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O sistema operado por LCN é um sistema de Vudu Esotérico, quer dizer que difere do Vudu religioso praticado no Haiti porque conserva dentro de si as ancestrais tradições iniciáticas de origem atlante que passaram a certas regiões da costa ocidentais da África e que de forma secreta sobreviveram até a chegada dos brancos. Com sua posterior reinserção no Caribe, estas tradições esotéricas se enriqueceram com outras trazidas do velho continente europeu, também de origem atlante, porém passadas pela peneira da civilização judaico-cristã: celtas, bruxaria, maçonaria, Martinismo, cabala, etc.
Foi deste modo que a tradição atlante ressurgiu novamente nos círculos intelectuais haitianos entre iniciados dos cultos mais secretos e poderosos do Vudu, dando lugar ao Vudu Esotérico, que nunca antes havia saído dos véus obscuros das secretas seitas haitianas.
Inicialmente, o estudante de Vudu Esotérico deve trabalhar com o sistema de Espíritos Hudu. Em geral o Vudu é um sistema que está relacionado inteiramente como o mundo dos espíritos, e pode-se dizer que tem grandes paralelismos com os sistemas espíritas mais recentes. Até tal ponto que hoje em dia existe certa “simbiose” entre elementos espíritas dentro de muitas práticas vuduístas.
Em relação aos espíritos, devemos antes de mais nada fazer uma referência à concepção que o Vudu tem deles no seu sistema.
Os deuses do mundo sobrenatural do Vudu se denominam Loas, Vodouns ou Saints (Santos). Alguns destes Loas são divindades africanas originárias das tribos Arara, Yoruba, congos, etc.; outros procedem de outras fontes como os da “família” Guedhé, de provável origem índia.
Os de origem africana são os mais elevados em santidade e pureza, sendo arquétipos de níveis espirituais superiores e portanto os mais venerados nos templos vuduístas. Outros, por sua vez, são de origem crioula sobretudo os dos ritos Petró, que correspondem muitas vezes a espíritos de iniciados mortos que adquiriram o status de Loa.
A este respeito, pode-se dizer que o panteão Vudu não cessa de enriquecer-se constantemente com os espíritos dos adeptos que vão conseguindo sua iluminação e que com ela passam aos estado de Loa.
Também existem Loas que são desconhecidos pelos vuduístas porém que existem no plano astral, muito próximos dos mortais e que se revelam nos sonhos e meditações dos iniciados, entrando também pouco a pouco no panteão Vudu.
Existem divisões dos Loas segundo sua origem africana ou americana, ainda que também existam outras divisões que se correspondem com sua funcionalidade ou com o nível ou plano em que habitam.
Em geral há dois grandes grupos de Loas: os que são mais “éticos” ou generalizadamente falando “mais benéficos ou mais brancos” chamados Rada, com seus cultos e ritmos próprios; e os que são menos éticos, mais “malvados, obscenos e perigosos”, que correspondem aos chamados Petró, entre os quais incluímos a “família” Guédhé.
Neste segundo grupo existem fortes elementos de origem Congo, enquanto que no grupo Rada existem muitos elementos de origem Arara e Yoruba. Os grupos de Loas se denominam em geral “nanchon” (nação), para recordar suas origens tribais africanas. O termo “nanchon” é sinônimo de “fanmi” (família) ainda que muitas vezes “fanmi” indique uma subdivisão funcional dentro de uma “nanchon”.
Existem diferenças no Vudu entre o que os haitianos chamam de “o bom Deus”, o Deus Todo Poderoso e os Loas. O “bom Deus” não tem nome, mas pode ser que seu nome já tenha sido esquecido pelos homens. Este é superior aos Loas e tem uma natureza impessoal, estando em um nível de vibração acima deles.
Ainda que no fim Loa traduza-se às vezes como “deus” pelos iniciados, em realidade deveria traduzir-se por espírito ou lei, que é sua assepção mais adequada.
Os haitianos acreditam que os Loas estão em um nível intermediário entre Deus e os homens, o mesmo que ocorre com os Orixás da tradição Yoruba.
Os haitianos afirmam que os Loas habitam na África, no Guiné ou então em uma ilha sepultada sob as água do Oceano Atlântico. Alguns moram permanentemente em certas pedras sagradas chamadas “pierre-loa” que são patrimônio dos iniciados e que são passadas depois de sua morte a outros iniciados e assim de geração a geração. Alguns Loas moram também em certos lugares sagrados do Haiti.
Os Loas convivem com os espíritos dos mortos, sobretudo com os dos iniciados do Vudu. Estes espíritos “montam” sobre os adoradores nas reuniões rituais em que alguns caem em transe, sendo “possuídos” pelos Loas, que os utilizam como se fossem cavalos.
Durante estas “possessões” as pessoas mudam sua forma de expressão e se movem, dançam e falam com as características do Loa que lhes possuiu. Os Loas descem (descienden- não achei outro termo) pelo Potteau Mitan (poste central) do Hounfor (templo). Este poste tem em sua base uma espécie de pedra altar em cujo lado colocam-se os diagramas sagrados dos Loas, pintados com farinha branca ou com giz sobre o solo. Ali é onde são oferecidos os sacrifícios adequados para o descenso dos espíritos, todo ele acompanhado de cantos e o bater de tambores sagrados.
O Vudu afirma que cada criança nasce com um “Mait Tete” ou espírito-mestre de sua cabeça, que atua como Loa pessoal e que deve ser desenvolvido até um nível consciente para obter-se a iniciação completa; de outra forma, o indivíduo só possuirá o Loa familiar. Uma vez conhecida a natureza do seu Loa pessoal, o iniciado pode integrar-se, mais tarde, ele mesmo como um Loa na Cidade Sagrada arquetípica celestial, onde habitam os espíritos.
Destes iniciados, quando morrem, lhes é retirado o Loa Mait Tete de sua cabeça para ser conservado em um recipiente especial (Govi) onde este “amadurece” e termina sua preparação como Loa para logo ser liberado e jogado às águas e a partir delas integrar-se ao mundo dos espíritos.
Porém aqui vamos tratar do Vudu Esotérico, tal como se pratica dentro de uma das seitas mais secretas do Vudu Haitiano: La Société des Zobops: La Couleuvre Noire (A Cobra Negra).
Como mais um ramo do esoterismo, trata-se de um sistema iniciático que opera sobre o indivíduo desde os planos inferiores até as mais altas esferas dos níveis espirituais.
Não é necessário ser negro ou haitiano para ter acesso a este sistema porque este foi elaborado para mentalidades modernas de qualquer origem cultural. O tem mais importância, de fato, é saber que este é um sistema espiritualista, ou seja, que trabalha com os espíritos, mesmo que se trate dos espíritos do Vudu. Neste sistema aprende-se a comunicação com estes espíritos e a receber seus poderes com o fim de avançar no caminho material e espiritual..
Os espíritos Vudu funcionam com qualquer tipo de indivíduo que tenha sido iniciado neste sistema, seja haitiano ou não, seja de raça negra ou qualquer outra. O importante é familiarizar-se com eles e começar a realizar o contato que produzirá o intercâmbio de substâncias sutis entre o iniciado e os espíritos com o conseguinte benefício para ambos.
Os espíritos de nível mais próximo aos mortais são chamados de espíritos Hudu. Eles estão muito perto do homem porque necessitam, para sua própria evolução superior, de uma série de energias vitais de procedência humana para realizar seu trabalho nos planos astrais. Em troca destas doações e oferendas que o iniciado lhes proporciona eles oferecem conhecimento e poder ao iniciado desde seu plano de existência física.
Os espíritos Hudu, iguais aos demais espíritos, não são visíveis para a visão comum e só podem ser percebidos com a segunda visão ou clarividência. Também podem ser ouvidos por clariaudiência ou contatados diretamente no plano astral ou em sonhos.
Entre os espíritos Hudu estão as almas dos antigos magos atlantes que se fundiram com sua ilha durante o cataclisma final que fez desaparecer todo o continente. Sua magia foi muito poderosa e ainda é, mesmo depois destes mortos, no plano astral. Eles atualmente encontram-se na ilha, submersa no mar dos Sargaços, no Triângulo das Bermudas. Seus corpos estão ali embaixo e sua magia os retém ali; sem dúvida seus espíritos estão livres no astral para comunicarem-se com os mortais e seguir com sua ajuda sua própria evolução espiritual.
Sob este emaranhado de algas, neste mar, há uma ilha onde continua reinando um antigo mago-rei de enorme poder. Trata-se do Mestre do Grande Bosque das Ilhas sob o Mar (Maitre Grand Bois d’ Ilet), que geralmente costuma-se chamar apenas “Maitre”. Estes espíritos de mortos que jazem sob o oceano denominam-se espíritos “Hu”.
Os espíritos Hudu restantes são as almas de outros magos que morreram e cujos corpos jazem em cemitérios no Haiti; são os espíritos “Du”, cujo rei é o Loa dos mortos “Papá Guédhé Nibbó”.
Estes dois grupos de espíritos são os primeiros nos níveis ascendentes que o praticante de Vudu Esotérico tem que contatar e trabalhar. Com sua ajuda e sua magia poderá lançar-se a experiências mais elevadas no caminho da iniciação.
Existem outros espíritos que serão tratados em outras seções posteriores, porém por agora devemos nos dedicar exclusivamente aos Hudu como base de estudo e prática do principiante do Vudu Esotérico de L. C. N.
É preciso levar-se em conta que para que um indivíduo possa seguir adequadamente o caminho iniciático, já deve ter em mente o destino de suas necessidades: satisfazê-las (caminho do mago) ou restringi-las (caminho do asceta). No primeiro caso, o mago pode fazer uso da ajuda que lhe brindam os espíritos para obter aquilo que necessita para senti-se feliz e em boas condições físicas para iniciar seu desenvolvimento espiritual. A renúncia ao bem-estar material pode conduzir a repressões que obssessionam o indivíduo e o acometem durante seu trabalho no caminho.
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