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Primeiro Bardo: O Período da Ego-Perda ou do Êxtase de Não-Jogos (Chikhai Bardo) – A Experiência Psicodélica

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Parte I: A Serena Luz Primária Vista no Momento da Ego-perda.

 

Todos os indivíduos que tenham recebido os ensinamentos práticos deste manual serão postos, se o texto for lembrado, face a face com a irradiação extática e receberão a iluminação instantaneamente, sem entrar em lutas alucinógenas e sem mais sofrer na antiga trilha da evolução normal que atravessa os vários mundos do jogo existência.

 

Esta doutrina é a base de todo o modelo tibetano. Fé é o primeiro passo na “Trilha Secreta”. Então vem a iluminação e com ela a certeza; é quando o objetivo é alcançado. O sucesso implica uma preparação muito incomum na expansão da consciência, e do mesmo modo muita calma, e o jogar o jogo compassivo (bom carma) da parte do participante. Se pode-se fazer o participante ver e apreender a idéia da mente vazio tão logo o guia a revela – isto é, se ele tem  o poder para morrer conscientemente – e, se no supremo instante de perder o ego, puder reconhecer o êxtase que o tomará, então, e se tornar uno com ele, todos os vínculos ilusórios de jogos se quebrarão imediatamente: o sonhador acorda para a realidade simultaneamente com a poderosa conquista do reconhecimento.

 

É melhor se o guru (professor espiritual), de quem o participante recebe as instruções, estiver presente, mas se o guru não puder estar presente, deve haver outra pessoa experiente; se o último caos também não for possível, então uma pessoa em quem o participante confie deve ser capaz de ler este manual sem impor quaisquer se seus próprios jogos. Assim, o participante trará à mente o que ele ouviu precisamente a respeito da experiência e virá a reconhecer pela primeira vez a Luz fundamental e indubitavelmente obterá a libertação.

 

Libertação é o sistema nervoso destituído de atividade mental-conceitual. [Realização do Vazio, do Não-Tornado, do Não-Nascido, do Não-Formado, implica o estado do Buda, o Perfeito Esclarecimento – o estado da mente divina do Buda. Pode ser de ajuda lembrar-se de que esta antiga doutrina não está em conflito com a física moderna. O teórico físico e cosmologista George Gamow apresentou em 1950 um ponto de vista próximo da experiência fenomenológica descrita pelos lamas tibetanos.

 

“Se imaginamos a história correndo de volta no tempo, inevitavelmente chegamos à época do ‘big squeeze’ com todas as galáxias, estrelas, átomos e núcleos atômicos espremidos, por assim dizer, ao tamanho de um caroço. Durante este estágio primitivo da evolução, a matéria deve Ter estado dissociada em seus componentes elementares (…) Chamamos esta mistura primordial de ‘ylem’.”

 

Neste primeiro ponto na evolução do ciclo atual, de acordo com este físico de primeira linha, existia apenas o Não-Tornado, o Não-Nascido, o Não-Formado. E este, de acordo com os astrofísicos, é o modo como a coisa acaba; a unidade silenciosa do Não-Formado. Os budistas tibetanos sugerem que o intelecto ordenado pode experimentar o que os astrofísicos confirmam. O Buda Vainochana, o Dhyani Buda do Centro, Manifestador de Fenômenos, é a mais alta forma de chegar ao esclarecimento. Como fonte de toda a vida orgânica, nele todas as coisas visíveis e invisíveis têm sua consumação e absorção. Ele é associado ao Reino Central do Densamente-Condensado, isto é, a semente de todas as forças universais e as coisas estão condensadas juntas, densamente. Esta notável convergência da astrofísica moderna e do antigo lamaísmo não requer nenhuma explicação complicada. A consciência cosmológica – e consciência de todo processo natural – está lá no córtex. Você pode confirmar este conhecimento místico pré-conceitual através da observação empírica e meditação, mas está tudo lá no seu crânio. Seus neurônios “sabem” porque estão ligados diretamente ao processo, são parte dele.] a mente em seu estado condicionado, isto é, quando limitada a palavras e jogos do ego, está continuamente em atividade de formação de pensamento. O sistema nervoso em estado de quietude, alerta, acordado mas não ativo, é comparável ao que os budistas chamam de o mais elevado estado de dhyana (meditação profunda) quando ainda unida ao corpo humano. O reconhecimento consciente da serena Luz induz a uma condição consciência extática como o que os místicos e santos do Ocidente chamavam de iluminação.

 

O primeiro sinal é o vislumbre da “Serena Luz da Realidade”, “a mente infalível do estado místico puro”. Isto é a consciência das transformações energéticas sem a imposição de categorias mentais.

 

A duração deste estado varia para cada indivíduo. Depende da experiência, da segurança, confiança, preparação e dos elementos exteriores em torno do participante. Naqueles que já tenham tido uma pequena experiência prática do tranqüilo estado de consciência de não-jogos, e naqueles que tenham scripts felizes, este estado pode durar de trinta minutos até várias horas.

 

Neste estado, a realização do que os místicos chamam de “Verdade Final” é possível, desde que tenham sido providenciada anteriormente a preparação necessária pela pessoa, de outro modo, ela não poderá se beneficiar agora, e deverá vagar por estados alucinatórios cada vez mais profundos, determinados pelos seus jogos passados, até voltar à realidade rotineira.

 

É importante lembrar que o processo de expansão da consciência é o reverso do processo do nascimento, sendo o nascimento o início da vida de scripts e a experiência de ego-perda sendo uma cessação temporária da vida de scripts. Mas em ambos há uma passagem de um estado de consciência para outro. E assim como uma criança precisa acordar e apreendera experência da natureza deste mundo, da mesma forma uma pessoas no momento da expansão da consciência precisa acordar para este novo mundo brilhante e tornar familiares suas tão peculiares condições.

 

Naqueles grandemente dependentes de seus jogos do ego[6], e que temem abandonar o controle, o estado iluminado dura tão somente o tempo de estalar um dedo. Em alguns, ele pode durar o tempo de tomar um lanche ou almoçar ou coisa que o valha.

 

Se o indivíduo estiver preparado para diagnosticar os sintomas da ego-perda, ele não precisará de nenhuma ajuda externa neste ponto. A pessoa prestes a abandonar o ego deve ser capaz não apenas de diagnosticar os sintomas assim que eles vierem como também de reconhecer a Serena Luz sem que outra pessoa ajude a identificá-la. Se a pessoa falhar em reconhecer e aceitar o início da ego-perda, ela pode queixar-se de estranhos sintomas corporais. Isto indica que ela não alcançou o estado de libertação. Então o guia ou amigo deve explicar os sintomas como indicadores do início da ego-perda.

 

Eis uma lista das sensações físicas comumente relatadas: 1. Pressão corporal, que os tibetanos chamam de terra-se-desfazendo-em-água; 2. Frio úmido, seguido por calor febril, o que os tibetanos chamam de água-se-desfazendo-em-fogo; 3. Desintegração do corpo ou a sua dispersão em átomos, chamada fogo-se-desfazendo-em-ar; 4. Pressão na cabeça e nos ouvidos, que os americanos chamam de foguete-sendo-lançado-ao-espaço; 5. Formigamento nas extremidades; 6. Sensação de como se o corpo estivesse derretendo ou escorrendo como cera; 7. Náusea; 8. Tremor, começando na região pélvica e se espalhando para o tronco.

 

As reações físicas devem ser reconhecidas como sinais indicativos da transcendência. Evite tratá-las como sintomas de doença, aceite-as, una-se a elas, aproveite-as.

 

Uma leve náusea ocorre freqüentemente com a ingestão de “morning glory” ou peiote, raramente com mescalina, e ainda com menor freqüência com LSD e pscilocibina. Se o sujeito experimentar sensações estomacais, elas devem ser saudadas como um sinal de que a consciência está se movendo pelo corpo. Os sintomas são mentais; a mente controla as sensações, e o indivíduo deve unir-se à sensação, experienciá-la totalmente, aproveitá-la e, tendo a aproveitado, deve deixar a consciência fluir para a próxima fase. É mais comum deixar que a consciência fique no corpo – a atenção do indivíduo pode mover-se do estômago para a respiração, as batidas do coração. Se isto não livrá-lo da náusea, o guia deve guiar a consciência para eventos externos – música, uma caminhada no jardim etc.

 

O aparecimento de sintomas físicos da ego-perda, reconhecida e entendida, deve resultar na conquista tranqüila da iluminação. Se a aceitação extática não ocorrer (ou quando o período de silêncio tranqüilo parecer estar terminando), as seções de instruções relevantes podem ser sussurradas ao ouvido. É freqüentemente útil repeti-las, claramente, incutindo-as à pessoa para evitar que sua mente fique vagando por aí. Um outro método de guiar a experiência com um mínimo de atividade é ter as instruções previamente gravadas na voz do próprio sujeito. Isto recordará ao viajante sua preparação prévia; fará com que a consciência nua seja reconhecida como a “Serena Luz do Início”; vai lembrar ao indivíduo sua união com o estado de perfeito esclarecimento e ajudá-lo a mantê-lo.

 

Quando, experimentada a ego-perda, se estiver familiarizado(a) com este estado, em virtude da experiência e preparação prévias, a Roda do renascimento (isto é, todos os jogos) parará, e a libertação será alcançada imediatamente. Mas tal eficiência espiritual é raríssima, e a condição mental normal da pessoa é inadequada à suprema façanha de manter-se no estado em que brilha a Serena Luz, e aí vai descendo progressivamente a estados cada vez mais baixos da existência Bardo, até o renascimento. A comparação com uma agulha equilibrada sobre uma linha é usada pelos lamas para explicar esta condição. Enquanto a agulha mantêm o equilíbrio, ela permanece sobre a linha. Mas por fim a lei da gravidade (o puxão do ego ou de uma simulação exterior) a afeta, e ela cai. No reino da Serena Luz, da mesma forma, a mentalidade de uma pessoa no estado de transcendência do ego momentaneamente desfruta da condição de estabilidade, de perfeito equilíbrio e de unidade. Sem estar familiarizada com este estado, que é um estado extático de não-ego, a consciência do ser humano médio carece da capacidade de funcionar nele. Propensões cármicas (isto é, propensões a jogos/scripts) envolvem o princípio-da-consciência com idéias de personalidade, do ser individualizado, do dualismo. Assim, perdendo o equilíbrio, a consciência cai para fora da Serena Luz. São os processos do pensamento que impedem a realização do Nirvana (que é a “extinção da chama” do desejo egoísta de jogos); e então a Roda da vida continua girando.

 

Todas ou algumas das passagens apropriadas nas instruções podem ser lidas ao viajante durante o período de espera até que a droga faça efeito, e quando os primeiros sinais da ego-perda aparecerem. Quando o viajante estiver claramente num êxtase de transcendência do ego, o guia sábio permanecerá em silêncio.

 

Parte II: A Serena Luz Secundária Vista Imediatamente Após A Ego-perda

 

A seção anterior descreve como a Serena Luz pode ser reconhecida e mantida a libertação. Mas se tornar-se aparente que a Serena Luz Primária não está sendo reconhecida, então pode-se assumir certamente que está principiando o que é chamado a fase da Serena Luz Secundária. O primeiro lampejo da experiência usualmente produz um estado de êxtase da maior intensidade. Toda célula do corpo é sentida como sendo envolta em criatividade orgástica.

 

Pode ser de ajuda descrever em maiores detalhes alguns dos fenômenos que geralmente acompanham o momento da ego-perda. Um deles pode ser chamado de “fluxo de ondas de energia”. O indivíduo torna-se consciente de que é parte de um campo de energia carregado, e de que está cercado por ele, que parece quase elétrico. Para prolongar o estado de ego-perda tanto quanto possível, a pessoa preparada relaxará e permitirá que as forças fluam através dela. Há dois perigos a evitar: a tentativa de controlar ou racionalizar esse fluxo. Ambas as reações são indicativas da atividade do ego e então a transcendência do bardo se perde.

 

O segundo fenômeno pode ser chamado de “fluxo vital biológico”. Aqui a pessoa torna-se consciente dos processos bioquímicos e fisiológicos, da atividade rítmica pulsante no interior do corpo. Freqüentemente isto pode ser sentido como poderosos motores ou geradores continuamente pulsando e irradiando energia. Um fluxo interminável de formas celulares e cores passa como raios. Os processos biológicos interiores podem também ser ouvidos com chiados e barulhos de crepitação e trituração característicos. Novamente a pessoa deve resistir à tentação de rotular e controlar esses processos. Nesse ponto você está ligado(a) a áreas do sistema nervoso que são inacessíveis à percepção rotineira. Você não pode arrastar seu ego para dentro dos processos moleculares da vida. Esses processos são um bilhão de anos mais velhos que a mente conceitual erudita.

 

Uma outra fase típica e mais compensadora do Primeiro bardo envolve o movimento de energia extática sentido na espinha. A base da espinha parece estar derretendo ou pegando fogo. Se a pessoa puder manter-se calma e concentrada, a energia será sentida como se fluísse para cima. Os adeptos do tantra devotam décadas de mediação concentrada para liberar essa energia extática que chamam de Kundalini, a Força da Serpente. Permite-se que as energias subam através de vários centros ganglionares (chakras) até o cérebro, onde são sentidas como um ardor no fundo do crânio. Essas sensações não são desagradáveis para a pessoa preparada mas, pelo contrário, são acompanhadas pelos mais intensos sentimentos de alegria e iluminação. Indivíduos mal-preparados podem interpretar a experiência em termos patológicos e tentar controlá-la, normalmente com resultados desagradáveis. [O professor R. C. Zaehner, que como estudante oriental e “expert” em misticismo deve saber mais sobre o assunto, publicou um relato sobre como esta experiência de primeira classe pode ser perdida e distorcida com queixumes hipocondríacos pelos não-educados.

 

“(…) senti algo curioso no meu corpo, que me fez lembrar do que o Sr. Custance descreve como um ‘formigamento na base da espinha’, que, de acordo com ele, geralmente precede um ataque psicótico. Foi bem assim. Na Broad Walk esta sensação ocorreu de novo e de novo até que o clímax da experiência foi alcançado (…) Eu não gostei dela, absolutamente.” (R. C. Zaehner: Misticism, Sacred and Profane. Oxford University Press, 1957, p. 214).]

 

Se os indivíduos falham em reconhecer o fluxo corrente dos fenômenos do Primeiro Bardo, a libertação do ego é perdida. A pessoa se vê retornando às atividades mentais. Nesse ponto ela deveria tentar se lembrar das instruções ou ser lembrada delas, e um segundo contato com esses processos poderia ser feito.

 

O segundo estágio é menos intenso. Uma bola quicando alcança a maior altura no primeiro salto; o segundo quique é menor, e assim vai até que a bola volte ao repouso. A consciência na ego-perda é similar a isto. Seu primeiro salto espiritual, ao deixar o corpo-ego, é o mais alto; o próximo é mais baixo. Então a força do carma (isto é, dos jogos passados), se ergue e diferentes formas de realidades exteriores são experimentadas. Finalmente, a força do carma tendo se esgotado, a consciência retorna ao “normal”. As rotinas são retomadas e assim ocorre o renascimento.

 

O primeiro êxtase normalmente termina com um flashback momentâneo para a condição do ego. Este retorno pode ser feliz ou triste, cheio de amor ou de suspeitas, de medo ou de coragem, dependendo da personalidade, da preparação e do cenário.

 

Este flashback do ego-jogo é acompanhado por uma preocupação com a identidade. “Quem sou eu agora? Estou morto(a) ou não-morto(a)? O que está a acontecer?” Você não consegue determinar. Vê o que o cerca e a seus como costumava fazer antes. Há uma sensitividade penetrante. Mas você está em outro nível. A compreensão do seu ego não é mais tão segura quanto antes.

 

As alucinações e visões cármicas ainda não começaram. Nem as aparições atemorizantes nem as visões paradisíacas começaram ainda. Este é um período mais prenhe e sensitivo. O saldo da experiência pode ser levado para um lado ou para outro dependendo da preparação e do clima emocional.

 

Se você tem experiência na alteração da consciência ou se é uma pessoa naturalmente introvertida, lembre-se da situação e do plano. Fique calmo(a) e deixe que a experiência o(a) leve aonde ela quiser. Você provavelmente experienciará o êxtase da iluminação; ou pode derivar em esclarecimentos estéticos, filosóficos ou interpessoais. Não segure: deixe o rio levá-lo(a).

 

A pessoa experiente está normalmente além da dependência do cenário. Ela pode desligar-se da pressão exterior e retornar à iluminação. Uma pessoa extrovertida, dependente de jogos sociais e situações exteriores pode, no entanto, ficar prazerosamente distraída (cores, sons, pessoas). Se você antecipar a distração do extrovertido e quiser manter um estado de êxtase de não-jogos, então lembre-se de seguir as seguintes instruções: não se distraia, tente se concentrar numa personalidade contemplativa ideal, por exemplo o Buda, Cristo, Sócrates, Ramakrishna, Einstein, Hermann Hesse ou Lao Tsé: siga o seu modelo como se ele fosse um ser com um corpo físico esperando por você. Junte-se a ele.

 

Se não obtiver sucesso com isso, não se aflija nem pense nisso. Talvez você não tenha um ideal místico ou transcendental. Isto significa que seus limites conceituais estão dentro de jogos exteriores. Agora que você sabe o que é a experiência mística, pode se preparar para a próxima vez. Você perdeu o fluxo livre-de-conteúdo e agora deve estar pronto(a) para mergulhar na excitante confrontação com a realidade externa. No Segundo bardo você pode experienciar profundamente as revelações de jogos.

 

Acabamos de antecipar as reações do naturalmente misticamente introvertido, da pessoa experiente e do extrovertido. Agora vamos nos voltar para o novato que demonstra confusão no estágio inicial da seqüência. O melhor procedimento é sinalizar confiança e mais nada. Teremos lido este manual e teremos alguma orientação. Deixe-o(a) em paz e ele(a) provavelmente mergulhará em seu pânico e o dominará. Se ele(a) indicar que deseja orientação, repita as instruções. Diga a ele(a) o que está acontecendo. Lembre-o da fase do processo em que ele(a) está. Inste-o a relaxar a luta do seu ego e a voltar ao contato com a Serena Luz.

 

Preparação e orientação deste tipo permitirão a muitos alcançar o estado iluminado, que não seria de outra forma por eles reconhecido.

 

Neste ponto, é necessário dar uma palavra como um alerta benigno. Ler este manual é extremamente útil, mas nenhuma palavra é capaz de comunicar a experiência. Você ficará surpreendido(a), espantado(a) e deliciado(a). Uma pessoa pode Ter ouvido uma descrição detalhada da arte de nadar e ainda assim nunca Ter tido a oportunidade de nadar. Igualmente, há aqueles que tentaram aprender a teoria da experiência da ego-perda, e nunca a aplicaram. Eles não conseguem manter intacta a continuidade da consciência, ficam desnorteados com a mudança de condição; falham em manter o êxtase místico; falham em tirar vantagem da oportunidade a não ser com a ajuda e a direção de um guia. Mesmo com tudo o que um guia pode fazer, eles ordinariamente, devido ao carma ruim (heavy ego games), falham em reconhecer a libertação. Mas isto não é motivo para preocupações. Nas pior das hipóteses, eles flutuam de volta à praia. Ninguém se afogou, e a maioria dos que fizeram a viagem ficaram ansiosos para repeti-la.

 

Mesmo aqueles que já se familiarizaram com os mapas e já tiveram previamente uma experiência de iluminação podem se achar em cenários nos quais o comportamento marcado por jogos intensos (heavy games) da parte dos outros os forcem ao contato com a realidade externa. Se isso acontecer, lembre-se das instruções. A pessoa que domina esse princípio pode bloquear o exterior. Quem dominou o controle da consciência fica independente do cenário.

 

Novamente há aqueles que, embora tenham tido sucesso anteriormente, podem Ter trazido consigo à sessão ego-jogos. Podem querer fazer com que alguém mais tenha um tipo particular de experiência. Podem estar atrás de algum objetivo próprio. Podem estar nutrindo sentimentos negativos, competitivos em relação a alguém do grupo. Se isso acontecer, lembre-se das instruções. Lembre-se da unidade de todos os seres. Desfaça-se de sua programação egoísta e flutue de volta à radiante beatitude do em-unicidade.

 

Se você alcançar a Serena Luz imediatamente e mantê-la, chuchu beleza! Mas se não, se você flutuou de volta às preocupações da realidade, lembrando-se destas instruções você deve ser capaz de recuperar o que os tibetanos chamam de Serena Luz Secundária.

 

Enquanto neste nível secundário, um interessante diálogo ocorre entre a transcendência pura e a consciência que esta visão extática lhe produz. A primeira irradiação não conhece nenhum eu, nenhum conceito. A experiência secundária envolve um certo estado de lucidez conceitual. O self paira num terreno transcendente do qual é normalmente excluído. Se as instruções forem lembradas, a realidade exterior não se intrometerá. Mas o envio de mensagens entre a divindade livre-de-ego e a individualidade lúcida de não-jogos produz um êxtase intelectual que desafia a descrição. A leitura filosófica de antes vai subitamente tomar um significado vivo!

 

Assim, no estágio secundário do Primeiro Bardo, são possíveis ambas as experiências do não-eu místico e do eu místico.

 

Depois de Ter experimentado esses dois estágios, você pode querer fazer essa distinção intelectual. Somos confrontados aqui com um dos mais antigos debates da filosofia oriental: É melhor ser parte do açúcar ou provar do açúcar? Controvérsias teológicas e suas dualidades ficam longe da experiência. Uma vez que o misticismo experimental tenha se tornado possível por meio de drogas que expandem a consciência, você pode Ter tido a sorte de Ter experimentado o vai-e-vem entre os dois estados. Você pode ser sortudo o bastante para conhecer o que os monges acadêmicos podiam apenas conjeturar.

 

Aqui termina o Primeiro Bardo, o Período da Ego-perda e do Êxtase de Não-Jogos


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