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Dogma e Ritual da Alta Magia – 23 Livros Essenciais sobre Magia

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Eliphas Levi, 1855

Alphonse Louis Constant foi uma figura interessante e uma das de maior destaque no ocultismo ocidental dos últimos séculos, filho de um sapateiro humilde se dedicou à vida religiosa sendo ordenado diácono. Nasceu em 1810 e morreu seis meses antes do nascimento de Edward Alexander Crowley, que mais tarde assumiu o título de Aleister. A carreira religiosa de Alphonse teria se desenvolvido ainda mais se não tivesse se apaixonado por Adelee Allenbach, uma garota cuja primeira comunhão ele havia realizado. Depois disso o sacerdócio lhe foi negado, e, por causa de alguns de seus escritos, condenado a 8 meses de prisão além de uma pesada multa; foi acusado de profanar o santuário, de atentar contra as bases sociais e espalhar ódio e insubordinação. O choque que isso causou em suas convicções religiosas o fez tomar uma atitude extrema na Europa cristão do século XIX: assumiu um nome hebraico – Eliphas Levi – e inspirado pelas obras de pessoas ligadas à magia começou a escrever.

Ele teve acesso aos escritos de Swedemborg, Agrippa e Raimundo Lulo, entre outros, afirmando que apesar de tais escritos não conterem toda a verdade, conduziam o neófito com relativa segurança pela senda mágica. Foi nesta época que escreveu o primeiro de muitos livros que redefiniram e criaram novas raízes para o ocultismo: O Livro das Lágrimas ou o Cristo Consolador.

Com sua impressionante eloqüência, Levi nos leva a uma viagem no tempo, aos mitos e lendas que abarcam a essência da verdadeira magia. Assíria, Egito, Israel, Grécia, Roma… Temos aqui uma verdadeira aula de História e de Mitologia.

E foi assim que nos presenteou com uma de suas obras primas – e também a primeira de sua famosa trilogia juntamente com “A Chave dos Grandes Mistérios” (1861) e “História da Magia” (1860) – o “Dogma e Ritual de Alta Magia”. Tal artefato foi constituído no ano de 1855, no início da maturidade mágica de Levi, embasada em uma profunda erudição alcançada através de intensos estudos, leituras e meditações iniciáticas. Foi publicada no Brasil apenas no ano de 1995 pela editora Pensamento.

A sua desilusão com a igreja não afetou seu compromisso com o cristianismo, que permeia toda a obra, mas serviu para se liberar das amarras e hipocrisias institucionalizadas, chegando inclusive a afirmar que a religião sem ciência apenas limita o homem. Além disso fica evidente sua apologética cristã e a exposição dos mitos e metáforas judaicos. Ainda assim Dogma e Ritual é uma obra impressionante e completa e está longe de ser uma cartilha de catecismo, colocando em cheque – ou ao menos se criando uma revisão de conceitos como Deus, o Diabo, o Inferno e o pecado.

Os dois volumes, a saber “Dogma” e “Ritual”, possuem cada um 22 capítulos, numa evidente correlação com as 22 cartas do tarot e as letras hebraicas.

Ficará evidente ao leitor que uma primeira leitura nunca é suficiente para entender o significado das palavras de Levi. Um dicionário etimológico e mesmo dicionários de grego, hebraico e latim podem ser bastante úteis para quem quiser compreender o sentido completo do livro. Esse hermetismo tem um propósito claro de dar as pérolas mais preciosas apenas aos estudantes dedicados, ao mesmo tempo que serve para estabelecer um novo jargão para decodificar realidades que as palavras do dia a dia realmente não conseguem atingir por si só.

1ª Parte – Dogma: poderíamos considerá-la ao pé da letra, onde se estabelece o script, constituído das regras, da linguagem e filosofia a serem empregadas pelo adepto.

2ª Parte – Ritual: Nesta parte o autor dedica-se à magia cerimonial, ou seja, a aplicação de tudo que se tratou o livro até então.

Cada capítulo do primeiro volume começa com um título, um número romano, um carácter hebraico e algumas palavras especialmente escolhidas. É valioso que o adepto se dedique ao entendimento e relação destes símbolos que não estão lá por acaso. Uma abordagem útil pode ser ler o primeiro capítulo do Dogma e em seguida o primeiro capítulo do Ritual, e assim então prosseguir.

Apesar de, em um primeiro momento, não parecer uma obra tão prática quanto as outras, chegando a pecar pelo excesso de teorias, este livro traz em si mistérios que, conforme a prática sugerida é seguida, se revelam para aquele que segue o caminho indicado em suas páginas. Cada vez que o livro é lido e seus rituais executados, o estudioso dá um novo passo rumo à própria formação como mago. A cada releitura novas perguntas se formam na mente daquele que vira as páginas que podem ser respondidas apenas pelos atos propostos em seguida.

Em suma, a síntese deste livro – um dos mais esclarecedores e diretos livros de magia escritos no século XIX- se resume em explicar e elucidar aos iniciados os mistérios mágicos por detrás dos dogmas velados pela intolerância religiosa. Aqueles que persistirem em destrancar os segredos deste livro, certamente não ficarão desapontados.

 


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