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No começo do século XV, espalharam-se pela Europa bandos de viajantes morenos e desconhecidos. Eram chamados Boêmios. porque diziam que vinham da Boêmia, ou então eram Egípcios, porque seu chefe tomava o nome de “duque do Egito”. Eles exerciam a advinhação, o saque e o roubo. Eram hordas nômades. Viviam em tendas, sua religião era desconhecida, apesar de se dizerem cristãos… Inimigos do trabalho, elesnão respeitavam nem a propriedade nem a família e perturbavam, com sua pretensa adivinhação, a paz das pessoas de bem e dos lares honestos. [Diz o cronista descrevendo] seu primeiro acampamento na vizinhança de Paris:
No ano seguinte, 1427, domingo, 17 de agosto, chegaram aos arredores de Paris doze deles dizendo-se penitentes… muito bons cristãos e originários do baixo Egito. …[Teriam sido invadidos por Sarracenos que exigiram a conversão ao islamismo, os que recusaram morreram ou fugiram. O pecado dos que renegaram Jesus pesava sobre todo o povo e por isso foram a Roma buscar salvação com o Papa. O pontífice, tendo-os ouvido, lhes dera como penitência o destino de andar pelo mundo durante sete anos sem deitar-se em cama nenhuma e por isso, há cinco anos viviam como nômades.]
Eram cerca de 120 pessoas incluindo melheres e crianças. Afirmaram que ao deixar seu país eram cerca de mil e duzentas pessoas; haviam morrido no caminho e os aqueles que sobreviveram esperavam possuir bens ainda neste mundo, porque o Santo Padre lhes prometera país bom e fértil, logo que terminassem sua penitência. …Seus filhos, rapazes e moças, eram extraordinários escamoteadores. Quase todos tinham orelhas furadas e em cada uma, um ou dois anéis de prata; diziam que era de nobreza em seu país. Tinham a pele escura e os cabelos encarapinhados.
As mulheres eram as mais feias que se possam ver: todas tinham o rosto coberto de chagas, os cabelos negros como cauda de cavalo e por vestido tinham uma velha flaussoie… Eram as mais pobres criaturas que porventura já se viram na França. Não obstante sua pobreza, tinham eles feiticeiros que olhavam as mãos da gente e diziam a cada um o que lhes acontecera e o que lhes devia acontecer. …Isto chegou ao conhecimento do Bispo de Paris, o qual lá foi …e fez ver a eles que deviam ir embora…
Ninguém sabe se eles continuaram sua viagem… mas certo é que a lembrança deles ficara… Existe um bosque, perto da aldeia de Hamel , a quinhentos passos de um monumento de seis pedras druídicas, uma fonte chamada Cozinha dos Feiticeiros. Diz a tradição que lá repousavam os Caras Maras, os quais são certamente os Caras’mar, isto é, boêmios, feiticeiros e advinhadores ambulantes… Eles deixaram Paris, mas em seu lugar chegaram outros… Ninguém os viu desembarcar nem na Inglaterra nem na Escócia, apesar de haver mais de cem mil deles neste último reino.
A partir desta época eles são geralmente conhecidos por todo o continente europeu. …Bom ou mal grado, vão sendo suportados. …Muitos deles, cansados de erigir suas tendas, resolveram fixar-se e cavam bordeils, cabanas quadradas dequatro a seis pés debaixo da terra e cobertas com ramos… É nesta toca …que se aglomera promiscuamente toda uma família.
…Mr. Vaillant, autor de uma História especial do Rom-Muni ou Boêmios, …não faz deles um retrato lisonjeiro. …Conta-nos o autor como estes protestantes estranhos das civilizações primitivas, atravessando as idades com uma maldição na fronte e a rapina nas mãos, excitaram a princípio a curiosidade, depois a desconfiança e por fim, a proscrição e o ódio dos Cristãos na Idade Média. Muito cedo, o povo passou a vê-los como feiticeiros, demônios, lançadores de sorte, raptores de crianças… Por toda parte foram acusados de celebrar em segredo horrendos mistérios e feitos responsáveis por todos os roubos misteriosos.
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