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Marcelo Ramos Motta
Quando um ataque oculto é deliberado, sua forma mais comum é uma combinação de telepatia com sugestão. Antes de entrar em mais detalhes quanto ao mecanismo deste tipo de ataque, daremos um exemplo concreto.
Uma colega nossa, faz alguns anos, recém-saída da universidade, foi convidada a ocupar o cargo de diretora num estabelecimento de ensino no interior no país. Seu subordinado imediato era um homem alto, magro, moreno, extremamente católico, mas que pertencia a uma organização de origem holandesa chamada “Lectorium Rosicrucianum” e freqüentemente se referia, veladamente, aos conhecimentos “ocultos” que obtivera através dessa organização.[1] Este indivíduo, conforme foi verificado mais tarde, sentia-se preterido pela nomeação de nossa colega para o cargo de diretora, que ele ambicionava. Tinha como hábito controlar a equipe de professores pelo seu poder mental, e vários casos estranhos de esgotamento nervoso faziam parte do histórico do colégio desde que ele fora empregado. Entre estes casos estava incluída a antecessora de nossa colega, que se demitira do cargo por “motivos de saúde”.
Nossa colega, nessa época, ainda não estava interessada em ocultismo: de fato, suas experiências com esse senhor levaram-na ao estudo do assunto. Ela era extremamente jovem, inexperiente e sensível; o único motivo por que a posição de diretora lhe havia sido oferecida fora sua brilhante carreira universitária. Embora admirando a eficiência do seu subordinado imediato, que se oferecera para cuidar de todos os detalhes administrativos, “poupando trabalho à chefa”, como ele dizia, ela sentia uma antipatia instintiva por ele. Esta antipatia se acentuava quando ele se referia a sua ligação com o tal “Lectorium Rosacrucianum”. Nossa colega procurava controlar essa repugnância, mas sentia que seu assistente, de alguma maneira inexplicável, estava cônscio dela. Na época, além do mais, nossa colega já tinha uma atitude positiva e científica para com assuntos religiosos, e se considerava uma agnóstica. O fato de que ela não ia à missa aos domingos, numa cidade pequena e extremamente católica, foi o primeiro (conforme ela só veio a saber muito mais tarde) a ser utilizado contra ela pelo seu “ajudante”, que escreveu longas cartas aos proprietários do colégio insinuando que ela, por sua atitude, estava antagonizando os pais dos alunos para com a instituição.
Em seu segundo mês de gestão nossa colega teve o primeiro atrito sério com o seu lugar-tenente. Ele, um homem extremamente colérico e que não tolerava a mínima desobediência às suas ordens, fosse por que motivo, despedira uma faxineira sem aviso prévio e sem indenização. A mulher veio queixar-se à diretora, e nossa colega levou o caso à atenção de seu subordinado, apontando-lhe, bastante gentilmente aliás, que só ela tinha autoridade para despedir empregados da instituição.
Em vez de admitir este fato incontestável, o homem replicou que ela sabia perfeitamente que a faxineira era desonesta e displicente no serviço. Em seguida, fixando-a profundamente nos olhos, citou-lhe repetidamente as falhas da faxineira, em voz clara e firme. “Isto, e isto, e isto aconteceu. Você sabe que aconteceu. Você sabe que ela fez isto.”
Felizmente para a faxineira, já nessa época nossa colega tinha hábito de manter diário em que anotava cuidadosamente as ocorrências no colégio. Não fosse isto, segundo seu próprio testemunho ela teria acreditado nas acusações, pois acabou fugindo de sua própria sala e da presença do acusador, sentindo-se tão atordoada e exausta que foi direto para seu quarto e dormiu até a manhã seguinte. Diz ela que dormiu mais de dez horas sem acordar. De manhã consultou seu diário, viu que as acusações do seu auxiliar não eram cabíveis e mandou chamar a faxineira.
A bem, da disciplina, disse-lhe, eu não quero contrariar a decisão do meu colega. Mas eu sei que as acusações dele são injustas. Você terá sua indenização, e uma carta de recomendações de meu próprio punho.
Este foi seu primeiro erro . Ao concordar em dispensar a faxineira injustamente, estava se submetendo à vontade mágicka perversa do seu subordinado. Mas como já dissemos, ela era jovem e inexperiente. Poucos dias depois o “assistente”, encorajado por esta primeira vitória, voltou a carga. Ele se desentendera com um dos professores mais conceituados do estabelecimento, a quem dera uma “ordem” e que reagira energicamente, dizendo-lhe que era um profissional e não um escravo, e que não recebia ordens dadas nesse tom de ninguém, nem mesmo da diretora…
O método de ação do subordinado foi exatamente o mesmo. Ele foi ao gabinete de nossa colega e exigiu que ela despedisse o professor. Em voz clara e firme, e com os olhos fixados nos de sua superiora, fez-lhe afirmações calmas e repetidas. Nossa colega contou-nos mais tarde que, para sua intensa surpresa, ela se percebeu concordando em voz alta com seu assistente quanto a uma série de gravíssimas acusações contra o professor. A mesma exaustão nervosa e o mesmo cansaço se apossaram dela, e eventualmente ela concordou apressadamente em despedir um homem inocente e retirou-se da sala, alegando uma forte dor de cabeça. Mas desta vez, ao sair da sala, ela sentiu pela primeira vez na vida uma sensação estranhíssima: ao caminhar, era como se seus pés e suas palavras, não estivessem no lugar onde deveriam estar”[2]. Chegando ao seu quarto, nossa colega novamente caiu num sono profundo que durou até a manhã seguinte. Ao acordar, ela se sentiu profundamente envergonhada de seu procedimento na noite anterior. Consultou mais uma vez, seu diário, e verificou que todas as acusações que seu assistente fizera contra o professor eram totalmente infundadas. No entanto, ela havia concordado com todas após cinco minutos de repetições! Pode-se imaginar a sua confusão. Ela não conseguia entender como fora capaz de concordar com tanta calúnia, mas sentia instintivamente que seu assistente era responsável pela sua fraqueza. Podemos imaginar sua revolta. Ela se vestiu, foi para a sua sala e mandou chamar o assistente. Assim que este entrou na sala ela lhe disse:
– Senhor N., eu estive revendo o caso que o senhor me apresentou ontem à noite. As suas acusações eram completamente sem fundamento. É a Segunda vez que o senhor faz isso, e se houver uma terceira eu serei forçada a pedir sua demissão.
O homem alto, magro, moreno, de olhos penetrantes, absolutamente não se perturbou. Olhando fixamente a moça, quinze anos mais jovem que ele, disse-lhe com voz firme e serena:
– Quem vai pedir demissão é você. Antes de sair deste escritório você vai admitir que é incompetente e que não tem confiança em si mesma.
Ora, muito poderia ser dito contra a competência de nossa colega, que mal atingira a maioridade, e estava ainda em seu primeiro emprego; mas autoconfiança é coisa que, podemos testemunhar, nunca lhe faltou. Ela respondeu imediatamente que se N. tinha dúvidas quanto à sua capacidade para o cargo poderia expressá-las por escrito diretamente aos proprietários do colégio, quando ela teria prazer em responder as acusações, e apresentar algumas por sua vez..
Em vez de replicar ou discutir, o homem olhou-a fixamente nos olhos e repetiu, em voz clara e firme:
– Você é incompetente, e você sabe disso. Você não tem confiança em si mesma, e você vai admitir que não tem.
– Isso não é verdade – nossa colega protestou -. Eu faço bem o meu trabalho, e o senhor sabe que o faço bem.
Este foi o segundo erro que ela cometeu. Se tivesse mais experiência da vida, ou um módico treino oculto, teria se retirado imediatamente. Em vez disto, ela ficou e procurou dialogar com o oponente. Este meramente repetiu suas duas frases anteriores, e continuou repetindo-as como uma ladainha. Nossa colega entrara em seu escritório às dez horas da manhã; saiu às três da tarde. Durante este intervalo de tempo, segundo ela, o homem repetiu seu mantra venenoso várias vezes[3].
Ela entrara uma jovem alerta cheia de saúde; saiu em total estado de confusão mental e esgotamento físico, e esteve doente durante mais de uma ano.
Longe de não ter autoconfiança, seu problema é que tinha autoconfiança demais. A pessoa que é autoconfiante ao ponto de se achar capaz de enfrentar um gorila desarmada é mais que autoconfiante, é temerária. A força mental do ambicioso assistente estava para a força mental de nossa pobre amiga, como a força de um gorila está para o ser humano. Ela sentiu, instintivamente, que se admitisse ser incompetente e indecisa nunca mais faria algo de valor na vida mas ignorava totalmente a técnica para se defender contra este tipo de ataque, a qual consiste simplesmente em não lhe dar atenção. Ao discutir e argumentar com seu adversário, ela estava inconscientemente admitindo que dava valor a sua opinião, e afirmando a existência de lealdade intelectual entre os dois. Este segundo erro agravou a vulnerabilidade estabelecida pelo primeiro, e antes que ela percebesse o que estava acontecendo já estava fascinada. Gradualmente, tudo em volta dela foi se tornando irreal, como em um sonho. Sua faculdade de visão pareceu se tornar cada vez mais estreita, até que somente o rosto moreno e magro e os olhos penetrantes do seu atacante eram visíveis. Novamente ela sentiu que seus pés não estavam tocando o chão na extremidade de suas pernas, e sim mais abaixo.
Neste momento, um fenômeno curioso ocorreu. Ela ouviu distintamente uma voz interna cobrir a voz do adversário e dizer-lhe:
– Finja que está derrotada. Então ele relaxará o ataque e você poderá escapar[4]
Nossa Colega segui imediatamente o conselho. Diz ela que pediu humildemente perdão ao seu subordinado por tudo que já tinha feito na vida e por tudo que ainda poderia fazer. Isto, por si só, como explicaremos mais tarde, não era muito grave; mas na sua inexperiência e estado de fraqueza ela cometeu um terceiro e sério erro: ao pedir perdão, ajoelhou-se diante do atacante.[5]
Este interrompeu finalmente a sugestão hipnótica, acariciou-lhe a cabeça e “perdoou-a”, muito satisfeito com seu trabalho.
Nossa colega voltou ao seu quarto e atirou-se ao leito vestida mesmo. Sua mente estava num estado de completo atordoamento. Várias horas mais tarde uma professora, estranhando sua ausência à mesa de jantar, veio ao seu quarto e tentou reanimá-la. Mas ela continuava atordoada, e recusou-se a descer ao refeitório. Trouxeram-lhe comida no quarto, mas ela não comeu. Vários colegas vieram visitá-la, mas o seu assistente não apareceu, embora tivesse sido avisado do seu estado.
Esta situação continuou durante três dias, ao fim dos quais a família, que havia sido prevenida pelo professor que ela defendera, compareceu ao colégio. Seus pais perguntaram-lhe o que tinha acontecido, mas nossa colega não soube explicar; sua mente estava em branco. Qualquer memória de sessão com seu subordinado tinha desaparecido completamente. [6]
Tudo que ela sabia é que sentia medo: um medo constante e sem motivo aparente. Não era medo de alguma coisa ou pessoa em particular, mas não era menos terrível por isto. Ela jazia na cama com os sintomas físicos de medo intenso, a boca seca, as palmas das mãos suando, o coração batendo e a respiração acelerada e rasa.
A família, é claro, ficou imensamente intrigada, mas como não podiam descobrir os motivos da situação da moça foi forçada a atribuir os sintomas a um esgotamento nervoso. Ela foi desligada do estabelecimento por motivos de saúde, e o assistente foi colocado em seu lugar. [7]
A conselho do médico da família, ela foi levada para a fazenda de um parente no campo, para repousar e se recuperar.
Mas a recuperação foi lenta. A intensidade dos sintomas de medo diminui, mas ela continuava a se fatigar com facilidade fora do normal, como se tivesse sido privada de sua vitalidade natural, e estava completamente apática e sem iniciativa.
Após seis meses na fazenda ela recebeu a visita de uma amiga de infância, estudante de ocultismo. Esta, percebendo a natureza do seu estado, submeteu-a a um interrogatório cauteloso mas persistente. Pouco a pouco as circunstâncias esquecidas afloraram à sua consciência. Foi uma experiência extremamente penosa para ela: de fato, a lembrança do ataque produziu um choque emocional quase tão grande quanto o ataque mesmo. Mas finalmente ela consegui se livrar da sensação de medo que a acompanhava durante meio ano. Seu estado físico, entretanto, só progressivamente melhorou, e ela levou mais seis meses para se recuperar. O médico da família havia receitado calmantes: estes são muito prejudiciais em casos de depressão nervosa produzida por ataques nos planos sutis, pois incrementam a letargia do corpo Etérico. A amiga, que era uma Probacionista da A\A\, consultou seu superior imediato, e foi aconselhada que a doente tomasse regularmente altas doses de vitaminas que fortificam o sistema nervoso, e a se esforçar por exercitar-se fisicamente com moderação mais com persistência. Ela começou com passeios a pé, cada vez mais longos; daí passou a natação e a equitação. Em seis meses voltara ao normal.
Uma explicação completa do mecanismo do ataque lhe foi dada, e isto ajudou muito a sua recuperação: foi um imenso alívio para ela saber que algo real, concreto, e até corriqueiro (para iniciados!) lhe acontecera. Um de seus piores receios fora o de que tinha tudo sido produto de sua imaginação, e que estava ficando louca.
Tendo voltado ao normal, ela se afiliou a nossa Ordem, onde seu progresso tem sido bastante rápido. Sua experiência de ataques ocultos tem-lhe proporcionado inúmeras oportunidades de socorrer pessoas em situações análogas, e vários dos casos relatados neste volume provêm dos seus registros de trabalho mágicko.
O processo de ataque contra essa moça foi sugestão, pura e simples. Mas sugestão emitida com tal concentração da vontade que seu impacto no sistema nervoso da vítima foi imediato e duradouro. Não há evidência de que o criminoso tenha tentado reforçar a sugestão à distância, em cujo caso haveria telepatia. É muito provável que a nossa colega tivesse se recuperado mais rápidamente do ataque, se não tivesse se ajoelhado diante do atacante: esta postura mágicka está relacionada no inconsciente coletivo com a idéia de submissão há milênios.
A sugestão mágicka, seja dirigida a nós mesmos, seja dirigida a outras pessoas, funciona melhor visual e muscularmente, que verbalmente. Os centros celebrais da visão humana estão intimamente ligados aos movimentos, e muito mais desenvolvidos que os centros da linguagem. Não é eficiente dar ordens verbais ao nosso subconsciente, a não ser que sejamos, como a moça que acabamos de mencionar, pessoa de um certo nível cultural, acostumadas a verbalizar nossas reações. Para a pessoa média, dizer “Faça isto”, ou “Faça aquilo” é muito menos produtivo do que visualizar a situação que resulta de fazermos o que é desejado que façamos.
Por exemplo, suponhamos que um rapaz tímido deseje dizer galanteio a uma moça bonita e tenha receio de perder a fala na hora; se ele se visualizar gago, suando frio, e repetir a si mesmo mentalmente “Não faça isso”, ou “Seja auto confiante”, de pouco adiantará, pois a imagem visual impressionará a mente subconsciente com muito mais força que a verbalização. Na maior parte das pessoas, a mente subconsciente absorverá a impressão de não agir assim. Seria muito mais eficiente para o rapaz visualizar-se aproximando-se da moça sorrindo e confiante, e falando-lhe com voz clara e uma atitude positiva. De fato, não é preciso sequer dizer “Faça isso” mentalmente, embora assim fazendo reforçaremos, é claro, o processo inteiro.
Este fato psicológico é bem conhecido hoje em dia por especialistas em propaganda, que tomam o máximo cuidado com os detalhes visuais dos seus anúncios, quer em cartazes, na teLévisão, ou no cinema; e foi no passado utilizado por diversos cultos religiosos na execução de dramas ou “mistérios” liturgicos.
A auto-sugestão faz parte do treino mágicko, mas ela só se torna realmente eficiente se for executada simultaneamente em ação, palavra e pensamento, e isto com persistência e tranqüilidade de espírito. Devemos além do mais, selecionar com cuidado onde e como aplicar a sua força. Por exemplo, é ineficiente buscarmos nos livrar de maus hábitos através de sugestões negativas. “Não faça isso”, ou “Não seja assim”, visualizando ao mesmo tempo o que fazemos de errado. É muito melhor utilizar sugestões positivas que cancelem o mau hábito ao estabelecerem em nossa psiquê o hábito contrário. Suponhamos que somos preguiçosos e não gostamos de ler: devemos procurar criar imagens mentais de nós mesmos que sejam alertas, ativas, aplicadas e estudiosas. Não precisamos ocupar demasiado de nosso tempo em tais imagens, basta reservarmos alguns minutos diários para elas; mas será de grande auxílio se executarmos nossas visualizações todo dia à mesma hora, não importa qual seja. O nosso ser instintivo é uma criatura de hábitos. De pingo em pingo enchemos uma piscina; ou havendo tempo suficiente um oceano. Também, faz parte da experiência das pessoas que manipulam suas mentes que, quanto mais tempo levar para um hábito novo se formar em nós, maior será sua permanência. Não nos apressamos, portanto; no aperfeiçoamento de nosso próprio caráter, pelo menos, a pressa é inimiga da perfeição. [8]
Os mesmos métodos que são eficientes na criação de bons hábitos são eficientes na criação de maus hábitos, seja em nós mesmos, seja em outra pessoa. Já que vivemos, todos nós dentro dos mesmos diversos planos de energia, em cada um dos quais temos um veículo construído da própria substância daquele plano, [nota] podemos, por treino ou acidente, estabelecer contato telepático com uma pessoa que desejamos influenciar. Isto é relativamente mais fácil se estamos em contato constante com essa pessoa; se não estamos é de grande auxílio possuirmos um elo biomagnético de algum tipo que nos permita nos sintonizarmos com ela.
[Nota} Ultimamente é possível que seja tudo um só veículo, manifestando-se em uma série de gamas vibratórias, ou pelo menos uma tal possibilidade é sugerida pela idéia de continuum, pelas equações de Einstein, e principalmente por CCXX I: 26.
Na maioria dos casos, sugestões feitas por este processo não são reconhecidas como vindo de outra pessoa, mas são aceitas pela vítima como se originadas em sua própria psique, a não ser que se trate de um ocultista treinado, com experiência em introspecção e em controle de seus próprios veículos. Um enfeitiçador hábil procura fazer com que suas sugestões se harmonizem com as tendências naturais da pessoa atacada. Uma vez que as sementes de pensamentos tenham fincado raiz em solo fértil, elas se desenvolverão até que eventualmente a planta subirá acima do nível do subconsciente e crescerá na mente consciente. Supondo que queremos arruinar uma pessoa, e sabemos ser aquela pessoa extremamente orgulhosa por natureza: Ora, procuramos exacerbar o seu orgulho ao ponto em que ela agirá como uma megalomaníaca, alheiando de si amigos, antagonizando conhecidos, provocando inimigos: a pessoa aparecerá causar sua própria ruína, e ao cair em si não compreenderá como foi estúpida a ponto de arruinar a si mesma.
Deveria ser desnecessário comentar aqui que verdadeiros iniciados, e iniciados Thelêmicos em particular, não utilizam jamais tais processos para influenciar outras pessoas, quer seja para o “Bem” ou para o “Mal”. O método Thelêmico de influenciar a conduta alheia consiste em mostrar, uma determinada situação, todas as alternativas possíveis à consciência dos outros, e então esperar que eles mesmos escolham a alternativa que desejarem. Freqüentemente, essa alternativa difere de qualquer daquelas que lhes havíamos sugerido: como pode um homem abarcar o universo de seu próximo?
“Assim, com teu tudo: tu não tens direito a não fazer a tua vontade. Faze aquilo, e nenhum outro dirá não”.
É este exatamente o processo que deve ser utilizado na educação de crianças. Não devemos tentar influenciá-las na direção dos nossos preconceitos; como podemos saber se elas não trazem, dentro da estrela interna, uma solução muito superior para os problemas que julgamos ter resolvido satisfatoriamente?
E não devemos jamais impedi-las de tomar consciência de todos os fatores da vida, com o pretexto de que não tem idade suficiente; como sabemos se não são mais sábias na infância do nós seremos em nossa velhice?
Toda curiosidade espontânea de ser encorajada; toda pergunta feita de modo-próprio deve ser lealmente respondida com a máxima objetividade e franqueza de que formos capazes; e toda interferência nas escolhas e interesses da criança, por mais evidentemente “bem-intencionadas” que seja, deve ser evitada.
Recordo-me que certa vez, na praia, quando um garotinho de uns dez meses de idade, tentando andar na areia, caía continuamente; a mãe, solícita, toda vez se apressava a levantá-lo. Finalmente, exasperado, eu lhe disse:
– Minha senhora, deixe seu filho se levantar sozinho!
A senhora não quer que ele aprenda a andar?
A mulher bastante surpresa, deixou a criança em paz. Esta me olhou com ar de quem partilha de uma pilhéria, levantou-se de forma muito rebolada e bamboleante, e recomeçou a andar. Pouco adiante caiu de novo, mas levantou-se imediatamente, e assim continuou seu treino para existir eficientemente no nosso universo.
É claro que há situações em devemos restringir uma criança: deixá-la ingerir veneno, por exemplo, seria contra-senso; mas impedir que um adulto tome veneno conscientemente é contra-senso também.
Esta é a atitude Thelêmica. Procurar influenciar os outros para aquilo que consideramos o “bem” é a maior idiota das presunções de que somos capazes. Essencialmente, se estamos tentando impor nossos valores a nossos próximos, é fazer deles fantoches de nós mesmos. Esta conduta está perigosamente próxima do complexo espiritual dos “irmãos negros”.
Thelemitas só utilizam métodos de influência subliminal para se defenderem de ataques. Todo ser humano tem direito Irretoquível de proteger sua integridade. Se, às vezes, os atacantes persistirem a ponto de que a única solução é a dissolução dos seus veículos físicos, paciência. A morte também é um iniciação.
Mas normalmente isto não é necessário.
[1] O “Lectorium Rosicrucianum” aparenta saguaro a linha teológica progressista de um grupo de padres Jesuítas holandeses que foi responsável por uma recente “modernização” do catecismo romano, muito influenciado pelas críticas fulminantes de “carta a um Maçom”. É claro que essa Ordem não tem qualquer ligação com os antigos “rosa-cruzes”. Cuja primeira regra era que ninguém jamais usasse publicamente o nome de sua Sociedade, nem admitisse ser membro.
[2] A sensação é semelhante àquela produzida quando pisamos num tapete muito espesso mal ajustado ao assoalho, e se ocorre os pés estão tocando uma superfície firme indica que o corpo elétrico, que é o invólucro imediato do corpo físico, está em defasagem com este.
[3] Para poder fazer isto durante tantas horas numa discussão contra outra pessoa é necessário um alto grau de treino em concentração e uma vasta reserva de energia nervoso. Como pessoa humana, o assistente era um exemplo paupérrimo; mas como hipnotista, era notável. A diferença entre um verdadeiro e um falso iniciado é freqüentemente apenas uma questão de desenvolvimento do Corpo Moral, chamado Buddhi-Manas pelos Hindus e de Neschamah pelos Qabalístas.
[4] Nossa colega, embora ignorando este fato na época, estava ligada ao trabalho iniciático há várias encarnações. A voz era de um dos Vigilantes Invisíveis, cuja atenção fora atraída pela tentativa de destruir a mente de uma aspirante à Hierarquia.
[5] Esta posição mística nunca deve ser utilizada a não ser dentro de um círculo mágico, e em condições essencialíssimas.
[6] Esta perda de memória de acontecimentos que atacam a integridade do ego é um mecanismo de defesa interno, e bastante comum em casos de traumatismo psíquico.
[7] Este homem ainda ocupa o cargo, muito apreciado pelos proprietários pela disciplina e economia com que o colégio é dirigido. A qualidade do ensino decaiu no estabelecimento, pois só professores de personalidade fraca e pouco preparado se resignam a trabalhar lá; mas isto não afeta os donos, a quem só os lucros obtidos interessam, nem preocupa à maioria dos pais daquela cidade, pois a linha moral adotada é a linha oficial do presente regime: um catolicismo romano escrupulosamente ortodoxo e intransigente.
[8] É o consenso das mais diversas escolas iniciáticas que o tempo mínimo que levamos para estabelecer um hábito novo em nossa psiquê é uma estação solar, ou três meses.
Alimente sua alma com mais:
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