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Apetrechos mágicos – Panmagéia Infernal

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É capital conhecer o significado dos apetrechos mágicos. Realizar uma cerimônia sem conhecê-los é o mesmo que reger uma orquestra sem saber a função de cada instrumento.

 

Espada

A espada refere-se ao elemento ar. Ela corta o vazio em direção ao seu objetivo, assim como o raciocínio corta o problema rumo à sua solução. De fato, a espada foi a arma que exigiu mais destreza para se manejar, daí ser relacionada à inteligência. Originou-se, possivelmente da clava ou  da flecha, ambas também relacionadas aos atributos do ar. Há também a conexão entre o alento e a mente.

Num ritual, segundo LaVey,  “A espada é segurada pelo sacerdote e usada em direção ao símbolo de Baphomet durante a invocação de Satan. É também usada chamando os quatro Príncipes do Inferno. O sacerdote impele a ponta da espada em direção ao pergaminho contendo a mensagem ou pedido depois que ele tenha sido lido alto; é então usada para segurar o pergaminho enquanto introduzido na chama da vela. Enquanto escutar os pedidos dos outros participantes, e enquanto repetir o mesmo, o sacerdote coloca a espada no topo de suas cabeças (na tradicional fascinação dos cavaleiros).” De acordo com  Alan Richardson, “A qualidade da espada é que pode cortar através de obstáculos tão seguramente quanto a razão e a lógica podem cortar muitos problemas.”

A espada mágica corresponde às seis Sephiroth de Ruach, o seu punho deve ser feito de cobre. Segundo Crowley, “A lâmina é reta, pontiaguda e afiada até a guarda. É feita de aço, para ser equilibrada com o punho, pois o aço é o metal de Marte, tal como o cobre é o metal de Vênus.“ Na falta da espada apropriada, pode-se usar qualquer outra. Enquanto o pantáculo é o alimento da vida, a espada é quem o corta. É agressiva, pois mantém os inimigos afastados. Na sua falta, pode ser substituída pela adaga, bastão ou objeto similar.

Taça

A taça originou-se do caldeirão, onde as tribos pagãs cozinhavam os seus alimentos e praticavam artes mágicas. O Caldeirão da Inspiração era atributo da deusa druida Cerridwen, um símbolo pagão depois cristianizado na forma do Santo Graal e no cálice missal.

Cabalisticamente, refere-se à Binah, compreensão, e sua grande característica é a receptividade, servindo também para expressar as emoções. Daí a associação com o elemento água, fluido, instável, mas que toma a forma do recipiente que a contém. Lembra também a forma do seio ou da vagina, e seus três componentes lembram a Lua (crescente), o Sol (esfera) e o Fogo (cone), princípios ying, yang e kundalínico.

“No ritual satânico o cálice ou taça representa o Cálice do Êxtase. Idealmente, o cálice deveria ser feito de prata, mas se um cálice de prata não pode ser obtido, um feito de outro metal, vidro ou louça pode ser usado – qualquer coisa menos ouro”[6]. Na verdade, o ouro sempre foi relacionado às religiões divinas, mas esta é a taça da intoxicação, em que as flechas eram banhadas em peçonha, para depois serem atiradas contra os inimigos. “O cálice é para ser bebido primeiro pelo sacerdote, depois por um assistente. Em rituais privados a pessoa realizando o ritual bebe o cálice todo.”[7]

Normalmente é usado vinho, para relaxar e intensificar as emoções dos envolvidos na cerimônia, bem diferente de outros rituais em que se bebe para honrar um deus sacrificado. Na falta de vinho, serve qualquer bebida agradável e estimulante.

 

Roupa

Usa-se um manto negro, com capuz, no ritual satânico. Na sua falta, trajes em preto resolvem. Esta cor é usada por ser o símbolo dos poderes das trevas e se correlacionar com o sentido de proteção, de neutralidade. Dentro da noite, a pessoa está sempre oculta, ninguém a vê. Daí a proteção mágica contra influências perniciosas e perturbadoras, durante o ritual.

Por outro lado, as pessoas devem estar descalças, exceto se realmente não puderem. A razão é simples. O pé deve estar em contacto com o solo, a terra, Malkuth, onde a obra se realiza.

 

Altar

“O propósito de um altar é servir como um ponto focal em direção da qual toda a atenção é focalizada durante a cerimônia.”[8]

Diferentemente do que pensa a mídia, o Satanismo não sacrifica nenhum ser vivo no altar. Num ritual de destruição, o sacrifício é simbólico, diferentemente do que alguns cultos afros, como o Candoblé realizam.

De preferência o altar deve ser trapezoidal, pois opera perfeitamente tanto com ritos de indulgência, quanto de destruição. Simbolicamente seria o Alfa e o Ômega, teria o sentido do fogo, que purifica e cria, ao mesmo tempo que pode também destruir. O altar é o grande catalizador da vontade do mago.

LaVey afirma que “Satanismo é a religião da carne, antes do que do espírito; deste modo, um altar de carne é usado nas cerimônias satânicas. O propósito de um altar é servir como um ponto focal em direção da qual toda a atenção é direcionada durante a cerimônia. Uma mulher nua é usada como altar nos rituais satânicos porque mulher é o receptor passivo natural, e representa a mãe terra”. Contudo, nem sempre é possível dispor de uma mulher; sendo assim, trabalha-se com o disponível.

Sobre o altar também são colocados a maioria dos apetrechos mágicos usados no ritual. Situa-se na parede oeste da câmara de ritual, tendo, acima, o símbolo de Baphomet.

Símbolo de Baphomet

O símbolo de The Church of Satan (Fig. 2) apresenta o nome de Leviathan (identificado com Satan) invertido, através das letras hebraicas escritas nas pontas do pentagrama. Este é o símbolo que fica no altar satânico, posicionado no ponto cardeal Norte da câmara de ritual.

Originalmente, foi adorado pelos CavaleirosTemplários como uma divindade com cabeça de asno. Crowley associou o Baphomet a Set, Saturno e a Satan. Para LaVey “o pentagrama é invertido para acomodar perfeitamente  a cabeça da cabra – seus chifres, representando a dualidade, impelidos para a frente em desafio; os outros três pontos invertidos, ou a trindade negada. O Baphomet ainda representa os Poderes das Trevas combinados com a fertilidade procriadora da cabra”.

Nada impede, contudo, que outro sigilo seja criado, como um pantáculo que melhor reúna a idéia de Baphomet com a irmandade que realiza os rituais.

 

 Velas

LaVey ensina que “As velas usadas no ritual satânico representam a luz de Lúcifer – o transportador de luz, iluminação, a chama vivente, desejo devorador, e as Chamas do Inferno.” Há dois tipos de velas usadas no ritual satânico: as negras e a branca. Velas negras são para satisfazer os desejos e pode-se usar quantas quiser, a fim de que o ambiente seja iluminado. Contudo, apenas uma vela branca  deve ser situada no lado direito do altar, pois é o símbolo de toda a hipocrisia e barbárie das religiões divinas, por isso mesmo usada para as maldições.

Nenhuma outra luz deve ser usada, pois quebraria a naturalidade do clima mágico. Queima-se o pergaminho na vela adequada, conforme seja um ritual visando à consecução de uma bênção (negra) ou de uma maldição (branca).

 

Sino

“O efeito de fragmentação do sino é usado para marcar o início e o fim do ritual. O sacerdote toca o sino nove vezes, rodando em sentido antihorário e dirigindo as badaladas para os quatro pontos cardeais do recinto. Isto é feito uma vez no início do ritual para limpar e purificar o ar de todos os ruídos externos, e uma vez mais no final como um indicação de finalidade poluidora. A qualidade do tom do sino usado deverá ser alta e penetrante, preferivelmente a baixo e tinido (LaVey).”

Na verdade, a badalada inicia e termina no altar, passando pela quatro paredes da câmara ritual, onde se posicionam os arquétipos infernais. Ao todo nove badaladas, pois este é o número do ego. Repare que qualquer número inteiro multiplicado por nove resulta outro, cuja soma dos algarismos retorna nove.

Qualquer caminhada na câmara ritual deve ser sempre efetuada no sentido anti-horário, para acabar com o ranço do velho aeon. No início do ritual, o objetivo do sino é idêntico ao de qualquer doutrina religiosa, já que o sino serve para purificar o ambiente de qualquer manifestação externa, como possíveis larvas astrais. No fim do ritual, o objetivo é totalmente diferente, ou seja, poluidor, pois é através da energia “negra” que o objetivo será consumado.

 

Gongo

O uso do gongo é para chamar as forças das trevas, sendo usado depois de pronunciado “Hail Satan”. Ele é necessário apenas para rituais em grupo, sendo preferível um congo de concerto. Como nem sempre é fácil obter um congo, o seu som pode ser gravado numa fita-cassete, a fim de suprir a sua falta, sendo acionado pelo assistente do sacerdote. Pessoalmente, não me utilizo de um congo, pois considero também os sinos, além da sua característica purificadora, também um sinal de chamada.

 

 Falo

Este é um dos símbolos pagãos que foi vergonhosamente copiado pela igreja cristã, tomando a forma de aspergidor de água benta. Ele é o símbolo da fertilidade. Como o congo, também só é necessário em rituais grupais. Como é difícil obter um falo numa loja de artigos exotéricos, pode ser usado até o que se vende em lojas de artigos eróticos.

 

Pergaminho

A tradição mágica do pergaminho remonta à Antigüidade. O ideal seria o uso de uma ovelha que fosse morta para alimento (nunca com o propósito direto de usar a pele no ritual). Contudo, é difícil conseguir. Uma substituição razoável é o papel plano, que pode ter as suas bordas ligeiramente queimadas para energizar o papel. Outra alternativa é comprar os pergaminhos. Na web, há algumas páginas satânicas que vendem apetrechos para rituais.

No pergaminho são feitos os pedidos escritos, lidos alto pelo sacerdote, queimados pela chama da vela adequada e enviados ao éter. Os pedidos referentes à luxúria e às bênçãos são colocados sobre o altar, à esquerda; os referentes às maldições, à direita. Os pedidos também podem ser verbais, mas a partir do momento em que a própria pessoa coloca o desejo no pergaminho, já começa a se manifestar um passo rumo à realização do mesmo.

 

Pantáculo

Inicialmente, o pantáculo “era um pedaço de madeira para raspar a superfície da terra, como uma pá primitiva, para a plantação da semente. Era o seguro e a proteção”, de acordo com Gray.

O pantáculo deve ser uma extensão do ego, como um escudo mágico de proteção. O seu elemento é a terra, e contém todos os outros elementos. Ele deve ser o mais completo possível: para a sua confecção, aconselha-se o estudo do 777 de Aleister Crowley, uma vez que esta obra possui uma tábua de correspondência de inúmeros aspectos mágicos, inclusive com a respectiva explicação e significado de cada um.

Um exemplo de pantáculo foi o criado pelo autor, na época da extinta Igreja de Lúcifer, como se vê a seguir.

 

 

Confecção de pantáculo

Antes de confeccionar um pantáculo, é necessário saber qual o objetivo mágico que se tem em vista. Por exemplo, se é o estudo das ciências ocultas, pode-se relacionar, através da tábua do 777, com o deus egípcio Thoth, planeta Mercúrio, cor amarela etc., através das correspondências. Então, você o cria, mas depois vai consagrar na hora mágica apropriada. No heptagrama (fig. 4) abaixo, há um esquema para a contagem das horas mágicas.

 

 

 

Neste sentido ->

Segunda-feira – LUA

Terça-feira – MARTE

Quarta-feira – MERCÚRIO

Quinta-feira – JÚPITER

Sexta-feira – VÊNUS

Sábado – SATURNO

Domingo – SOL

Método de contagem

A primeira hora mágica do dia coincide com o planeta que o rege. Para contar as demais, basta seguir a orientação do heptagrama acima. Por exemplo, a primeira hora mágica de quarta-feira é Mercúrio, da segunda-feira é a Lua, e assim por diante.

Contudo, as horas mágicas devem ser contadas a partir do nascer do sol até o pôr do sol (e as da noite de modo similar), sendo divididas por 12. Neste caso, uma hora mágica nem sempre coincide com a hora normal.

Exemplo

Vamos supor que o dia nasça às 5h40min e se ponha às  19h04min. Para efetuar a subtração, de forma a saber quanto  tempo o dia durou, o primeiro passo é entender que 1h = 60min. Como não podemos subtrair aritmeticamente o maior do menor, vejamos como adaptar a subtração:

 

19h   04min                          18h  64min

-5h    40min                          -5h  40min

13h  24min

Como se vê, tomamos 1h das 19h e convertemos em minutos, acrescentando aos 4min já existentes, de forma a dar 64min, agora sim passível de ser subtraído pelos 40min de baixo. Resta agora a divisão por 12.

Divide-se primeiro as horas, se sobrar resto, basta converter para minuto, multiplicando por 60 e acrescentando aos minutos já existentes.

13h24min : 12  = 1h 7min

1) 13h : 12 = 1h

Resto: 1h X 60 = 60min

2)    24 + 60 = 84min

84min : 12 = 7min

Resto: 0

Assim, para o dia que nasce às 5h40min e se põe às 19h4min, a hora mágica é de 1h7min.

Se sobrasse resto e quisesse continuar a divisão, poderia passar para segundo, mas, se tratando de hora mágica, os minutos já dão uma grande precisão, e o último resto poderia ser descartado (o resto dos minutos).

 

Outros apetrechos mágicos

Outros apetrechos mágicos, como incenso e música de fundo podem também ser usados ao gosto do mago. O autor cita estes dois, porque servem para sintonizar o ambiente, criando uma atmosfera especial. Pessoalmente, uso também uma vela vermelha, ao lado das negras no altar, porque tal vela é relacionada com o sangue, importante na arte do vampirismo.

Lord Ahriman


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