula espacial como um magna de gelatina bloqueando tudo.
Quatorze cosmonautas desapareceram assim uns depois dos outros. Falhas técnicas? Em certa medida, sém duvida, mas mais tarde, como no caso de Belokonev, deve ter surgido imprevistos a provocar a catastrofe.
O espaço será tão vazio como querem fazer-nos acreditar???
Extraido do livro Desaparições Misteriosas de Patrice Gaston – Bertrand – 1973
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