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A Cifra – Manuscrito Voynich

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A hipótese mais aceita pela grande maioria daqueles que trabalharam tentando decifrar o documento no século XX, inclusive a equipe de criptógrafos da NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos), é a de que o Manuscrito Voynich contém um texto em alguma linguagem européia que foi intensionalmente codificado ao:

 

a) se mudar as letras do texto original para o alfabeto Voynich.

 

e então

 

b) se usar uma cifra qualquer – um algoritmo que opera em letras individuais.

 

Assim cifras monoalfabéticas já foram descartadas, já que são estremamente fáceis de serem quebradas, havendo uma concentração em esforços se utilizado de cifras polialfabéticas, inventadas por Albertini na década de 1460. O problema com os esforços de decifrar a cifra com esses métodos, que incluem o uso da cifra Viganère, é que nenhum resultado foi aceito por todos, já que os algoritmos usados para se decifrar o código dependem de tantas suposições que o decifrador é capaz de extrair um texto que faça sentido de qualquer cadeia aleatória de símbolos.

 

O maior argumento a favor da teoria do uso de algoritmos é o uso de um alfabeto desconhecido para compor o texto, que só pode significar que o autor estava escondendo qualquer informação que desse uma dica do que o texto realmente se tratasse. De fato Roger Bacon era um criptógrafo, e a data estimada do manuscrito coincide com a data de nascimento da criptografia como disciplina sistemática. Contra esta teoria estão as observações de que o uso de um método polialfabético iria destruir virtualmente qualquer caractarística estatística de um texto, mas que o Manuscrito Voynich apresenta características estatísticas, além disso, apesar de terem sido inventadas em 1467, as cifras polialfabéticas apenas se tornaram populares no século XVI, muito tempo depois do manuscrito ter sido composto.

 

De acordo com a teoria da cifra  “livro código”, as palavras do manuscrito na verdade seriam códigos que deveriam ser procurados em um “dicionário” ou “livro código” específico para serem decifradas. A maior evidência que suporta esta teoria é que a estrutura interna e o distribuição e tamanho dessas palavras são similares às dos numerais romanos, o que na época seria a escolha natural como forma de se criar códigos. Mas essa técnica de cifra é ideal para pequenos textos e mensagens já que são excruciantes de se escrever e se ler.

 

Outra teoria plausível é a da esteganografia. Ela afirma que o texto do Manuscrito Voynich é quase todo sem sentido, mas possuiu importantes informações escondidas em detalhes de forma muito discreta, como por exemplo, apenas se considerando a segunda letra de cada palavra ou o número de letras em cada uma das linhas. O que este método sugere é que a informação seja conseguindo se aplicando uma Grade Cardan (uma tabela que aponta que letras, sílabas ou palavras são pertinentes), mas isso parece difícil de corresponder à realidade, já que o texto está disposto sempre de forma diferente, em locais diferentes da página, o que torna quase impossível o uso de uma Grade para decifrá-lo. O grande problema com esteganotextos é que qualquer afirmação que aponte para um lado ou para outro são extremamente difícies de se comprovar.

 

O linguista Jacques Guy chegou a sugerir que o Manuscrito Voynich não estaria escrito com um código, e sim se trataria de uma língua natural escrita em um alfabeto desconhecido inventado. De fato a estrutura das palavras é muito similar às de muitas famílias de línguas da Leste e Centro Asiático, especialmente Sino-Tibetano (Chinês, Tibetano e Birmanês), Autroasiático (Vietnamita, Khmer, etc.) e possivelmente Tai (falado no Thai, em Laos, etc.) Em muitas dessas línguas as palavras possuem apenas uma sílaba, e as sílabas, por sua vez, possuem uma estrutura muito rica, incluindo padrões de entonação.

 

Esta teoria é historicamente plausível. Essas línguas possuem um alfabeto próprio que parecem ser muito estranhos para pessoas do ocidente. A dificuldade que esses visitantes tinham ao tentar interpretar esses alfabetos estrangeiros acabavam se tranformando na invenção ne novos alfabetos fonéticos, grande parte deles com letras latinas, mas alguns eram feitos com alfabetos inventados. Agora o que pode dificultar um pouco a aceitação desta idéia é que todos os exemplos conhecidos de casos de alfabetos inventados sendo usados para se interpretar essas línguas são datados de bem depois da suposta origem do manuscrito Voynich, mesmo assim a história nos mostra centenas de explorados e missionários que poderiam ter criado uma obra esta, exploradores anteriores às viagens de Marco Polo no século XIII e principalmente posteriores às viagens de Vasco da Gama ao oriente no século XV e XVI. Essa teoria pode mesmo indicar que o autor do texto seja algum nativo do leste asiático que tenha recebido educação européia ou recebeu educação de alguma missão européia.

 

O que torna essa teoria uma teoria válida? Todas as propriedades estatísticas do texto existente no Manuscrito Voynich são muito parecidas com aquelas das línguas citadas, incluindo as palavras duplicadas e triplicadas (que aparecem no manuscrito com a mesma frequência que aparecem em textos chineses e Vietnamitas). Isso também explicaria a aparente ausência de numerais e de características sintáticas ocidentais assim como a dificuldade de interpretar as ilustrações. Outro fato a favor desta idéia são dois símbolos em vermelho na primeira página, que foram comparados com a forma que os Chineses escrevem os títulos de seus livros, esses símbolos lembram símbolos chineses que tenham sido invertidos e então copiados. Também a aparente divisão do ano em 360 graus, ao invés dos 365, e em grupos de 15 e se iniciando por Peixes são características do jie qi, o calendário agrícola Chinês.

 

Mas, como sempre acontece, parece que cada nova luz que se acende sobre a origem ou conteúdo do texto apenas ilumina um beco sem saída. Assim que essa ideia foi proposta, o manuscrito foi apresentado a muitos estudiosos orientais, inclusive à Academia de Ciências Chinesa, em Beijin, e nenhum deles foi capaz de encontrar nenhum exemplo claro e decisivo de simbolismo asiático, e nenhuma mostra de ciência asiática nas ilustrações, assim como nenhuma decifração satisfatória do texto.

 

Enquanto isso, muitas pessoas abraçaram esta idéia, língua natural disfarçada por um alfabeto criado, e começaram a trabalhar em possíveis traduções, um exemplo foi Zbigniew Banasik, da Polônia, que propôs que o Manuscrito Voynich teria sido escrito na língua Manchu e o autor teria usado um alfabeto original para isso. Em outubro de 2003 a Agência de Imprensa da Polônia divulgou um artigo sobre esta teoria, Banasik teria inclusive traduzido a primeira página do manuscrito usando seu método, por outro lado temos Jim Child, nas Estados Unidos, um linguísta especializado em linguagens Indo-Européias, que afirma que o manuscrito está escrito em uma antiga língua alemã.

por Obito


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