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O princípio de que a Bíblia10 é um livro revelado significa que deve ser a absoluta expressão da verdade divina. Tal não ocorre. É repleta de absurdos. Na impossibilidade de citar todos, o Autor comenta os mais grosseiros, evitando os que foram notoriamente erros da gráfica que os imprimiu. Para tanto, foi comparada a tradução em posse dele com a de outras editoras.
Logo em Gênesis 1:29, há o seguinte: “Tenho- vos dado todas as ervas que produzem semente, e se acham sobre a face de toda a terra, bem como todas as árvores em que há fruto que dá semente. Ser-vos-ão para mantimento.” Esta idéia dá a entender que a pessoa pode comer qualquer planta, e aí se inclui as venenosas.
Depois, em Gênesis 6:7, “Disse o Senhor: Destruirei de sobre a face da terra o homem que criei, tanto o homem como o animal, os répteis e as aves do céu; pois me arrependo de os haver feito.” Tal intenção assenta-se na postura de todos pagarem pelos erros de alguns. Que tipo de justiça é esta que não poupa nem as crianças inocentes? Além disso, que culpa possuem os animais e as plantas?
Em Gênesis 8:20, há vários sacrifícios: “Então edificou Noé um altar ao Senhor, e, tomando de todos os animais limpos, e de todas as aves limpas, ofereceu holocaustos sobre o altar.” Em primeiro lugar, esta história de animal “limpo” é absurda, caso contrário os “sujos” não teriam entrado na arca. Em segundo lugar, deve ter criado a extinção das espécies “limpas”, já que, “tomando de todos os animais limpos”, os sacrificou no altar. Em terceiro lugar, a referência à destruição total de animais e plantas, em Gênesis 6:7, impediria os animais sobreviventes da arca de se alimentarem em terra, após o desembarque. Em quarto, o rito de sacrifício animal é incondizente com a imagem cristã de um deus de suprema bondade e justiça. Justamente é o contrário, porque em Gênesis 8:21, “O Senhor sentiu o suave cheiro” da carne e promete não amaldiçoar mais o homem. Ou, seja, Deus se compraz através do sacrifício de um ser vivo, ainda que animal.
Um dos maiores absurdos encontra-se em Gênesis 30:37-43, quando Jacó “Então pôs as varas, que tinha descascado, em frente aos rebanhos, nos canais de água e nos bebedouros, onde os rebanhos bebiam; e conceberam quando vinham beber. E concebiam os rebanhos diante das varas, e as ovelhas davam crias listradas, salpicadas e malhadas”. Por conseguinte altera a estrutura genética do gado, através da presença de simples varas. Só faltou criar também a mula sem cabeça.
Gênesis 38:27-29 diz que “Estando ela para dar à luz, havia gêmeos em seu ventre. Dando ela à luz, um pôs fora a mão, e a parteira tomou um fio escarlate o atou em sua mão, dizendo: Este saiu primeiro. Mas, recolhendo ele a mão, e saindo o outro, ela disse: Como tens tu rompido! E lhe chamaram Perez. Depois saiu o seu irmão, em cuja mão estava o fio escarlate, e foi chamado Zerá”. No mínimo, os gêmeos devem ter disputado a saída do ventre, já que um coloca a mão para fora, mas em seguida é o outro quem acaba saindo. O bebê ainda não nascido deve ter segurado firme o fio escarlate, já que a parteira o descobriu na sua mão.
Outro grande absurdo está em Êxodus 12:29- 30: “À meia-noite o Senhor feriu a todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito do Faraó, que se encontrava no trono, até o primogênito do cativo que estava no cárcere, e todos os primogênitos dos animais. Levantou-se o Faraó de noite, ele e todos os seus oficiais, e havia grande clamor no Egito, pois não havia casa em que não houvesse um morto.” O Egito inteiro pagou pelo erro do Faraó, o que, por si, já revela uma enorme injustiça. Contudo, é impossível que em todas as casas do Egito houvesse um bebê primogênito.
O Autor deixa de transcrever o inteiro teor de Números 22:22-30, por ser demasiado longo, mas numa rápida verificação por parte do leitor, será facílimo notar que uma jumenta vê o anjo do Senhor e fala com Balaão na língua humana, o que revela a esquizofrenia de quem escreveu tal texto.
A lei do levirato em Deuteronômio 25:5-9 obriga o irmão a gerar um filho na própria cunhada, sob pena de ser cuspido em público por ela e “sua casa ser chamada em Israel de a casa da desolação”, o que vai contra a liberdade sexual do indivíduo. Ninguém deveria ser forçado a manter relações com quem não quer, mas a Bíblia não pensa assim.
Juízes 20:16 revela que “Entre todo esse povo havia setecentos homens escolhidos, canhotos, os quais atiravam com a funda uma pedra num cabelo, e não erravam”, o que se trata, evidente, de outra sandice, pois tal feito vai contra todas as leis da estatística e da probabilidade. Reis I 6: 2 afirma que “A casa que o rei Salomão edificou ao Senhor era de sessenta côvados11 de comprimento, vinte de largura e trinta de altura”, o que concorda com Crônicas II 3:3.
Então, o templo não era demasiadamente grande. Entrementes, em Reis I 5:15-16 aparecem 1533000 pessoas colaborando na sua construção, o que é um número estapafúrdio. Além disso, a obra teria levado 7 anos, conforme apontado em Reis I 6:38, quando o enorme número de pessoas envolvidas na sua consecução fá-la-ia terminar bem rápido. Por outro lado, em Crônicas I 23:5, aparecem 4000 porteiros, outro número incrível para se tomar conta de um templo, além de 6000 oficiais e juízes, que não existe nem no município como o Rio de Janeiro, na época atual.
Quando Elias esconde-se junto ao ribeiro de Querite, conforme Reis I 2:6, Deus provê o sustento dele desta forma: “Os corvos lhe traziam pão e carne pela manhã, como também pão e carne ao anoitecer, e bebia do ribeiro.” No mínimo, está explicada aí a origem do pombo- correio.
Reis II 6:5-7 assere que “Enquanto um deles estava derrubando um tronco, o ferro do machado caiu na água. Clamou ele: Ai! Meu senhor! Era emprestado. Perguntou o homem de Deus: Onde caiu? Mostrando ele o lugar, Eliseu cortou um pau, lançou-o ali, e fez flutuar o ferro”, o que significa que o ferro saiu nadando. Segundo Crônicas II 7:5, 8-9, Salomão sacrificou ao Senhor 22000 bois e 120000 ovelhas, no curto espaço de uma semana, o que daria 20285 animais por dia, 845 por hora e 14 por minuto, o tempo todo sem parar.
Está em Crônicas II 13:3, que “Abias ordenou a peleja com um exército de homens valentes, quatrocentos mil homens escolhidos, e Jeroboão dispôs contra ele a batalha com oitocentos mil homens escolhidos, todos homens valentes.” Este quantitativo daria praticamente a população inteira de Rondônia, conforme o senso de 1998. O caro leitor já imaginou uma batalha com 1200000 soldados?
A seguir, em 13:17, Abias realiza a matança de 500000 israelitas, maior do que a população do Acre. Nem na Segunda Guerra Mundial morreu tanta gente numa única batalha. O lançamento da bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki rendeu 120000 mortos, se somadas as duas cidades.
Um dos piores absurdos bíblicos, que, além de mandar Copérnico para a fogueira como herege, quase impediu as grandes navegações do século XV-XVI, é justamente o que Mateus 4:8 nos conta, na terceira tentação de Jesus, quando “Levou-o novamente o Diabo a um monte muito alto, e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu explendor”, que se tornou a prova bíblica de que a terra é plana, caso contrário seria impossível mostrar os reinos do outro lado do planeta.
Mateus 27:52-3 informa que “Abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos, que dormiam, ressurgiram. E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos”, o que dispensa maiores comentários por tamanha estultice.
Em Marcos 11:12-14, 20-21, Jesus amaldiçoa uma figueira pelo simples fato de estar sem frutos, como se ela tivesse obrigação de fornecê-los fora da sua estação. Ainda em Marcos 16:17-18, quem crer e for batizado pode expulsar demônios, falar novas línguas, pegar em serpentes e beber veneno sem problema algum.
João 12:34 prega que “A multidão respondeu: Nós temos ouvida da lei que o Cristo permanecerá para sempre, como dizes tu que o Filho do homem seja levantado? Quem é esse Filho do homem?”. São trinta palavras ao todo, será que a multidão ensaiou a pergunta antes de fazê-la?
Por Timóteo 5:09-11, “Não seja inscrita viúva com menos de sessenta anos, apenas a que tenha sido mulher de um só marido, recomendada pelo testemunho de boas obras, se criou filhos, se exercitou hospitalidade”. O que revela dois absurdos: a) a mulher, quando mais nova (5:11-12), deveria ser fiel ao seu marido mesmo depois de morto; b) a mulher deveria provar a sua condição de viúva, quando a dita condição decorre de um fato natural, que é o falecimento do seu marido, e não por simples dogmas religiosos.
Timóteo 6:10 afirma que “O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”, enquanto a Igreja constituiu um dos maiores patrimônios seculares de todos os tempos. Na verdade, se o dinheiro não evita males, como as doenças, serve muito bem para levar a um melhor tratamento e recuperar a saúde da melhor forma possível, quando a ausência dele só serve para levar a pessoa a morrer na fila de um dos hospitais públicos que imperam por aí. Na verdade, o dinheiro não traz felicidade, manda trazê-la. Com dinheiro, a pessoa obtém as melhores coisas da vida.
Finalmente, Hebreus 7:1-3 descreve a natureza do sacerdote Melquisedeque, rei de Salém: “Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio, nem fim de vida”. Então ele deve estar por aí em algum lugar, já que não morreu.
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