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A questão de entrar numa ordem é importante e assenta-se em alguns aspectos. O primeiro decorre da afiliação, que possui, por base, o que se conhece dela superficialmente, o que se soube a seu respeito, seja por amigos que já fazem parte dela, seja por leitura de prospectos, visita a páginas na internet e outros mais.
Infelizmente, muitas vezes a pessoa entra numa determinada ordem, certo de que é aquilo por que busca e, após freqüentar algumas sessões, percebe que nada daquilo se encaixa no seu perfil. Falta afinidade e/ou sintonia. Isto é fruto do conhecimento superficial a respeito da ordem no momento da afiliação. Neste caso, é melhor a pessoa deixar a ordem do que se tornar mais um elemento estranho no seu quadro, com passividade absoluta, sem nada a acrescentar e fazer todos perderem o seu tempo, além do próprio.
Por outro lado, se a afinidade e a sintonia permanecem, o mago vai se tornar participativo, de uma forma ou de outra. A egrégora da ordem vai nutrir e ser nutrida por ele. Ainda que problemas de ordem pessoal causem um afastamento provisório das atividades, ele sentirá falta do contato com a mesma e, assim que resolvê-los, voltará às atividades normais.
Desavenças pessoais podem acontecer, o que só serve para estorvar a todos, mesmo os que não se relacionam com o problema, já que “respinga”. A egolatria e a auto-ilusão fazem-se presente, se não houver um meio de eliminar a estupidez entre irmãos. Há também pessoas que usam a ordem exclusivamente para resolver os seus problemas pessoais, quando muitos destes problemas devem ser solucionados pela ação isolada de quem os possui, magicamente ou não. É o problema de cada um aceitar a responsabilidade pelos seus atos, sem delegá-los a terceiros.
A outra questão é a iniciação, que serve a dois propósitos, o primeiro verificar se a pessoa possui o discernimento e a mínima condição de prosseguir neste caminho, sem que haja problemas futuros para ela. No psicodrama do ritual, o maior perigo é o indivíduo e o personagem se confundirem. Alguém fraco e despreparado que continuamente assume, por exemplo, uma forma-deus, pode vir a ter um surto esquizofrênico. É o caso de “Pixote: A lei do mais fraco”. O rapaz que interpretou Pixote neste filme, gradativamente se transformou no próprio personagem e, muitos anos depois, já tendo abandonado o cinema, veio realmente a se tornar um bandido e morrer num tiroteio com a Polícia. Outro exemplo é o do ator húngaro Bela Lugosi, que encarnou, em alguns dos filmes anteriores, a diabólica personagem, tornou-se louco, julgando-se ele o próprio Drácula.
Por conseguinte, se a pessoa não se perde em algumas horas de iniciação, quando é colocada em contato com diversas camadas do seu ser, inclusive a própria sombra, fazendo com que aflore emoções de todo o tipo e, ainda assim, permanecendo inteira, porque sabe que há pessoas responsáveis ao lado, de uma ordem séria, é um bom sinal de que tal pessoa está apta a prosseguir.
A terceira questão da iniciação é vincular-se a pessoa à egrégora da ordem, de forma a nutrir e ser nutrido por ela. É uma comunhão. A pessoa “renasce”, é revestida pela egrégora. Para tanto, a afinidade e a sintonia, novamente citando, – se não for destruída por uma desilusão inicial quanto ao que o mago buscava -, só tenderá a crescer e fortalecer a egrégora, do mesmo modo que esta o fortalecerá. É uma troca
mútua, é um caso de amor.
Ao contrário, torna-se vampirismo psíquico ou para o mago, ou para a ordem. Se o mago entra apenas para sugar, ele é o vampiro; se é a ordem que pretende apenas sugar, ela é a vampira. Entrar numa ordem que trata o irmão como inferior, apenas pela questão do grau, que o torna servil, que não lhe permite livre expressão, significa entrar numa espécie de contramão da magia. Ainda existem alguns casos deste tipo.
Numa ordem de cunho satânico ou thelemico existe uma grande abertura, pois “o homem é o seu próprio deus”, daí serem raras imposições de qualquer tipo. A regra é “quando quiser e puder”.
Além disso, não há mais necessidade de afiliação a ordem alguma. Praticamente todos os segredos já estão revelados. Crowley abriu os segredos das ordens iniciáticas ao grande público.
Lord Ahriman
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